Saturday, 26 July 2014

“Coloquio Amoroso” by St. Therese of Avila (in Spanish)



Santa Teresa de Ávila
Si el amor que me tenéis,
Dios mío, es como el que os tengo,
Decidme: ¿en qué me detengo?
O Vos, ¿en qué os detenéis?

-Alma, ¿qué quieres de mí?
-Dios mío, no más que verte.
-Y ¿qué temes más de ti?
-Lo que más temo es perderte.

Un alma en Dios escondida
¿qué tiene que desear,
sino amar y más amar,
y en amor toda escondida
tornarte de nuevo a amar?

Un amor que ocupe os pido,
Dios mío, mi alma os tenga,
para hacer un dulce nido
adonde más la convenga.

Friday, 25 July 2014

“The Ass and his Purchaser” by Aesop (in English)




  A man who wanted to buy an Ass went to market, and, coming across a likely-looking beast, arranged with the owner that he should be allowed to take him home on trial to see what he was like. When he reached home, he put him into his stable along with the other asses. The newcomer took a look round, and immediately went and chose a place next to the laziest and greediest beast in the stable. When the master saw this he put a halter on him at once, and led him off and handed him over to his owner again. The latter was a good deal surprised to seem him back so soon, and said, "Why, do you mean to say you have tested him already?" "I don't want to put him through any more tests," replied the other. "I could see what sort of beast he is from the companion he chose for himself."


            "A man is known by the company he keeps."

Thursday, 24 July 2014

“Saudade” by Raimundo Correa (in Portuguese)



Aqui outrora retumbaram hinos;
Muito côche real nestas calçadas
E nestas praças, hoje abandonadas,
Rodou por entre os européis mais finos...

Arcos de flores, fachos purpurinos,
Trons festivais, badeiras desfraldadas,
Girândolas, clarins, atropeladas
Legiões de povo, bimbalar de sinos...

Tudo passou! Mas dessas arcarias
Negras, e desses torreões medonhos,
Alguém se assenta sobre as lájeas frias;

E, em torno os olhos úmidos, tristonhos,
Espraia e chora, como Jeremias,
Sobra a Jerusalém de tantos sonhos!...

Wednesday, 23 July 2014

“Discurso” by Cecília Meireles (in Portuguese)



E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as
serpentes andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Tuesday, 22 July 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter I) by José Thiesen (in Portuguese)



Lembro-me como se fosse ainda ontem daquela tarde em que o tio Pavel Pleffel entrou em minha vida.
Foi assim:


I
Numa certa manhã de outubro, quando eu tinha só nove anos de idade, estava indo jogar bola na pracinha onde minha turma esperava-me. Eu passava longos períodos na rua pois minha mãe criava-me só e também ela passava longos períodos na rua. Estas ausências dela magoavam-me e me sentia muito só e mal-amado, de maneira que mesmo quando estava com ela, constinuava só.
Pois foi nessa manhã, à caminho da pracinha quando um golpe de vento muito forte me atingiu pelas costas e uma voz séria, grave, falou assim:
- Cuidado com a cabeça!
Quando me virei, assustado, pra ver o que acontecia, caí sentado no chão, porque havia um homem em pé, deslizando dentro do vento, quase em cima de mim.
Era um homem grande, vestindo um sobretudo e chapéu marrons, com um guarda-chuva pendurado no braço.
Eu ainda estava no chão, com a maior cara de parvo, quando o homem misterioso pousou no chão e, sem me dar atenção alguma, avançou para o laguinho que havia justo na entrada da praceta.
Eu não sabia o que pensar! Imagines tu veres um homem a deslizar no espaço – ele não parecia voar, como um super-herói faz. Era mesmo um deslizar.
Quando realizei que ele estava se afastando de mim, corri atrás dele, chamando, gritando por ele, mas fui ignorado.
Ele só parou em frente do laguinho, uma coisinha redonda, com uma muretinha de cimento de uns 40 centímetros de altura, não mais, e disse:
- Primo Otávio, já cheguei!
Então a cabeça de um grande peixe prateado apareceu:
- Muito bem vindo, primo Pavel! Já está tudo pronto para ti!
Pavel! O homem chama-se Pavel!
Então, Pavel ergueu-se no ar, passou sobre a mureta do laguinho e penetrando em suas águas, nelas desapareceu!
Corri ao laguinho e mergulhei minhas mãos nas águas. Meus dedos roçaram o fundo de cimento, querendo encontrar o homem, mas não havia o menor sinal dele ou do peixe. Era como se nunca houvessem existido.

Sunday, 20 July 2014

“The Gates of Nineveh” by Robert E. Howard (in English)

These are the gates of Nineveh: here
Sargon came when his wars were won
Gazed at the turrets looming clear
Boldly etched in the morning sun

Down from his chariot Sargon came
Tossed his helmet upon the sand
Dropped his sword with its blade like flame
Stroked his beard with his empty hand

"Towers are flaunting their banners red
The people greet me with song and mirth
But a weird is on me," Sargon said
"And I see the end of the tribes of earth"

"Cities crumble, and chariots rust
I see through a fog that is strange and gray
All kingly things fade back to the dust
Even the gates of Nineveh"