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Wednesday, 28 August 2024

Wednesday's Good Reading: spiritual testament from the Saint King Louis IX of France (translated into Portuguese)

Filho dileto, começo por querer ensinar-te a amar o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todas as tuas forças; pois sem isto não há salvação.

Filho, deves evitar tudo quanto sabes desagradar a Deus, quer dizer, todo pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda sorte de martírios a cometer um pecado mortal.

Ademais, se o Senhor permitir que te advenha alguma tribulação, deves suportá-la com serenidade e ação de graças. Considera suceder tal coisa em teu proveito e que talvez a tenhas merecido. Além disto, se o Senhor te conceder a prosperidade, tens de agradecer-lhe humildemente, tomando cuidado para que nesta circunstância não te tornes pior, por vanglória ou outro modo qualquer, porque não deves ir contra Deus ou ofendê-lo valendo-te dos seus dons.

Ouve com boa disposição e piedade o ofício da Igreja e enquanto estiveres no templo, cuides de não vagueares os olhos ao redor, de não falar sem necessidade; mas roga ao Senhor devotamente, quer pelos lábios, quer pela meditação do coração.

Guarda o coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos, e quando puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores. Em relação a teus súditos, sê justo até o extremo da justiça, sem te desviares nem para a direita nem para a esquerda; põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho que todos os teus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz, principalmente as pessoas eclesiásticas e religiosas.

Sê dedicado e obediente à nossa mãe, a Igreja Romana, e ao Sumo Pontífice como pai espiritual. Esforça-te por remover de teu país todo pecado, sobretudo o de blasfêmia e a heresia.

Ó filho muito amado, dou-te enfim toda a benção que um pai pode dar ao filho; e toda a Trindade e todos os santos te guardem do mal. Que o Senhor te conceda a graça de fazer sua vontade de forma a ser servido e honrado por ti. E assim, depois desta vida, iremos juntos vê-lo, amá-lo e louvá-lo sem fim. Amém.

Wednesday, 15 November 2023

Good Reading: "Testamento Espiritual" by Pope Benedict XVI (translated into Portuguese)

 

Nesta hora derradeira de minha vida, quando olho para as décadas por que passei, vejo antes de mais nada quanto tenho a agradecer. Agradeço em primeiro lugar a Deus, fonte de toda boa dádiva, que me deu a vida e me guiou por momentos de confusão, que sempre me levantou quando eu começava a vacilar e me devolveu tantas vezes a luz de sua face. Em retrospectiva, vejo e compreendo que até mesmo os trechos escuros e difíceis desse caminho serviram à minha salvação e que foi precisamente aí que Ele mais me guiou.

Agradeço a meus pais, que me deram a vida numa época difícil, e que, à custa de grandes sacrifícios, me proporcionaram um lar maravilhoso com o seu amor, que ilumina como luzeiro todos os meus dias até hoje. A fé clarividente de meu pai ensinou-nos a crer ainda meninos, e manteve-se firme como guia em meio a todas as minhas conquistas científicas; a piedade sincera e a grande bondade de minha mãe são um legado que nunca lhe poderei agradecer o bastante. Minha irmã tem-me servido há décadas, abnegada e afetuosa; meu irmão, com a clarividência de seus juízos, com sua poderosa determinação e com a serenidade de seu coração, soube sempre me aplainar o caminho; sem este constante preceder-me e acompanhar-me, eu não seria capaz de achar o caminho certo.

Agradeço a Deus do fundo do coração os muitos amigos, homens e mulheres, que Ele sempre pôs ao meu lado; os colegas de trabalho em todas as etapas de meu caminho; os professores e alunos que me deu. Com gratidão, confio-os todos à sua bondade. E quero agradecer ao Senhor por minha bela pátria nos Pré-Alpes bávaros, na qual sempre vi brilhar o esplendor do próprio Criador. Agradeço ao povo de minha terra natal por ter-me permitido experimentar inumeráveis vezes a beleza da fé. Rezo para que o nosso país continue a ser um país de fé, e peço-vos, caros compatriotas, que não vos deixeis afastar da fé. E, por fim, agradeço a Deus por toda a beleza que pude experimentar nas várias etapas de minha peregrinação, mas especialmente em Roma e na Itália, que têm sido minha segunda pátria.

A todos aqueles a quem de alguma forma prejudiquei, peço perdão de todo o coração.

O que disse antes a meus compatriotas, digo-o agora a todos quantos na Igreja foram confiados ao meu serviço: Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! A ciência — tanto as ciências naturais como a investigação histórica (especialmente a exegese bíblica) — dá muitas vezes a impressão de oferecer soluções irrefutáveis contra a fé católica.

Testemunhei ao longo de muito tempo as transformações da ciência natural, e pude comprovar como aparentes certezas contra a fé se esvaíram, provando não ser ciência, mas apenas interpretações filosóficas com aparência científica; e como, por outro lado, é em diálogo com as ciências naturais que a fé tem aprendido a compreender melhor os limites do alcance de suas afirmações e, portanto, o que ela realmente é.

Há já sessenta anos que acompanho o caminho da Teologia, especialmente o dos estudos bíblicos, e tenho visto, no suceder das gerações, teses aparentemente inabaláveis desmoronarem-se, revelando-se meras hipóteses: a geração liberal (Harnack, Jülicher etc.), a geração existencialista (Bultmann etc.), a geração marxista. Vi e vejo como, do emaranhado de hipóteses, a razoabilidade da fé ressurgiu e está ressurgindo de novo. Jesus Cristo é verdadeiramente o Caminho, a Verdade e a Vida; e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é verdadeiramente o seu Corpo.

Enfim, peço-vos humildemente que rezeis por mim, para que o Senhor, apesar de todos os meus pecados e deficiências, acolha-me às moradas eternas. A todos quantos me foram confiados, minhas sinceras orações dia após dia.

Wednesday, 30 August 2023

Good Reading: the spiritual testament of Pope Benedict XVI (translated into English)

29 August 2006

 

My spiritual testament

 

When, at this late hour of my life, I look back on the decades I have wandered through, I see first of all how much reason I have to give thanks. Above all, I thank God Himself, the giver of all good gifts, who has given me life and guided me through all kinds of confusion; who has always picked me up when I began to slip, who has always given me anew the light of his countenance. In retrospect, I see and understand that even the dark and arduous stretches of this path were for my salvation and that He guided me well in those very stretches.

I thank my parents, who gave me life in difficult times and prepared a wonderful home for me with their love, which shines through all my days as a bright light until today. My father's clear-sighted faith taught us brothers and sisters to believe and stood firm as a guide in the midst of all my scientific knowledge; my mother's heartfelt piety and great kindness remain a legacy for which I cannot thank her enough. My sister has served me selflessly and full of kind concern for decades; my brother has always paved the way for me with the clear-sightedness of his judgements, with his powerful determination, and with the cheerfulness of his heart; without this ever-new going ahead and going along, I would not have been able to find the right path.

I thank God from the bottom of my heart for the many friends, men and women, whom He has always placed at my side; for the co-workers at all stages of my path; for the teachers and students He has given me. I gratefully entrust them all to His goodness. And I would like to thank the Lord for my beautiful home in the Bavarian foothills of the Alps, in which I was able to see the splendour of the Creator Himself shining through time and again. I thank the people of my homeland for allowing me to experience the beauty of faith time and again. I pray that our country will remain a country of faith and I ask you, dear compatriots, not to let your faith be distracted. Finally, I thank God for all the beauty I was able to experience during the various stages of my journey, but especially in Rome and in Italy, which has become my second home.

I ask for forgiveness from the bottom of my heart from all those whom I have wronged in some way.

What I said earlier of my compatriots, I now say to all who were entrusted to my service in the Church: Stand firm in the faith! Do not be confused! Often it seems as if science - on the one hand, the natural sciences; on the other, historical research (especially the exegesis of the Holy Scriptures) - has irrefutable insights to offer that are contrary to the Catholic faith. I have witnessed from times long past the changes in natural science and have seen how apparent certainties against the faith vanished, proving themselves not to be science but philosophical interpretations only apparently belonging to science - just as, moreover, it is in dialogue with the natural sciences that faith has learned to understand the limits of the scope of its affirmations and thus its own specificity. For 60 years now, I have accompanied the path of theology, especially biblical studies, and have seen seemingly unshakeable theses collapse with the changing generations, which turned out to be mere hypotheses: the liberal generation (Harnack, Jülicher, etc.), the existentialist generation (Bultmann, etc.), the Marxist generation. I have seen, and see, how, out of the tangle of hypotheses, the reasonableness of faith has emerged and is emerging anew. Jesus Christ is truly the Way, the Truth, and the Life - and the Church, in all her shortcomings, is truly His Body.

Finally, I humbly ask: pray for me, so that the Lord may admit me to the eternal dwellings, despite all my sins and shortcomings. For all those entrusted to me, my heartfelt prayer goes out day after day.

 

Benedictus PP XVI.

Wednesday, 14 October 2020

The Spiritual Testament of Saint Bernadette Soubirous (in French)

«J’ai peur, merci mon Dieu.

«pour la misère de père et mère, la ruine du moulin, le madrier de malheur, le vin de lassitude, les brebis galeuses, merci mon Dieu!

Bouche de trop à nourrir que j’étais, pour les enfants mouchés, les brebis gardées, merci!

Merci, mon Dieu, pour le procureur, le commissaire, les gendarmes, et les mots durs de l’abbé Peyramale!

Pour les jours où vous êtes venue, Notre-Dame Marie, pour ceux où je vous ai attendue, je ne saurais vous rendre grâce qu’en Paradis!

Mais pour la gifle de Mlle Pailhasson, les railleries, les outrages, pour ceux qui m’ont crue folle, pour ceux qui m’ont crue menteuse, pour ceux qui m’ont crue avide, merci Dame Marie!

Pour l’orthographe que je n’ai jamais sue, la mémoire des livres que je n’ai jamais eue, pour mon ignorance et ma sottise, merci!

Merci! Merci ! Car s’il y avait eu sur terre fille plus ignorante et plus sotte, c’est elle que vous auriez choisie…

Pour ma mère morte au loin, pour la peine que j’ai eue quand mon père au lieu de tendre les bras à sa petite Bernadette m’appela « Sœur Marie Bernard », merci Jésus!

Merci d’avoir abreuvé d’amertume ce cœur trop tendre que vous m’avez donné!

Pour Mère Joséphine qui m’a proclamé bonne à rien, merci!

Pour Mère Maîtresse, sa voix dure, sa sévérité, ses moqueries, et le pain d’humiliation, merci!

Merci d’avoir été celle à qui Mère Marie-Thérèse pouvait dire: «Vous n’en faites jamais d’autres!»

Merci d’avoir été cette privilégiée des semonces dont mes Sœurs disaient : « Quelle chance de n’être pas Bernadette!»

Merci pourtant d’avoir été Bernadette, menacée de prison parce qu’elle vous avait vue, regardée par les foules comme une bête curieuse, cette Bernadette si ordinaire qu’en la voyant on disait : «C’est ça!»

Pour ce corps piteux que vous m’avez donné, cette maladie de feu et de fumée, ma chair pourrie, mes os cariés, mes sueurs, ma fièvre, mes douleurs sourdes ou aiguës, merci mon Dieu!

Et pour cette âme que vous m’avez donnée, pour le désert des sécheresses intérieures, pour votre nuit et vos éclairs, vos silences et vos foudres, pour tout, pour vous absent ou présent, merci Jésus!»

Saturday, 7 October 2017

Alessandro Serenelli's Spiritual Testament (in English)

    «Sono vecchio di quasi 80 anni, prossimo a chiudere la mia giornata. Dando uno sguardo al passato, riconosco che nella mia prima giovinezza infilai una strada falsa : la via del male, che mi condusse alla rovina. Vedevo attraverso la stampa, gli spettacoli e i cattivi esempi che la maggior parte dei giovani segue senza darsi pensiero: io pure non mi preoccupai. Persone credenti e praticanti le avevo vicino a me, ma non ci badavo, accecato da una forza bruta che mi sospingeva per una strada cattiva. Consumai a vent’anni un delitto passionale del quale oggi inorridisco al solo ricordo . Maria Goretti, ora santa, fu l’angelo buono che la provvidenza aveva messo avandti ai miei passi per salvarmi. Ho impresse ancora nel cuore le sue parole di rimprovero e di perdono. Pregò per me, intercedette per il suo uccisore. Seguirono trent’anni di prigione. Se non fossi stato minorenne, sarei stato condannato a vita. Accettai la sentenza meritata, rassegnato: capii la mia colpa. La piccola Maria fu veramente la mia luce, la mia protettrice ; col suo aiuto mi comportai bene nei ventisette anni di carcere e cercai di vivere onestamente quando la società mi riaccettò fra i suoi membri. I figli di S. Francesco, i Minori Cappuccini delle Marche, con carità serafica mi hanno accolto fra loro non come servo, ma come fratello. Con loro vivo da 24 anni. Ed ora aspetto sereno il momento di essere ammesso alla visione di Dio, di riabbracciare i miei cari, di essere vicino al mio angelo protettore ed alla sua cara mamma, Assunta. Coloro che leggeranno questa mia lettera vogliono trarre il felice insegnamento di fuggire il male e di seguire il bene sempre, fin da fanciulli . Pensino che la religione con i suoi precetti non è una cosa di cui si può fare a meno, ma è il vero conforto, l’unica via sicura in tutte le circostanze, anche quelle più dolorose della vita. Pace e bene»

Macerata
5 maggio 1961
Alessandro Serenelli