Peço a palavra, senhor presidente. Tem a palavra o líder dos Tenentes*. Senhor presidente, eu que sou Tenente até a raiz dos cabelos, eu que trabalhei para botar o carnaval na rua, não posso deixar de combater a reforma dos estatutos. Primeiro, por considerá-la inoportuna, contrária mesma aos reais e superiores interesses de nossa sociedade. E segundo, por partir tal proposta de um grupo de derrotistas que de há muito, senhor presidente, já devia ter sido eliminado do nosso quadro social. Pois o que eles querem, senhor presidente, vossa excelência sabe perfeitamente, é voltar ao regime da politicagem, é entrar de novo nas "comidas", é transformar isso aqui em Kananga do Japão, onde nem haja pão. Ademais, senhor presidente e caros consórcios, esta reforma traz o rótulo democrático. Portanto, é o bastante para ela cair, ainda que seja necessário botarmos novamente o carnaval na rua. Por isto, senhor presidente, como líder que sou da maioria dos Tenentes, declaro votar contra a reforma dos nossos estatutos e ainda proponho não só a eliminação dos signatários da proposta em discussão, como também sejam os mesmos intimados a remeter à nossa secretaria uma estampilha e dois retratinhos, afim de ver o que podemos fazer por eles nesta marchinha que não é deste, senhor presidente, mas sim do outro mundo. Então enfeza, macacada!
Sou folião
Não sou sargento
Não sou cabo
Nem Tenente de Galão
Sou Tenente do Diabo
Um coronel muito vermelho
Por uma preta teve amor
Resultou desse dueto
Um guri vermelho e preto
Que é Tenente até na cor
* The Tenentes do Diabo ( Devil's Liutenats) and the Democráticos (Democratics) were two rival carnival societies in Rio de Janeiro in the 1930s.
Jornal das Moças, 1924.
You can listen "Tenentes do Diabo" sung by Ildefonso Norat here.