Sunday, 12 January 2014

"A Villanelle" by Oscar Wilde (in English)



O singer of Persephone!
In the dim meadows desolate
Dost thou remember Sicily?

Still through the ivy flits the bee
Where Amaryllis lies in state;
O Singer of Persephone!

Simaetha calls on Hecate
And hears the wild dogs at the gate;
Dost thou remember Sicily?

Still by the light and laughing sea
Poor Polypheme bemoans his fate;
O Singer of Persephone!

And still in boyish rivalry
Young Daphnis challenges his mate;
Dost thou remember Sicily?

Slim Lacon keeps a goat for thee,
For thee the jocund shepherds wait;
O Singer of Persephone!
Dost thou remember Sicily?

Saturday, 11 January 2014

"Impression de Nuit ( London )" by Lord Alfred Douglas (in English)



See what a mass of gems the city wears
Upon her broad live bosom! row on row
Rubies and emeralds and amethysts glow.
See! that huge circle like a necklace, stares
With thousands of bold eyes to heaven, and dares
The golden stars to dim the lamps below,
And in the mirror of the mire I know
The moon has left her image unawares.

That's the great town at night: I see her breasts,
Pricked out with lamps they stand like huge black towers.
I think they move! I hear her panting breath.
And that's her head where the tiara rests.
And in her brain, through lanes as dark as death,
Men creep like thoughts...The lamps are like pale flowers

"A la Circuncisión" by St. Therese of Avila (in Spanish)



Vertiendo está sangre,
¡Dominguillo, eh!
Yo no sé por qué.

¿Por qué, te pregunto,
hacen dél justicia,
pues es inocente
y no tiene malicia?
Tuvo gran codicia,
yo no sé por qué,
de mucho amarmé,
¡Dominguillo, eh!

¿Pues luego en naciendo,
le han de atormentar?
Sí, que está muriendo
por quitar el mal.
¡Oh, qué gran Zagal
será, por mi fe!
¡Dominguillo, eh!

¿Tú no lo has mirado,
que es niño inocente?
Ya me lo han contado
Brasillo y Llorente.
Gran inconveniente
será no amarlé,
¡Dominguillo, eh!

Friday, 10 January 2014

"The Ant and the Chrysalis" by Aesop (in English)



     An Ant nimbly running about in the sunshine in search of food came across a Chrysalis that was very near its time of change. The Chrysalis moved its tail, and thus attracted the attention of the Ant, who then saw for the first time that it was alive. "Poor, pitiable animal!" cried the Ant disdainfully. "What a sad fate is yours! While I can run hither and thither, at my pleasure, and, if I wish, ascend the tallest tree, you lie imprisoned here in your shell, with power only to move a joint or two of your scaly tail." The Chrysalis heard all this, but did not try to make any reply. A few days after, when the Ant passed that way again, nothing but the shell remained. Wondering what had become of its contents, he felt himself suddenly shaded and fanned by the gorgeous wings of a beautiful Butterfly. "Behold in me," said the Butterfly, "your much-pitied friend! Boast now of your powers to run and climb as long as you can get me to listen." So saying, the Butterfly rose in the air, and, borne along and aloft on the summer breeze, was soon lost to the sight of the Ant forever.

            "Appearances are deceptive."

Thursday, 9 January 2014

Magnificat by Álvaro de Campos (Fernando Pessooa) (in Portuguese)


Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, quem tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Wednesday, 8 January 2014

"Como Sombras de Nuvens que Passam" (Canto V) by José Thiesen (in Portuguese)

Canto V

     - Pára e me ouve! Foi ótimo, foi maravilhoso. És importante pra mim, mas chega! Eu não suporto mais essa dor, a dor de não te alcançar! Teu jeito me fere, teu desleixo, tua obstinação, teu radicalismo! Ferem-me demais! A quanto tempo não conseguimos conversar? Somente nos ferimos com as palavras, com os olhares não trocados! Então te somes por todos esses dias e noites, dizendo que não podes conciliar a mim e tua vida, pra então vir chorando na chuva pedir o meu regaço, como se nada houvesse? Nada está mais ótimo e maravilhoso! Tudo caiu. Eu desmoronei. Fica com a minha toalha de festa.
     
     Fechei-lhe a porta e chorei eu.

   Tudo muito teatral, nós algumas noites antes. Estávamos numa praça escura e um chuvisqueiro miúdo antecipava a noite de hoje. Sentados num banco, silenciosos. Um pouco além, a avenida cheia de luz, ônibus passando, pessoas a correr.

   Eu havia escutado Luciano e suas razões tão certas, precisas, lógicas para terminarmos nossa relação e continuava em silêncio. As idéias, as palavras me passavam pela mente, mas a boca resignava-se á inutilidade de falar.

     Luciano, sempre incomodado com silêncios, perguntou-me em que pensava.

     - Estou lembrado as palavras de meu psicólogo. Ele me disse que quando uma relação vai mal, não a podemos terminar sem ter resolvido os erros nela cometidos, pois do contrário vamos repetir os mesmos erros na próxima.

      - Mas nossa relação não tem problemas; o problema são os outros que não nos aceitam.

      - Certo. O problema são os outros.