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Wednesday, 20 May 2015

“A Morte Para os Tristes é Ventura” by Bocage (in Portuguese)



Quem se vê maltratado e combalido
Pelas cruéis angústias da indigência;
Quem sofre de inimigos a violência,
Quem geme de tiranos oprimido.

Quem não pode de ultrajado e perseguido
Achar nos céus ou nos mortais clemência;
Quem chora finalmente a dura ausência
De um bem que, para sempre, está perdido.

Folgará de viver quando não passa
Nem um momento em paz, quando a amargura
O coração ele arranca e despedaça?

Ah! só deve agradar-lhe a sepultura,
Que a vida para os tristes é desgraça,
A morte para os tristes é ventura.


               

Wednesday, 16 April 2014

Últimos Versos by Bocage (in Portuguese)



Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu astro vai parar desfeito em vento...
Eu, aos céus ultrajei, ó meu tormento!
Leve me torne, sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria...

Outro Aretino fui... A santidade,
Manchei!...Oh! Se me creste, gente ímpia,
 Rasga meus versos, crê na Eternidade.