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Saturday 14 May 2022

Open Letter from Archbishop Carlo Maria Viganò to the Faithfull Catholics (translated into Portuguese)

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20 de Abril de 2021

Feria Tertia infra Hebdomadam II

post Octavam Paschæ

 

De 6 a 8 de Maio de 2021, realizar-se-á a quinta International Vatican Conference, intitulada Exploring the Mind, Body & Soul. Unite to Prevent & Unite to Cure. A Global Health Care Initiative: How Innovation and Novel Delivery Systems Improve Human Health. O evento é organizado pelo Conselho Pontifício para a Cultura, pela Cura Foundation, pela Science and Faith Foundation e pela Stem For Life.

Michael Haynes falou dos participantes e dos temas abordados na Conferência em LifeSiteNews (aqui), incluindo, entre os outros nomes, os nomes do infame Anthony Fauci, cujos escandalosos conflitos de interesse não o impediram de assumir a gestão da pandemia nos Estados Unidos; de Chelsea Clinton, seguidora da Igreja de Satanás e convicta abortista; do guru New Age Deepak Chopra; de Dame Jane Goodall, ambientalista e especialista em chimpanzés; dos CEO da Pfizer e da Moderna, dos expoentes da Big Tech e todo um repertório de abortistas, malthusianos e globalistas conhecidos do grande público. A conferência recrutou como moderadores cinco célebres jornalistas exclusivamente de meios de comunicação de esquerda, como CNN, MSNBC, CBS e Forbes.

Esta Conferência – juntamente ao Council for Inclusive Capitalism, de Lynn Forester de Rothschild, ao Global Compact on Education Council e ao sabat inter-religioso que se realizará, em Junho, em Astana, no Cazaquistão – constitui mais uma escandalosa confirmação de um impressionante afastamento da actual Hierarquia, em particular dos líderes romanos, da ortodoxia católica. A Santa Sé, num contramagistério anticristão, negou deliberadamente a missão sobrenatural da Igreja, fez-se serva da Nova Ordem Mundial e do globalismo maçónico. Os mesmos Dicastérios Romanos, ocupados por pessoas ideologicamente próximas a Jorge Mario Bergoglio e por ele protegidas e promovidas, continuam, sem qualquer restrição, a sua implacável obra de demolição da Fé, da Moral, da disciplina eclesiástica, da vida monástica e religiosa, na tentativa, tanto vã como inaudita, de transformar a Esposa de Cristo numa associação filantrópica subserviente aos Poderes Fortes. O resultado é a sobreposição à verdadeira Igreja de uma seita de modernistas heréticos e perversos, com a intenção de legitimar o adultério, a sodomia, o aborto, a eutanásia, a idolatria e qualquer perversão do intelecto e da vontade. A verdadeira Igreja sai eclipsada, renegada, desacreditada pelos seus próprios Pastores, traída até por aquele que ocupa o mais alto Sólio.

Que a deep church tenha feito de maneira a eleger um próprio expoente para poder levar a cabo este plano infernal concordado com o deep state, já não é uma mera suspeita, mas uma possibilidade sobre a qual é, hoje, indispensável interrogar-se e esclarecer. A submissão da Cathedra veritatis aos interesses da elite maçónica está a manifestar-se em toda a sua evidência, no silêncio ensurdecedor dos Sagrados Pastores e na perplexidade do povo de Deus, abandonado a si mesmo.

Outra demonstração dessa desordenada libido serviendi do Vaticano em relação à ideologia globalista é a escolha dos testemunhos e dos conferencistas: apoiantes do aborto, do uso de material fetal na investigação, do declínio demográfico, da agenda pansexual LGBT e, não menos, da narrativa COVID e das chamadas vacinas. O Cardeal Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, é, certamente, um dos principais expoentes da deep church e do progressismo modernista, assim como um defensor do diálogo com a infame seita maçónica e promotor do famoso Átrio dos Gentios. Assim, não é de estranhar que, entre os organizadores do evento, figure a Stem for Life Foundation, que se define orgulhosamente «uma organização isenta de impostos, não sectária, apartidária, cujo objectivo é a criação de um movimento para acelerar o desenvolvimento das terapias celulares».

Olhando mais de perto, o sectarismo e o partidarismo da Vatican Conference são evidentes pelo tema tratado, pelas conclusões que pretende tirar, pelos participantes e pelos patrocinadores. Mesmo a imagem escolhida para ilustrar a Conferência é extremamente eloquente: utilizou-se o detalhe da cena da Criação, pintada por Michelangelo na abóbada da Capela Sistina, em que a mão de Deus Pai se estende em direcção à mão de Adão; ambas as mãos, cobertas por luvas cirúrgicas descartáveis, ​​lembram as prescrições da liturgia sanitária, sugerindo que o Senhor também possa espalhar o vírus.

Nesta representação sacrílega, a ordem da Criação é subvertida numa anticriação terapêutica em que o homem se salva, torna-se o autor louco da própria “redenção” sanitária; em vez da lavagem purificadora do Baptismo, a religião do COVID propõe como único meio de salvação a vacina, portadora de enfermidade e de morte. No lugar da Fé na Revelação de Deus encontramos a superstição e o assentimento irracional a preceitos que nada têm de científico, com ritos e liturgias que imitam a verdadeira Religião numa paródia sacrílega.

Esta opção de comunicação soa aberrante e blasfema, pois recorre a uma imagem conhecida e evocativa para insinuar e promover a narrativa falsa e tendenciosa segundo a qual, na presença de uma síndrome gripal cujo vírus ainda não foi isolado segundo os postulados de Koch (aqui) e que pode ser eficazmente curada com terapias existentes, seja necessário administrar vacinas declaradamente ineficazes, ainda em fase de experimentação, com efeitos colaterais desconhecidos e para cuja distribuição os produtores obtiveram um escudo penal. As vítimas imoladas no altar do Moloch sanitário, desde as crianças desmembradas até ao terceiro mês de gravidez para produzir o soro génico aos milhares de pessoas mortas ou mutiladas, não param a máquina infernal da Big Pharma e é para ser temida num ressurgimento do fenómeno no decorrer dos próximos meses.

É caso para nos interrogarmos se o zelo de Bergoglio pela difusão do soro génico não é motivado também por baixas razões económicas, qual compensação pelas perdas sofridas pelo Vaticano e pelas Dioceses no seguimento do lockdown e do colapso da frequência dos fiéis às Missas e aos Sacramentos. Por outro lado, se o silêncio de Roma sobre a violação dos direitos humanos e religiosos na China foi pago pela ditadura de Pequim com grandes prebendas, nada impede de replicar o esquema em grande escala promovendo vacinas.

A Conferência terá, obviamente, o cuidado de não mencionar, mesmo que indirectamente, o ensinamento perene do Magistério sobre questões morais e doutrinais da maior importância. Por outro lado, o elogio cortesão da mentalidade mundana e do pensamento dominante será a única voz, juntamente com o líquido repertório ecuménico inspirado pela New Age.

Faço notar que foi o próprio Conselho Pontifício para a Cultura, em 2003, a condenar a meditação yoga e, de maneira mais geral, o pensamento New Age como incompatível com a Fé católica. Segundo o documento vaticano, o pensamento New Age é caracterizado pelo facto de «partilhar com alguns grupos de influência internacional o objectivo de suplantar e superar as religiões particulares para dar lugar a uma religião universal capaz de unir toda a humanidade. Intimamente ligado a esse fim está o objectivo concentrado de muitas instituições de inventar uma ética global, uma estrutura ética que reflicta a natureza global da cultura, da economia e da política contemporâneas. Além disso, a politização das questões ecológicas acrescenta cor a toda a questão da hipótese de Gaia ou do culto da Mãe Terra» (aqui). É inútil recordar que as cerimónias pagãs, com as quais a Basílica de São Pedro foi profanada, em honra do ídolo da pachamama se encaixam perfeitamente na «politização das questões ecológicas» denunciada pelo documento vaticano de 2003 e, hoje, promovida sine glossa pelo dito magistério de Bergoglio, a começar por Laudato Sì e Fratelli Tutti.

Nossa Senhora, em La Salette, avisou-nos: «Roma perderá a Fé e tornar-se-á a sede do Anticristo». Não será a Santa Igreja, infalível pelas promessas de Cristo, a perder a Fé: será a seita que ocupa a Sé do Beatíssimo Pedro e que, hoje, vemos propagandear o anti-evangelho da Nova Ordem. Já não é possível calar-se, porque, hoje, o nosso silêncio tornar-nos-ia cúmplices dos inimigos de Deus e do género humano. Milhões de fiéis estão revoltados com os inúmeros escândalos dos Pastores, com a traição da sua missão, com a deserção daqueles que, com a Sagrada Ordem, são chamados a dar testemunho do Santo Evangelho e não a apoiar a instauração do reino do Anticristo.

Suplico aos meus Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, aos religiosos e, em particular, aos fiéis leigos que se vêem traídos pela Hierarquia, que levantem a voz, que expressem, com espírito de verdadeira obediência a Nosso Senhor, Cabeça do Corpo Místico, uma denúncia firme e corajosa contra esta apostasia e contra os seus autores. Convido todos à oração, para que a Divina Majestade se mova de compaixão e intervenha em nosso auxílio. Possa a Santíssima Virgem, terribilis ut castrorum acies ordinata, interceder junto do Trono de Deus, compensando com os Seus méritos a indignidade dos Seus filhos que A invocam com o glorioso título de Auxilium Christianorum.

 

Carlo Maria Viganò, Arcebispo

Saturday 5 February 2022

Open Letter from Archbishop Carlo Maria Viganò (translated into Portuguese)

 Por Dom † Carlo Maria Viganò

 

Li com muito interesse o ensaio de S.E. Athanasius Schneider, publicado no LifeSiteNews a 1º de junho, e posteriormente traduzido por Chiesa e post Concilio, intitulado "Não há vontade divina positiva nem direito natural para a diversidade de religiões". O estudo de Sua Excelência compendia, com a clareza que distingue as palavras daqueles que falam segundo Cristo, as objecções à suposta legitimidade ao exercício da liberdade religiosa que o Concílio Vaticano II teorizou contradizendo o testemunho da Sagrada Escritura, a voz da Tradição e o Magistério Católico, que de ambos é guardião.

O mérito desse ensaio reside, antes de tudo, em ter sido capaz de alcançar a relação causal entre os princípios enunciados ou implicados pelo Vaticano II e o seu consequente e lógico efeito nos desvios doutrinários, morais, litúrgicos e disciplinares que surgiram e se desenvolveram progressivamente até hoje. O monstrum gerado nos círculos dos modernistas poderia, a princípio, ser enganoso, mas, crescendo e fortalecendo-se, hoje mostra-se como realmente é na sua natureza subversiva e rebelde. A criatura, então concebida, é sempre a mesma e seria ingênuo pensar que a sua natureza perversa poderia mudar. As tentativas de corrigir os excessos conciliares – invocando a hermenêutica da continuidade – revelaram-se falhadas: Naturam espellas furca, tamen usque recurret ['Ainda que a expulses com um forcado, a natureza voltará a aparecer'] (Horácio Epist. I, 10:24). A Declaração de Abu Dhabi e, como Mons. Schneider justamente observa, os seu prenúncios do pantheon de Assis, «foi concebida 'no espírito do Concílio Vaticano II'», como confirma orgulhosamente Bergoglio.

Este “espírito do Concílio” é a licença de legitimidade que os modernistas opõem aos críticos, sem perceberem que é precisamente confessando aquele legado que se confirma não apenas a erroneidade das declarações atuais, mas também a matriz herética que deveria justificá-las. A bem dizer, nunca na vida da Igreja houve um Concílio que representasse um tal evento histórico a ponto de torná-lo diferente dos outros: nunca foi dado um “espírito do Concílio de Niceia”, nem o “espírito do Concílio de Ferrara-Florença” e muito menos o “espírito do Concílio de Trento”, assim como nunca tivemos um “pós-concílio” depois do IV de Latrão ou do Vaticano I.

O motivo é evidente: aqueles Concílios eram todos, indistintamente, a expressão da voz uníssona da Santa Madre Igreja e, por essa mesma razão, de Nosso Senhor Jesus Cristo. Significativamente, aqueles que apoiam a novidade do Vaticano II também aderem à doutrina herética que vê contraposto o Deus do Antigo Testamento ao Deus do Novo, como se se pudesse dar uma contradição entre as Divinas Pessoas da Santíssima Trindade. Evidentemente, essa contraposição, quase gnóstica ou cabalística, é funcional para a legitimação de um novo sujeito deliberadamente diferente e oposto em relação à Igreja Católica. Os erros doutrinários quase sempre traem também uma heresia trinitária e é, portanto, retornando à proclamação do dogma trinitário que se poderão dispersar as doutrinas que a ele se opõem: ut in confessione veræ sempiternæque deitatis, et in Personis proprietas, et in essentia unitas, et em majestate adoretur æqualitas. Ao professar a verdadeira e eterna divindade, adoramos a propriedade das divinas Pessoas, a unidade na sua essência, a igualdade na sua majestade.

Mons. Schneider cita alguns cânones dos Concílios Ecumênicos que propõem, no seu dizer, doutrinas dificilmente aceitáveis hoje, como a obrigação de reconhecer os Judeus através do vestuário ou a proibição de os cristãos serem empregados de patrões maometanos ou hebreus. Entre estes exemplos, há também a necessidade da traditio instrumentorum, declarada pelo Concílio de Florença, posteriormente corrigida pela Constituição Apostólica Sacramentum Ordinis de Pio XII. O Bispo Athanasius comenta: «Pode-se legitimamente esperar e acreditar que um futuro papa ou concílio ecumênico corrigirá as afirmações errôneas pronunciadas» pelo Vaticano II. Parece-me um argumento que, mesmo com a melhor das intenções, mina as fundações do edifício católico. Se, de facto, admitirmos que possam haver atos magisteriais que, por uma alterada sensibilidade, sejam, com o passar do tempo, susceptíveis de revogação, de modificação ou de diferente interpretação, caímos inexoravelmente sob a condenação do Decreto Lamentabili e acabamos por dar razão a quem, recentemente, precisamente com base naquela tese errônea, declarou “não conforme ao Evangelho” a pena capital, chegando a alterar o Catecismo da Igreja Católica. E, de certa maneira, poderíamos, pelo mesmo princípio, acreditar que as palavras do Beato Pio IX, na Quanta cura, foram, de alguma forma, corrigidas precisamente no Vaticano II, tal como Sua Excelência espera que possa acontecer com a Dignitatis humanæ. Dos exemplos que usou, nenhum é, por si só, gravemente errôneo ou herético: ter declarado necessária a traditio instrumentorum para a validade da Ordem não comprometeu, de forma algum, o ministério sacerdotal na Igreja, levando-a a conferir invalidamente as Ordens. Também não me parece que se possa afirmar que este aspecto, por mais importante que seja, tenha insinuado doutrinas errôneas nos fiéis, algo que apenas aconteceu com o último Concílio. E quando, no curso da História, as heresias se espalharam, a Igreja sempre interveio prontamente para condená-las, como aconteceu no tempo do Sínodo de Pistoia, de 1786, que foi, de alguma forma, precursor do Vaticano II, especialmente onde aboliu a Comunhão fora da Missa, introduziu a língua vernácula e aboliu as orações em voz baixa do Cânone; mas ainda mais quando teorizou as bases da colegialidade episcopal, limitando o primado do Papa a mera função ministerial. Reler os actos desse Sínodo deixa-nos estupefactos com a formulação servil dos erros que, posteriormente, encontraremos, ainda maiores, no Concílio presidido por João XXIII e Paulo VI. Por outro lado, como a Verdade bebe de Deus, o erro nutre-se e alimenta-se no Adversário, que odeia a Igreja de Cristo e o seu coração, a Santa Missa e a Santíssima Eucaristia.

Chega um momento na nossa vida em que, por disposição da Providência, somos confrontados com uma escolha decisiva para o futuro da Igreja e para a nossa salvação eterna. Falo da escolha entre compreender o erro em que praticamente todos nós caímos, e quase sempre sem más intenções, e o querer continuar a procurar noutro lugar ou justificar-nos a nós mesmos.

Entre outros erros, também cometemos aquele de considerar os nossos interlocutores pessoas que, apesar da diversidade das ideias e da fé, animadas por boas intenções e que, quando se abrissem à nossa fé, estariam dispostas a corrigir os seus erros. Juntamente com numerosos Padres conciliares, pensámos no ecumenismo como um processo, um convite que chama os dissidentes à única Igreja de Cristo; os idólatras e os pagãos ao único Deus verdadeiro; o povo judeu ao Messias prometido. Mas, a partir do momento em que foi teorizado nas Comissões conciliares, passou a estar em oposição directa à doutrina até então expressa no Magistério.

Pensávamos que certos excessos fossem apenas um exagero daqueles que se deixaram levar pelo entusiasmo da novidade; acreditamos sinceramente que ver João Paulo II rodeado por homens santarrões, bonzinhos, imãs, rabinos, pastores protestantes e outros hereges fosse prova da capacidade da Igreja de convocar as pessoas para invocar a paz de Deus, enquanto que o exemplo autorizado daquele gesto deu início a uma sequência desviante de pantheon mais ou menos oficiais, chegando-se até a ver ser transportado aos ombros de alguns Bispos o ídolo imundo da Pachamama, sacrilegamente dissimulado sob a presumida aparência de uma sagrada maternidade. Mas se o simulacro de uma divindade infernal foi capaz de entrar em São Pedro, tal faz parte de um crescendo previsto desde o início. Numerosos Católicos praticantes, e talvez até grande parte dos próprios clérigos, estão hoje convencidos de que a Fé Católica já não é necessária para a salvação eterna; acredita-se que o Deus Uno e Trino, revelado aos nossos pais, seja o mesmo deus de Maomé. Ouvia-se repeti-lo dos púlpitos e das cátedras episcopais já há vinte anos, mas recentemente ouve-se afirmar com ênfase até do mais alto Trono.

Sabemos bem que, suportados pelo dito evangélico Littera enim occidit, spiritus autem vivificat [A letra mata, o Espírito vivifica] (2Cor 3,6), os progressistas e os modernistas souberam ocultar astuciosamente, nos textos conciliares, aquelas expressões ambíguas que, à época, pareciam inofensivas para a maioria, mas que hoje se manifestam na sua valência subversiva. É o método do subsistit in: dizer uma meia verdade não tanto para não ofender o interlocutor (assumindo que seja lícito silenciar a verdade de Deus por respeito a uma Sua criatura), mas com o objectivo de poder usar o meio erro que a verdade inteira dissiparia instantaneamente. Assim, “Ecclesia Christi subsistit na Ecclesia Catholica” não especifica a identidade das duas, mas a existência de uma na outra e, por consistência, também noutras igrejas: eis a passagem aberta às celebrações interconfessionais, às orações ecumênicas, ao fim implacável da necessidade da Igreja em ordem à salvação, da sua singularidade, da sua missionariedade.

Alguns talvez se recordarão que os primeiros encontros ecumênicos eram realizados com os cismáticos do Oriente e, muito prudentemente, com algumas seitas protestantes. Com excepção da Alemanha, da Holanda e da Suíça, os países de tradição católica não acolheram, desde o princípio, as celebrações mistas, com pastores e párocos juntos. Lembro-me que, na época, se falava em remover a penúltima doxologia do Veni Creator para não ferir os Ortodoxos, que não aceitam o Filioque. Hoje, ouvimos recitar as suras do Alcorão dos púlpitos das nossas igrejas, vemos um ídolo de madeira ser adorado por freiras e frades, ouvimos Bispos desdizer o que, até ontem, nos pareciam as desculpas mais plausíveis de tantos extremismos. O que o mundo quer, por instigação da Maçonaria e dos seus tentáculos infernais, é criar uma religião universal, humanitária e ecumênica em que seja banido aquele Deus ciumento que nós adoramos. E se é isto que o mundo quer, qualquer passo na mesma direção por parte da Igreja é uma escolha infeliz que se voltará contra aqueles que acreditam que podem brincar com Deus. As esperanças da Torre de Babel não podem ser trazidas de volta à vida por um plano globalista que tem como objectivo a eliminação da Igreja Católica para substituí-la por uma confederação de idólatras e hereges unidos pelo ambientalismo e pela fraternidade humana. Não pode haver nenhuma fraternidade senão em Cristo, e só em Cristo: qui non est mecum, contra me est [Quem não é comigo é contra Mim] (Mt 12,30).

É desconcertante que, desta corrida rumo ao abismo, estejam cientes tão poucos e que poucos tenham consciência de qual é a responsabilidade dos líderes da Igreja em apoiar estas ideologias anticristãs, como se quisessem garantir um espaço e um papel na carruagem do pensamento único. E surpreende que ainda persistam em não querer investigar as causas primeiras da crise presente, limitando-se a deplorar os excessos de hoje como se não fossem a consequência lógica e inevitável de um plano orquestrado há décadas atrás. Se a Pachamama pôde ter sido adorada numa igreja, devemo-lo à Dignitatis humanae. Se temos uma liturgia protestante e, às vezes, até paganizada, devemo-lo às ações revolucionárias de Mons. Annibale Bugnini e às reformas pós-conciliares. Se se assinou o Documento de Abu Dhabi, deve-se à Nostra Aetate. Se chegamos a delegar as decisões nas Conferências Episcopais – mesmo em gravíssima violação da Concordata, como aconteceu em Itália –, devemo-lo à colegialidade e à sua versão atualizada da sinodalidade. Graças à qual nos encontramos, com a Amoris Laetitia, a dever procurar uma maneira de impedir que aparecesse o que era evidente a todos, ou seja, que aquele documento, preparado por uma impressionante máquina organizacional, deveria legitimar a Comunhão aos divorciados e concubinários, assim como a Querida Amazônia será usada como legitimação de mulheres sacerdotes (o caso de uma “vigária episcopal”, em Friburgo, é muito recente) e a abolição do Sagrado Celibato. Os Prelados que enviaram os Dubia a Francisco, na minha opinião, demonstraram a mesma piedosa ingenuidade: pensar que, quando confrontado com a contestação argumentada do erro, Bergoglio teria compreendido, corrigido os pontos heterodoxos e pedido perdão.

O Concílio foi usado para legitimar, no silêncio da Autoridade, os desvios doutrinais mais aberrantes, as inovações litúrgicas mais ousadas e os abusos mais inescrupulosos. Este Concílio foi tão exaltado a ponto de ser indicado como a única referência legítima para os Católicos, clérigos e bispos, obscurecendo e conotando com um senso de desprezo a doutrina que a Igreja sempre ensinara com autoridade e proibindo a perene liturgia que, por milênios, havia alimentado a fé de uma ininterrupta geração de fiéis, mártires e santos. Entre outras coisas, este Concílio provou ser o único que põe tantos problemas interpretativos e tantas contradições em relação ao Magistério precedente, enquanto não há um – do Concílio de Jerusalém ao Vaticano – que se não harmonize perfeitamente com todo o Magistério e que precise de alguma interpretação.

Confesso-o com serenidade e sem controvérsia: fui um dos muitos que, apesar de muitas perplexidades e medos, que hoje se mostram absolutamente legítimos, confiaram na autoridade da Hierarquia com uma obediência incondicional. Na realidade, penso que muitos, e eu entre eles, não consideramos inicialmente a possibilidade de um conflito entre a obediência a uma ordem da Hierarquia e a fidelidade à própria Igreja. Para tornar tangível a separação inatural, ou melhor, diria perversa, entre Hierarquia e Igreja, entre obediência e fidelidade, foi certamente este último Pontificado.

Na sala das lágrimas, adjacente à Capela Sistina, enquanto Mons. Guido Marini preparava o roquete, a mozeta e a estola para a primeira aparição do “neo-eleito” Papa, Bergoglio exclamou: “O carnaval acabou!”, recusando, com desdém, as insígnias que todos os Papas até então humildemente aceitaram como distintivas do Vigário de Cristo. Mas naquelas palavras havia algo de verdadeiro, mesmo que dito involuntariamente: a 13 de Março de 2013 caía a máscara dos conspiradores, finalmente livres da desconfortável presença de Bento XVI e descaradamente orgulhosos de terem finalmente conseguido promover um Cardeal que encarnava os seus ideais, o seu modo de revolucionar a Igreja, de tornar preterível a doutrina, adaptável a moral, adulterável a liturgia, revogável a disciplina. E tudo isto foi considerado, pelos próprios protagonistas da conspiração, a consequência lógica e a aplicação óbvia do Vaticano II, segundo eles enfraquecido precisamente pelas críticas expressas pelo próprio Bento XVI. A maior afronta daquele Pontificado foi a liberalização da veneranda Liturgia Tridentina, à qual era finalmente reconhecida legitimidade, interrompendo cinquenta anos de ilegítimo ostracismo. Não é por acaso que os apoiantes de Bergoglio são os mesmos que vêem no Concílio o primeiro evento de uma nova igreja, antes da qual havia uma velha religião com uma velha liturgia. Não é precisamente por acaso: aquilo que afirmam impunemente, provocando o escândalo dos moderados, é o que crêem também os Católicos, a saber: que, apesar de todas as tentativas de hermenêutica da continuidade miseravelmente naufragadas no primeiro confronto com a realidade da crise presente, é inegável que, do Vaticano II em diante, foi constituída uma igreja paralela, sobreposta e contraposta à verdadeira Igreja de Cristo. Essa obscureceu progressivamente a divina instituição fundada por Nosso Senhor para substituí-la por uma entidade bastarda, correspondente à desejada religião universal que foi inicialmente teorizada pela Maçonaria. Expressões como novo humanismo, fraternidade universal, dignidade do homem são palavras de ordem do humanitarismo filantrópico que nega o verdadeiro Deus, da solidariedade horizontal de errante inspiração espiritualista e do irenismo ecuménico que a Igreja condena sem apelo. «Nam et loquela tua manifestum te facit» [tu és um deles, pois a tua fala te denuncia] (Mt 26,73): este recurso frequente, quase obsessivo, ao mesmo vocabulário do inimigo revela a adesão à ideologia em que esse se inspira; por outro lado, a renúncia sistemática à linguagem clara, inequívoca e cristalina própria da Igreja confirma a vontade de se destacar não apenas da forma católica, mas também da sua substância.

Aquilo que, desde há anos, ouvimos enunciado, vagamente e sem claras conotações, do mais alto Trono, encontramo-lo elaborado num verdadeiro e próprio manifesto dos apoiantes do atual Pontificado: a democratização da Igreja não mais pela colegialidade inventada pelo Vaticano II, mas o synodal path inaugurado no Sínodo sobre a Família; a demolição do sacerdócio ministerial através do seu enfraquecimento, com as derrogações do Celibato eclesiástico e a introdução de figuras femininas com funções quase sacerdotais; a passagem silenciosa do ecumenismo dirigido aos irmãos separados a uma forma de pan-ecumenismo que abaixa a Verdade do único Deus Uno e Trino ao nível das idolatrias e das superstições mais infernais; a aceitação de um diálogo inter-religioso que pressupõe o relativismo religioso e exclui o anúncio missionário; a desmistificação do Papado, perseguida pelo próprio Bergoglio como cifra do Pontificado; a progressiva legitimação do politically correct: ideologia de gênero, sodomia, casamentos homossexuais, doutrinas malthusianas, ecologismo, imigracionismo… Não reconhecer as raízes destes desvios nos princípios estabelecidos pelo Concílio impossibilita qualquer cura: se o diagnóstico persistir contra as evidências para excluir a patologia inicial, não pode formular uma terapia adequada.

Esta operação de honestidade intelectual requer uma grande humildade, antes de tudo no reconhecer ter sido enganados durante décadas, em boa fé, por pessoas que, constituídas em autoridade, não foram capazes de vigiar e guardar o rebanho de Cristo: aqueles que vivem em silêncio, alguns por muitos compromissos, outros por conveniência, outros por má-fé ou até mesmo por dolo. Estes últimos, que traíram a Igreja, devem ser identificados, censurados, convidados a emendar-se e, se não se arrependerem, expulsos do recinto sagrado. Assim age um verdadeiro Pastor, que se preocupa com a saúde das ovelhas e que dá a vida por elas; tivemos e ainda temos muitos mercenários para quem a anuência dos inimigos de Cristo é mais importante que a fidelidade à Sua Esposa.

Eis como, com honestidade e serenidade, obedeci, há sessenta anos, a ordens questionáveis, acreditando que representassem a voz amorosa da Igreja, e hoje, com igual serenidade e honestidade, reconheço que me deixei enganar. Ser coerente hoje em dia, perseverando no erro, representaria uma escolha infeliz e tornar-me-ia cúmplice desta fraude. Reivindicar uma lucidez de julgamento desde o início não seria honesto: sabíamos todos que o Concílio representaria, mais ou menos, uma revolução, mas não podíamos imaginar que tal se revelaria tão devastadora, mesmo para o trabalho daqueles que deveriam tê-lo evitado. E se até Bento XVI ainda poderíamos imaginar que o golpe de estado do Vaticano II (que o cardeal Suenens definiu o 1789 da Igreja) conheceria uma desaceleração, nos últimos anos, mesmo os mais ingênuos dentre nós compreenderam que o silêncio, por medo de suscitar um cisma, a tentativa de ajustar os documentos papais no sentido católico para remediar a ambiguidade pretendida, os apelos e os Dubia a Francisco, deixados eloquentemente sem resposta, são uma confirmação da situação de gravíssima apostasia à qual estão expostos os líderes da Hierarquia, enquanto o povo cristão e o clero se sentem irremediavelmente afastados e considerados quase com aborrecimento por parte do Episcopado.

A Declaração de Abu Dhabi é o manifesto ideológico de uma ideia de paz e de cooperação entre as religiões que pode ter alguma possibilidade de tolerância se vier de pagãos, privados da luz da Fé e do fogo da Caridade. Mas quem tem a graça de ser filho de Deus, em virtude do Santo Batismo, deveria ficar horrorizado só com a ideia de poder construir uma blasfema Torre de Babel numa versão moderna, tentando reunir a única verdadeira Igreja de Cristo, herdeira das promessas do Povo eleito, com aqueles que negam o Messias e com aqueles que consideram blasfema só a ideia de um Deus Trino. O amor de Deus não conhece medidas e não tolera compromissos, caso contrário simplesmente não é Caridade, sem a qual não é possível permanecer n’Ele: Qui manet in caritate, in Deo manet, et Deus in eo [Aquele que permanece na caridade permanece em Deus, e Deus nele]. Pouco importa se é uma declaração ou um documento magisterial: sabemos muito bem que a mens subversiva dos modernistas aposta precisamente nestes cavalos para difundir o erro. E sabemos muito bem que o objectivo destas iniciativas ecumênicas e inter-religiosas não é converter a Cristo quantos estão distantes da única Igreja, mas desviar e corromper aqueles que ainda conservam a Fé católica, levando-os a acreditar ser desejável uma grande religião universal que une “numa única casa” as três grandes religiões abraâmicas: este é o triunfo do plano maçônico em preparação para o reino do Anticristo! Que isto se concretize com uma Bula dogmática, com uma declaração ou com uma entrevista de Scalfari no "Repubblica", pouco importa, porque as palavras de Bergoglio são esperadas pelos seus apoiantes como um sinal, ao qual responder com uma série de iniciativas já preparadas e organizadas anteriormente. E se Bergoglio não segue as indicações recebidas, multidões de teólogos e clérigos já estão prontos a lamentar-se da “solidão do Papa Francisco”, qual premissa para a sua demissão (por exemplo, penso em Massimo Faggioli num dos seus recentes escritos). Por outro lado, não seria a primeira vez que estes usam o Papa quando favorece os seus planos e se livram dele ou atacam-no assim que se afasta.

A Igreja celebrou, no passado domingo, a Santíssima Trindade e propõe-nos, no Breviário, a recitação do Symbolum Athanasianum, agora proscrito pela liturgia conciliar e já confinado a apenas duas ocasiões na reforma de 1962. Daquele Símbolo, agora desaparecido, permanecem gravadas em letras de ouro as primeiras palavras: «Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est ut teneat Catholicam fidem; quam nisi quisque integram invioletamque servaverit, absque dubio in aeternum peribit» [Quem quiser se salvar, deve antes de tudo professar a fé católica. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade].

 

† Carlo Maria Viganò

Wednesday 17 June 2020

Open Letter from The Most Reverend Carlo Maria Viganò to Donald Trump (in English)


June 7, 2020
Holy Trinity Sunday

Mr. President,

In recent months we have been witnessing the formation of two opposing sides that I would call Biblical: the children of light and the children of darkness. The children of light constitute the most conspicuous part of humanity, while the children of darkness represent an absolute minority. And yet the former are the object of a sort of discrimination which places them in a situation of moral inferiority with respect to their adversaries, who often hold strategic positions in government, in politics, in the economy and in the media. In an apparently inexplicable way, the good are held hostage by the wicked and by those who help them either out of self-interest or fearfulness.

These two sides, which have a Biblical nature, follow the clear separation between the offspring of the Woman and the offspring of the Serpent. On the one hand there are those who, although they have a thousand defects and weaknesses, are motivated by the desire to do good, to be honest, to raise a family, to engage in work, to give prosperity to their homeland, to help the needy, and, in obedience to the Law of God, to merit the Kingdom of Heaven. On the other hand, there are those who serve themselves, who do not hold any moral principles, who want to demolish the family and the nation, exploit workers to make themselves unduly wealthy, foment internal divisions and wars, and accumulate power and money: for them the fallacious illusion of temporal well-being will one day—if they do not repent—yield to the terrible fate that awaits them, far from God, in eternal damnation.

In society, Mr. President, these two opposing realities co-exist as eternal enemies, just as God and Satan are eternal enemies. And it appears that the children of darkness—whom we may easily identify with the deep state which you wisely oppose and which is fiercely waging war against you in these days—have decided to show their cards, so to speak, by now revealing their plans. They seem to be so certain of already having everything under control that they have laid aside that circumspection that until now had at least partially concealed their true intentions. The investigations already under way will reveal the true responsibility of those who managed the Covid emergency not only in the area of health care but also in politics, the economy, and the media. We will probably find that in this colossal operation of social engineering there are people who have decided the fate of humanity, arrogating to themselves the right to act against the will of citizens and their representatives in the governments of nations.

We will also discover that the riots in these days were provoked by those who, seeing that the virus is inevitably fading and that the social alarm of the pandemic is waning, necessarily have had to provoke civil disturbances, because they would be followed by repression which, although legitimate, could be condemned as an unjustified aggression against the population. The same thing is also happening in Europe, in perfect synchrony. It is quite clear that the use of street protests is instrumental to the purposes of those who would like to see someone elected in the upcoming presidential elections who embodies the goals of the deep state and who expresses those goals faithfully and with conviction. It will not be surprising if, in a few months, we learn once again that hidden behind these acts of vandalism and violence there are those who hope to profit from the dissolution of the social order so as to build a world without freedom: Solve et Coagula, as the Masonic adage teaches.

Although it may seem disconcerting, the opposing alignments I have described are also found in religious circles. There are faithful Shepherds who care for the flock of Christ, but there are also mercenary infidels who seek to scatter the flock and hand the sheep over to be devoured by ravenous wolves. It is not surprising that these mercenaries are allies of the children of darkness and hate the children of light: just as there is a deep state, there is also a deep church that betrays its duties and forswears its proper commitments before God. Thus the Invisible Enemy, whom good rulers fight against in public affairs, is also fought against by good shepherds in the ecclesiastical sphere. It is a spiritual battle, which I spoke about in my recent Appeal which was published on May 8.

For the first time, the United States has in you a President who courageously defends the right to life, who is not ashamed to denounce the persecution of Christians throughout the world, who speaks of Jesus Christ and the right of citizens to freedom of worship. Your participation in the March for Life, and more recently your proclamation of the month of April as National Child Abuse Prevention Month, are actions that confirm which side you wish to fight on. And I dare to believe that both of us are on the same side in this battle, albeit with different weapons.

For this reason, I believe that the attack to which you were subjected after your visit to the National Shrine of Saint John Paul II is part of the orchestrated media narrative which seeks not to fight racism and bring social order, but to aggravate dispositions; not to bring justice, but to legitimize violence and crime; not to serve the truth, but to favor one political faction. And it is disconcerting that there are Bishops—such as those whom I recently denounced—who, by their words, prove that they are aligned on the opposing side. They are subservient to the deep state, to globalism, to aligned thought, to the New World Order which they invoke ever more frequently in the name of a universal brotherhood which has nothing Christian about it, but which evokes the Masonic ideals of those want to dominate the world by driving God out of the courts, out of schools, out of families, and perhaps even out of churches.

The American people are mature and have now understood how much the mainstream media does not want to spread the truth but seeks to silence and distort it, spreading the lie that is useful for the purposes of their masters. However, it is important that the good—who are the majority—wake up from their sluggishness and do not accept being deceived by a minority of dishonest people with unavowable purposes. It is necessary that the good, the children of light, come together and make their voices heard. What more effective way is there to do this, Mr. President, than by prayer, asking the Lord to protect you, the United States, and all of humanity from this enormous attack of the Enemy? Before the power of prayer, the deceptions of the children of darkness will collapse, their plots will be revealed, their betrayal will be shown, their frightening power will end in nothing, brought to light and exposed for what it is: an infernal deception.

Mr. President, my prayer is constantly turned to the beloved American nation, where I had the privilege and honor of being sent by Pope Benedict XVI as Apostolic Nuncio. In this dramatic and decisive hour for all of humanity, I am praying for you and also for all those who are at your side in the government of the United States. I trust that the American people are united with me and you in prayer to Almighty God.

United against the Invisible Enemy of all humanity, I bless you and the First Lady, the beloved American nation, and all men and women of good will.


+ Carlo Maria Viganò
Titular Archbishop of Ulpiana
Former Apostolic Nuncio to the United States of America