Tuesday 7 October 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter XII) by José Thiesen (in Portuguese)



            A “quadrilha” era uma dan;a muito esquisita, com aves de passos desengonçados a fazer piruetas, meio voando, meio não, descrevendo círculos num ritmo alegre enquanto outras aves cantavam uma canção alegre, mais ou menos assim:

“As cocotas
Marocas
De fofocas
E pipocas
Gostavam.
Jantavam e
Cantavam
Mais assim,
Bem mais que assim,
Que outrossim.
Dé-dé-rocas
Das cocotas
Pi-pi-cotas
Das Marocas
Co-co-rocas
Das fofocas
Das pipocas
Du-du-rocas
Que gostavam
Ti-ti-tavam
Mais assim,
Bem mais que assim
Que outrossim.”

            E isso era repetido em mil variações, mas predominantemente alegre, ritmado, com síncopes. Eu fiquei tão encantado com aquela alegria que também começava a dançar, imitando os passos das aves e, num giro que dei, fiquei de frente para o tio Pavel e parei, pois pude ver que seu rosto, novamente, queria ensaiar um sorriso.
            As aves também perceberam o esboço de sorriso do tio Pavel e pararam de dançar. Flores brotavam nas nuvens, em torno do tio .
            - Ele vai sorrir! disse o Dodô ao meu lado.
            - É a segunda vez que o vejo assim, respondi. O que está havendo?
            - Vês, pequeno Sérgio? Flores estão nascendo nas nuvens. Se Pavel Pleffel sorrir, nada mais será como antes.
            - Por quê?
            Voltei a mirar o tio, que já me olhava sério. As flores haviam desaparecido.
- É melhor irmos embora, disse ele.
- Quase sorriste, Pavel! disse o Dodô.
- Quase, Venerável.
Tomou-me pela mão e se foi afastando. Chegamos à beira da nuvem e, pondo-me em seu colo, pulou no vazio.

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