- Reconheço que não te havia entendido quando chegaste ontem.
- Por quê?
- As coisas que falaste, pareciam cacos de cristal.
- E agora?
- Caminhei com os pés nus sobre eles.
Beijaram-se
... e correu por entre eles um rio de leite suave, morno
... e calmo como as manhãs de outono, algo frias.
Eles reconheciam-se nas folhas caídas dos plátanos, sinal da brevidade do tempo que teriam juntos.
Reconheciam-se nas águas frescas do lago, o berço onde, lentamente, queriam deitar seus sonhos de útero.
Sabiás cantavam na árvore em frente à casa deles.
Ainda abraçados, sob as cobertas, sorriram um para o outro, mas quando se despediram no aeroporto, um indo para a terra das andorinhas, houve tristeza, seca de lágrimas.
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