Lembras-te ainda, Adelaide,
De nossa infância querida?
Daquele tempo ditoso,
Daquele sol tão formoso
Que dava encantos à vida?
Eu era como a florinha
Desabrochando medrosa;
Tu, alva cecém do vale,
Entreabrias em teu caule
Da aurora à luz d'ouro e rosa.
Nosso céu não tinha nuvens:
Nem uma aurora fulgia,
Nem uma ondina rolava,
Nem uma aragem passava
Que não desse uma alegria!
Tu me contavas teus sonhos.
De pureza imaculada;
Eflúvios de poesia,
Trenos de maga harmonia.
Eras sibila inspirada!
E à nossos seres repletos
Desse amor que não fenece,
(Como sorria a existência!
Quanto voto de inocência
Levava ao céu nossa prece!
Hoje que apenas cintila
Ao longe a estrela da vida,
Venho triste recordar-te
Esse passado, abraçar-te,
Minh'Adelaide querida!
Wednesday, 7 May 2025
Wednesday's Good Reading: "Recordação" by Narcisa Amália (in Portuguese)
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