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Wednesday, 21 October 2020

Good Reading: A Lenda de Almaceda retold by José Thiesen (in Portuguese)

 

No tempo dos reis cristãos, nas terras onde se fundaria Almaceda, viviam num castelo Dom Rodrigo e sua irmã, Dona Madalena. Embora tivessem temperamentos contrários, viviam os dois manos em harmonia.

Explico: Dom Rodrigo era jovem ardente, aventureiro, dado à irreverência e já Dona Madalena era recolhida e pia, sempre atenta às inspirações de seu anjo guardião; como a piedade dela impressionasse a ele, seus temperamentos e personalidades se harmonizavam.

Quando não estavam na corte, mas em suas terras ricas e férteis, os manos gostavam de passeios a cavalo, onde conversavam e, cada um a seu modo, reconheciam e agradeciam suas vidas felizes e sem dificuldades.

Pois foi numa manhã de primavera, durante um desses passeios por seus campos atapetados de flores que Dom Rodrigo avistou algo branco, a refletir a luz do sol. Curiosos, os dois irmãos acercaram-se daquele objeto e descobriram uma caveira.

Diante de tal visão, Dona Madalena volveu a face para longe e Dom Rodrigo, vendo a reação da irmã, viu logo uma oportunidade de deboxe e, curvando-se para o crânio, disse num sorriso:

- Salve, amiga caveira!

- Devias ter mais respeito para com os mortos, Rodrigo!

- Mais respeito?! Se parei para sauda-la! e voltando-se novamente para a caveira disse, do alto do cavalo: A amiga estava cansada do cemitério e saiu para tomar um sol?

- Deixes de tolices e vamo-nos embora daqui! disse Dona Madalena já volvendo o cavalo para outro lado.

- Não sem antes acenar um adeus para minha amiga, pois o respeito se impõe! Adeus, amiga e apareça lá em casa para um jantar, que serás bem vinda!

- Rodrigo! Que despeito é esse?

- Não há ofensa, madame, disse uma voz máscula vinda não se sabia de onde. Fui convidado e esta noite estarei à vossa mesa!

Mesmo Dom Rodrigo perdeu o sorriso brejeiro e, tomado de vero pavor, tomou o rumo em disparada para um convento conhecido, acompanhado da irmã, igualmente apavorada.

- Que fizeste, Rodrigo, gritava-lhe ela.

Os monges abriram-lhes a porta do convento e Dom Rodrigo contou aos religiosos tudo quanto acontecera, mas eles não lhe deram muito crédito. Ainda assim, dada sua nobreza, ofr’ceram-lhe um crucifixo bento para proteger-se de qualquer assalto do maligno.

Voltando à casa, os irmãos olhavam-se com temor nos olhos e Dona Madalena disse: que faremos, Rodrigo?

E o irmão, segurando com ardor o crucifixo dado, disse: prepararemos a ceia para nosso convidado!

Por ordem de Dom Rodrigo preparou-se um grande banquete e uma bela mesa para receber o estranho convidado.

Quando toda a cena ficou pronta, sentaram-se à mesa, sem alegria em suas faces jovens e belas. Oravam, entregando-se Àquele que tudo pode. Estavam tão entregues às suas aflições que deram um pulo na cadeira quando a porta do castelo atroou com pancadas fortes.

A voz viril e cava ecoou pelos corredores até chegar aos irmãos: diz a teu amo que seu convidado chegou!

Minutos depois, um criado apresentou um homem alto, coberto com um manto negro e sujo de terra, usando um grande e pesado bordão de ferro preto.

Os irmãos sentiam-se cair num abismo.

Tentando esconder seu medo, Dom Rogrigo levantou-se e apresentou ao espectro seu lugar à mesa.

- O meu amigo bem entende se declinar de comer, que minha comida agora é outra! retrucou o triste convidado. Mas bem vês, atendi ao teu convite. Agora é minha vez de convidar-te a vir comigo. Por certo me não farás desfeita.

- Rodrigo, fica! Isso não é coisa santa!

- O valente Dom Rodrigo terá medo duma caveira morta?

Sem largar o crucifixo dado pelos monges, Dom Rodrigo, sem palavras, vestiu sua capa verde, beijou a irmã e esperou que o espectro tomasse a dianteira.

Dona Madalena caiu de rodilhas, a chorar e implorar o favor divino para seu irmão.

Entretanto, pelos campos iam em silêncio o vivo e o morto.

Dom Rodrigo, agarrado ao crucifixo, fingia ter a coragem que lhe faltava.

Finalmente chegaram ao campo santo duma capelinha quase em ruínas e o morto chegou a um mausoléu cujas portas se abriram sozinhas.

- Entra! disse o espectro. Este é o meu castelo e aqui me farás companhia!

- Não! disse Dom Rodrigo quase num grito de pavor.

- Será que agora o bravateiro audaz tem medo duma caveira?

- Medo, sim, mas não duma caveira. Tremo pelo futuro de minha irmã, sozinha, sem saber de mim! Ademais, se estás enterrado em campo santo é porque morreste como cristão!

- Pois morri foi como todo o homem. Não vivi nem morri como cristão, apesar de ter enganado a todos sobre minha vida dissoluta. Só não enganei ao Justo Juiz, que conhecia todos os meus pecados e condenou-me.

- Pois fica em teu inferno que volto e já para minha irmã! Se errei contigo, peço-te perdão, mas não te vou seguir!

- Perdão! Um condenado não sabe o que é isso! Mas o que te vale é esta cruz benta que tens contigo, é o teu próprio arrependimento, são as preces de tua irmã! Sem isso já serias meu no Inferno. Some-te daqui e que tua alma ceda ao Bem!

Dom Rodrigo não esperou mais palavra e correu à toda brida para a casa, repetindo consigo:

- Que minh’alma ceda! Que minh’alma ceda!

Chegou em casa esbaforido, sujo e com as roupas rasgadas por causa duns tantos tombos que teve.

Reuniram-se os irmãos com muitas lágrimas d’alegria e Dom Rodrigo se não cansava de pedir perdão à mana, prometendo-lhe mudar de vida de ali por adiante.

De fato, Dom Rodrigo voltou-se para Deus, instruiu-se na fé e dedicou-se  com afinco às obras de misericórdia principalmente para com os pobres que viviam próximos de seu castelo.

Frequentemente era visto a murmurar para consigo mesmo: que minh’alma ceda! que minh’alma ceda! de maneira que o povo começou a chamá-lo de Almaceda e bem como ao seu castelo e terras e assim se continua a fazer em memória ao nobre que tanto bem fez ao seu povo.

 

Friday, 18 November 2016

“A Espada de São Martinho” by V. Garcia de Diego (translated into Portuguese)


O Conde de Besalu era um valente que derrotou os mouros em muitas batalhas. Onde havia perigo, lá estava ele com seu exército, e não tardava em dar boa conta das turbas infiéis.
            Um dia, estando em seu castelo, veio um de seus guardas dizer-lhe que sabia de boa fonte que os mouros subiam de Bañolas em direção a Santa Pau. Imediatamente o Conde reuniu os seus leais, e saiu para enfrentar os mouros e impedir-lhes o avanço.
         Quando os encontrou, no mesmo instante arremeteu contra eles com o ímpeto que lhe era peculiar. Mas em pleno combate sua espada se quebrou. Não era o Conde homem que se conformasse vendo pelejar seus soldados, mas não lhe era possível seguir lutando desarmado.
           Recordou-se então de que muito perto daquele lugar encontrava-se uma ermida dedicada a São Martinho. Abandonou o combate uns momentos, para dirigir-se a esse lugar. Uma vez ali, ajoelhou-se aos pés do Santo e lhe pediu, com todo o fervor, que ele o livrasse do apuro em que se encontrava.
           Estava de joelhos, absorto na oração ao Santo, quando viu que a imagem deste se movia, e São Martinho, sacando sua espada, ofereceu-a ao Conde.
           Levantou-se o cavaleiro, todo jubiloso, e para certificar-se do que seus olhos estavam vendo, esticou a mão para pegar a espada. Com firmeza a tomou, e depois de dar graças a Deus de todo o coração, saiu depressa em auxílio de seus homens, que estavam perdendo terreno.
Começou a distribuir golpes com sua espada à direita e à esquerda. Seus homens recobraram o valor que haviam perdido momentaneamente, e redobraram seus esforços. Em poucas horas jaziam mortos todos os mouros que haviam iniciado o combate contra a Santa Fé.
         Os cristãos subiram então até Besalu. Quando chegaram a Colsatrapa, sentaram-se para descansar, enquanto contemplavam o panorama de Mirana y Mor. Os soldados elogiaram o Conde pelo seu valor.
          Ele porém contestou, dizendo que São Martinho lhe emprestara a espada. Seus homens duvidaram, e ele, para provar a força da espada, deu um forte golpe numa pedra que havia ali, partindo-a em dois.
             Essa pedra ainda existe. Hoje é conhecida por "Pedra Cortada".

Friday, 3 June 2016

“A Catedral de Lund” by A. Della Nina (in Portuguese)



Em Zchonen, cidade universitária e primeiro arcebispado da Escandinávia, ergue-se formosa catedral romana.
            Debaixo do coro, abre-se grande e bela cripta. Dizem todos que a igreja nunca será terminada, que sempre faltará alguma coisa, e que o motivo é este:
            Quando São Lourenço chegou a Lund, a fim de pregar o Catolicismo, desejou construir uma igreja, mas carecia dos meios necessários e não sabia onde arranjá-los.
            Pensando constantemente no seu objetivo, teve um dia a surpresa de ver na sua frente um gigante, que se ofereceu para em pouco tempo erguer o templo, contanto que São Lourenço adivinhasse o seu nome antes do fim.
            Se não o conseguisse, o gigante receberia como prêmio da aposta o Sol, a Lua ou os olhos do santo. Este, confiando em Nossa Senhora, não teve o menor receio e aceitou a imposição.
            Iniciou-se a construção, e dentro em pouco o templo estava quase pronto.
São Lourenço, pensando tristemente em como descobrir o nome do gigante, pois evidentemente não queria de maneira nenhuma desfazer-se dos seus olhos, tão necessários para a glória de Deus.
            Um dia, percorrendo as ruas da cidade, sentiu-se cansado e resolveu sentar-se na encosta de uma colina.
            Do interior da colina chamou-lhe a atenção o pranto de uma criança e a voz de uma mulher que cantava:
— Durma bem, durma bem, filhinho meu, que amanhã regressa o bom Finn, seu pai, e você brincará com o Sol ou a Lua, ou então com os olhos de Lourenço.
            O santo, ouvindo aquilo, alegrou-se imensamente. Sabia, por fim, o nome do gigante. Imediatamente voltou para a igreja, e viu o gigante sentado já no teto, preparando-se para colocar a última pedra.
            Gritou-lhe:
— Ó Finn, coloque bem a última pedra!
            O gigante, enfurecido, atirou a pedra para longe, afirmando que a igreja jamais ficaria terminada, e desapareceu. A partir daquele dia, falta na igreja sempre alguma coisa.

Saturday, 16 April 2016

“Leyenda de Fernán Antolinez y la Virgen del Ribero” by Unknown Writer (in Spanish)




Por el año de 978 el Conde Don Vela, con su hueste, acompañando al ejército de Orduan, lugarteniente del primer ministro de Hisem II, entró por tierras de Osma y San Esteban, con ímpetu arrollador, hasta que cerca de esta villa le derrotaron por completo las tropas aliadas del Conde Garci Fernández y del Rey Don Sancho de Navarra.
            Referente a este hecho, cuenta la tradición, que el caballero Fernán Antolínez yendo en la mañana de Pascua a incorporarse en las huestes del Conde de Castilla Garci Fernández, oyó tocar a misa en el templo de Nuestra Señora del Ribero y entrando a oír el Santo sacrificio dejó el caballo amarrado a la puerta del atrio. Salió después de haber oído tres misas y al tomar el caballo y las armas para dirigirse al campamento le anunciaron se había realizado la batalla quedando victoriosas nuestras tropas.
            Pensando que atribuirían a cobardía su tardanza quedó indeciso de presentarse al Conde... pero se resolvió a hacerlo, recibiendo la agradable sorpresa que el Conde le dio, al saludarle, con estas palabras: «¡Por ti hemos tenido feliz día, Pascual! ¡Vivas muchos añosl».
            Desde entonces cambió su nombre haciéndose llamar ¡Pascual Vivas!, en memoria de este fausto acontecimiento. Según la Crónica General y el Romancero, mientras Fernán Antolínez permaneció en el templo del Ribero, asistiendo a la misa y pidiendo a Nuestra Señora su protección un mensajero divino, un ángel del cielo tomó la forma del piadoso caballero y esgrimiendo sus brillantes armas derribó al jefe de los infieles en el paso del Vado de Cascajar.El hecho sucedió, no en el Convento de Santa Olalla, según afirman algunos, porque desde él no se podía ver la pelea, como dice la Historia general, sino en el de Nuestra Señora del Ribero, que está encima del Vado.
            Don Lorenzo de Sepúlveda inmortalizó este milagro, que hizo la Virgen del Ribero para librar de la afrenta al caballero Antolínez, componiendo un canto de gesta publicado en el Romancero.
            Cuando murió Antolínez dejó encargado que lo enterra sen en el Templo de Nuestra Señora del Ribero. El epitafio del sepulcro dice así. "Aquí yace ¡Vivas Pascual! cuyas armas lidiaban oyendo misa...".