Saturday, 21 December 2013

"A Lament" by Oscar Wilde (in English)



O well for him who lives at ease
With garnered gold in wide domain,
Nor heeds the splashing of the rain,
The crashing down of forest trees. -
O well for him who ne'er hath known
The travail of the hungry years,
A father grey with grief and tears,
A mother weeping all alone. -
But well for him whose feet hath trod
The weary road of toil and strife,
Yet from the sorrows of his life
Builds ladders to be nearer God.

Friday, 20 December 2013

"Androcles" by Aesop (in English)

          A slave named Androcles once escaped from his master and fled to the forest.  As he was wandering about there he came upon a Lion lying down moaning and groaning. At first he turned to flee, but finding that the Lion did not pursue him, he turned back and went up to him. As he came near, the Lion put out his paw, which was all swollen and bleeding, and Androcles found that a huge thorn had got into it, and was causing all the pain. He pulled out the thorn and bound up the paw of the Lion, who was soon able to rise and lick the hand of Androcles like a dog. Then the Lion took Androcles to his cave, and every day used to bring him meat from which to live. But shortly afterwards both Androcles and the Lion were captured, and the slave was sentenced to be thrown to the Lion, after the latter had been kept without food for several days. The Emperor and all his Court came to see the spectacle, and Androcles was led out into the middle of the arena. Soon the Lion was let loose from his den, and rushed bounding and roaring towards his victim. But as soon as he came near to Androcles he recognised his friend, and fawned upon him, and licked his hands like a friendly dog. The Emperor, surprised at this, summoned Androcles to him, who told him the whole story. Whereupon the slave was pardoned and freed, and the Lion let loose to his native forest.


            Gratitude is the sign of noble souls.

Thursday, 19 December 2013

"Como Sombras de Nuvens que Passam" (Canto I) by José Thiesen (Song I in Portuguese)

Canto I

     Enquanto vagava solitário por aqueles caminhos arenosos ladeados por plátanos frondosos, meditava sobre as emoções revoltas no meu coração.

     Ouvia o Argento correr célere alguns metros à minha direita. Um rapaz de rosto desagradável passou por mim a pedalar bicicleta velha, rangenta.

     Parei por um momento e o rosto de Cláudio dançou à minha frente.

     Corri a mão por meus cabelos. Alguns garotos, filhos de camponeses, corriam para a praia.

     Respirei fundo aquele ar e senti cheiro de saudade, polenta, New York, mamma Rosa e de homem. De Luciano.

Wednesday, 18 December 2013

"The Song of Songs of Solomon" (Chapter III in English)


1 Bride: On my bed at night I sought him
whom my heart loves -
I sought him but I did not find him.

2 I will rise then and go about the city;
in the streets and crossings I will seek
Him whom my heart loves.
I sought him but I did not find him.

3 The watchmen came upon me
as they made their rounds of the city:
Have you seen him whom my heart loves?

4 I had hardly left them
when I found him whom my heart loves.
I took hold of him and would not let him go
till I should bring him to the home of my mother,
to the room of my parent.

5 Bridegroom:I adjure you, daughters of Jerusalem,
by the gazelles and hinds of the field,
Do not arouse, do not stir up love
before its own time.

(Third Poem)
6  What is this coming up from the desert,
like a column of smoke
Laden with myrrh, with frankincense,
and with the perfume of every exotic dust?

7 Ah, it is the litter of Solomon;
sixty valiant men surround it,
of the valiant men of Israel:

8 All of them expert with the sword,
skilled in battle,
Each with his sword at his side
against danger in the watches of the night.

9 King Solomon made himself a carriage
of wood from Lebanon.

10 He made its columns of silver,
its roof of gold,
Its seat of purple cloth,
its framework inlaid with ivory.

11 Daughters of Jerusalem, come forth
and look upon King Solomon
In the crown with which his mother has crowned him
on the day of his marriage,
on the day of the joy of his heart.


Tuesday, 17 December 2013

Soneto da Fidelidade by Vinicius de Moraes (in Portuguese)




De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

"The Steel Mask" by Unknown Writer (in English)

Captain America #35 vol.1 - February 1944. Timely.















Sunday, 15 December 2013

Na Estrada de Sintra by Álvaro de Campos (Fernando Pessooa) (in Portuguese)



Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.
Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?

Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...