Wednesday, 23 February 2022

Open Letter from Fr. José Jacinto Farias (in Portuguese)

    Caros amigos, preciso de partilhar convosco a minha dor, o meu sofrimento, que me impedem de viver em júbilo estes dias: a suspensão das celebrações dominicais, por causa da pandemia. Eu não estou a minimizar a gravidade da pandemia e eu próprio estou confinado à minha residência, obedecendo às orientações da DGS e às ordens do governo.

    Não me escandaliza o facto de o governo ter proibido as celebrações, tarefa que lhe foi facilitada pela antecipação dos bispos, dispensando os fiéis do preceito dominical. Deus quer que todos celebrem o dia que a Ele pertence, que Ele fez, como cantamos durante esta semana pascal e que se repete semanalmente ao domingo, dia do Senhor. Ao dispensar assim os fiéis deste mandamento divino, os bispos ultrapassaram os limites das suas competências. Ninguém pode dispensar ninguém de cumprir os Mandamentos da Lei de Deus. Ao fazerem isto, os bispos cometeram um grande pecado, de consequências inimagináveis. Como Adão, vão descobrir agora que estão nus, que perderam toda a sua autoridade.

    Foi feita a consagração de Portugal ao Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria no dia 25 de Março. Mas dizem-me que o mesmo bispo que presidiu à consagração já declarou a suspensão das celebrações do 13 de Maio… Minha Nossa Senhora, valei-me! Então Nossa Senhora não tem poder para proteger os peregrinos que a ela recorrem? Então para que serviu a consagração? Estamos a viver uma profunda crise de fé ao nível da mais alta hierarquia da Igreja.

    Talvez agora é que se cumpre a mensagem de Fátima: o Anjo e Nossa Senhora mostraram aos Pastorinhos a profunda «tristeza de Deus». Como Deus deve estar triste hoje! Porquê? Por causa da coronavírus? Por causa dos doentes com cancro? Por causa de outros males que nos afectam? Não, com certeza! Por causa da falta de fé; por causa dos pecados que «bradam aos céus»: sobretudo o homicídio voluntário, o aborto, que atinge proporções nunca vistas de calamidade mundial! O clamor do sangue das crianças que não deixam nascer sobe da terra aos céus, como o sangue do justo Abel.

    Por isso, mais do que triste, Deus deve estar indignado, zangado, tendo chegado ao limite da Sua divina paciência! Ao suspenderem as missas dominicais, contra o preceito divino, os bispos aparentemente tomaram uma decisão corajosa, mas comprometeram irremediavelmente a sua autoridade. Logo o governo «proibiu» todas as celebrações, não só as dominicais, e agora será o governo quem há-de decidir quando elas serão permitidas e em que condições, porque paira sempre no ar um perigo, real ou potencial, para a saúde pública. Em nome da nossa segurança, tiram-nos a liberdade. E tudo para o nosso bem, porque estamos todos no mesmo barco, até Deus, como disse o Papa na mensagem antes da bênção «Urbi et Orbi», e a nova versão da missa votiva em tempo de calamidade, recentemente aprovada pela Congregação dos ritos e dos sacramentos. Meu Deus, perdoai-lhes, porque não sabem o que dizem nem o que fazem!

    Nas circunstâncias actuais, tomo muito a sério aquela frase que li em Luisa Piccaretta e que já vos referi: «Quando permito que as Igrejas sejam abandonadas, os ministros dispersos, as missas reduzidas, significa que os sacrifícios são ofensivos para mim. As orações, insultos; as adorações, irreverência; as confissões sem fruto. Portanto, não mais encontrando a Minha glória, mas somente ofensas nem bem nelas, não Me servindo mais, Eu mesmo os removo». Então não foram nem os bispos que suspenderam as missas; nem o governo que as proibiu; foi o próprio Senhor que está cansado de tanta indiferença, falta de respeito, como naquela vez em que amaldiçoou a figueira, porque estava seca, sem fruto. E isso diz-nos a todos respeito, tanto aos padres como aos leigos, porque deixámos de ter o respeito devido ao Santíssimo Sacramento, com terríveis profanações e sacrilégios.

    Por isso, porque também eu sou pecador e preciso da misericórdia divina, porque estas palavras aceito-as como ditas, em primeiro lugar, para mim, vivo estes dias em atitude penitencial própria da quaresma. Este tempo festivo por excelência vivo-o como luto! S. Tomás tem uma frase que me consola nesta desolação: «Deus não permitiria um mal, se dele não pudesse tirar um bem maior». É esta esperança que me anima, porque Cristo Ressuscitou, venceu Satanás, o pecado e a morte. A Ele toda a glória e o poder para sempre.

 

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