Wednesday, 22 January 2014

Caminante no Hay Camino by Antonio Machado (in Spanish)



Extracto de Proverbios y cantares (XXIX)

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

Tuesday, 21 January 2014

Sonnet VI by William Shakespeare (in English)



Then let not winter's ragged hand deface,
In thee thy summer, ere thou be distilled:
Make sweet some vial; treasure thou some place
With beauty's treasure ere it be self-killed.
That use is not forbidden usury,
Which happies those that pay the willing loan;
That's for thy self to breed another thee,
Or ten times happier, be it ten for one;
Ten times thy self were happier than thou art,
If ten of thine ten times refigured thee:
Then what could death do if thou shouldst depart,
Leaving thee living in posterity?
   Be not self-willed, for thou art much too fair
   To be death's conquest and make worms thine heir.

Sunday, 19 January 2014

"Plenilúnio" by Raimundo Correia (in Portuguese)



Além nos ares, tremulamente,
Que visão branca das nuvens sai!
Luz entre as franças, fria e silente;
Assim nos ares, tremulamente,
Balão aceso subindo vai...

Há tantos olhos nela arroubados,
No magnetismo do seu fulgor!
Lua dos tristes e enamorados,
Golfão de cismas fascinador!

Astros dos loucos, sol da demência,
Vaga, noctâmbula aparição!
Quantos, bebendo-te a refulgência,
Quantos por isso, sol da demência,
Lua dos loucos, loucos estão!

Quantos à noite, de alva sereia
O falaz canto na febre a ouvir,
No argênteo fluxo da lua cheia.
Alucinados se deixam ir...

Também outrora, num mar de lua,
Voguei na esteira de um louco ideal;
Exposta aos éolos a fronte nua,
Dei-me ao relento, num mar de lua,
Banhos de lua que fazem mal.

Ah! quantas vezes, absorto nela,
Por horas mortas postar-me vim
Cogitabundo, triste, à janela,
Tardas vigílias passando assim!

E assim, fitando-a noites inteiras,
Seu disco argênteo na alma imprimi;
Olhos pisados, fundas olheiras,
Passei fitando-a noites inteiras,
Fitei-a tanto, que enlouqueci!

Tantos serenos tão doentios,
Friagens tantas padeci eu;
Chuva de raios de prata frios
A fronte em brasa me arrefeceu!

Lunárias flores, ao feral lume, —
Caçoilas de ópio, de embriaguez —
Evaporaram letal perfume...
E os lençóis d'água, do feral lume
Se amortalhavam na lividez...

Fúlgida névoa vem-me ofuscante
De um pesadelo de luz encher,
E a tudo em roda, desde esse instante,
Da cor da lua começo a ver.

E erguem por vias enluaradas
Minhas sandálias chispas a flux...
Há pó de estrelas pelas estradas...
E por estradas enluaradas
Eu sigo às tontas, cego de luz...

Um luar amplo me inunda, e eu ando
Em visionária luz a nadar,
Por toda a parte, louco, arrastando
O largo manto do meu luar...

Saturday, 18 January 2014

Sonnet V by William Shakespeare (in English)




Those hours, that with gentle work did frame
The lovely gaze where every eye doth dwell,
Will play the tyrants to the very same
And that unfair which fairly doth excel;
For never-resting time leads summer on
To hideous winter, and confounds him there;
Sap checked with frost, and lusty leaves quite gone,
Beauty o'er-snowed and bareness every where:
Then were not summer's distillation left,
A liquid prisoner pent in walls of glass,
Beauty's effect with beauty were bereft,
Nor it, nor no remembrance what it was:
   But flowers distilled, though they with winter meet,
   Leese but their show; their substance still lives sweet.

Friday, 17 January 2014

"The Song of Songs of Solomon" (Chapter V in English)



1 Bridegroom: I have come to my garden, my sister, my bride;
I gather my myrrh and my spices,
I eat my honey and my sweetmeats,
I drink my wine and my milk.
Daughters of Jerusalem: Eat, friends; drink! Drink freely of love!

2 Bride: 2 I was sleeping, but my heart kept vigil;
I heard my lover knocking:
"Open to me, my sister, my beloved,
my dove, my perfect one!
For my head is wet with dew,
my locks with the moisture of the night."

3 I have taken off my robe,
am I then to put it on?
I have bathed my feet,
am I then to soil them?

4 My lover put his hand through the opening;
my heart trembled within me,
and I grew faint when he spoke.

5 I rose to open to my lover,
with my hands dripping myrrh:
With my fingers dripping choice myrrh
upon the fittings of the lock.

6 I opened to my lover -
but my lover had departed, gone.
I sought him but I did not find him;
I called to him but he did not answer me.

7 The watchmen came upon me
as they made their rounds of the city;
They struck me, and wounded me,
and took my mantle from me,
the guardians of the walls.

8 I adjure you, daughters of Jerusalem,
if you find my lover -
What shall you tell him?-
that I am faint with love.

9 Daughters of Jerusalem: How does your lover differ from any other,
O most beautiful among women?
How does your lover differ from any other,
that you adjure us so?

10 Bride: My lover is radiant and ruddy;
he stands out among thousands.

11 His head is pure gold;
his locks are palm fronds,
black as the raven.

12 His eyes are like doves
beside running waters,
His teeth would seem bathed in milk,
and are set like jewels.

13 His cheeks are like beds of spice
with ripening aromatic herbs.
His lips are red blossoms;
they drip choice myrrh.

14 His arms are rods of gold
adorned with chrysolites.
His body is a work of ivory
covered with sapphires.

15 His legs are columns of marble
resting on golden bases.
His stature is like the trees on Lebanon,
imposing as the cedars.

16 His mouth is sweetness itself;
he is all delight.
Such is my lover, and such my friend,
O daughters of Jerusalem.

Thursday, 16 January 2014

"Como Sombras de Nuvens que Passam" (Cantos VI and VII) by José Thiesen (in Portuguese)

Canto VI

     - Que vais fazer?

     - Vou para Itália, Eduardo.

     - Quando? Onde na Itália?

     - Um lugarejo perto de Rimini. Já está tudo acertado, casa, trabalho...

     - E ele?

     - Quem é "ele"? Foda-se "ele"!

     - Um lugarejo perto de Rimini?

     - Isso.

     - Estás fugindo. O que houve? Vocês brigaram?

     - Estamos bem e não estou fugindo, mas acabei com o romnace.

      - Eu não acredito! O que houve com o mundo? Só porque mudei-me pra New York, aquele fascista ganha as eleições no Brasil, vocês vão "dar um tempo" e te vais pra "um lugarejo perto de Rimini"? Então fica comigo aqui, no centro do mundo!

      - Luciano precisa resolver alguns problemas seus, eu quero trocar de ares, desanuviar a cabeça, só isso. E estamos bem agora, depois de ele ter dito uma crise de dúvidas e eu me ter afastado pra ele arranjar-se. Através duma agência consegui emprego pra colher azeitonas e ficarei na casa duma tal Rosa.

     Houve uma pausa e depois ele continuou: Acredite, não estou fugindo; nem estou sofrendo. Estava apaixonado e isso passou. Ou se não passou, passará. Mas não vou ficar à mercê de uma pessoa que me quer mas quer conforto familiar mais que a mim. Agora estou indo pra Itália; um mundo novo a desbravar; não sei o que há por lá, mas estou livre para descobrir.


Canto VII

     Eu e Eduardo fomos tomando na vida rumos distintos, em todos os sentidos. Enquanto ele renovava-se tendo romance novo a cada semana, bêbado com a vida novaiorquina, eu era muito, muito mais restrito e os poucos que tive, foram - ao menos de minha parte - sempre intensos, como se fossem minha última opção na vida.

     Poucos conseguiam dar-me o troco devido.

     Giorgio foi um deles.