E aqui estou,
cantando.
Um poeta é sempre
irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo
por onde passa.
Venho de longe e
vou para longe:
mas procurei pelo
chão os sinais do meu caminho
e não vi nada,
porque as ervas cresceram e as
serpentes andaram.
Também procurei
no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre
muitas nuvens.
E suicidaram-se
os operários de Babel.
Pois aqui estou,
cantando.
Se eu nem sei
onde estou,
como posso
esperar que algum ouvido me escute?
Ah! Se eu nem sei
quem sou,
como posso esperar
que venha alguém gostar de mim?
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