Ó cisnes brancos,
cisnes brancos,
Porque viestes,
se era tão tarde?
O sol não beija
mais os flancos
Da Montanha onde
mora a tarde.
Ó cisnes brancos,
dolorida
Minh’alma sente
dores novas.
Cheguei à terra
prometida:
É um deserto
cheio de covas.
Voai para outras
risonhas plagas,
Cisnes brancos!
Sede felizes...
Deixai-me só com
as minhas chagas,
E só com as
minhas cicatrizes.
Venham as aves
agoireiras,
De risada que
esfria os ossos...
Minh’alma, cheia
de caveiras,
Está branca de
padre-nossos.
Queimando a carne
como brasas,
Venham as
tentações daninhas,
Que eu lhes
porei, bem sob asas,
A alma cheia de
ladainhas.
Ó cisnes brancos,
cisnes brancos,
Doce afago da
alva plumagem!
Minh’alma morre
aos solavancos
Nesta medonha
carruagem.
Quando chegaste,
os violoncelos
Que andam no ar
cantaram no hinos.
Estrelaram-se
todos os castelos,
E até nas nuvens
repicaram sinos.
Foram-se as
brancas horas sem rumo,
Tanto sonhadas!
Ainda, ainda
Hoje os meus
pobres versos perfumo
Com os beijos
santos da tua vinda.
Quando te foste,
estalaram cordas
Nos violoncelos e
nas harpas...
E anjos disseram:
- Não mais acordas,
Lírio nascido nas
escarpas!
Sinos dobraram no
céu e escuto
Dobres eternos na
minha ermida.
E os pobres
versos ainda hoje enluto
Com os beijos
santos da despedida.
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