Ah, mergulho em teus olhos,
Lagos ensombrados de Outono onde
umas poucas garças ainda passeiam,
nuas.
Ah, passeio por teus braços,
montes nevados de Inverno onde
camponesas úberes correm pra missa,
Domingo.
Ah, passeio por teu pau ereto,
macieira florida de Primavera onde
recolho-me à sombra de ventos fortes,
tantos.
Ah, passeio por teus peitos quentes,
campos floridos de Verão onde
gazelas correm de leões famintos,
vorazes.
Tuesday, 26 November 2013
Monday, 25 November 2013
Friday, 22 November 2013
Ya se fue la ciudad by Pablo Neruda (in Spanish)
Cómo marcha el
reloj sin darse prisa
con tal seguridad
que se come los años:
los días son
pequeñas y pasajeras uvas,
los meses se
destiñen descolgados del tiempo.
Se va, se va el
minuto hacia atrás, disparado
por la más
inmutable artillería
y de pronto nos
queda sólo un año para irnos,
un mes, un día, y
llega la muerte al calendario.
Nadie pudo parar
el agua que huye,
no se detuvo con
amor ni pensamiento,
siguió, siguió
corriendo entre el sol y los sseres,
y nos mató su
estrofa pasajera.
Hasta que al fin
caemos en el tiempo, tendidos,
y nos lleva, y ya
nos fuimos, muertos,
arrastrados sin
ser, hasta no ser ni sombra,
ni polvo, ni
palabra, y allí se queda todo
y en la ciudad en
donde no viviremos más
se quedaron
vacíos los trajes y el orgullo.
Sonnet II by Will Shakespeare (in English)
When forty winters shall besiege thy brow,
And dig deep trenches in thy beauty's field,
Thy youth's proud livery so gazed on now,
Will be a totter'd weed of small worth held:
Then being asked, where all thy beauty lies,
Where all the treasure of thy lusty days;
To say, within thine own deep sunken eyes,
Were an all-eating shame, and thriftless praise.
How much more praise deserv'd thy beauty's use,
If thou couldst answer 'This fair child of mine
Shall sum my count, and make my old excuse,'
Proving his beauty by succession thine!
This were to be new
made when thou art old,
And see thy blood
warm when thou feel'st it cold.
Thursday, 21 November 2013
A Flor e a Fonte by Vicente de Carvalho (in Portuguese)
Deixa-me, fonte!
Dizia
A flor tonta de
terror
E a fonte sonora
e fria,
Cantava, levando
a flor.
Deixa-me,
deixa-me, fonte!
Dizia a flor a
chorar:
Eu fui nascida no
monte...
Não me leves para
o mar.
E a fonte rápida
e fria,
Com um sussurro
zombador,
Por sobre a areia
corria
Corria levando a
flor.
Ai, balanços do
meu galho,
Balanços do berço
meu;
Ai, claras gotas
de orvalho
Caídas do azul do
céu!...
Chorava a flor e
gemia
Branca, branca de
terror.
E a fonte, sonora
e fria
Rolava levando a
flor.
Adeus sombra das
ramadas,
Cantigas do
rouxinol;
Ai, festa das
madrugadas,
Doçuras do
por-do-sol.
Carícia das
brisas leves
Que abrem rasgões
de luar..
Fonte, fonte não
me leves,
Não me leves para
o mar!...
As correntezas da
vida
E os restos do
meu amor
Resvalam numa descida
Como o da fonte e
da flor
"As Duas Flores" by Castro Alves (in Portuguese)
São duas flores
unidas,
São duas rosas
nascidas
Talvez no mesmo
arrebol;
Vivendo no mesmo
galho
Da mesma gota de
orvalho
Do mesmo raio de
sol.
Unidas, bem como
as penas
Das duas asas
pequenas
De um passarinho
do céu...
Como um casal de
rolinhas...
Como a tribo de
andorinhas
Da tarde no
frouxo véu...
Unidas, bem como
os prantos
Que em parelhas
descem tantos
Das profundezas
do olhar...
Como o suspiro e
o desgosto,
Como as covinhas
do rosto,
Como a estrelas
do mar.
Unidas... Ai quem
pudera,
Numa eterna
primavera
Viver, qual vive
esta flor.
Juntar as rosas
da vida
Na rama verde e
florida,
Na verde rama do
amor!
Wednesday, 20 November 2013
"Mal Secreto" by Raimundo Correia (in Portuguese)
Se a cólera que
espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói
cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge,
tudo o que devora
O coração, no
rosto se estampasse;
Se se pudesse o
espírito que chora
Ver através da
máscara da face,
Quanta gente,
talvez, que inveja agora
Nos causa, então
piedade nos causasse!
Quanta gente que
ri, talvez, consigo
Guarda um atroz,
recôndito inimigo,
Como invisível
chaga cancerosa!
Quanta gente que
ri, talvez existe,
Cuja a ventura
única consiste
Em parecer aos
outros venturosa!
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