Lembro-me como se fosse ainda ontem daquela tarde
em que o tio Pavel Pleffel entrou em minha vida.
Foi assim:
I
Numa certa manhã de outubro, quando eu tinha só
nove anos de idade, estava indo jogar bola na pracinha onde minha turma
esperava-me. Eu passava longos períodos na rua pois minha mãe criava-me só e também ela passava longos períodos na rua. Estas ausências dela magoavam-me e me sentia muito só e mal-amado, de maneira que mesmo quando estava com ela, constinuava só.
Pois foi nessa manhã, à caminho da pracinha quando um golpe de vento muito forte me atingiu pelas costas e uma voz séria, grave, falou assim:
Pois foi nessa manhã, à caminho da pracinha quando um golpe de vento muito forte me atingiu pelas costas e uma voz séria, grave, falou assim:
- Cuidado com a cabeça!
Quando me virei, assustado, pra ver o que
acontecia, caí sentado no chão, porque havia um homem em pé, deslizando dentro
do vento, quase em cima de mim.
Era um homem grande, vestindo um sobretudo e chapéu marrons, com um guarda-chuva pendurado no braço.
Era um homem grande, vestindo um sobretudo e chapéu marrons, com um guarda-chuva pendurado no braço.
Eu ainda estava no chão, com a maior cara de
parvo, quando o homem misterioso pousou no chão e, sem me dar atenção alguma,
avançou para o laguinho que havia justo na entrada da praceta.
Eu não sabia o que pensar! Imagines tu veres um
homem a deslizar no espaço – ele não parecia voar, como um super-herói faz. Era
mesmo um deslizar.
Quando realizei que ele estava se afastando de
mim, corri atrás dele, chamando, gritando por ele, mas fui ignorado.
Ele só parou em frente do laguinho, uma coisinha
redonda, com uma muretinha de cimento de uns 40 centímetros de altura, não mais,
e disse:
- Primo Otávio, já cheguei!
Então a cabeça de um grande peixe prateado
apareceu:
- Muito bem vindo, primo Pavel! Já está tudo
pronto para ti!
Pavel! O homem chama-se Pavel!
Então, Pavel ergueu-se no ar, passou sobre a
mureta do laguinho e penetrando em suas águas, nelas desapareceu!
Corri ao laguinho e mergulhei minhas mãos nas águas.
Meus dedos roçaram o fundo de cimento, querendo encontrar o homem, mas não
havia o menor sinal dele ou do peixe. Era como se nunca houvessem existido.
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