Ser moça e bela
ser, porque é que não lhe basta?
Por que tudo o
que tem de fresco e virgem gasta
E destrói? Porque
atrás de uma vaga esperança
Fátua, aérea e
fugaz, frenética se lança
A voar, a
voar?...
Também a
borboleta,
Mal rompe a ninfa,
o estojo abrindo, ávida e inquieta,
As antenas agita,
ensaia o vôo, adeja;
O finíssimo pó
das asas espaneja;
Pouco habituada à
luz, a luz logo a embriaga;
Bóia do sol na
morna e rutilante vaga;
Em grandes doses
bebe o azul; tonta, espairece
No éter; voa em
redor; vai e vem; sobe e desce,
Torna a subir e
torna a descer; e ora gira
Contra as
correntes do ar; ora, incauta, se atira
Contra o tojo e
os sarçais; nas puas lancinantes
Em pedaços faz
logo as asas cintilantes;
Da tênue escama
de ouro os resquícios mesquinhos
Presos lhe vão
ficando à ponta dos espinhos;
Uma porção de si
deixa por onde passa,
E, enquanto há
vida ainda, esvoaça, esvoaça,
Como um leve
papel solto à mercê do vento;
Pousa aqui, voa
além, até vir o momento
Em que de todo,
enfim, se rasga e dilacera...
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