No dia seguinte fomos ao
parque, eu e o tio.
Já acordava desejando
estar com ele e me esquecia por completo dos meus amigos.
No parque, havia um grupo
de rapazes treinando skate e parei para olhá-los. O tio também parou e eu
disse: Gostava de experimentar isso.
- Skate?
- Sim! Deve ser legal,
correr e sentir o vento a bater no rosto!
- Tiveste isso ontem,
quando voltávamos da festa no céu.
- Verdade. Talvez por isso
eu queira experimentar o skate.
Quase mudando de assunto, quase
falando a si mesmo, o tio disse: Também eu nunca andei de skate!
- Então há o que senhor
nunca tenha feito?
- Por certo!
Então ele avançou para os
rapazes e disse: Bom dia. Posso experimentar andar num desses skates?
Os rapazes olharam para o
tio, vestido de sobre-tudo marrom, com seu chapéu de feltro, rosto quadrado,
severo e após um segundo de espanto, cairam na gargalhada.
Um deles, masis atrevido,
disse: Que é isso, tio? Vai jogar damas com os velhinhos ali adiante, vai!
E deram mais risada, mas
meu tio continuava imperturbável e disse, com um certo tom de ameaça na voz:
Tens medo de que eu seja melhor que tu?
- Eu? Tenho medo de nada não,
seu! Só acho que tem gente que não sabe quando deixar de ser ridículo!
- Então eu posso andar no
seu skate?
O guri olhou sério pro tio e disse: Pode, mas
se o sr. cair e se quebrar todo, eu não ajunto!
A seguir, pôs o skate no
chão e o tio nele subiu.
Subiu e ficou ali,
parado.A gurizada começava a rir, novamente.
O tio inclinou a cabeça
para o skate e disse: Então? Vais ficar aí parado, sem me mostrar o que sabes
fazer?
Tio Pavel não se moveu,
mas o skate deu uma tremida e começou a correr pelo pavimento, ergueu-se no ar
, alcançou uma parede e começou a correr por ela. Descreveu piruetas loucas e o
tio, imperturbável sem sair um milímetro de sua posição.
Finalmente, como um cãozinho
cansado o skate voltou para junto de nós.
O guris fugiram com gritos
de espanto e eu me ria a valer!
O tio desceu do skate e
agradeceu ao próprio pelo passeio.
Nos afastamos dali e ele
disse: Minha bicicleta faz coisas mais interessantes.
- Nem quero imaginar,
respondi. Mas, por outro lado, não é o senhor que faz o skate andar?
- Eu sempre prefiro deixar
que os outros se manifestem.
- Um skate é um “outro”?
- O essencial é invisível
aos olhos, disse ele, mas como semre acontecia, fiquei sem entender a mensagem e
o fato é que, mais crescido, ganhei meu skate e ele nunca andou por si mesmo,
por mais que o convidasse a fazê-lo.
- Venha comigo, comandou o
tio.
- Para onde?
- Visitar um parente meu! e
tomou de minha mão, levando-me para uma rua sem nome.
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