Passara o temporal, mas ainda soprava um vento forte quando houve um apagão; por isso Mamma Rosa acendeu uma vela em meu quarto.
Estava a despir a camisa quando ouvi um leve sussurrar na janela. Sorri a me lembrar dO Corvo e fui ver quem era.
- Sou eu! Abra!
Reconheci a voz de Berto. Abri a janela e ele entrou por ela com um pulo.
- Se me pegam aqui, me matam!
Voltei a vestir a camisa.
Passou a mão por seus cabelos e disse: Quem sou eu? Um bruto cheirando a terra e estrume de cavalo, o sr. sabe. Trabalho nessas terras desde que nasci e esse é o mundo que conheço. Não sou instruido nem pra explicar qualquer coisa. Olhe pra mim! sou desajeitado e digo blasfêmias e o sr. é tão educado e...
Eu me sentei na cama e o puxei pra junto de mim. Berto não tirava os olhos de seus sapatos sujos.
- Só queria dizer que... desde que o vi eu... não sei o que houve comigo, com meu coração que estremeceu e caiu no chão e... eu podia, talvez devesse ficar quieto, mas...
- As flores que amanhecem na minha janela...
- ...são minhas, sim, com meus suspiros.
Ele estava rubro. Levantou-se e disse:
- Eu tinha que dizer-lhe, desculpe. Agora preciso ir...
E tornou para a janela, mas antes que a alcançasse, puxei-o para mim e um vento entrando pela ventana apagou o lume.
No comments:
Post a Comment