Tuesday, 10 June 2014

"Brevidade" por José Thiesen (in Portuguese)

     - Reconheço que não te havia entendido quando chegaste ontem.
  
     - Por quê?

     - As coisas que falaste, pareciam cacos de cristal.

     - E agora?

     - Caminhei com os pés nus sobre eles.

     Beijaram-se

              ... e correu por entre eles um rio de leite suave, morno

              ... e calmo como as manhãs de outono, algo frias.

     Eles reconheciam-se nas folhas caídas dos plátanos, sinal da brevidade do tempo que teriam juntos.

     Reconheciam-se nas águas frescas do lago, o berço onde, lentamente, queriam deitar seus sonhos de útero.

     Sabiás cantavam na árvore em frente à casa deles.

     Ainda abraçados, sob as cobertas, sorriram um para o outro, mas quando se despediram no aeroporto, um indo para a terra das andorinhas, houve tristeza, seca de lágrimas.

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