Thursday, 2 January 2020

Thursday's Serial: "Memórias de um Sargento de Milícias" by Manuel Antônio de Almeida (in Portuguese) - VI



III - Derrota  
Aquelas últimas palavras da comadre produziram sobre D. Maria o efeito de um raio: a velha remexeu-se na banquinha, tomada do maior desapontamento.
— Ora, comadre, exclamou depois da primeira emoção, esta não lembra ao diabo... por isso eu sigo a regra antiga de me não fiar em coisa que traz calções... Safa... que esta pôs-me sal na moleira.
A comadre, vendo estas boas disposições, aproveitava-se delas para fazer melhor o seu papel, e respondeu:
— Pois também o que se havia de esperar de um sujeito como aquele?... um homem que não abre a boca que não minta... que tem uma língua de Lúcifer?... Quem contasse com aquilo era mesmo para se perder.
— É verdade, senhora; nunca vi mentiroso, nem maldizente maior...
Nunca D. Maria até então tinha encontrado em José Manuel as qualidades que agora descobria tanto em relevo.
— Se eu fosse parente da rapariga havia de pôr uma demanda ao tal diabo que o havia de ensinar... Por isso é que ele me não aparecia por cá há tanto tempo... andava cuidando nos seus arranjos.
Mal tinha D. Maria acabado de pronunciar estas últimas palavras quando se ouviu bater à porta, e a voz de José Manuel pedir licença.
— Aí está ele... segredo... não quero que se saiba que fui eu, disse a comadre apressada.
— Ora, respondeu D. Maria, eu cá para isso sou boa.
José Manuel entrou. D. Maria, que não costumava guardar o que sentia, recebeu-o friamente; a comadre porém fez-lhe um rasgado cumprimento.
— Seja bem aparecido, disse, bons olhos o vejam.
— Tenho andado aí ocupado com alguns arranjos...
— Arranjos... disse D. Maria trocando com a comadre um olhar significativo.
José Manuel, inocente em tudo, ficou pasmo, sem entender o que queria aquilo dizer; entretanto, segundo o costume, não perdeu ocasião de armar uma peta.
— Sim, uns arranjos, acrescentou; houve um negócio muito sério em que estive metido, e que me ia dando bem que fazer; sinto não lhe poder contar, porque é segredo.
A comadre fez um gesto, como quem queria dizer-aí vem uma peta; D. Maria, porém, que estava preocupada pela conversa que há pouco tivera, entendeu que José Manuel se referia ao roubo da moça; e abanando a cabeça, disse por entre os dentes:
— Hum... entendo...
A comadre estremeceu temendo que D. Maria desse com a língua nos dentes, e que a questão do roubo da moça tivesse de ser averiguada em sua presença; porque nesse caso seria ela apanhada em flagrante mentira, e estava tudo perdido. Começou portanto a provocar a José Manuel a que declarasse qual era o negócio sério em que estivera metido; contava com algumas das petas continuadas, e assim se desviaria a conversa do ponto que ela não queria ver tratado em sua presença.
Deixemo-la nesse empenho lutar com as negaças e fingidos mistérios de José Manuel.
Desde o dia em que Leonardo fizera a sua declaração amorosa, uma mudança notável se começou a operar em Luisinha, a cada hora se tornava mais sensível a diferença tanto do seu físico como do seu moral. Seus contornos começavam a arredondar-se; seus braços, até aí finos e sempre caídos, engrossavam-se e tornavam-se mais ágeis; suas faces magras e pálidas, enchiam-se e tomavam essa cor que só sabe ter o rosto da mulher em certa época da vida; a cabeça, que trazia habitualmente baixa, erguia-se agora graciosamente; os olhos, até aqui amortecidos, começavam a despedir lampejos brilhantes; falava, movia-se, agitava-se.
A ordem de suas idéias alterava-se também; o seu mundo interior, até então acanhado, estreito, escuro, despovoado, começava a alargar os horizontes, a iluminar-se, a povoar-se de milhões de imagens, ora amenas, ora melancólicas, sempre porém belas.
Até então indiferente ao que se passava em torno de si, parecia agora participar da vida, de tudo que a cercava; gastava horas inteiras a contemplar o céu, como se só agora tivesse reparado que ele era azul e belo, que o sol o iluminava de dia, que se recamava de estrelas à noite.
Tudo isto dava em resultado, pelo que diz respeito ao nosso amigo Leonardo, um aumento considerável de amor; também ele foi o primeiro que deu fé daquelas mudanças em Luisinha. Entretanto, apesar de lhe crescer o amor nem por isso lhe nasciam mais esperanças.
Depois da declaração não se tinha adiantado nem mais uma polegada, e a única coisa talvez que o alentava, era um certo rubor que súbito subia às faces de Luisinha quando acontecia (raras vezes) que se encontrassem os olhos dela com os seus. A soma total destas adições era uma raiva que lhe crescia n’alma, aumentando todos os dias de intensidade contra José Manuel, a quem em seus cálculos atribuía todo o seu atraso.
Dadas estas explicações, voltemos a dar conta do resto da cena que deixamos suspensa.
À força de instâncias a comadre conseguiu que José Manuel referisse qual o negócio de alto segredo em que se tinha achado envolvido.
— Pois bem, disse ele finalmente, se prometem toda a discrição, contarei.
— Ora, nem tem que recomendar isso.
Com as negaças e mistérios que tinha guardado até então, José Manuel não fizera mais do que ganhar tempo para imaginar a mentira que havia de pregar: a comadre contava com isso.
Ele começou:
— Saibam vm.cês que fui um destes dias chamado a palácio...
— Ui! exclamou a comadre.
— Aí está o resultado, disse D. Maria; mas não se pagam na outra vida, é mesmo nesta.
— Resultado de quê? perguntou José Manuel surpreendido.
— De nada; continue.
José Manuel enfiou então tomando por tema aquelas primeiras palavras que lhe tinham vindo à boca, uma mentira muito sensabor, que nós poupamos aos leitores. Não foram porém satisfeitas as vistas da comadre, que queria desviar a conversa do furto da moça.
Terminada a história, José Manuel começou a instar com D. Maria para que lhe desse explicação das palavras duvidosas que há pouco havia dito a seu respeito. A comadre, assim que viu o negócio neste pé, foi tratando de retirar-se, depois de trocar com D. Maria um olhar que queria dizer:-não me comprometa.
D. Maria a princípio quis sustentar o segredo; afinal não se pôde conter, e soltou contra José Manuel uma grande alicantina, dizendo que toda a cidade estava cheia do horroroso escândalo que ele acabava de cometer roubando uma filha-família.
O homem foi às nuvens, e jurou e tresjurou que estava inocente em tudo aquilo. Nada porém lhe valeu.
D. Maria foi inflexível.
Protestou de novo que se ela fosse parenta da moça o Sr. José Manuel se havia de ver em calças pardas com o negócio; e terminou por dar-lhe a entender que ele era um homem muito perigoso para ser admitido em uma casa de família.
José Manuel saiu completamente corrido e cismando em quem poderia ter sido o autor de semelhante intriga.
Quanto a D. Maria, ficou muito satisfeita, pois tendo no seu caráter um grande fundo de honestidade, julgava ter feito uma boa ação rompendo com José Manuel, que ficara com efeito, como o calculara a comadre, perdendo muito no seu conceito.

IV - O Mestre de reza            
Tudo que ultimamente se passara em casa de D. Maria havia posto a andar à roda a cabeça de José Manuel; conheceu que tinha ali inimigo, fosse quem fosse, pois que aquilo não passava certamente de intriga que lhe tinham armado. Restava-lhe porém saber quem seria esse inimigo; e por mais que desse voltas ao miolo não atinava com ele. Pelo gênero da intriga conheceu que a causa do que lhe faziam era seguramente a sua pretensão a respeito de Luisinha, que sem dúvida tinha sido percebida; começou a suspeitar que tinha de haver-se com um rival. Na roda que freqüentava a casa de D. Maria ninguém via que lhe parecesse poder estar nesse caso: passou-lhe muitas vezes pela lembrança o moço Leonardo; porém achava-o incapaz de se meter nessas coisas.
Assim são os velhacos!! Quantas vezes estão tocando o inimigo com as mãos, e não o vêem, e não o sentem!
Partisse porém donde partisse o golpe que o ferira, o caso é que fora dado certeiro, e a duas mãos.
D. Maria, extremosa em suas afeições, como em seus ódios, consentiria com imensa dificuldade na reabilitação de José Manuel; entretanto ele não esfriou por isso, e pôs mãos à obra. Por uma singularidade, assim como Leonardo tinha achado na comadre uma protetora à sua causa, também José Manuel achou um procurador para a sua.
Vamos já dizer aos leitores quem era o procurador de José Manuel.
Havia no tempo em que se passam estas cenas instituições muito curiosas no Rio de Janeiro; algumas eram notáveis por seu fim, outras por seus meios. Entre essas uma havia de que ainda em nossa infância tivemos ocasião de ver alguns destroços, era a instituição dos mestres-de-reza.
O mestre-de-reza era tão acatado e venerado naquele tempo como o próprio mestre de escola; além do respeito ordinariamente tributado aos preceptores, dava-se uma circunstância muito notável, e vem a ser que os mestres-de-reza eram sempre velhos e cegos. Não eram em grande número, por isso mesmo viviam portanto em grande atividade, e ganhavam sofrivelmente. Andavam pelas casas a ensinar a rezar aos filhos, crias e escravos de ambos os sexos.
O mestre-de-reza não tinha traje especial: vestia-se como todos, e só o que o distinguia era ver-se-lhe constantemente fora de um dos bolsos o cabo de uma tremenda palmatória, de que andava armado, compêndio único por onde ensinava a seus discípulos.
Assim que entravam para a lição reunia em um semicírculo diante de si todos os discípulos; puxava do bolso a tremenda férula, colocava-a no chão, encostada à cadeira onde se achava sentado, e começava o trabalho.
Fazia o mestre em voz alta o pelo-sinal, pausada e vagarosamente, no que o acompanhavam em coro todos os discípulos. Quanto a fazerem os sinais era ele quase sempre logrado, como facilmente se concebe, porém pelo que toca à repetição das palavras, tão prático estava que, por maior que fosse o número dos discípulos, percebia no meio do coro que havia faltado esta ou aquela voz, quando alguém se atrevia a deixar-se ficar calado. Suspendia-se então imediatamente o trabalho, e o culpado era obsequiado com uma remessa de bolos, que de modo nenhum desmentiam a reputação de que goza a pancada de cego. Feito isto, recomeçava o trabalho, voltando-se sempre ao princípio de cada vez que havia um erro ou falta. Acabado o pelo-sinal, que com as diversas interrupções que ordinariamente tinha gastava boa meia hora, repetia o mestre sozinho sempre e em voz alta e compassada a oração que lhe aprazia; repetiam depois o mesmo os discípulos do primeiro ao último, de um modo que nem era falado nem cantado; já se sabe, interrompidos a cada erro pela competente remessa de bolos. Depois de uma oração seguia-se outra, e assim por diante, até terminar a lição pela ladainha cantada.
Ao sair recebia o mestre uma pequena espórtula do dono da casa.
D. Maria, tendo em sua casa um número não pequeno de crias, não se dispensava de ter, como todos que estavam em suas circunstâncias, o seu mestre-de-reza. Era este um cego muito afamado pelo seu excessivo rigor para com os discípulos, e por conseqüência um dos mais procurados; nesse tempo exigia-se antes de tudo essa qualidade. Tinha também outro mérito: corria a seu respeito a fama de bom arranjador de casamentos.
Eis aí o procurador de José Manuel.
José Manuel já antes o tinha posto de mão, e agora que se viu em perigo recorreu a ele; expôs-lhe o caso, comunicou-lhe suas intenções, e pediu-lhe a sua cooperação. Fez-lhe sentir sobretudo que havia um rival a combater, e muito temível, pois que não era conhecido. O velho começou então a tomar as mais minuciosas informações, e depois de calcular por algum tempo disse:
— Já sei com quem me tenho que haver...
— Então com quem é?... acudiu José Manuel apressado.
— Vá descansado, não se importe com o resto.
— Mas, homem, olhe que é preciso muito cuidado; porque, quem quer que é, é fino como os trezentos...
— Ora qual... histórias... desses arranjos entendo eu dormindo, e vejo nisso, sendo cego, melhor do que muitos com seus olhos perfeitos.
— É uma coisa que me põe à roda o miolo não poder descobrir quem se intromete nos meus negócios... olhe que a tal entrega do furto da moça foi de mestre.
— Eu também sou mestre, e veremos quem ensina melhor.
Ficaram os dois nisto; e o cego pôs mãos à obra.
Devemos prevenir o leitor que a causa em semelhantes mãos, se não se podia dizer decididamente ganha, pelo menos ficava arriscada; e o que vale é que do outro lado estava a comadre.
O velho começou o seu trabalho em regra; logo na primeira noite que foi dar lição à casa de D. Maria começou por fazer cair a conversa a respeito do roubo da moça, e deu a entender que sabia do caso e conhecia perfeitamente quem tinha sido o autor dele. D. Maria disse também que sabia quem era, e que até o conhecia muito. O velho sorriu-se, deixando apenas escapar em tom de dúvida um significativo-Qual...-D. Maria franziu o sobrolho, levantou os óculos e exclamou:
— Pois então pensa que eu ando atrasada nestas coisas?... Ora deixe-se... Sei quem foi, e sei muito e muito bem. É um pedaço de mariola com cara de sonso, que só me há de morar em casa se eu algum dia for carcereira.
— É isso tudo, mas a Sra. D. Maria não conhece o homem, digo-lhe eu, que também ando ao fato deste negócio todo.
— Bem sei, bem sei... mas olhe que eu também soube de parte muito certa... e não há nada mais fácil do que ver quem está enganado... Diga lá o senhor quem foi.
— Oh! não! isso nunca, exclamou apressadamente o velho pondo-se em pé; nada, eu cá não quebro segredo de ninguém.
D. Maria remexeu-se toda de aflição; e por mais que instasse nada pôde arrancar do velho que, para fazer melhor o seu papel, foi-se logo retirando, dando assim a entender que queria cortar a conversa naquele ponto.
Quando mais não tivesse conseguido, o velho tinha ao menos lançado a dúvida no espírito de D. Maria a respeito do fato, que era para ela a pedra de escândalo contra José Manuel.

V - Transtôrno         
Enquanto todas estas coisas se passavam, um triste sucesso, e da mais alta importância, veio alterar a vida de Leonardo, ou transtorná-la mesmo: o compadre caiu gravemente enfermo. A princípio a moléstia pareceu coisa de pouca monta, e a comadre, que foi a primeira chamada, pretendeu que todo o incômodo desapareceria dentro de dois dias, tomando o doente alguns banhos de alecrim. Nada porém se conseguiu com a receita; o mal continuou. Recorreram então a um boticário conhecido da comadre, que juntara ao seu mister, não sabemos se com permissão das leis ou sem ela, o mister de médico.
Era um velho, filho do Porto, que aqui se viera estabelecer há muitos anos, e que ajuntara no oficio boas patacas. Apenas chegou e viu o doente declarou que em poucos dias o poria de pé; bastava que ele tomasse umas pílulas que lhe ia mandar da sua botica: eram um santo remédio, segundo dizia, mas custavam um bocadinho caro, porém valia a vida de um homem. A comadre quando ouviu falar em pílulas franziu a testa.
— Pírolas, disse consigo; então o negócio é sério; e eu, que tenho má fé com pírolas; ainda não vi uma só pessoa que as tomasse que escapasse.
E avermelharam-se-lhe imediatamente os olhos.
O boticário retirou-se levando consigo o Leonardo, que trouxe as pílulas. A comadre, olhando para elas, abanou a cabeça.
— Ora, disse, eu pensei que ele lhe mandasse dar alguns banhos; cá por mim com alecrim havia de pô-lo bom.
A comadre tinha razão até certo ponto, pois que no fim de três dias, depois de feitos todos os preparos religiosos, o compadre deu a alma a Deus.
D. Maria tinha sido chamada nesse mesmo dia, e compareceu com Luisinha e com todo o seu batalhão de crias; tinham vindo também algumas outras pessoas da vizinhança.
Estavam todos sentados em um grande canapé, na varanda, e conversavam muito entretidos sobre os objetos mais diversos; algumas achavam mesmo na conversação motivo para boas risadas; de repente abriu-se a porta do quarto, e a comadre saiu de dentro com o lenço nos olhos, soluçando desabridamente e repetindo em altos gritos:
— Bem dizia eu que tinha pouca fé nas pírolas; está para ser o primeiro que eu as veja tomar e que escape... Coitado do compadre... tão boa criatura... nunca me constou que fizesse mal a ninguém...
Estas palavras da comadre foram o sinal de rebate dado à dor dos que se achavam presentes; desatou tudo a chorar, e cada qual o mais alto que podia. O Leonardo sofreu um grande choque, e no meio do seu atordoamento encolheu-se em cima do canapé com a cabeça sobre os joelhos, chegando-se, naturalmente sem o querer, porque a dor o perturbava, o mais perto possível de Luisinha. Continuaram os mais no seu coro de pranto dirigidos pela comadre; mas não se contentavam só com o pranto, soltavam também algumas vezes exclamações em honra do defunto.
— Sempre foi muito bom vizinho, nunca tive escandalos dele, dizia uma.
Era a vizinha que augurava mau fim ao Leonardo, e com quem o compadre brigara por este motivo umas poucas de vezes.
— Boa alma, dizia D. Maria, boa alma; havia de ser como ele quem quisesse ter boa alma.
— Eu que lidei com ele, dizia a comadre, é que sei o que ele valia; era uma alma de santo num corpo de pecador.
— Bom amigo...
— E muito temente a Deus...
Prolongada esta cena por algum tempo, despediram-se algumas pessoas, outras ficaram ainda. Foi serenando o pranto, e daí a pouco D. Maria, enxugando ainda os olhos, explicava detalhadamente a uma outra senhora que se achava junto dela a história genealógica de cada uma de suas crias que se achavam presentes.
Finalmente retiraram-se todos, exceto D. Maria, a sua gente e a comadre, que estava desde que o compadre adoecera tomando conta da casa.
Aproximou-se a noite; acenderam-se velas junto do defunto; fizeram-se todos os mais arranjos do costume.
D. Maria e a comadre começaram a conversar, porém baixinho.
— Então, senhora, principiou D. Maria, este homem não havia morrer assim sem ter feito seu testamento; pois ele não havia de querer deixar no mundo o afilhado ao desamparo para os ausentes se gozarem do que a ele lhe custou tanto trabalho.
— A mim, respondeu a comadre, nunca me falou em semelhante coisa; mas enfim, como isso são lá negócios de segredo... talvez.
— Seria bom procurar-se; talvez em alguma gaveta por aí se ache; é impossível que o defunto não dispusesse sua vida; bem vezes lhe aconselhei eu semelhante coisa.
— Tem razão, D. Maria, eu acho também que deve haver alguma coisa.
E foram as duas tratar de procurar o testamento nas gavetas de uma grande cômoda que havia no quarto do defunto. Enquanto nisso se ocupavam, Luisinha e Leonardo conversavam, ou antes cochichavam, como se diz vulgarmente. O que eles se diziam não posso dizê-lo ao leitor, porque o não sei; sem dúvida a rapariga consolava o rapaz da perda que acabava de sofrer na pessoa do seu amado padrinho.
Finalmente as duas acharam com efeito um testamento, e ficaram com isso muito satisfeitas.
Voltaram à varanda e surpreenderam os dois no melhor da sua conversa. A comadre vendo-os sorriu-se, e D. Maria, fazendo sem dúvida a respeito do que estavam eles falando o mesmo juízo que nós, disse enternecida:
— Ela tem muito bom coração!
— E o dele não é pior, respondeu a comadre.
E acrescentou com intenção:
— Estava um bom casal.
— Oh! senhora, disse D. Maria com ingenuidade, deixe a menina, que ainda é muito cedo...
— Também não digo já, mas a seu tempo.
D. Maria sorriu-se com um sorriso de que a comadre não desgostou. Mudaram de conversa.
Passou-se a noite; no outro dia saiu o enterro com todas as formalidades do estilo. Depois disso tratou-se de resolver uma importante questão: para a companhia de quem iria o Leonardo? A abertura do testamento feita nesse mesmo dia resolveu a questão. O compadre havia instituído a Leonardo por seu universal herdeiro. A comadre informou de semelhante coisa ao Leonardo-Pataca, e este apresentou-se para tomar conta de seu filho. Não pareceu o rapaz muito satisfeito com a graça: não sei como veio-lhe à idéia aquele terrível pontapé que o fizera fugir de casa; além disso raríssimas vezes vira depois disso a seu pai, e estava completamente desacostumado dele. Não havia porém outro remédio; foi preciso obedecer e acompanhá-lo para casa, onde encontrou sua pequena irmã, e quem a pusera no mundo.
O Leonardo-Pataca começou a cuidar no testamento como homem entendido na matéria, e em pouco tempo deu volta a tudo aquilo.
Cumpre notar que se em vida do compadre corriam boatos que pareciam exagerados a respeito do que ele possuía, quando morreu pôde verse que esses boatos tinham ainda ficado muito aquém da verdade, pois deixara ele um bom par de mil cruzados em espécie. Entregues alguns legados de pouca monta, etc. tudo o mais veio a cair nas mãos do Leonardo-Pataca como herança de seu filho.
Nos primeiros dias tudo foram flores por casa de Leonardo-Pataca, ainda que, para falar a verdade, desde a primeira vista não simpatizara muito o moço Leonardo com a cara do objeto dos novos e últimos cuidados de seu pai.
A comadre assentou que devia substituir ao compadre no amor pelo afilhado, e determinou-se a vir morar com ele em casa de Leonardo-Pataca; assim ficava também reunida à sua filha, e à sua neta. O Leonardo-Pataca, que era condescendente, esteve pelo caso, e reuniu-se desse modo à família toda.
Tudo foram flores a princípio, como dissemos; o moço Leonardo e a comadre continuaram as suas visitas por casa de D. Maria; e digamo-lo já, o rapaz e a rapariga iam pondo as mangas de fora; verdade seja que José Manuel trabalhava ajudado do seu cego mestre-de-reza, e não perdia também as esperanças.
Pouco tempo durou o sossego em casa de Leonardo-Pataca; Chiquinha (tal era o nome da filha da comadre) começou a embirrar com o seu filho adotivo; este que, como dissemos, não simpatizara muito com ela, começou uma balbúrdia de todos os pecados. Todos os dias travavam-se por qualquer ponta, e lá ia tudo pelos ares. O Leonardo-Pataca e a comadre faziam o papel de conciliadores, mas os dois eram ambos altanadíssimos, e muitas vezes o conciliador saía mal servido, porque aquele a quem não dava razão se revoltava contra ele. Se era por exemplo a comadre, e dava razão a Leonardo, acudia a filha queixando-se de que sua mãe a abandonava para tomar o partido do afilhado: se pelo contrário dava razão a Chiquinha, acudia o Leonardo queixando-se de que desgraçado era o filho sem mãe, pois nunca achava quem lhe desse razão. Outro tanto acontecia ao Leonardo-Pataca quando se metia a apaziguar os dois.
Os negócios assim iam mal, pois mais dia menos dia haveria grande barulho em casa.

VI - Pior transtôrno   
Um dia o Leonardo recolhera-se para casa muito mortificado, pois que tendo ido visitar D. Maria estivera com ela longo tempo sem que Luisinha lhe tivesse aparecido; de maneira que lhe fora forçoso no fim de algumas horas retirar-se sem vê-la. Quem já teve um namoro, por menos sério que seja, e que levou um logro destes; quem se viu obrigado a aturar por muito tempo a conversação de uma velha, tendo de concordar com ela em tudo e por tudo para não incorrer-lhe no desagrado, só com o fim de trocar com alguém um olhar rápido, um sorriso disfarçado ou outra coisa assim, e que por fim de contas nem isso mesmo conseguiu, há de concordar que o Leonardo tinha toda a razão de estar ardendo com o que lhe sucedera, e o desculparia de qualquer arrebatamento que na ocasião o acometesse. Há espíritos porém de tal maneira serrazinas, que se divertem em aumentar a irritação alheia, e que quanto mais enfiado pilham um infeliz, tanto mais gostam de atirar-lhe alfinetadas.
Chiquinha, a amante de Leonardo-Pataca, era de um gênio assim; e depois que moravam todos juntos, não perdia uma só dessas ocasiões em virtude de antipatia que tinha ao rapaz, para fustigar de língua ao pobre Leonardo. Este, de um gênio colérico e pouco acostumado a ser contrariado, ia às nuvens com semelhante coisa; e se em ocasiões ordinárias em que estava de bom humor eram constantes as brigas em casa, calcule-se o que não faria nas ocasiões como naquela a que nos referimos, que estivesse cheio de razões, e então por que motivo! Vendo Chiquinha entrar o Leonardo pela porta adentro de cara amarrada e sem dar-Deus te salve-a ninguém, sorriu-se com malignidade e concertou a garganta, dizendo entre dentes:
— Melhor cara traga o dia de amanhã.
Leonardo, que percebera o que aquilo queria dizer, fez um gesto arrebatado sentando-se em uma cadeira, porém com tanta infelicidade, que atirou ao chão uma almofada de renda que se achava junto dele: com a queda rebentaram-se os fios, e uma porção de bilros rolou pela casa. Por maior infelicidade ainda a almofada era de Chiquinha, e Chiquinha tinha grandes ciúmes pela sua almofada. Levantou-se ela do seu lugar já fervendo de raiva; pôs as mãos nas cadeiras, e balançando a cabeça à medida que falava, exclamou:
— Ora dá-se um desaforo de tamanha grandeza?... vir da rua com os seus azeites, todo esfogueteado, e de propósito, e muito de propósito, fazer-me o que estão vendo, só para me desfeitear, como se fosse aqui um dono de casa que pudesse desfeitear a qualquer sem quê nem para quê!...
Leonardo ouviu tudo sem interromper, procurando sopear a raiva; e enquanto Chiquinha tomava fôlego, respondeu com voz trêmula e entre cortada:
— Não se meta com a minha vida, porque eu também não me importo com a sua; se estou com os azeites...
— Ah! bom côvado e meio! atalhou Chiquinha, ah! bordo da nau!... ah! major Vidigal!...
— Já lhe disse...
— Qual já lhe disse, nem meio já lhe disse!... namorado sem ventura...
Estas palavras fizeram o efeito de uma faísca em um barril de pólvora. Avançou o Leonardo para Chiquinha com os punhos cerrados e espumando de cólera.
— Se me diz mais meia palavra... perco-lhe o respeito... eu nunca lhe dei confiança; e apesar de ser a senhora lá o quer que é de meu pai... perco-lhe o respeito...
— Você sempre mostra que tem raça de saloio, disse Chiquinha empertigando-se e sem recuar um passo.
O Leonardo-Pataca, que estava no interior da casa, acudiu apressado ao barulho, e veio achar os dois ainda em atitude hostil; vendo o filho quase não quase a desfeitear o adorado objeto de seus derradeiros afetos, não trepidou em desbaratar com ele.
— Pedaço de mariola... pensas que isto aqui é como a casa de teu padrinho donde saíste... quero aqui muito respeito a todos... do contrário... se já uma vez te dei um pontapé que te fiz andar muitos anos por fora, dou-te agora outro que te ponha longe daqui para sempre...
— Nunca pensei, interrompeu Chiquinha dirigindo-se ao Leonardo-Pataca, querendo afear mais o caso; nunca pensei que na sua companhia se viesse a sofrer semelhante coisa...
— Não faças caso, menina, isto é um pedaço de mariola a quem hei de ensinar; por causa de ninguém dou-lhe eu uma rodada, se não por tua causa...
— Por causa dela!... atalhou o rapaz; tinha que ver! há de lhe dar bom pago; tão bom como a cigana...
— Mas nunca lhe hei de dar, acudiu Chiquinha enfurecida com este insulto; nunca lhe hei de dar o que lhe deu tua mãe...
Com isto o Leonardo-Pataca descoroçoou completamente, que dilúvio de amargas recordações não fizeram tão poucas palavras cair sobre sua cabeça!
— Espera, maltrapilho, espera que te ensino, exclamou vermelho de cólera; espera que te ensino...
E entrando repentinamente no quarto da sala, saiu de lá armado com o espadim do uniforme, e investiu para o filho. Convém dizer que o espadim ia embainhado.
— Não se ponha a perder por minha causa, exclamou Chiquinha agarrando-o pela camisola de chita com que ele estava vestido.
Era inútil porém o medo de Chiquinha, porque o rapaz, vendo que o negócio ia-se tornando feio, tendo-lhe ficado um terror instintivo do pai depois daquele pontapé que nunca lhe saíra da memória, tinha-se posto ao fresco na rua, fechando a rótula sobre si.
— Oh! maroto, disse ainda o Leonardo-Pataca, que te havia desancar...
O Leonardo que fugia por um lado e a comadre que entrava por outro, pois estivera ausente durante toda a cena. Apenas foi largando a mantilha e viu os dois atores que tinham ficado em cena ainda nas posições do último quadro, tratou de indagar qual fora o drama que se acabava de representar.
— Ora foi uma das costumadas do afilhado dos seus amores, respondeu Chiquinha, ainda não sossegada.
— Porém ia-lhe saindo caro desta vez, acudiu Leonardo-Pataca.
— Pois deveras, atalhou a comadre indignada; pois deveras o compadre estava armado de espada para dar no rapaz?
— Olá! que levava tão duro como osso!
— Mas então por quê? quantas mortes fez ele de uma vez? onde é que pôs fogo na casa? Triste coisa é um filho sem mãe!... Aposto que se eu cá estivesse nada havia de suceder!...
— Sim, respondeu Chiquinha, porque logo havia de tomar as dores por ele, segundo é seu costume. Aí está; muitos filhos têm mãe, e entretanto elas servem-lhes para isto: tomam as dores por outros, e deixam-nos de banda.
— Qual! histórias! é que tudo leva seu bocado de mau caminho.
— Oh! senhora! atalhou Leonardo-Pataca, se isto vai assim, não há um momento de sossego nesta casa; acabada uma, começa outra; o que não há de dizer esta vizinhança? Olhem que isto aqui é casa de um Oficial de Justiça.
— Mas enfim, disse a comadre, onde está o rapaz? onde é que o enterraram?
— Saiu por ali desencabrestado, e tomara que cá não volte.
— Ora está bonito! Oh! mas isto não pode ser assim; correrem com o rapaz de casa para fora!... Ele não é nenhum desgraçado, pois sempre tem o que lhe deixou seu padrinho.
— Essas e outras é que o puseram a perder.
— Sim, metam-lhe fumaça de rico na cabeça, e hão de ver no que dá.
— Coitado, disse lamentando a comadre, aquele nasceu com má sina.
E tomando de novo a mantilha, saiu com as lágrimas nos olhos em procura de Leonardo.
Ao sair escoravam-na à janela três ou quatro vizinhas.
— Então o que é que fizeram ao moço?
— Que foi isso, Sra. comadre?
— Ele passou por aqui pondo dez léguas por hora.
— Deixe-me, deixe-me, respondeu a comadre, que isto não acaba bem.

Wednesday, 1 January 2020

Excellent Readings: Sonnet LXVII by William Shakespeare (in English)

Ah wherefore with infection ſhould he liue,
And with his preſence grace impietie,
That ſinne by him aduantage ſhould atchiue,
And lace it ſelfe with his ſocietie ?
Why ſhould ſalſe painting immitate his cheeke,
And ſteale dead ſeeing of his liuing hew?
Why ſhoulde poore beautie indirectly ſeeke,
Roſes of ſhaddow,ſince his Roſe is true?
Why ſhould he liue,now nature banckrout is,
Beggerd of blood to bluſh through liuely vaines,
For ſhe hath no exchecker now but his,
And proud of many,liues vpon his gaines?
   O him ſhe ſtores,to ſhow what welth ſhe had,
   In daies long ſince,before theſe laſt so bad.

Tuesday, 31 December 2019

Tuesday's Serial: "Orthodoxy" by G. K. Chesterton (in English) - IV


V - THE FLAG OF THE WORLD
When I was a boy there were two curious men running about who were called the optimist and the pessimist. I constantly used the words myself, but I cheerfully confess that I never had any very special idea of what they meant. The only thing which might be considered evident was that they could not mean what they said; for the ordinary verbal explanation was that the optimist thought this world as good as it could be, while the pessimist thought it as bad as it could be. Both these statements being obviously raving nonsense, one had to cast about for other explanations. An optimist could not mean a man who thought everything right and nothing wrong. For that is meaningless; it is like calling everything right and nothing left. Upon the whole, I came to the conclusion that the optimist thought everything good except the pessimist, and that the pessimist thought everything bad, except himself. It would be unfair to omit altogether from the list the mysterious but suggestive definition said to have been given by a little girl, "An optimist is a man who looks after your eyes, and a pessimist is a man who looks after your feet." I am not sure that this is not the best definition of all. There is even a sort of allegorical truth in it. For there might, perhaps, be a profitable distinction drawn between that more dreary thinker who thinks merely of our contact with the earth from moment to moment, and that happier thinker who considers rather our primary power of vision and of choice of road.
But this is a deep mistake in this alternative of the optimist and the pessimist. The assumption of it is that a man criticises this world as if he were house-hunting, as if he were being shown over a new suite of apartments. If a man came to this world from some other world in full possession of his powers he might discuss whether the advantage of midsummer woods made up for the disadvantage of mad dogs, just as a man looking for lodgings might balance the presence of a telephone against the absence of a sea view. But no man is in that position. A man belongs to this world before he begins to ask if it is nice to belong to it. He has fought for the flag, and often won heroic victories for the flag long before he has ever enlisted. To put shortly what seems the essential matter, he has a loyalty long before he has any admiration.
In the last chapter it has been said that the primary feeling that this world is strange and yet attractive is best expressed in fairy tales. The reader may, if he likes, put down the next stage to that bellicose and even jingo literature which commonly comes next in the history of a boy. We all owe much sound morality to the penny dreadfuls. Whatever the reason, it seemed and still seems to me that our attitude towards life can be better expressed in terms of a kind of military loyalty than in terms of criticism and approval. My acceptance of the universe is not optimism, it is more like patriotism. It is a matter of primary loyalty. The world is not a lodging-house at Brighton, which we are to leave because it is miserable. It is the fortress of our family, with the flag flying on the turret, and the more miserable it is the less we should leave it. The point is not that this world is too sad to love or too glad not to love; the point is that when you do love a thing, its gladness is a reason for loving it, and its sadness a reason for loving it more. All optimistic thoughts about England and all pessimistic thoughts about her are alike reasons for the English patriot. Similarly, optimism and pessimism are alike arguments for the cosmic patriot.
Let us suppose we are confronted with a desperate thing—say Pimlico. If we think what is really best for Pimlico we shall find the thread of thought leads to the throne or the mystic and the arbitrary. It is not enough for a man to disapprove of Pimlico: in that case he will merely cut his throat or move to Chelsea. Nor, certainly, is it enough for a man to approve of Pimlico: for then it will remain Pimlico, which would be awful. The only way out of it seems to be for somebody to love Pimlico: to love it with a transcendental tie and without any earthly reason. If there arose a man who loved Pimlico, then Pimlico would rise into ivory towers and golden pinnacles; Pimlico would attire herself as a woman does when she is loved. For decoration is not given to hide horrible things: but to decorate things already adorable. A mother does not give her child a blue bow because he is so ugly without it. A lover does not give a girl a necklace to hide her neck. If men loved Pimlico as mothers love children, arbitrarily, because it is THEIRS, Pimlico in a year or two might be fairer than Florence. Some readers will say that this is a mere fantasy. I answer that this is the actual history of mankind. This, as a fact, is how cities did grow great. Go back to the darkest roots of civilization and you will find them knotted round some sacred stone or encircling some sacred well. People first paid honour to a spot and afterwards gained glory for it. Men did not love Rome because she was great. She was great because they had loved her.
The eighteenth-century theories of the social contract have been exposed to much clumsy criticism in our time; in so far as they meant that there is at the back of all historic government an idea of content and co-operation, they were demonstrably right. But they really were wrong, in so far as they suggested that men had ever aimed at order or ethics directly by a conscious exchange of interests. Morality did not begin by one man saying to another, "I will not hit you if you do not hit me"; there is no trace of such a transaction. There IS a trace of both men having said, "We must not hit each other in the holy place." They gained their morality by guarding their religion. They did not cultivate courage. They fought for the shrine, and found they had become courageous. They did not cultivate cleanliness. They purified themselves for the altar, and found that they were clean. The history of the Jews is the only early document known to most Englishmen, and the facts can be judged sufficiently from that. The Ten Commandments which have been found substantially common to mankind were merely military commands; a code of regimental orders, issued to protect a certain ark across a certain desert. Anarchy was evil because it endangered the sanctity. And only when they made a holy day for God did they find they had made a holiday for men.
If it be granted that this primary devotion to a place or thing is a source of creative energy, we can pass on to a very peculiar fact. Let us reiterate for an instant that the only right optimism is a sort of universal patriotism. What is the matter with the pessimist? I think it can be stated by saying that he is the cosmic anti-patriot. And what is the matter with the anti-patriot? I think it can be stated, without undue bitterness, by saying that he is the candid friend. And what is the matter with the candid friend? There we strike the rock of real life and immutable human nature.
I venture to say that what is bad in the candid friend is simply that he is not candid. He is keeping something back— his own gloomy pleasure in saying unpleasant things. He has a secret desire to hurt, not merely to help. This is certainly, I think, what makes a certain sort of anti-patriot irritating to healthy citizens. I do not speak (of course) of the anti-patriotism which only irritates feverish stockbrokers and gushing actresses; that is only patriotism speaking plainly. A man who says that no patriot should attack the Boer War until it is over is not worth answering intelligently; he is saying that no good son should warn his mother off a cliff until she has fallen over it. But there is an anti-patriot who honestly angers honest men, and the explanation of him is, I think, what I have suggested: he is the uncandid candid friend; the man who says, "I am sorry to say we are ruined," and is not sorry at all. And he may be said, without rhetoric, to be a traitor; for he is using that ugly knowledge which was allowed him to strengthen the army, to discourage people from joining it. Because he is allowed to be pessimistic as a military adviser he is being pessimistic as a recruiting sergeant. Just in the same way the pessimist (who is the cosmic anti-patriot) uses the freedom that life allows to her counsellors to lure away the people from her flag. Granted that he states only facts, it is still essential to know what are his emotions, what is his motive. It may be that twelve hundred men in Tottenham are down with smallpox; but we want to know whether this is stated by some great philosopher who wants to curse the gods, or only by some common clergyman who wants to help the men.
The evil of the pessimist is, then, not that he chastises gods and men, but that he does not love what he chastises—he has not this primary and supernatural loyalty to things. What is the evil of the man commonly called an optimist? Obviously, it is felt that the optimist, wishing to defend the honour of this world, will defend the indefensible. He is the jingo of the universe; he will say, "My cosmos, right or wrong." He will be less inclined to the reform of things; more inclined to a sort of front-bench official answer to all attacks, soothing every one with assurances. He will not wash the world, but whitewash the world. All this (which is true of a type of optimist) leads us to the one really interesting point of psychology, which could not be explained without it.
We say there must be a primal loyalty to life: the only question is, shall it be a natural or a supernatural loyalty? If you like to put it so, shall it be a reasonable or an unreasonable loyalty? Now, the extraordinary thing is that the bad optimism (the whitewashing, the weak defence of everything) comes in with the reasonable optimism. Rational optimism leads to stagnation: it is irrational optimism that leads to reform. Let me explain by using once more the parallel of patriotism. The man who is most likely to ruin the place he loves is exactly the man who loves it with a reason. The man who will improve the place is the man who loves it without a reason. If a man loves some feature of Pimlico (which seems unlikely), he may find himself defending that feature against Pimlico itself. But if he simply loves Pimlico itself, he may lay it waste and turn it into the New Jerusalem. I do not deny that reform may be excessive; I only say that it is the mystic patriot who reforms. Mere jingo self-contentment is commonest among those who have some pedantic reason for their patriotism. The worst jingoes do not love England, but a theory of England. If we love England for being an empire, we may overrate the success with which we rule the Hindoos. But if we love it only for being a nation, we can face all events: for it would be a nation even if the Hindoos ruled us. Thus also only those will permit their patriotism to falsify history whose patriotism depends on history. A man who loves England for being English will not mind how she arose. But a man who loves England for being Anglo-Saxon may go against all facts for his fancy. He may end (like Carlyle and Freeman) by maintaining that the Norman Conquest was a Saxon Conquest. He may end in utter unreason—because he has a reason. A man who loves France for being military will palliate the army of 1870. But a man who loves France for being France will improve the army of 1870. This is exactly what the French have done, and France is a good instance of the working paradox. Nowhere else is patriotism more purely abstract and arbitrary; and nowhere else is reform more drastic and sweeping. The more transcendental is your patriotism, the more practical are your politics.
Perhaps the most everyday instance of this point is in the case of women; and their strange and strong loyalty. Some stupid people started the idea that because women obviously back up their own people through everything, therefore women are blind and do not see anything. They can hardly have known any women. The same women who are ready to defend their men through thick and thin are (in their personal intercourse with the man) almost morbidly lucid about the thinness of his excuses or the thickness of his head. A man's friend likes him but leaves him as he is: his wife loves him and is always trying to turn him into somebody else. Women who are utter mystics in their creed are utter cynics in their criticism. Thackeray expressed this well when he made Pendennis' mother, who worshipped her son as a god, yet assume that he would go wrong as a man. She underrated his virtue, though she overrated his value. The devotee is entirely free to criticise; the fanatic can safely be a sceptic. Love is not blind; that is the last thing that it is. Love is bound; and the more it is bound the less it is blind.
This at least had come to be my position about all that was called optimism, pessimism, and improvement. Before any cosmic act of reform we must have a cosmic oath of allegiance. A man must be interested in life, then he could be disinterested in his views of it. "My son give me thy heart"; the heart must be fixed on the right thing: the moment we have a fixed heart we have a free hand. I must pause to anticipate an obvious criticism. It will be said that a rational person accepts the world as mixed of good and evil with a decent satisfaction and a decent endurance. But this is exactly the attitude which I maintain to be defective. It is, I know, very common in this age; it was perfectly put in those quiet lines of Matthew Arnold which are more piercingly blasphemous than the shrieks of Schopenhauer—
"Enough we live:—and if a life, With large results so little rife, Though bearable, seem hardly worth This pomp of worlds, this pain of birth."
I know this feeling fills our epoch, and I think it freezes our epoch. For our Titanic purposes of faith and revolution, what we need is not the cold acceptance of the world as a compromise, but some way in which we can heartily hate and heartily love it. We do not want joy and anger to neutralize each other and produce a surly contentment; we want a fiercer delight and a fiercer discontent. We have to feel the universe at once as an ogre's castle, to be stormed, and yet as our own cottage, to which we can return at evening.
No one doubts that an ordinary man can get on with this world: but we demand not strength enough to get on with it, but strength enough to get it on. Can he hate it enough to change it, and yet love it enough to think it worth changing? Can he look up at its colossal good without once feeling acquiescence? Can he look up at its colossal evil without once feeling despair? Can he, in short, be at once not only a pessimist and an optimist, but a fanatical pessimist and a fanatical optimist? Is he enough of a pagan to die for the world, and enough of a Christian to die to it? In this combination, I maintain, it is the rational optimist who fails, the irrational optimist who succeeds. He is ready to smash the whole universe for the sake of itself.
I put these things not in their mature logical sequence, but as they came: and this view was cleared and sharpened by an accident of the time. Under the lengthening shadow of Ibsen, an argument arose whether it was not a very nice thing to murder one's self. Grave moderns told us that we must not even say "poor fellow," of a man who had blown his brains out, since he was an enviable person, and had only blown them out because of their exceptional excellence. Mr. William Archer even suggested that in the golden age there would be penny-in-the-slot machines, by which a man could kill himself for a penny. In all this I found myself utterly hostile to many who called themselves liberal and humane. Not only is suicide a sin, it is the sin. It is the ultimate and absolute evil, the refusal to take an interest in existence; the refusal to take the oath of loyalty to life. The man who kills a man, kills a man. The man who kills himself, kills all men; as far as he is concerned he wipes out the world. His act is worse (symbolically considered) than any rape or dynamite outrage. For it destroys all buildings: it insults all women. The thief is satisfied with diamonds; but the suicide is not: that is his crime. He cannot be bribed, even by the blazing stones of the Celestial City. The thief compliments the things he steals, if not the owner of them. But the suicide insults everything on earth by not stealing it. He defiles every flower by refusing to live for its sake. There is not a tiny creature in the cosmos at whom his death is not a sneer. When a man hangs himself on a tree, the leaves might fall off in anger and the birds fly away in fury: for each has received a personal affront. Of course there may be pathetic emotional excuses for the act. There often are for rape, and there almost always are for dynamite. But if it comes to clear ideas and the intelligent meaning of things, then there is much more rational and philosophic truth in the burial at the cross-roads and the stake driven through the body, than in Mr. Archer's suicidal automatic machines. There is a meaning in burying the suicide apart. The man's crime is different from other crimes—for it makes even crimes impossible.
About the same time I read a solemn flippancy by some free thinker: he said that a suicide was only the same as a martyr. The open fallacy of this helped to clear the question. Obviously a suicide is the opposite of a martyr. A martyr is a man who cares so much for something outside him, that he forgets his own personal life. A suicide is a man who cares so little for anything outside him, that he wants to see the last of everything. One wants something to begin: the other wants everything to end. In other words, the martyr is noble, exactly because (however he renounces the world or execrates all humanity) he confesses this ultimate link with life; he sets his heart outside himself: he dies that something may live. The suicide is ignoble because he has not this link with being: he is a mere destroyer; spiritually, he destroys the universe. And then I remembered the stake and the cross-roads, and the queer fact that Christianity had shown this weird harshness to the suicide. For Christianity had shown a wild encouragement of the martyr. Historic Christianity was accused, not entirely without reason, of carrying martyrdom and asceticism to a point, desolate and pessimistic. The early Christian martyrs talked of death with a horrible happiness. They blasphemed the beautiful duties of the body: they smelt the grave afar off like a field of flowers. All this has seemed to many the very poetry of pessimism. Yet there is the stake at the crossroads to show what Christianity thought of the pessimist.
This was the first of the long train of enigmas with which Christianity entered the discussion. And there went with it a peculiarity of which I shall have to speak more markedly, as a note of all Christian notions, but which distinctly began in this one. The Christian attitude to the martyr and the suicide was not what is so often affirmed in modern morals. It was not a matter of degree. It was not that a line must be drawn somewhere, and that the self-slayer in exaltation fell within the line, the self-slayer in sadness just beyond it. The Christian feeling evidently was not merely that the suicide was carrying martyrdom too far. The Christian feeling was furiously for one and furiously against the other: these two things that looked so much alike were at opposite ends of heaven and hell. One man flung away his life; he was so good that his dry bones could heal cities in pestilence. Another man flung away life; he was so bad that his bones would pollute his brethren's. I am not saying this fierceness was right; but why was it so fierce?
Here it was that I first found that my wandering feet were in some beaten track. Christianity had also felt this opposition of the martyr to the suicide: had it perhaps felt it for the same reason? Had Christianity felt what I felt, but could not (and cannot) express—this need for a first loyalty to things, and then for a ruinous reform of things? Then I remembered that it was actually the charge against Christianity that it combined these two things which I was wildly trying to combine. Christianity was accused, at one and the same time, of being too optimistic about the universe and of being too pessimistic about the world. The coincidence made me suddenly stand still.
An imbecile habit has arisen in modern controversy of saying that such and such a creed can be held in one age but cannot be held in another. Some dogma, we are told, was credible in the twelfth century, but is not credible in the twentieth. You might as well say that a certain philosophy can be believed on Mondays, but cannot be believed on Tuesdays. You might as well say of a view of the cosmos that it was suitable to half-past three, but not suitable to half-past four. What a man can believe depends upon his philosophy, not upon the clock or the century. If a man believes in unalterable natural law, he cannot believe in any miracle in any age. If a man believes in a will behind law, he can believe in any miracle in any age. Suppose, for the sake of argument, we are concerned with a case of thaumaturgic healing. A materialist of the twelfth century could not believe it any more than a materialist of the twentieth century. But a Christian Scientist of the twentieth century can believe it as much as a Christian of the twelfth century. It is simply a matter of a man's theory of things. Therefore in dealing with any historical answer, the point is not whether it was given in our time, but whether it was given in answer to our question. And the more I thought about when and how Christianity had come into the world, the more I felt that it had actually come to answer this question.
It is commonly the loose and latitudinarian Christians who pay quite indefensible compliments to Christianity. They talk as if there had never been any piety or pity until Christianity came, a point on which any mediaeval would have been eager to correct them. They represent that the remarkable thing about Christianity was that it was the first to preach simplicity or self-restraint, or inwardness and sincerity. They will think me very narrow (whatever that means) if I say that the remarkable thing about Christianity was that it was the first to preach Christianity. Its peculiarity was that it was peculiar, and simplicity and sincerity are not peculiar, but obvious ideals for all mankind. Christianity was the answer to a riddle, not the last truism uttered after a long talk. Only the other day I saw in an excellent weekly paper of Puritan tone this remark, that Christianity when stripped of its armour of dogma (as who should speak of a man stripped of his armour of bones), turned out to be nothing but the Quaker doctrine of the Inner Light. Now, if I were to say that Christianity came into the world specially to destroy the doctrine of the Inner Light, that would be an exaggeration. But it would be very much nearer to the truth. The last Stoics, like Marcus Aurelius, were exactly the people who did believe in the Inner Light. Their dignity, their weariness, their sad external care for others, their incurable internal care for themselves, were all due to the Inner Light, and existed only by that dismal illumination. Notice that Marcus Aurelius insists, as such introspective moralists always do, upon small things done or undone; it is because he has not hate or love enough to make a moral revolution. He gets up early in the morning, just as our own aristocrats living the Simple Life get up early in the morning; because such altruism is much easier than stopping the games of the amphitheatre or giving the English people back their land. Marcus Aurelius is the most intolerable of human types. He is an unselfish egoist. An unselfish egoist is a man who has pride without the excuse of passion. Of all conceivable forms of enlightenment the worst is what these people call the Inner Light. Of all horrible religions the most horrible is the worship of the god within. Any one who knows any body knows how it would work; any one who knows any one from the Higher Thought Centre knows how it does work. That Jones shall worship the god within him turns out ultimately to mean that Jones shall worship Jones. Let Jones worship the sun or moon, anything rather than the Inner Light; let Jones worship cats or crocodiles, if he can find any in his street, but not the god within. Christianity came into the world firstly in order to assert with violence that a man had not only to look inwards, but to look outwards, to behold with astonishment and enthusiasm a divine company and a divine captain. The only fun of being a Christian was that a man was not left alone with the Inner Light, but definitely recognized an outer light, fair as the sun, clear as the moon, terrible as an army with banners.
All the same, it will be as well if Jones does not worship the sun and moon. If he does, there is a tendency for him to imitate them; to say, that because the sun burns insects alive, he may burn insects alive. He thinks that because the sun gives people sun-stroke, he may give his neighbour measles. He thinks that because the moon is said to drive men mad, he may drive his wife mad. This ugly side of mere external optimism had also shown itself in the ancient world. About the time when the Stoic idealism had begun to show the weaknesses of pessimism, the old nature worship of the ancients had begun to show the enormous weaknesses of optimism. Nature worship is natural enough while the society is young, or, in other words, Pantheism is all right as long as it is the worship of Pan. But Nature has another side which experience and sin are not slow in finding out, and it is no flippancy to say of the god Pan that he soon showed the cloven hoof. The only objection to Natural Religion is that somehow it always becomes unnatural. A man loves Nature in the morning for her innocence and amiability, and at nightfall, if he is loving her still, it is for her darkness and her cruelty. He washes at dawn in clear water as did the Wise Man of the Stoics, yet, somehow at the dark end of the day, he is bathing in hot bull's blood, as did Julian the Apostate. The mere pursuit of health always leads to something unhealthy. Physical nature must not be made the direct object of obedience; it must be enjoyed, not worshipped. Stars and mountains must not be taken seriously. If they are, we end where the pagan nature worship ended. Because the earth is kind, we can imitate all her cruelties. Because sexuality is sane, we can all go mad about sexuality. Mere optimism had reached its insane and appropriate termination. The theory that everything was good had become an orgy of everything that was bad.
On the other side our idealist pessimists were represented by the old remnant of the Stoics. Marcus Aurelius and his friends had really given up the idea of any god in the universe and looked only to the god within. They had no hope of any virtue in nature, and hardly any hope of any virtue in society. They had not enough interest in the outer world really to wreck or revolutionise it. They did not love the city enough to set fire to it. Thus the ancient world was exactly in our own desolate dilemma. The only people who really enjoyed this world were busy breaking it up; and the virtuous people did not care enough about them to knock them down. In this dilemma (the same as ours) Christianity suddenly stepped in and offered a singular answer, which the world eventually accepted as THE answer. It was the answer then, and I think it is the answer now.
This answer was like the slash of a sword; it sundered; it did not in any sense sentimentally unite. Briefly, it divided God from the cosmos. That transcendence and distinctness of the deity which some Christians now want to remove from Christianity, was really the only reason why any one wanted to be a Christian. It was the whole point of the Christian answer to the unhappy pessimist and the still more unhappy optimist. As I am here only concerned with their particular problem, I shall indicate only briefly this great metaphysical suggestion. All descriptions of the creating or sustaining principle in things must be metaphorical, because they must be verbal. Thus the pantheist is forced to speak of God in all things as if he were in a box. Thus the evolutionist has, in his very name, the idea of being unrolled like a carpet. All terms, religious and irreligious, are open to this charge. The only question is whether all terms are useless, or whether one can, with such a phrase, cover a distinct IDEA about the origin of things. I think one can, and so evidently does the evolutionist, or he would not talk about evolution. And the root phrase for all Christian theism was this, that God was a creator, as an artist is a creator. A poet is so separate from his poem that he himself speaks of it as a little thing he has "thrown off." Even in giving it forth he has flung it away. This principle that all creation and procreation is a breaking off is at least as consistent through the cosmos as the evolutionary principle that all growth is a branching out. A woman loses a child even in having a child. All creation is separation. Birth is as solemn a parting as death.
It was the prime philosophic principle of Christianity that this divorce in the divine act of making (such as severs the poet from the poem or the mother from the new-born child) was the true description of the act whereby the absolute energy made the world. According to most philosophers, God in making the world enslaved it. According to Christianity, in making it, He set it free. God had written, not so much a poem, but rather a play; a play he had planned as perfect, but which had necessarily been left to human actors and stage-managers, who had since made a great mess of it. I will discuss the truth of this theorem later. Here I have only to point out with what a startling smoothness it passed the dilemma we have discussed in this chapter. In this way at least one could be both happy and indignant without degrading one's self to be either a pessimist or an optimist. On this system one could fight all the forces of existence without deserting the flag of existence. One could be at peace with the universe and yet be at war with the world. St. George could still fight the dragon, however big the monster bulked in the cosmos, though he were bigger than the mighty cities or bigger than the everlasting hills. If he were as big as the world he could yet be killed in the name of the world. St. George had not to consider any obvious odds or proportions in the scale of things, but only the original secret of their design. He can shake his sword at the dragon, even if it is everything; even if the empty heavens over his head are only the huge arch of its open jaws.
And then followed an experience impossible to describe. It was as if I had been blundering about since my birth with two huge and unmanageable machines, of different shapes and without apparent connection—the world and the Christian tradition. I had found this hole in the world: the fact that one must somehow find a way of loving the world without trusting it; somehow one must love the world without being worldly. I found this projecting feature of Christian theology, like a sort of hard spike, the dogmatic insistence that God was personal, and had made a world separate from Himself. The spike of dogma fitted exactly into the hole in the world—it had evidently been meant to go there— and then the strange thing began to happen. When once these two parts of the two machines had come together, one after another, all the other parts fitted and fell in with an eerie exactitude. I could hear bolt after bolt over all the machinery falling into its place with a kind of click of relief. Having got one part right, all the other parts were repeating that rectitude, as clock after clock strikes noon. Instinct after instinct was answered by doctrine after doctrine. Or, to vary the metaphor, I was like one who had advanced into a hostile country to take one high fortress. And when that fort had fallen the whole country surrendered and turned solid behind me. The whole land was lit up, as it were, back to the first fields of my childhood. All those blind fancies of boyhood which in the fourth chapter I have tried in vain to trace on the darkness, became suddenly transparent and sane. I was right when I felt that roses were red by some sort of choice: it was the divine choice. I was right when I felt that I would almost rather say that grass was the wrong colour than say it must by necessity have been that colour: it might verily have been any other. My sense that happiness hung on the crazy thread of a condition did mean something when all was said: it meant the whole doctrine of the Fall. Even those dim and shapeless monsters of notions which I have not been able to describe, much less defend, stepped quietly into their places like colossal caryatides of the creed. The fancy that the cosmos was not vast and void, but small and cosy, had a fulfilled significance now, for anything that is a work of art must be small in the sight of the artist; to God the stars might be only small and dear, like diamonds. And my haunting instinct that somehow good was not merely a tool to be used, but a relic to be guarded, like the goods from Crusoe's ship— even that had been the wild whisper of something originally wise, for, according to Christianity, we were indeed the survivors of a wreck, the crew of a golden ship that had gone down before the beginning of the world.
But the important matter was this, that it entirely reversed the reason for optimism. And the instant the reversal was made it felt like the abrupt ease when a bone is put back in the socket. I had often called myself an optimist, to avoid the too evident blasphemy of pessimism. But all the optimism of the age had been false and disheartening for this reason, that it had always been trying to prove that we fit in to the world. The Christian optimism is based on the fact that we do NOT fit in to the world. I had tried to be happy by telling myself that man is an animal, like any other which sought its meat from God. But now I really was happy, for I had learnt that man is a monstrosity. I had been right in feeling all things as odd, for I myself was at once worse and better than all things. The optimist's pleasure was prosaic, for it dwelt on the naturalness of everything; the Christian pleasure was poetic, for it dwelt on the unnaturalness of everything in the light of the supernatural. The modern philosopher had told me again and again that I was in the right place, and I had still felt depressed even in acquiescence. But I had heard that I was in the WRONG place, and my soul sang for joy, like a bird in spring. The knowledge found out and illuminated forgotten chambers in the dark house of infancy. I knew now why grass had always seemed to me as queer as the green beard of a giant, and why I could feel homesick at home.