Entramos na sala mais estranha que jamais vi! As
paredes eram brancas, com círculos concêntricos negros, dando a impressão de
serem túneis conduzindo ao infinito.
Espalhados por toda a sala, uma floresta de
equipamentos químicos, tubos, espirais, vasos comunicantes de todos os
tamanhos, alguns tão grandes que podiam conter uma pessoa dentro deles e
outros, minúsculos. Dentro deles, líquidos de todas as cores, a borbulhar
alguns, outros plácidos.
O vapor que saía de alguns vidros pareciam entoar
uma espécie de canção, mas havia também toda uma sorte de sons que eu não
conseguia saber de onde vinham; eram chiados, estalidos, trinados e uivos numa
estranha cadência rítmica.
Mas nada disse se comparava ao chão daquela sala!
Era como se o cosmos houvesse sido pintado nele e
pintado com tamanha graça e talento que as estrelas pareciam brilhar no espaço
negro.
- Elas estão realmente brilhando, disse o Pavel para
mim, como se a ler-me os pensamentos.
Até levei um susto!
- O quê?
- As estrelas realmente possuem brilho, repetiu
ele.
- Sim. Deve ser uma tinta estrangeira!
- Tinta? Então pensas que meu tio é assim um
menininho que pinta estrelas pelo seu laboratório?
Voltei a mirar o chão, sem entender o que ele
queria dizer, quando vi um risco de fogo passar a correr pelas estrelas, lá
embaixo, tão longe de mim.
Então eu pude entender o Pleffel: o laboratório não
tinha chão e nós estávamos mesmo pisando o universo!
Fui tomado por um grande
medo e agarrei-me a ele: onde estamos? Perguntei.
- Estamos no laboratório
do meu tio Clóvis, embora não o tenha avistado, ainda.
Então ouvimos uma voz
abafada:
- Estou aqui, sobrinho!
Aqui!
Seguimos a voz através
daquela imensa quantidade de vidros, até encontrarmos um homezinho gozado
dentro de um vidro enorme!
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