Canto VI
- Que vais fazer?
- Vou para Itália, Eduardo.
- Quando? Onde na Itália?
- Um lugarejo perto de Rimini. Já está tudo acertado, casa, trabalho...
- E ele?
- Quem é "ele"? Foda-se "ele"!
- Um lugarejo perto de Rimini?
- Isso.
- Estás fugindo. O que houve? Vocês brigaram?
- Estamos bem e não estou fugindo, mas acabei com o romnace.
- Eu não acredito! O que houve
com o mundo? Só porque mudei-me pra New York, aquele fascista ganha as
eleições no Brasil, vocês vão "dar um tempo" e te vais pra "um lugarejo perto de Rimini"? Então fica
comigo aqui, no centro do mundo!
- Luciano precisa resolver alguns problemas seus, eu quero trocar de ares, desanuviar a cabeça, só isso. E estamos bem agora, depois de ele ter dito uma crise de dúvidas e eu me ter afastado pra ele arranjar-se. Através duma agência consegui emprego pra colher azeitonas e ficarei na casa duma tal Rosa.
Houve uma pausa e depois ele continuou: Acredite, não estou fugindo; nem estou sofrendo. Estava apaixonado e isso passou. Ou se não passou, passará. Mas não vou ficar à mercê de uma pessoa que me quer mas quer conforto familiar mais que a mim. Agora estou indo pra Itália; um mundo novo a desbravar; não sei o que há por lá, mas estou livre para descobrir.
Canto VII
Eu e Eduardo fomos tomando na vida rumos distintos, em todos os sentidos. Enquanto ele renovava-se tendo romance novo a cada semana, bêbado com a vida novaiorquina, eu era muito, muito mais restrito e os poucos que tive, foram - ao menos de minha parte - sempre intensos, como se fossem minha última opção na vida.
Poucos conseguiam dar-me o troco devido.
Giorgio foi um deles.
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