Friday 19 June 2015

"Ave! Maria!" by Fagundes Varella (in Portuguese)

A noite desce, lentas e tristes
Cobrem as sombras a serrania,
Calam-se as aves, choram os ventos,
Dizem os gênios: Ave! Maria!

Na torre estreita de pobre templo
Ressoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, Vésper desponta
Cantam os anjos: Ave! Maria!

No tosco albergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: Ave! Maria!

E, longe, longe, na velha estrada
Para e saudades à Pátria envia
Romeiro exausto que o céu contempla
E fala aos ermos: Ave! Maria!

Incerto nauta por feios mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte
Reza baixinho: Ave! Maria!

Nas soledades, sem pão e nem água
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo, que as praças busca,
Curva-se e clama: Ave! Maria!

Só nas alcovas, nas salas dúbias
Nas longas mesas de longa orgia
Não diz o ímpio, não diz o avaro,
Não diz o ingrato: Ave! Maria!

Ave! Maria! — No céu, na terra!
Luz da Aliança! Doce harmonia!
Hora divina! Sublime estância!
Bendita seja! Ave! Maria!

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