O tio Pavel pulou do alto do céu, mas nós
não caíamos. Era mais um deslizar suave. Estava com medo, mas ao mesmo tempo,
seguro de que nada de mal me aconteceria, pois Pavel Pleffel me protegia.
Estar com ele me trazia sempre não
ordinárias experiências, para muitas das quais eu não estava preparado, mas ele
era a garantia de segurança.
Enquanto considerava isso, ouvi-o
dizer: Realmente me trazes sorte!
Não sabia o que lhe dizer, então
sorri. Nisso, aproximou-se de nós, a correr pelo céu, um ser estranhíssimo,
meio homem, meio cavalo.
- Pavel Pleffel! Como vais?
- Muito bem, Quirom! E tu?
- Muitíssimo bem e feliz! Como não
estar, se posso correr pelo universo, livre! Muito bom rever-te! Paz e bem!
- Paz e bem! repetiu o tio Pavel.
E lá se foi o Quirom a galope! Quando
ia perguntar quem era ele, passamos por sete mulheres lacrimosas.
- São as Plêiades, disse o tio. Sete
irmãs que vivem uma eterna dor por conta de seu passado, incapazes que são de
perdoar-se por seus erros.
Sob meus pés eu já via a cidade, com
seu emaranhado de ruas.
À minha esquerda, vi u’a mulher
branca e nua e à direita, um homem também nú, ardendo em flamas brancas.
- São a Lua e o Sol? perguntei.
- Sim. Estás aprendendo a ver!
Novamente sorri, sem saber que
resposta dar, enquanto deslizávamos pelo ar e paramos... em frente de minha
casa!
- Dás-me sorte, garoto!
- O sr. já disse isso!
- Como então agora sou uma vitrola
engasgada?
Ele passou a ponta dos dedos por
minha face e disse, enquanto me dava as costas: Nos voltaremos a ver logo!
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