Saturday 29 August 2015

Sonnet by Alphonsus de Guimaraens (in Portuguese)

Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão - "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"

Friday 28 August 2015

“E Tenebris” by Oscar Wilde (in English)



Come down, O Christ, and help me! reach thy hand,
For I am drowning in a stormier sea
Than Simon on thy lake of Galilee:
The wine of life is spilt upon the sand,
My heart is as some famine-murdered land,
Whence all good things have perished utterly,
And well I know my soul in Hell must lie
If I this night before God's throne should stand.
'He sleeps perchance, or rideth to the chase,
Like Baal, when his prophets howled that name
From morn to noon on Carmel's smitten height.'
Nay, peace, I shall behold before the night,
The feet of brass, the robe more white than flame,
The wounded hands, the weary human face.

Thursday 27 August 2015

“The Travelling Companion” by Lord Alfred Douglas (in English)

Into the silence of the empty night
I went, and took my scorned heart with me,
And all the thousand eyes of heaven were bright;
But Sorrow came and led me back to thee.

I turned my weary eyes towards the sun,
Out of the leaden East like smoke came he.
I laughed and said, ' The night is past and done ' ;
But sorrow came and led me back to thee.

I turned my face towards the rising moon,
Out of the south she came most sweet to see,
She smiled upon my eyes that loathed the noon ;
But sorrow came and led me back to thee.

I bent my eyes upon the summer land,
And all the painted fields were ripe for me,
And every flower nodded to my hand ;
But Sorrow came and led me back to thee.

O Love ! O Sorrow ! O desired Despair !
I turn my feet towards the boundless sea,
Into the dark I go and heed not where,
So that I come again at last to thee.

Wednesday 26 August 2015

"The Book of Exodus" - Chapter V (translated into English)



Chapter 5

     1 After that, Moses and Aaron went to Pharaoh and said, "Thus says the LORD, the God of Israel: Let my people go, that they may celebrate a feast to me in the desert." 2 Pharaoh answered, "Who is the LORD, that I should heed his plea to let Israel go? I do not know the LORD; even if I did, I would not let Israel go." 3 They replied, "The God of the Hebrews has sent us word. Let us go a three days' journey in the desert, that we may offer sacrifice to the LORD, our God; otherwise he will punish us with pestilence or the sword." 4 The king of Egypt answered them, "What do you mean, Moses and Aaron, by taking the people away from their work? Off to your labor! 5 Look how numerous the people of the land are already," continued Pharaoh, "and yet you would give them rest from their labor!"
     6 That very day Pharaoh gave the taskmasters and foremen of the people this order: 7 2 "You shall no longer supply the people with straw for their brickmaking as you have previously done. Let them go and gather straw themselves! 8 Yet you shall levy upon them the same quota of bricks as they have previously made. Do not reduce it. They are lazy; that is why they are crying, 'Let us go to offer sacrifice to our God.' 9 Increase the work for the men, so that they keep their mind on it and pay no attention to lying words."
     10 So the taskmasters and foremen of the people went out and told them, "Thus says Pharaoh: I will not provide you with straw. 11 Go and gather the straw yourselves, wherever you can find it. Yet there must not be the slightest reduction in your work." 12 The people, then, scattered throughout the land of Egypt to gather stubble for straw, 13 while the taskmasters kept driving them on, saying, "Finish your work, the same daily amount as when your straw was supplied." 14 The foremen of the Israelites, whom the taskmasters of Pharaoh had placed over them, were beaten, and were asked, "Why have you not completed your prescribed amount of bricks yesterday and today, as before?"
     15 Then the Israelite foremen came and made this appeal to Pharaoh: "Why do you treat your servants in this manner? 16 No straw is supplied to your servants, and still we are told to make bricks. Look how your servants are beaten! It is you who are at fault."
     17 Pharaoh answered, "It is just because you are lazy that you keep saying, 'Let us go and offer sacrifice to the LORD.' 18 Off to work, then! Straw shall not be provided for you, but you must still deliver your quota of bricks."
      19 The Israelite foremen knew they were in a sorry plight, having been told not to reduce the daily amount of bricks. 20 When, therefore, they left Pharaoh and came upon Moses and Aaron, who were waiting to meet them, 21 they said to them, "The LORD look upon you and judge! You have brought us into bad odor with Pharaoh and his servants and have put a sword in their hands to slay us." 22 Moses again had recourse to the LORD and said, "Lord, why do you treat this people so badly? And why did you send me on such a mission? 23 Ever since I went to Pharaoh to speak in your name, he has maltreated this people of yours, and you have done nothing to rescue them."

Tuesday 25 August 2015

Untitled Poem by José Thiesen (in Portuguese)

Meu amor é insano, bruto
E covarde, por medo das
Pedras que lhe possas jogar -
E as que lhe não jogares
Vai jogá-las ele mesmo.

Sunday 23 August 2015

"Evangelho Segundo Jadar", last chapter, by José Thiesen (in Portuguese)



    Uma vez na Galiléia, os apóstolos voltaram às suas famílias e aos seus antigos trabalhos enquanto esperavam por Jesus.
    Estavam eles, em certa manhã bem cedo, no lago de Tiberíades, depois de passarem a noite a pescar sem apanharem nada, quando Jesus chegou e da praia lhes perguntou: “Pescastes bastante, rapazes?”
    Responderam-lhe eles: “Nada!” mas não reconheceram Jesus.
    Tornou-lhes Jesus: “ Lançai a  rede à direita da barca!”
    Eles obedeceram e mal podiam puxar a rede de volta, de tantos peixes que havia nela e João, vendo isso,  disse para Rocha: “É o Senhor!”
    Rocha, que estava nu, vestiu-se e jogou-se à água, correndo até Jesus e o abraçou.
    Vieram os outros e Jesus levou-os até um fogo que havia acendido e onde uns peixes estavam sendo assados e comeu com eles.
    Mais tarde, voltou-se para Rocha e perguntou-lhe: “Simão Rocha, filho de Jonas, tu me amas?”
    E Rocha lhe respondeu: “Senhor, sabes que te amo!”
    Disse-lhe Jesus: “Apascentas as minhas ovelhas!”
    Em seguida Jesus voltou a perguntar a Rocha: “Simão Rocha, filho de Jonas,  tu me amas?”
    E Rocha lhe respondeu: “Senhor, sabes que te amo!”
    Disse-lhe Jesus: “Apascentas as minhas ovelhas!”
    E novamente Jesus perguntou a Rocha: “Simão Rocha, filho de Jonas,  tu me amas?”
    E Rocha lhe respondeu em prantos: “Senhor, tu sabes tudo e nada te é oculto, tu sabes que te amo!”
    Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas! Em verdade te digo: em tua juventude te governavas e ias aonde querias, mas dias virão em que outros te terão amarrado e te levarão para onde não queres ir.”
    Jesus falava da morte de Rocha.
    Jesus ficou com eles por quarenta dias e noites, tendo também aparecido a outros discípulos. No fim desse tempo, voltaram para Jerusalém e, subindo com os apóstolos e sua mãe e outros parentes, Jesus anunciou que voltava dali para o seu Pai e lhes disse: “Ficai em Jerusalém até que o Consolador, o Espírito Santo vos seja enviado. O Espírito vos lembrará tudo o que eu disse e vos iluminará e fortalecerá para enfrentar tudo o que estiver para vos acontecer.
    “Depois, fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado. Instruí as minhas ovelhas a observar todas as coisas que vos tenho mandado. E lembrai-vos de que estou convosco todos os dias até o fim do mundo.”
     Depois de lhes ter falado, o Senhor assumiu seu lugar no céu e está sentado à direita do Pai de onde voltará para tomar posse de seu Reino.


"Evangelho Segundo Jadar",Chapter XVIII by José Thiesen (in Portuguese)

    No dia seguinte ao sábado, antes do sol nascer, porque os homens estavam com medo, Maria Madalena,  Maria de Cleófas e uma outra mulher foram ao túmulo para fazerem com mais calma os ritos fúnebres sobre Jesus. No caminho iam discutindo como fariam para rolar a pedra que cobria a entrada do túmulo,  mas ao chegarem,  encontraram a pedra que fechava o túmulo já rolada e o túmulo estava aberto.
    Entraram no túmulo e não viram o corpo de Jesus, mas apenas o lençol que o cobria, arranjado como se ainda cobrisse o corpo. As mulheres gritaram com medo que os judeus tivessem roubado o corpo de Jesus e correram para fora.
    Lá elas encontraram dois jovens que lhes disseram: “Porque procurarais entre os mortos quem está vivo? Voltai aos outros e dizei-lhes que Jesus os espera onde tudo começou: na Galiléía.”
    As mulheres correram para os apóstolos e entrando na casa em que eles estavam escondidos, lhes contaram tudo o que viram e ouviram e testemunharam sobre a ressurreição do Senhor.
    Os homens não sabiam o que dizer e Rocha saiu para ver o túmulo e foi seguido por João que, por ser mais jovem, correu mais ligeiro; ambos estavam aflitos para ver o Senhor.
    João chegou primeiro mas não entrou e esperou por Rocha.
   Quando Rocha aproximou-se, João o deixou entrar por primeiro e ambos viram o túmulo exatamente como as mulheres contaram e eles voltaram aos outros e testemunharam que o túmulo estava vazio mas eles não se decidiam sobre o que fazer.
    Ora, Cleófas, tio de Jesus, e um outro discípulo tinham deixado Jerusalém para retornar à Galileía e estando próximos de Emaús;  discutiam a prisão e morte de Jesus, lamentando tudo o que acontecera  e heis que Jesus se aproximou deles e os saudou, mas eles não o reconheceram.
    Perguntou-lhes Jesus: “Porque estais tristes?”
   Ao que eles responderam: “Então não sabes o que aconteceu nestes últimos dias e como nossos sacerdotes mataram um santo de Deus em Jerusalém?”
    Jesus então começou a explicar-lhes tudo o que aconteceu mas à luz das escrituras e como Moisés e os profetas predisseram tudo o que aconteceu e enquanto Jesus falava, heis que seus corações se inflamavam de contentamento.
   Quando aproximaram-se duma estalagem, pois era meio-dia, Jesus deu a entender que seguiria adiante, mas eles lhe convidaram para cear com eles, pois não queriam se afastar duma companhia que lhes dava tamanho contentamento.
    Jesus acedeu e ficou com eles. Mais tarde sentaram-se à mesa para comer e Jesus deu graças e partiu o pão e neste momento os discípulos reconheceram Jesus, mas Jesus imediatamente desapareceu de diante deles.
   Cleófas e o outro ficaram tomados de terror e voltaram para Jerusalém a fim de contar aos discípulos que tinham visto a Jesus,  mas nem assim os discípulos se decidiram a ir à Galiléia.
    Era o dia seguinte, ao meio-dia, quando os discípulos, menos Tomé, que havia saído,  continuavam escondidos  com medo, que Jesus apareceu entre eles.
   Todos caíram ao chão tomados de pavor, supondo que viam um espírito, mas Jesus lhes disse: “A paz esteja convosco. Não tenhais medo, pois sou eu.”
    Eles então reconheceram o Senhor, mas nem assim ousavam levantar-se.
    Disse-lhes Jesus: “Sou eu, vinde e vêde. Não tendes medo que não sou um espírito. Um fantasma não tem corpo, mas cá estão as marcas de minha morte. Tendes alguma coisa para comer?”
    Eles então lhe ofereceram peixe e Jesus comeu e apreciou a comida.
   Em seguida, Jesus lhes disse: “Compreendeis agora tudo o que vos disse? Era preciso que eu sofresse e morresse e ressuscitasse. Quando Tomé voltar, vinte ter comigo na Galileía.”
   Tendo dito isso, Jesus desapareceu da frente deles e os apóstolos foram tomados de grande alegria.
   Quando Tomé voltou, contaram-lhe tudo o que acontecera, mas ele se recusava a crer e disse: “Se o não tocar nem pôr minhas mãos em suas feridas, não crerei!”.
   Naquela noite, enquanto ceavam, Jesus voltou a aparecer diante deles e todos se regozijaram de ver o Senhor, menos Tomé, que  jogou-se ao chão, tomado de horror.
   Jesus aproximou-se dele e tomando-lhe a mão, disse: “Vem, Tomé e toca-me e põe tua mão em minhas feridas e crê em mim, pois fora de mim não há salvação!”
   Ainda de joelhos, em prantos, Tomé abraçou Jesus e lhe disse: “Meu Senhor e meu Deus!”
   Disse-lhe Jesus: “Então aprendestes! Porque me vistes, crestes, mas eu vos digo: mais felizes que vós serão os que crerem em mim sem me verem! Eu vos espero no Galiléia!”
   E assim dizendo, desapareceu do meio deles; imediatamente, todos se puseram a caminho da Galiléia.