Friday, 28 February 2025

Friday's Sung Word: "Tico-Tico no Fubá" by Aloísio de Azevedo (in Portuguese).

music by Zequinha de Abreu.

O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer umas minhocas no pomar

Mas por favor, tire esse bicho do seleiro
Porque ele acaba comendo o fubá inteiro
E nesse tico de cá, em cima do meu fubá
Tem tanta coisa que ele pode pinicar
Eu ja fiz tudo para ver se conseguia
Botei alpiste para ver se ele comia
Botei um galo, um espantalho e alçapão
Mas ele acha que fubá é que é boa alimentação

O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que va comer é mais minhoca e nao fubá

 

 
You can watch "Tico-Tico no Fubá" sung by Carmen Miranda and the Bando da Lua in the movie "Copacabana" here.

Thursday, 27 February 2025

Thursday's Serial: “A Moreninha” by Dr. Joaquim Manoel de Macedo (in Portuguese) - X

 

CAP. XVI - O SARAU

‘Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champanha na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento; aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida do écarté mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras pelo braço de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que vieram para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dândi que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns e regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.

E o mais é que nós estamos num sarau: inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidade: alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.

Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.

Hábil menina é ela! Nunca seu amor-próprio produziu com tanto estudo seu toucador e, contudo, dir-se-ia que o gênio da simplicidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças haviam esgotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda a habilidade das modistas da rua do Ouvidor e coberto seus colos com as mais ricas e preciosas jóias, d. Carolina dividiu seus cabelos em duas tranças, que deixou cair pela costa; não quis adornar o pescoço com seu adereço de brilhantes nem com seu lindo colar de esmeraldas; vestiu um finíssimo, mas simples vestido de garça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser sobejamente comprido. Vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas as vistas e atenções.

Porém, se um atento observador a estudasse, descobriria que ela adrede se mostrava assim, para ostentar as longas e ondeadas madeixas negras, em belo contraste com a alvura de seu vestido branco, e para mostrar, todo nu, o elevado colo de alabastro, que tanto a aformoseava, e que seu pecado contra a moda reinante não era senão um meio sutil de que se aproveitara para deixar ver o pezinho mais bem feito e mais pequeno que se pode imaginar.

Sobre ela estão conversando agora mesmo Fabrício e Leopoldo; terminaram sem dúvida a sua prática; não importa. Vamos ouvi -los.

— Está na verdade encantadora!... repetiu pela quarta vez aquele.

— Danças com ela? perguntou Leopoldo.

— Não, já estava engajada para doze quadrilhas.

— Oh! Lá vai ter com ela o nosso Augusto. Vamos apreciá-lo.

Os dois estudantes aproximaram-se de Augusto, que acabava de rogar à linda Moreninha a mercê da terceira quadrilha.

— Leva de tábua, disse Fabrício ao ouvido de Leopoldo; é a mesma que eu lhe havia pedido.

Mas a jovenzinha pensou um momento antes de responder ao pretendente; olhou para Fabrício e com particular mover de lábios pareceu mostrar-se descontente; depois riu-se e respondeu a Augusto:

— Com muito prazer.

— Mas minha senhora, disse Fabrício, vermelho de despeito e aturdido com um beliscão que lhe dera Leopoldo; há cinco minutos que já estava engajada até á duodécima.

— E verdade, tornou d. Carolina; e agora só acabo de ratificar uma promessa; o sr. Augusto poderá dizer se ontem pediu-me ou não a terceira contradança.

— Juro... balbuciou Augusto.

— Basta! acudiu Fabrício interrompendo-o; é inútil qualquer juramento de homem, depois das palavras de uma senhora.

Fabrício e Leopoldo retiraram-se; d. Carolina, que tinha iludido o primeiro, vendo brilhar o prazer na face de Augusto, e temendo que daquela ocorrência tirasse este alguma explicação lisonjeira demais, quis aplicar um corretivo e, erguendo-se, tomou o braço de Augusto. Aproveitando o passeio, disse:

— Agradeço-lhe a condescendência com que ia tomar parte na minha mentira... foi necessário que eu praticasse assim; quero antes dançar com qualquer, do que com aquele seu amigo.

— Ofendeu-a, minha senhora?

— Certo que não, mas diz-me coisas que não quero saber.

— Meu Deus! É um crime que também eu tenho estado bem perto de cometer!

— Pois bem, foi esta a única razão.

— Mas eu temo perder a minha contradança... alguns momentos mais e serei réu como Fabrício.

— A culpa será de seus lábios.

— Antes dos seus olhos, minha senhora.

— Cuidado, sr. Augusto! Lembre-se da contradança!

— Pois será preciso dizer que a detesto?...

— Basta não dizer que me ama.

— Ë não dizer o que sinto; eu não sei mentir. Ainda há pouco ia jurar falso...

— Nas palavras de um anjo ou de uma...

— Acabe.

— Tentaçãozinha.

— Perdeu a terceira contradança.

— Misericórdia! Eu não falei em amor!...

Neste momento a orquestra assinalou o começo do sarau. E preciso antecipar que nos não vamos dar ao trabalho de descrever este; é um sarau como todos os outros, basta dizer o seguinte:

Os velhos lembraram-se do passado, os moços aproveitaram o presente, ninguém cuidou do futuro. Os solteiros fizeram por lembrar-se do casamento, os casados trabalharam por esquecer-se dele. Os homens jogaram, falaram em política e requestaram as moças; as senhoras ouviram finezas, trataram de modas e criticaram desapiedadamente umas às outras. As filhas deram carreirinhas ao som da música, as mães, já idosas, receberam cumprimentos por amor daquelas e as avós, por não terem que fazer nem que ouvir, levaram todo o tempo a endireitar as toucas e a comer doces. Tudo esteve debaixo destas regras gerais; só basta dar conta das seguintes particularidades:

D. Carolina sempre dançou a terceira contradança com Augusto, mas, para isso, foi preciso que a sra. d. Ana empenhasse todo o seu valimento; a tirana princesinha da festa esteve realmente desapiedada. e não quis passear com o estudante.

.A interessante d. Violante fez o diabo a quatro: tomou doze sorvetes, comeu pão-de-ló como nenhuma, tocou em todos os doces, obrigou alguns moços a tomá-la por par, e até dançou uma valsa corrupio.

Augusto apaixonou-se por seis senhoras com quem dançou; o rapaz é incorrigível. E assim tudo mais.

Agora são quatro horas da manhã; o sarau está terminado, os convidados vão retirando-se e nós, entrando no toilette, vamos ouvir quatro belas conhecidas nossas, que conversam com ardor e fogo.

— É possível?!… exclamou d. Quinquina, dirigindo-se à sua mana; pois é verdade que esse sr. Augusto lhe fez uma declaração de amor?...

— Como quer que lhe diga, maninha!... Asseverou que meus olhos pretos davam à sua alma mais luz do que aos seus olhos todos os candelabros da sala nesta noite, e mesmo do que o sol nos dias mais brilhantes… palavras dele.

— Que insolente!… tornou d. Quinquina, ele mesmo, que me jurou ser a mais bela a seus olhos e a mais cara ao seu coração, porque meus cabelos eram fios de ouro e a cor das minhas faces o rubor de um belo amanhecer!... Palavras dele.

— Que atrevido!… bradou d. Clementina; o próprio que afirmou ser-lhe impossível viver sem alentar-se com a esperança de possuir-me, porque eu sabia ferir corações com minhas vistas e curar profundas mágoas com meus sorrisos!... Palavras dele.

— Oh! Que moço abominável, disse, por sua vez, d. Gabriela; e ousou dizer-me que me amava com tão subida paixão que, se fora por mim amado e pudesse desejar e pedir algum extremo, não me pediria como a outras, para beijar-me a face, porque das virgens do céu somente se beijam os pés, e de joelho! Palavras dele.

— Mas isto é um insulto feito a todas nós!

— Como se estará ele rindo!

— Qual! Se ele está apaixonado... Apaixonado?... E por quem?...

— Por nós quatro... talvez por outras mais: ele pensa assim.

— Que maldito brasileiro com alma de mouro!...

— E havemos de ficar assim?...

— Não, acudiu d. Joaninha: vamos ter com ele, desmascaremo-lo.

— Isto é nada para quem não tem vergonha!...

— Pois troquemos os papéis: finjamos que estávamos tratadas para desafiar-lhe os requebros, e... ridicularizemo-lo como for possível.

— Sim... obriguemo-lo a dizer qual de nós é a mais bonita; cada uma lhe pedirá um anel de seus cabelos... uma prenda... uma lembrança... ponhamo-lo doido.

— Muito bem pensado! Vamos!

— Deus nos livre!... A vista de tanta gente!...

— Então, quando e aonde?

— Uma idéia... seja a zombaria completa: escreva-se uma carta anônima, convidando-o para estar ao romper do dia na gruta.

— Bravo! Então escreva...

— Eu, não, escreva você...

— Deus me defenda! ... escreva d. Gabriela, que tem boa letra...

— Então, nenhuma escreve? Pois tiremos por sorte.

A idéia foi recebida com aprovação e a sorte destinou para secretária d. Clementina, que tirando de seu álbum um lápis uma tira de papel, escreveu sem hesitar:

"Senhor: — Uma jovem que vos ama e que de vós escutou palavras de ternura tem um segredo a confiar-vos: ao ralar da aurora a encontrareis no banco de relva da gruta; sede circunspecto e vereis a quem, por meia hora ainda, quer ser apenas — Uma incógnita".

— Bem, disse d. Quinquina, eu me encarrego de fazer-lhe receber a carta. Saiamos.

As quatro moças iam sair, quando um suspiro as suspendeu; mais alguém estava no toilette. D. Joaninha, medrosa de que uma testemunha tivesse presenciado a cena que se acabava de passar, voltou-se para o fundo do gabinete e o susto logo se dissipou.

— Vejam como ela dorme! ... disse.

Com efeito, recostada em uma cadeira de braços, d. Carolina estava profundamente adormecida.

A Moreninha se mostrava, na verdade, encantadora no mole descuido de seu dormir, e à mercê de um doce resfolegar, os desejos se agitavam entre seus seios; seu pezinho bem à mostra, suas tranças dobradas no colo, seus lábios entreabertos e como por costume amoldados àquele sorrir cheio de malícia e de encanto que já lhe conhecemos e, finalmente, suas pálpebras cerradas e coroadas por bastos e negros supercílios, a tornavam mais feiticeira que nunca.

D. Clementina não pôde resistir a tantas graças: correu para ela… dois rostos angélicos se aproximaram... quatro lábios cor-de-rosa se tocaram e este toque fez acordar d. Carolina.

Um beijo tinha despertado um anjo, se é que o anjo realmente dormia.

 

 

Cap. XVII - Foram buscar lã e saíram tosquiadas

Se houve alguém que quisesse servir a d. Quinquina, ou se foi ela mesma quem pôs a carta anônima no bolso da jaqueta de Augusto, é coisa que pouco interesse dá; o certo é que o estudante, indo tirar o lenço para assoar-se, achou o interessante escritinho; então correu logo para um lugar solitário, e só depois de devorar o convite sem assinatura, foi que lembrou-se que ainda não se havia assoado e que o pingo estava cai não cai na ponta do nariz; enfim, ainda com o lenço acudiu a tempo, e depois entendeu que, para melhor decidir o que lhe cumpria fazer naquela conjuntura, deveria avivar o cérebro, sorvendo uma boa pitada de rapé; portanto, lançou a mão ao segundo bolso de sua jaqueta, e eis que lhe sai com a caixa do bom Princesa um outro escritinho como o primeiro.

— Bravo! exclamou o nosso estudante; temíveis mãozinhas seriam estas, se se dessem ao exercício, não de encher, mas de vazar as algibeiras da gente.

E sem mais dizer, abriu e leu o escrito.

"Senhor: — Uma moça, que nem é bonita nem namorada, mas que quer interessar-se por vós, entende dever prevenir-vos que no banco de relva da gruta não achareis ao amanhecer uma incógnita, porém quatro conhecidas, que pretendem zombar de vós, porque esta mesma noite jurastes amar a cada uma delas cm particular. Não procureis adivinhar quem vos escreve, porque apesar de vossa amiga será por agora — Uma incógnita".

— Muito bonito! Muito bonito!... disse Augusto, beijando o bilhete; estou exatamente representando um papel de romance! Mas quem sabe se ainda acharei mais cartas?...

E nisso pensando, foi correndo um por um todos os bolsos de seus vestidos, sem esquecer o do relógio; e até passou os dedos pela sua basta cabeleira, presumindo que talvez introduzissem algum no enorme canudo de cabelos que lhe escondia as orelhas.

Porém nada mais havia; também duas cartas tão curiosas já eram de sobra em uma só noite.

O estudante pensou no conteúdo de ambas, e ainda reflexionava se lhe cumpria fugir ou aceitar um certame com quatro moças, que ele adivinhava quais eram, quando a primeira rosa da aurora se desabriu no horizonte. Augusto correu para a gruta encantada.

Chegando ao pé, foi de mansinho se aproximando, sentiu rumor e ouviu que alguém dizia em tom baixo:

— Oh! Se ele vier!

— Ei-lo aqui, minhas belas senhoras, exclamou o estudante, que entendeu não lhes dever nunca dar tempo a tomarem a ofensiva; eis-me aqui!...

As moças, que estavam todas sentadinhas no banco de relva, como quatro pombas rolas enfileiradas no mesmo galho, ergueram-se sobressaltadas ao ver entrar inopinadamente o estudante; era isso mesmo o que ele queria, pois continuou:

— As senhoras vêem que acudi de pronto ao honroso convite e que me entusiasmo vendo quatro auroras em lugar de uma só. Belo amanhecer é este, sem dúvida… mas, exposto ao fogo abrasador de oito olhos brilhantes… eu me sinto arder... juro que tenho sede... Eis ali uma fonte... Mas, meu Deus, é a fonte encantada que descobre os segredos de quem está conosco!... Bem! Bem! Melhor… uma gota desta linfa de fadas!...

— O que é que ele está dizendo, mana? exclamou d. Quinquina, apontando para Augusto, que tinha entre os lábios o copo de prata.

— É preciso decidir-nos a começar, disse d. Gabriela.

— Principie você, disse d. Joaninha.

— Eu não! comece você.

— Eu não, que sou a mais moça.

Então o estudante, que tinha acabado de esgotar o seu copo d’água, voltou-se para elas, e dando a seu rosto uma expressão animada e às suas palavras estudado acento:

— Começo eu, minhas senhoras, disse, e começo por dizer-vos que aquela fonte é realmente encantada; sim, eu tenho, à mercê de sua água, adivinhado belos segredos: escutai vós Perdoai e consenti que vos trate assim, enquanto vos falar inspirado por um poder sobrenatural. Vós viestes aqui para maltratar-me e zombar de mim, por haver amado a todas vós numa só noite; que ingratidão!... Eu vos poderia perguntar como o poeta: Assim se paga a um coração amante?! Mas, desgraçadamente, a fada que preside àquela fonte, quer mais alguma coisa ainda, e me dá uma cruel missão! Ordena-me que eu diga a cada uma de vós, em particular, algum segredo do fundo de vossos corações, para melhor provar os seus encantamentos. Pois bem, é preciso obedecer; qual de vós quer ser a primeira?...

Eu não ouso falar alto, porque pelo jardim talvez estejam passeando alguns profanos. Qual de vós quer ser a primeira?...

Nenhuma se moveu.

— Será preciso que eu escolha? continuou o tagarela. Escolherei... lluminai-me, boa fada! Quem será?... Será… a sra. d. Gabriela?

— Eu?! respondeu a menina, recuando.

— A senhora mesma, disse Augusto, trazendo-a pela mão para junto da fonte; vinde, senhora, para bem perto do lugar encantado; agora silêncio... ouvi.

— Ele está mangando conosco, murmurou d. Clementina.

Augusto já estava falando em voz baixa a d. Gabriela.

— Vós, senhora, ainda não amastes a pessoa alguma; para vós amor não existe: é um sonho apenas, e só olhais como real a galanteria; vós queríeis zombar de mim, porque vos protestei os mesmos sentimentos que havia protestado a mais três companheiras vossas, e todavia, estais incursa em igual delito, pois só por cartas vos correspondeis com cinco mancebos.

— Senhor!...

— Oh! Não vos impacienteis; quereis provas?... Há quatro dias, uma vendedeira de empadas, que se encarrega de vossas cartas, enganou-se na entrega de duas; trocou-as e deu, se bem se lembra a fada, a de lacre azul ao sr. Juca e a de lacre verde ao sr. Joãozinho.

— Ora… ora, senhor! Quem lhe contou essas invenções?

— A fada! E fez mais ainda. Vós não achareis em vosso álbum o escrito desesperado do sr. Joãozinho, que vos foi entregue no momento de vossa partida para esta ilha; sou eu que o tenho, a fada mo deu há pouco com sua mão invisível.

— Impossível! balbuciou d. Gabriela, recorrendo ao seu álbum.

Ela não podia encontrar o escrito.

— Sr. Augusto, disse então, toda vergonha e acanhamento, eu lhe rogo que me dê esse papel.

— Pois não quereis ouvir mais nada!...

— Basta o que tenho ouvido e que não posso bem compreender; mas dê-me o que lhe pedi.

— Daqui a pouco, senhora, na hora de minha partida para a corte, porém com uma condição.

— Pode dizê-la.

— Sois sobremaneira delicada, senhora; este excesso vos deve ser nocivo; quereis fazer-me o obséquio de ir descansar e dar-me a honra de aceitar a minha mão até à porta da gruta?...

— Com muito prazer.

Então os dois se dirigiram para fora; passando junto das três companheiras, d. Gabriela pôde apenas dizer-lhes:

— Até logo.

Chegando à porta, Augusto falou já em outro tom:

— Minha senhora, espero que me faça a justiça de crer que fico extremamente penalizado por não poder dilatar por mais tempo a glória de acompanhá-la; mas sabe o que ainda tenho de fazer.

— Obrigada, respondeu d. Gabriela, não poupe as outras.

Não é possível bem descrever a admiração das três.

Augusto chegou-se a d. Quinquina, e tomando-lhe a mão disse:

— Minha senhora, é chegada a vossa vez.

D. Quinquina deixou-se levar para junto da fonte; as moças tinham perdido toda a força; o que diante delas se passava pedia uma explicação que não estava ao seu alcance dar. Augusto começou:

— Senhora, eu poderia dizer-vos, pelo que me conta a boa fada, que vós sois como as outras de vossa idade, tão volúveis como eu; mas para tal saber não precisava eu beber da água encantada; podia também gastar meia hora em falar do vosso galanteio com um tenente da Guarda Nacional, por nome Gusmão...

— Senhor!...

— Por nome Gusmão, que leva o seu despotismo amoroso a ponto de exigir que não valseis, que não tomeis sorvetes, que não deis dominus tetum quando ao pé de vós espirrar algum moço e que não vos riais quando ele estiver sério,

— Quem lhe disse isto, senhor?...

— A fada, senhora; e ainda me disse mais: por exemplo, contou-me que no baile desta noite, passeando com um velho militar, vós recebestes da mão dele um lindo cravo e a seus olhos o escondestes, com gesto apaixonado, no palpitante seio; mas daí a um quarto de hora essa mesma flor, tão ternamente aceita, deveria ir parar ao bolso de um belo jovem, chamado Lúcio, se acaso não fosse roubada pela fada que preside esta fonte.

— Eu não entendo nada do que o senhor está dizendo… isso não é comigo.

— Eu me explico: o sr. Lúcio viu ser dado e recebido o presente, e fingindo-se zeloso, vos pediu esse cravo, muito notável porque, além da flor aberta, havia sete flores em botão. Ora, dizei, não é verdade? Pois o sr. Lúcio queria esse cravo, mas vós não lho podíeis dar, porque o velho militar não tirava os olhos de vós; ora, conversando com o sr. Lúcio, acordastes ambos que ele iria esperar um instante no jardim e que um pequeno escravo, por nome Tobias, lhe levaria a flor; e como o tal Tobias ainda não conhecia o sr. Lúcio, este lhe daria por senha as seguintes palavras — sete botões — não foi assim?

D. Quinquina guardou silêncio, porque tudo era verdade; ela estava cor de nácar. Augusto prosseguiu:

— Isto se passou estando vós na grande varanda, sentados em um banco e com as costas voltadas para uma janela da sala do jogo; ora, a fada esteve recostada a essa janela, ouviu quanto dissestes e como lhe é dado tomar todas as figuras, tomou a do moço, foi ao jardim, e quando viu o Tobias, disse — sete botões; e o cravo foi logo da fada e é agora meu; ei-lo aqui!...

— Isto é uma invenção; eu não conheço essa flor.

— Bem então consentireis que eu a traga esta manhã no meu peito?... Se não confessais, eu a mostrarei... O senhor coronel ainda se não retirou e...

— Perdoe-me, balbuciou, enfim, d. Quinquina, deixando cair uma lágrima na mão de Augusto. Dê-me esse maldito cravo.

— Eu vo-lo darei na hora de minha partida, senhora; porém, ouvi mais.

— Basta.

— Pois bem, basta; mas eu vejo que vossa face está umedecida; seria uma lágrima se o relento da noite não molhasse também a rosa. Quereis descansar sem dúvida; poderei gozar o prazer de conduzir-vos até à porta da gruta?...

— Sim, senhor.

Duas guerreiras tinham sido batidas; só a curiosidade retinha as outras; Augusto se chegou para elas e falou a d. Clementina:

— Agora vós, senhora.

Ela deixou-se levar pela mão até junto da fonte, e o estudante começou:

— Quereis fatos de anteontem ou da noite passada, senhora?

Eu não entendo o que o senhor quer dizer.

— Pergunto, senhora, se vos dá gosto que eu vos repita o que convosco se passou, quando tomáveis um sorvete ao lado de um jovem de cabelos negros... o que convosco conversou o meu colega Filipe, quando tomáveis chá?

— Eu não preciso saber mais nada disso.

— Então dir-vos-ei o que mais vos interessa; sossegarei mesmo os vossos cuidados e os de sr. Filipe, a respeito da perda de certo objeto...

— Sr. Augusto!

— Senhora, foi a fada desta misteriosa fonte quem vos roubou um precioso embrulho que continha uma trança de vossos cabelos e que deveria ser achado embaixo da quarta roseira da rua que vai ter

— Sr. Augusto!

— Senhora, foi a fada desta misteriosa fonte quem vos roubou um precioso embrulho que continha uma trança de vossos cabelos e que deveria ser achado embaixo da quarta roseira da rua que vai ter ao caramanchão; e essa trança pára hoje em minhas mãos, ei-la aqui...

— Oh! Dê-ma.

— Não preferis antes que eu a entregue ao feliz para quem a destináveis?

— Não, eu lhe peço que ma dê.

— Eu estou pronto a obedecer-vos, senhora, mas só na hora de minha partida. Vós quatro queríeis zombar de mim, e não concebo até onde iria a vossa vingança; preciso de reféns que assegurem a paz entre nós, estes são os meus; quereis saber mais alguma coisa?

— Eu já sei que o senhor sabe demais!

— Então...

Quer, como às duas primeiras, oferecer-me a mão e obrigar-me a desamparar o campo? Venceu, senhor, e sou eu que lhe peço que me acompanheis até à porta da gruta.

— Eu estou pronto, senhora, para servir-vos em tudo.

Só restava d. Joaninha: era a vez dela.

— Eu vos deixei para o fim, disse Augusto, porque a vós é que eu mais admiro, porque vós sois exatamente a única dentre elas que tem amado melhor e que mais infeliz tem sido; eu vos explicarei isto. Sois, todavia, um pouco excessiva em exigências.

— Que quer dizer, sr. Augusto?

— Que quereis muito, quando ordenais a um estudante que vos escreva quatro vezes por semana, pelo menos; que passe defronte de vossa casa quatro vezes por dia; que vá a miúdo ao teatro e aos bailes que freqüentais, e até que não fume charutos de Havana, nem de Manilha, por ser falta de patriotismo.

Quem lhe disse isso, senhor?

— A fada, senhora, que sabe que amais a um moço, a quem dais a honra de chamar querido primo.

— E uma vil traição!

— Exatamente diz o mesmo a nossa boa fada, e ainda mais, senhora, quer que eu vos aconselhe a que desprezeis esse jovem infiel, que não sabe pagar o vosso amor: eu poderia dar-vos provas...

— Não as tenho eu bastantes, exclamou d. Joaninha com sentimento, quando lhe ouço repetir o que deveria ser sabido dele e de mim somente?

Augusto ia falar; ela o interrompeu.

— Senhor, eu agradeço o benefício que recebi; o senhor quis zombar de mim, como das outras, mas não o fez; ao contrário, atalhou em princípio uma grande enfermidade, que, talvez, fosse daqui a pouco tempo incurável! Eu galanteio também às vezes, porém sei amar ao extremo. Adeus, senhor! Eu posso apenas agradecer-Lhe, dizendo que tenho tanta confiança na sua discrição e no seu caráter, que nem mesmo lhe recomendo o cuidado do meu segredo.

D. Joaninha ia deixar a gruta, e Augusto lhe ofereceu o braço.

— Agradecida, disse ela; permita que eu entre sé em casa. Augusto ficou sé. Esteve alguns momentos lembrando-se da cena que acabava de ter lugar; finalmente disse, soltando uma risada:

— Vieram buscar lã e saíram tosquiadas!

E já estava para pôr o pé fora da gruta, quando uma voz branda e sonora o suspendeu, dizendo:

— Agora, sr. Augusto, é chegada a sua vez...

Wednesday, 26 February 2025

Wednesday's Good Reading: "Whispering Ether"by Charles S. Wolfe (in English)

 

I'm not a scientist. "Cans" is my line. Safes, you know. "Soup," nitro-glycerine, that kind of thing, get me? "Shoe-maker stick to your last." Them is my sentiments, and I stick to my own trade. But now that they got me tied up in this confounded jail, and I ain't got much to do with my spare time I got a notion to jot down what I know about that Proctor affair that you maybe read about in the papers. Reporters was after me thick when it happened, but I was the silent kid. It pays to keep your mouth shut in the circles I move in.

Proctor's in the bug house. Three alienists, or whatever you call those ginks that admit they're sane and prove you're not, pronounced him hopelessly insane. I ain't disputing no jury of my peers. If they say he's a nut, he's a nut, that's all. But——

I didn't get introduced to Proctor in the regular way. We didn't have no mutual acquaintances to slip us the knock-down. It all came about thru me droppin' in one night, casual like, to blow his safe. You might wonder what a yegg would want out of a laboratory safe. Maybe you'll wise up when I tip you it was a contract job. Not my own, see? I'm namin' no names, but there was a gang of big guys that wanted old Proctor's formula for Chero, and thought it would be cheaper to buy it off me than him. Anyway, I'm after the paper with the makeup of this explosive when I jimmied the laboratory window.

I'm sayin' this right here: Proctor may be a nut, but he's no boob. I was expecting burglar alarms, scientific thief traps, all that kind of stuff. And I was all fixt for an electrified box. Proctor put one over on me just the same. And if he didn't do it with the mind machine, how in Hell else do you account for it?

I was workin' on the old can. She was a fairly respectable affair, and I make up my mind to blow her. I was drillin' away when click goes a switch and the sudden flare of light dazzled me. Were you ever caught working on a guy's safe, brother? No? Well, take it from Oscar, it's like nothing you ever felt before.

Even before I can see right my mind's workin' overtime hunting for a way out. And then I can see again, and there stands Proctor, a long cord trailing behind him and 'phones over his ears like the wireless men. And I notice with joy that he ain't got a gat—not that I can see.

Anyway, I risk it. Just as quick as I can draw I flashes my automatic. I point it right at his head, and makin' my voice as hard as I can I says, tense-like, "You speak one word and you'll eat your breakfast in Hell."

And Proctor smiles. Get that? With my gat at his head he smiles. And, fellow, when Proctor smiles it gives you the creeps. And then he says—s' help me—I'm not bullyin' you—"Put your gun away, my man, its not loaded."

Can you beat that? It wasn't either, but how did he know it? Bluffing? That's what I thought, and I sees his bet and raises him. "You move," I growls, "and you'll discover you're a bad guesser."

He smiles again. Say, I can feel my flesh creep yet. "It's not loaded," he says, very calm, and he walks a few steps toward me. I don't shoot. You can't you know, with an empty gun, and I see that he's called my bluff.

"You win," I says. "It ain't. But I can beat the life out of you with it."

That smile again. His hand goes to his pocket. He pulls out a little bottle, just about the size they sell you pills in. "That, my friend," he says, "is full of Chero. If I just toss it at your feet, you'll never attempt to steal a formula again on this planet."

Does he win? He owns the building. "Call the officer," and I chucks the gun on the floor, "I'll go quietly."

"Sensible," he remarks; "very sensible. You possess judgment, even if you do lack courage. Who sent you here?"

"Call in the bulls," I growls. "I'm not squealing."

He takes no notice, "I know who sent you, I knew you were coming."

"Look here," I blurts, "if that gang framed me, I'll talk. They sent for me, I didn't go to them. I——"

"No one informed me, if that's what you mean," he says, coldly. "It is not necessary for any one to inform me of anything. The world is an open book to me."

(That's just what he told that gang of saw-bones afterwards, and they said he was looney. But if they had seen him as I seen him——)

He was talking again. "My man," I wriggled when he spoke, "the men for whom you work are imbeciles. I have named my price for Chero, and they don't want to pay it. They believe they can wrest it from me by force or trickery. You are their first emissary, and it is my wish that you be their last. I am going to convince them that it is useless to attempt anything of the kind with me. I am not going to turn you over to the police. I am going to show you something, and then I am going to send you back to your masters to tell them what you have seen. After that," he smiled, "I don't think I shall be troubled by them. Come!"

He stalked into the next room, me at his heels. There wasn't much in that room—just a table covered with apparatus. I have seen a wireless set. It looked something like that, only—well there was something different about it.

He pointed to it. Oh! I can see him yet, with his flashing eyes, and his big dome. "There," says he, "is the mind machine. And you, a criminal, are the first man to see it except its creator."

I'm getting on my feet again, and not so scared, and so I gazes at it curious. "What is it, Doc?" I asks.

"It reads your thoughts," he says, just as solemn as an owl.

That's right, laugh, I don't blame you. I grinned myself. He saw me grin, and he turned on me like a tiger.

"Dolt," he hollers. "Clod! You doubt. Pig! Your type has retarded the progress of mankind throughout the ages. You sneer—you imbecile!"

Well, just then I'm like the doctors. "A nut!" I thinks, "and loose with that bottle of Chero in his pocket!" And it's up to me to soothe him.

"How does it work?" I asks, to gain time. When you're in a room with a nut that's nursin' a bottle of H. E. your one thought is to go away from there. And this particular nut don't want me to. But I have hopes.

By dumb luck I hits the right chord. "How does it work?" gets results. Right away he seems to forget he's mad. He seems to forget I'm a yegg, he gets kind of dreamy, and he runs a caressin' hand over the shiny brass of the nearest instrument.

"Simple," he says, "very simple. It is based on the electro-magnetic wave and the conducting ether theories." It's over my head, but I listen. "Have you ever considered just what happens when you think intensely? By an effort of what you call the Will, you concentrate on what you are thinking. Emotion, too, plays its part. You are intensely angry, intensely worried, intensely interested. This concentrating acts physically on the brain. There is a call on the heart for more blood. And the heart responds, sending a thicker, faster stream to the affected locality. Now what happens?" He turns to me like my teacher used to do in school when there was a question to be answered.

"Search me," I murmurs.

But he doesn't even see me, I guess. "The increased stream, rushing at an unusual rate, rubs against the walls of the veins and arteries of the head, producing friction."

"I see," I says, politely. But I don't.

"This friction is the physical result of the mental action. Your purely mental process has, by the membership of the rushing blood and its attending friction, been transformed into, or has produced, a physical manifestation."

His voice sank to a whisper. "It is this fact that makes my great invention possible. The friction set up produces faint currents of electricity. It is Nature's own generator. The currents are faint, weak, but they are there. And they vary in intensity in proportion as the rushing blood stream surges and ebbs. Thus they have imprinted on them all the characteristics of the thought that gives rise to them. They vary in the individual. Some minds can generate a current one hundred—yes, one thousand—times greater than others, but all minds generate to some extent.

"And these electrical impulses are thrown out into space in wave trains, exactly as the radio telegraph throws them out. This accounts for the phenomena of mental telepathy. If conditions are just right, the receiving mind in perfect tune with the transmitting mind, and sensitive enough to interpret the received impulses, you have accomplished telepathy. All that remained for me to do was to measure the intensity and characteristics of the generated current, its frequency—and it is high—and——"

He paused and fixt me with that fishy stare. I didn't know just what to say, so I took a Brody. "And what, Doc? Slip it to me quick."

"And the length of the emitted wave," he comes back at me, triumphantly, "It might be one millionth of a meter or it might be one million meters. Or it might be any length between those extremes. Or beyond them, for that matter. I succeeded in making these measurements."

He laughed. Or, rather, he laughed and snarled all at once. I'm telling you straight, fellow, your hair stands on end when Proctor laughs like that.

"I fancy some of your radio experts would gape if they were permitted to see my wave meter. I believe it would cause some excitement in the laboratories of Lodge or Marconi. I—Proctor—I measured these waves which, of course, means that I found a detector for them. Our friend DeForest thinks that he has a monopoly on ultra-sensitive detectors. Proctor's detector is to the audion what a stop watch is to a wheel barrow!

"And the frequency. It is beyond the limits of audibility, as that term is understood. I wound phones that will render the received signals audible. And the task was done."

Most of that stuff had gone over, but like a lightning flash the big idea burst thru' my shrapnel-proof cranium. I fairly stuttered as I got his drift. I'll bet my eyes popped as I gaped at that machine. "Good God!" I spluttered. "Do you mean that that thing can hear you think?"

Proctor smiled the nearest to a human smile that I ever saw on his mug. "You have glimmerings of intelligence," he said, in a gratified way; "I mean just that."

And then he went off his handle again. "And I mean," he roared, "that you are to go back to the scum that sent you and tell them that it is useless for them to plot against me, for I can hear then very thoughts as they think them. I can read their miserable souls! That's how I knew you were coming here to-night! That's how I knew that your lethal weapon contained no charge! And," he seized me and shook me until my heels nearly broke my neck, "And that's how I know, you swine, that even now you don't know whether to believe me or not."

He released me and tore the telephone things from off his ears. "Here!" he bellowed, clamping them over my ears, "here! Listen, and be convinced."

He wheeled to the table and whirled knobs and dials. A continuous humming and buzzing sounded in the 'phones.

And then it happened. Listen to me close, I know they labeled Proctor "squirrel food" for telling them less than this, but—— This was July of 1914. Get that?

Suddenly something like a voice—no, not like a voice, either—like a voice inside my own head, if you can get me, said masterfully, with a strong German accent, "Serbia will, because she dare not submit. France must, because she will see my hand behind it. England must as a last desperate effort to save herself. But my armies will grind them like grain in the mill. And then——"

Proctor tore the 'phones from me. I was like a stuffed doll and I never raised a mitt. He grabbed me, and it was just like being caught in the jaws of a vise. "You have heard," he thundered. "Now go."

The last thing I remember was that he heaved me toward the door. I remember spinning toward it. And that's all.

The next thing I remember is waking up in that hospital ward. It was July of 1914 when Proctor chucked me, and it was late August when I found myself in that hospital.

As near as I can learn I missed the door, hit the wall and a bottle of that Chero stuff got knocked off a shelf. They dug Proctor and I out of the ruins, and we were both pretty well messed up.

Proctor raved about his ruined mind machine, and it got him a pass to the squirrel cage.

If you read the papers at the time you'll remember Proctor wanted me to back him up, but I wouldn't talk. Least said, easiest remedied.

Now you got all I know about it. I spilled it once to Gentleman Joe, a high-browed crook, who soaked up all they pass you at Harvard when he was young. Joe said maybe Proctor fooled me with a camoflaged phonograph.

Maybe he did. I might think so myself if it had happened in September instead of July, 1914. Get me?

 

The End