Tuesday, 14 October 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter XIII) by José Thiesen (in Portuguese)



            O tio Pavel pulou do alto do céu, mas nós não caíamos. Era mais um deslizar suave. Estava com medo, mas ao mesmo tempo, seguro de que nada de mal me aconteceria, pois Pavel Pleffel me protegia.
            Estar com ele me trazia sempre não ordinárias experiências, para muitas das quais eu não estava preparado, mas ele era a garantia de segurança.
            Enquanto considerava isso, ouvi-o dizer: Realmente me trazes sorte!
            Não sabia o que lhe dizer, então sorri. Nisso, aproximou-se de nós, a correr pelo céu, um ser estranhíssimo, meio homem, meio cavalo.
            - Pavel Pleffel! Como vais?
            - Muito bem, Quirom! E tu?
            - Muitíssimo bem e feliz! Como não estar, se posso correr pelo universo, livre! Muito bom rever-te! Paz e bem!
            - Paz e bem! repetiu o tio Pavel.
            E lá se foi o Quirom a galope! Quando ia perguntar quem era ele, passamos por sete mulheres lacrimosas.
            - São as Plêiades, disse o tio. Sete irmãs que vivem uma eterna dor por conta de seu passado, incapazes que são de perdoar-se por seus erros.
            Sob meus pés eu já via a cidade, com seu emaranhado de ruas.
            À minha esquerda, vi u’a mulher branca e nua e à direita, um homem também nú, ardendo em flamas brancas.
            - São a Lua e o Sol? perguntei.
            - Sim. Estás aprendendo a ver!
            Novamente sorri, sem saber que resposta dar, enquanto deslizávamos pelo ar e paramos... em frente de minha casa!
            - Dás-me sorte, garoto!
            - O sr. já disse isso!
            - Como então agora sou uma vitrola engasgada?
            Ele passou a ponta dos dedos por minha face e disse, enquanto me dava as costas: Nos voltaremos a ver logo!


           

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