Tuesday 12 August 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter IV) by José Thiesen (in Portuguese)



Entramos na sala mais estranha que jamais vi! As paredes eram brancas, com círculos concêntricos negros, dando a impressão de serem túneis conduzindo ao infinito.
Espalhados por toda a sala, uma floresta de equipamentos químicos, tubos, espirais, vasos comunicantes de todos os tamanhos, alguns tão grandes que podiam conter uma pessoa dentro deles e outros, minúsculos. Dentro deles, líquidos de todas as cores, a borbulhar alguns, outros plácidos.
O vapor que saía de alguns vidros pareciam entoar uma espécie de canção, mas havia também toda uma sorte de sons que eu não conseguia saber de onde vinham; eram chiados, estalidos, trinados e uivos numa estranha cadência rítmica.
Mas nada disse se comparava ao chão daquela sala!
Era como se o cosmos houvesse sido pintado nele e pintado com tamanha graça e talento que as estrelas pareciam brilhar no espaço negro.
- Elas estão realmente brilhando, disse o Pavel para mim, como se a ler-me os pensamentos.
Até levei um susto!
- O quê?
- As estrelas realmente possuem brilho, repetiu ele.
- Sim. Deve ser uma tinta estrangeira!
- Tinta? Então pensas que meu tio é assim um menininho que pinta estrelas pelo seu laboratório?
Voltei a mirar o chão, sem entender o que ele queria dizer, quando vi um risco de fogo passar a correr pelas estrelas, lá embaixo, tão longe de mim.
Então eu pude entender o Pleffel: o laboratório não tinha chão e nós estávamos mesmo pisando o universo!
            Fui tomado por um grande medo e agarrei-me a ele: onde estamos? Perguntei.
            - Estamos no laboratório do meu tio Clóvis, embora não o tenha avistado, ainda.
            Então ouvimos uma voz abafada:
            - Estou aqui, sobrinho! Aqui!
            Seguimos a voz através daquela imensa quantidade de vidros, até encontrarmos um homezinho gozado dentro de um vidro enorme!

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