- Que vais fazer?
- Vou para Itália, Eduardo.
- Quando? Onde na Itália?
- Um lugarejo perto de Rimini. Já está tudo acertado, casa, trabalho...
- Um lugarejo perto de Rimini?
- Isso.
- Eu não acredito! O que houve com o mundo? Só porque mudei-me pra New York, aquele fascista ganha as eleições no Brasil, Luciano se casa com uma lambisgóia e te vais pra Itália? Mas fazer o que "num lugarejo perto de Rimini"? Então fica comigo aqui, no centro do mundo!
- Já tenho tudo acertado com a mãe de Giorgio. Vou ficar contigo umas semaninhas, se não te importas e depois tomo o meu rumo.
Houve uma pausa e depois ele
continuou: Acredite, não estou fugindo; nem estou sofrendo. Estava
apaixonado e isso passou. Ou se não passou, passará. Mas não vou ficar à
mercê de uma pessoa que me quer mas quer conforto familiar mais que a
mim. Agora estou indo pra Itália; um mundo novo a desbravar; não sei o
que há por lá, mas estou livre para descobrir.
Canto VII
Eu e Eduardo fomos tomando na vida rumos distintos, em todos os
sentidos. Enquanto ele renovava-se tendo romance novo a cada semana, bêbado com a vida novaiorquina, eu
era muito, muito mais restrito e os poucos que tive, foram - ao menos de
minha parte - sempre intensos, como se fossem minha última opção na
vida.
Poucos conseguiam dar-me o troco devido.
Giorgio foi um deles.
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