Virgem de loiros cabelos
- Belos, -
Como cadeia de amôres,
Onda vás tão triste agora
- Hora -
De tão sinistros horrores?
Sob nuvem lutulenta,
- Lenta, -
Se esconde a pálida lua;
Nas sombras os gênios combatem;
- Batem -
Os ventos a rocha nua.
Noite medonha e funesta
- Esta -
Fundos mistérios encerra!
Não corras, olha, repara,
- Pára, -
Escuta as vozes da serra!...
Dos furacões nas lufadas,
- Fadas -
Traidoras passam nos ares!
Cruentos monstros e espiam!
- Piam -
As corujas nos palmares!
Bela doida, se soubesses
- Êsses -
Êsses gritos o que dizem,
Ah ! por certo que ouviras,
- Viras -
Que tredas coisas predizem!
Mas, infeliz, continuas!
- Nuas -
As tuas espáduas são!
E sob teus pés mofinos,
- Finos, -
Prendem-se às urzes do chão!
O orvalho teu rosto molha;
- Olha -
Como branca e fria estás!
Virgem de loiros cabelos,
- Belos -
Por Deus! conta-me onde vás!
Nestes ervaçais sem têrmos,
- Ermos -
Ninguém pode te acudir...
Toma sentido, sossega,
- Cega! -
Vê, são horas de dormir!
Teus olhos giram incertos;
- Certos -
Contudo teus passos vão!
Teu ser que a ilusão persegue
- Segue -
O impulso de oculta mão!
Ai! dormes! Talvez risonho
- Sonho -
Te chame a bailes brilhantes!
Talvez vozes que te encantam
- Cantam -
A teus ouvidos amantes!
Talvez eus ligeiros passos
- Paços -
Pisem d'oiro construidos!
Talvez quanto há de perfume
- Fume -
Pra agradar teus sentidos!
Mas ah ! Na cabana agora,
- Ora -
Tua pobre mãe por ti;
E teu pai além divaga,
- Vaga -
Sem saber que andas aqui!
Virgem de loiros cabelos
- Belos, -
Como cadeia de amôres,
Onda vás tão triste agora
- Hora -
De tão sinistros horrores?
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