Exmo. e Revmo
Dom Walmor Oliveira De Azevedo
Presidente da CNBB
Excelência e prezado Irmão,
Com relação à Campanha da Fraternidade de 2021, em consciência, devo declarar o seguinte.
1. O Serviço de Assistência Religiosa às Forças Armadas e Auxiliares é ecumênico em sua própria natureza e na atuação concreta junto à família militar. Os segmentos católicos, protestantes e kardecistas, aos quais pertence a maioria dos membros das Forças Armadas, convivem em harmonia e trabalham juntos. Nas celebrações inter-religiosas procuramos insistir sobre valores comuns, partilhados por todos, e evitamos aqueles temas que são contraditórios ou não aceitos por todas as igrejas e denominações. O diálogo inter-religioso é necessário e oportuno somente quando, no respeito às diversas expressões da fé, é realizado em sedes competentes. A evangelização dos fiéis, no entanto, em qualquer tempo e ainda em um tempo especial como é a quaresma católica, não é espaço para se dialogar sobre temas polêmicos e contrários à autêntica doutrina de nossa Igreja.
2. Compete aos bispos diocesanos, como autênticos Mestres e guardiões do Depósito da Fé, garantir a ortodoxia da fé que é pregada aos seus diocesanos. Esta missão, objeto de solene juramento por parte de cada um de nós antes de nossa ordenação episcopal, compromete a minha consciência de bispo e a ela jamais poderei renunciar.
3. Por este motivo, comunico-lhe que no Ordinariado Militar do Brasil, durante a quaresma deste ano, seguiremos as orientações teológico-litúrgicas próprias do tempo quaresmal e não serão utilizados quaisquer dos materiais produzidos oficialmente para a Campanha da Fraternidade deste ano. Nossos Capelães Militares estão sendo orientados, caso desejem abordar o tema da mesma, a utilizar unicamente a Fratelli tutti, do Papa Francisco.
4. Também o percentual da coleta destinado a esta Conferência Episcopal – e repartindo com outras entidades promotoras da Campanha – não será enviado e sim, realmente e efetivamente, empregado no socorro aos pobres, através de obra social reconhecida pelo Ordinariado Militar. Sobre este uso, será meu cuidado prestar contas posteriormente à Presidência.
Em união de oração, pela construção de uma autêntica comunhão episcopal.
Dom Fernando Guimarães
Arcebispo Ordinário Militar do Brasil
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