Saturday 7 June 2014

"Alma, Buscarte Has en Mí" by St. Therese of Avila (in Spanish)



Alma, buscarte has en Mí,
y a Mí buscarme has en ti.

De tal suerte pudo amor,
alma, en mí te retratar,
que ningún sabio pintor
supiera con tal primor
tal imagen estampar.

Fuiste por amor criada
hermosa, bella, y así
en mis entrañas pintada,
si te perdieres, mi amada,
Alma, buscarte has en Mí.

Que yo sé que te hallarás
en mi pecho retratada,
y tan al vivo sacada,
que si te ves te holgarás,
viéndote tan bien pintada.

Y si acaso no supieres
dónde me hallarás a Mí,
No andes de aquí para allí,
sino, si hallarme quisieres,
a Mí buscarme has en ti.

Porque tú eres mi aposento,
eres mi casa y morada,
y así llamo en cualquier tiempo,
si hallo en tu pensamiento
estar la puerta cerrada.

Fuera de ti no hay buscarme,
porque para hallarme a Mí,
bastará sólo llamarme,
que a ti iré sin tardarme
y a Mí buscarme has en ti.

Friday 6 June 2014

"The Ass and His Masters" by Aesop (in English)



     An ass, belonging to an herb-seller who gave him too little food and too much work made a petition to Jupiter to be released from his present service and provided with another master.  Jupiter, after warning him that he would repent his request, caused him to be sold to a tile-maker.  Shortly afterwards, finding that he had heavier loads to carry and harder work in the brick-field, he petitioned for another change of master.  Jupiter, telling him that it would be the last time that he could grant his request, ordained that he be sold to a tanner.  The Ass found that he had fallen into worse hands, and noting his master's occupation, said, groaning:  "It would have been better for me to have been either starved by the one, or to have been overworked by the other of my former masters, than to have been bought by my present owner, who will even after I am dead tan my hide, and make me useful to him."

              He that finds discontentment in one place
            is not likely to find happiness in another

Thursday 5 June 2014

"Noites Rubras" by José Thiesen (in Portuguese)

CARTA DE JAIRO ALENCAR AO PADRE PEDRO BOGUCKI DATADA DE 15 DE MAIO DE 1975.

Obs.: esta carta não faz parte dos processos policiais sobre as mortes de Cláudio Sertório ou de Mônica Oliveira do Nascimento, pois foi mantida oculta pelo pe. Bogucki junto de seus papéis pessoais, tendo sido encontrada somente após a sua morte.


Querido padre Bogucki, estou lhe escrevendo, não sei bem porque e nem como.

Não sei como, porque o que lhe quero contar não está claro em minha mente. É assim como a memória de outro que não eu; mas, sim, é de mim que vou falar.

            Também não sei por que, uma vez que o lhe vou contar é tão estranho que, por certo o senhor não me vai crer.

O sangue que mancha este papel não é meu, mas de Mônica, minha namorada. Ainda tenho em meus olhos o sangue que corria de seu pescoço, o pescoço antes amado e que rasguei com minhas unhas.

            Mas preciso contar isso a alguém e nos conhecemos desde sempre, não é, padre Bogucki? Foi o senhor quem me batizou e me catequizou, muito mais que a dona Amélia, lembra?

            Deixe-me agora por os pensamentos em ordem e restabelecer a seqüência dos fatos. Tudo começou naquela noite horrível de 18 de Abril.

            O senhor se lembra do Cláudio, meu amigo desde os tempos de menino. Naquela noite eu e ele voltávamos duma boate. Era uma noite de serração, quente e úmida.

            Tínhamos chegado na Câncio Gomes e, derrepente, ouvimos um som de asas batendo; grandes asas batendo.

            Paramos para tentar entender aquele som unusual e, derrepente, coisa de um segundo, mesmo, Cláudio foi puxado pra cima, sumindo no nevoeiro.

            Ouvi o seu grito por um breve momento, mas quase imediatamente, o sangue dele começou a cair sobre mim num chuvisqueiro medonho.

            Não podia entender que fosse sangue assim, imediatamente. Só muito tempo depois realizei que era o sangue de Cláudio que caía na calçada e sobre mim. Então Cláudio caiu ao solo, perto de mim, com a cabeça... O senhor viu as fotos, não viu, quando a polícia o entrevistou?

            Eu estava apavorado, queria gritar mas não conseguia; estava em choque!

            Então eu também fui pego e erguido no ar e lembro-me apenas de ver, brilhando de dentro da névoa, uns olhos vermelhos, cheios de ódio. Eram olhos ferozes e a coisa que me tinha nos braços emanava um hálito de coisa podre.

            Eu comecei a chorar e ouvi aquilo que me sustentava no ar dizer qualquer coisa numa língua gutural que não entendi, na altura.

            Foi então que tudo ficou negro.

            Precisei de muito tempo para saber que estava morto.

            Acordei sete dias depois, na Gruta dos Bugres. O sol me incomodava demais e eu tentava desviar dele.

            Sentia uma sede terrível, uma fraqueza terrível e acabei por beber o sangue dum cachorro que encontrei vagando por ali. Serviu para saciar-me e voltei à gruta onde dormi até a noite.

            Me parecia que sonhava que estava voando, mas o fato é que acordei na porta de casa. Queria entrar, mas não pude e então apertei a campainha.

            Meu pai abriu a porta.

            Oh, que quer que lhe diga? Que houveram lágrimas? Claro que houveram, mas enquanto eu estava abraçado a meu pai, não podia desviar os olhos de sua jugular pulsando em seu pescoço, tão próxima a mim, e eu sedento!

            Por isso eu não podia entrar naquela casa; ela não era mais minha.

            Para mim, o meu pai, como todos vocês, agora, era apenas comida.

            Apesar disso estar claro para mim, faltava-me coragem para romper os laços. Ou melhor: faltava-me coragem para ver os laços já rompidos.

            Logo os policiais que vigiavam a casa de meus pais entraram para marcar o fato de que eu era a mais importante peça para investigar a morte de Cláudio.

            Mas a sujeira que me vestia, minha palidez e o mau cheiro que meu corpo exalava denunciavam que eu não tinha muitas condições de responder a qualquer questionário e afinal consentiram que eu ficasse na casa por dois dias e deixaram alguém do lado de fora, em vigia.

            Puseram-me na cama, deram-me a comer de qualquer coisa que já não lembro e fui pra cama, pra um sono sem sonhos.

            Acordei no meio da tarde com meus pais abrindo a porta para conferir se estava bem. Pude ver a reação deles ao mau cheiro que eu exalava no quarto fechado.

            - O dia está lindo, meu bem, não queres levantar-te?

            - Acho que não...

            - Estás doente?

            - Não. Só um pouco faminto.

            - Queres que te faça um sanduiche?

            - Não! Eu só preciso dormir um pouco mais.

            Deixaram-me e voltei a dormir até a noite chegar.

            Abri a janela para receber o frescor bom da noite e vi o policial de vigia em frente de casa.

            Mudei meu corpo para uma névoa leve e voei de minha janela até o quarto de Mônica.

            Não sei pra onde vou agora, padre Bogucki. Tenho 17 anos e o mundo é grande. Precisava de alguém que me dissesse o que fazer, mas já não tenho isso. Não ouso chegar perto de si ou de qualquer outro, por causa de minha fome e porque, de momento a momento sinto um ódio por vocês, tremendo, a crescer e crescer em mim.

            Como disse antes, não me parece que sou eu, mas outro agindo em mim e não entendo isso.

            Por favor, console os que feri e reze por mim.

Wednesday 4 June 2014

"Na Penumbra" by Raimundo Correia (in Portuguese)



Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,
Lembras-te?... apenas reluzia a medo,
Na escuridão crepuscular da alcova
O diamante que ardia-te no dedo...

Nesse ambiente tépido, enervante,
Os meus desejos quentes, irritados,
Circulavam-te a carne palpitante,
Como um bando de lobos esfaimados...

Como que estava sobre nós suspensa
A pomba da volúpia; a treva densa
Do teu olhar tinha tamanho brilho!

E os teus seios que as roupas comprimiam,
Tanto sob elas, túmidos, batiam,
Que estalavam-te o flácido espartilho!

Tuesday 3 June 2014

"Reinvenção" by Cecília Meireles (in Portuguese)



A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Monday 2 June 2014

The Tunnel Scheme by Unknown Writer (in English)

art by Frank Giacoia. Four Colors #1169 - Dell, March 1961. 
 

















"The Riders of Babylon" by Robert E. Howard (in English)



The riders of Babylon clatter forth
Like the hawk-winged scourgers of Azrael
To the meadow-lands of the South and North
And the strong-walled cities of Israel.
They harry the men of the caravans,
They bring rare plunder across the sands
To deck the throne of the great god Baal.
But Babylon's king is a broken shell
And Babylon's queen is a sprite from Hell;
And men shall say, "Here Babylon fell,"
Ere Time has forgot the tale.
The riders of Babylon come and go
From Gaza's halls to the shores of Tyre;
They shake the world from the lands of snow
To the deserts, red in the sunset's fire;
Their horses swim in a sea of gore
And the tribes of the earth bow down before;
They have chained the seas where the Cretans sail.
But Babylon's sun shall set in blood;
Her towers shall sink in a crimson flood;
And men shall say, "Here Babylon stood,"
Ere Time forgot the tale.