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Pára e me ouve! Foi ótimo, foi maravilhoso. És importante pra mim, mas
chega! Eu não suporto mais essa dor, a dor de não te alcançar! Teu jeito
me fere, teu desleixo, tua obstinação, teu radicalismo! Ferem-me
demais! A quanto tempo não conseguimos conversar? Somente nos ferimos
com as palavras, com os olhares não trocados! Então te somes por todos
esses dias e noites, dizendo que não podes conciliar a mim e tua vida,
pra então vir chorando na chuva pedir o meu regaço? como se nada
houvesse? Nada está mais ótimo e maravilhoso! Tudo caiu. Eu desmoronei.
Fica com a minha toalha de festa.
Fechei-lhe a porta e chorei eu.
Tudo muito teatral, nós algumas noites antes. Estávamos numa praça
escura e um chuvisqueiro miúdo antecipava a noite de hoje. Sentados num
banco, silenciosos. Um pouco além, a avenida cheia de luz, ônibus
passando, pessoas a correr.
Eu havia escutado Luciano e suas razões tão certas, precisas, lógicas
para terminarmos nossa relação e continuava em silêncio. As idéias, as
palavras me passavam pela mente, mas a boca resignava-se á inutilidade
de falar.
Luciano, sempre incomodado com silêncios, perguntou-me em que pensava.
- Estou lembrado as palavras de meu psicólogo. Ele me disse que quando
uma relação vai mal, não a podemos terminar sem ter resolvido os erros
nela cometidos, pois do contrário vamos repetir os mesmos erros na
próxima.
- Mas nossa relação não tem problemas; o problema são os outros que não nos aceitam.
- Certo. O problema são os outros.
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