(Recitada no
Teatro S. João)
É a hora das
epopéias,
Das ilíadas
reais.
Ruge o vento — do
passado
Pelos mares
sepulcrais.
É a hora, em que
a Eternidade
Dialoga a
Imortalidade...
Fala o herói com
Jeová! ...
E Deus — nas
celestes plagas —
Colhe da glória
nas vagas
Os mortos de
Pirajá.
Há destes dias
augustos
Na tumba dos
Briaréus.
Como que Deus
baixa à terra
Sem mesmo descer
dos céus.
É que essas
lousas rasteiras
São — gigantes
cordilheiras
Do Senhor aos
olhos nus.
É que essas
brancas ossadas
São — colunas
arrojadas
Dos infinitos
azuis.
Sim! Quando o
tempo entre os dedos
Quebra um séc'lo,
uma nação ...
Encontra nomes
tão grandes.
Que não lhe cabem
na mão!...
Heróis! Como o
cedro augusto
Campeia rijo e
vetusto
Dos séc'los ao
perpassar,
Vós sois os
cedros da História,
A cuja sombra de
glória
Vai-se o Brasil
abrigar.
E nós, que somos
faíscas
Da luz desses
arrebóis,
Nós, que somos
borboletas
— Das crisálidas
de avós,
Nós, que entre as
bagas dos cantos.
Por entre as
gotas dos prantos
Inda os sabemos
chorar,
Podemos dizer:
"Das campas
Sacudi as frias
tampas!
Vinde a Pátria
abençoar!. . .
Erguei-vos,
santos fantasmas
Vós não tendes
que corar...
(Porque eu sei
que o filho torpe
Faz o morto
soluçar... )
Gemem as sombras
dos Gracos,
Dos Catões, dos
Espartacos
Vendo seus filhos
tão vis...
Dize-o tu,
soberbo Mário!
Tu, que ensopas o
sudário
Vendo Roma —
meretriz? ...
Ai! Que lágrimas
candentes
Choram órbitas
sem luz! —
Que idéia terá
Leônidas
Vendo Esparta nos
pauis?!...
Alta noite,
quando pena
Sobre Árcole,
sobre Iena,
Bonaparte — o rei
dos reis —,
Que dor d'alma
lhe rebenta.
Ao ver su'águia
sangrenta
No sabre de
Juarez!?...
Porém aqui não há
grito,
Nem pranto, nem
ai, nem dor...
O presente não
desmente
Do seu ninho de
condor...
Mãos, que,
outrora de crianças
A rir — dentaram
as lanças
Dos velhos de
Pirajá...,
De homens hoje,
as empunhando,
Nas batalhas
afiando,
Vão caminho de
Humaitá!...
Basta!...
Curvai-vos, ó povo!
Ei-los os vultos
sem par,
Só de joelhos
podemos
Nest’hora augusta
fitar
Riachuelo e
Cabrito,
Que sobem para o
infinito
Como jungidos
leões,
Puxando os carros
dourados
Dos meteoros largados
Sobre a noite das
nações.
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