A “quadrilha” era uma dan;a muito
esquisita, com aves de passos desengonçados a fazer piruetas, meio voando, meio
não, descrevendo círculos num ritmo alegre enquanto outras aves cantavam uma
canção alegre, mais ou menos assim:
“As cocotas
Marocas
De fofocas
E pipocas
Gostavam.
Jantavam e
Cantavam
Mais assim,
Bem mais que assim,
Que outrossim.
Dé-dé-rocas
Das cocotas
Pi-pi-cotas
Das Marocas
Co-co-rocas
Das fofocas
Das pipocas
Du-du-rocas
Que gostavam
Ti-ti-tavam
Mais assim,
Bem mais que assim
Que outrossim.”
E isso era repetido em mil
variações, mas predominantemente alegre, ritmado, com síncopes. Eu fiquei tão
encantado com aquela alegria que também começava a dançar, imitando os passos
das aves e, num giro que dei, fiquei de frente para o tio Pavel e parei, pois
pude ver que seu rosto, novamente, queria ensaiar um sorriso.
As aves também perceberam
o esboço de sorriso do tio Pavel e pararam de dançar. Flores brotavam nas
nuvens, em torno do tio .
- Ele vai sorrir! disse o
Dodô ao meu lado.
- É a segunda vez que o
vejo assim, respondi. O que está havendo?
- Vês, pequeno Sérgio?
Flores estão nascendo nas nuvens. Se Pavel Pleffel sorrir, nada mais será como
antes.
- Por quê?
Voltei a mirar o tio, que
já me olhava sério. As flores haviam desaparecido.
- É melhor irmos embora, disse ele.
- Quase sorriste, Pavel! disse o Dodô.
- Quase, Venerável.
Tomou-me pela mão e se foi afastando. Chegamos à
beira da nuvem e, pondo-me em seu colo, pulou no vazio.
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