Thursday 21 August 2014

“Cruz, Descanso Sabroso” by Saint Therese of Avila (in Spanish)



Santa Teresa de Ávila
Cruz, descanso sabroso de mi vida
vos seáis la bienvenida.
Oh bandera, en cuyo amparo
el más flaco será fuerte,
oh vida de nuestra muerte,
qué bien la has resucitado;
al león has amansado,
Pues por ti perdió la vida:
vos seáis la bienvenida.

Quien no os ama está cautivo
y ajeno de libertad;
quien a vos quiere allegar
no tendrá en nada desvío.
Oh dichoso poderío,
donde el mal no halla cabida,
vos seáis la bienvenida.

Vos fuisteis la libertad
de nuestro gran cautiverio;
por vos se reparó mi mal
con tan costoso remedio;
para con Dios fuiste medio
de alegría conseguida:
vos seáis la bienvenida.

Wednesday 20 August 2014

“The Ass and His Shadow” by Aesop (in English)




A traveler hired an Ass to convey him to a distant place.  The day being intensely hot, and the sun shining in its strength, the Traveler stopped to rest, and sought shelter from the heat under the Shadow of the Ass.  As this afforded only protection for one, and as the Traveler and the owner of the Ass both claimed it, a violent dispute arose between them as to which of them had the right to the Shadow.  The owner maintained that he had let the Ass only, and not his Shadow.  The Traveler asserted that he had, with the hire of the Ass, hired his Shadow also.  The quarrel proceeded from words to blows, and while the men fought, the Ass galloped off. 

            In quarreling about the shadow we often lose the substance. 

Tuesday 19 August 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter V) by José Thiesen (in Portuguese)



            - Podemos saber o que o sr. está fazendo aí dentro, meu tio?
            - Eu tentava pegar minha nova invenção, mas ela escapuliu e eu fiquei aqui, preso! Vamos, Pavel! Ajude-me a sair desse tubo!
            O sr. Pavel deu um suspiro e esgueu-se no ar. Ofereceu o cabo do guarda-chuva ao seu tio, que o segurou bem firme e então Pavel subiu ainda mais, até ter o homemzinho gozado totalmente fora do grande tubo de vidro e depois foi descendo, suavemente, até seu tio estar bem firme no chão – que não existia, aparentemente.
            - Obrigado, sobrinho! E esse menininho, quem é? Teu novo amigo, Pavel?
            - Sim, tio Clóvis.
            - E qual o teu nome, garoto?
            - Sérgio Duarte. O senhor é mesmo cientista?
            - Mas claro que sim!
            - O senhor inventa coisas?
            - Muitas!
            - O que o senhor inventa?
            - Nadas.
            - O senhor inventa nada?
           - Não, meu putinho: nadas. Eu invento “nadas”. Os mais perfeitos e maravilhosos que já vistes! Nadas em todas as cores e padrões, nadas para todas as ocasiões.
            - Mas o que é um “nada”?
            - Técnicamente, um “nada” é algo que não existe. Entretanto, como tudo o que existe existe para algo, por alguma razão, eu chamo o que invento de “nadas” porque eles são inúteis, não servem para nada.
            - Mas para que inventar algo que não serve pra nada?
            - Porque as melhores coisas da vida são inúteis!
            - Eu acho isso... um pouco complicado de entender...
            - Mas tens tempo para aprender, disse o sr. Pavel. Basta não esquecer a idéia e ir vivendo.
            - Queres ver os meus nadas, disse o tio Clóvis inclinando-se para mim. Mas sem esperar resposta, ergueu os braços e disse: - Crianças, venham até aqui! Temos visitas!
            E então pipocaram de todos os lados, as coisas mais esquisitas que jamais vi! Os “nadas” do tio Clóvis cercaram-nos aos pulos, cantando e apertando-nos as mãos.
            Notei que eles tratavam o Pavel com muita deferência.
            - Pavel! exclamou o tio Clóvis – teu sorriso!
            Percebi que todos pararam, subitamente, observando o Pavel com extrema atenção, como se a coisa mais extraordinária do mundo estivesse acontecendo.
            Carlos, o gato, estava ao meu lado e quebrou o silêncio, repetindo como um eco: teu sorriso!
            De fato, olhei para o Pavel e vi que ele observava a si próprio a esboçar um sorriso nos lábios!
- Olhem minhas mãos! disse o gato e vi que elas tornavam-se humanas e mesmo a sua face apresentava traços de humanidade.
Por alguma razão, o sorriso que se esboçava nos lábios de Pavel, sumiu e sua face retomou a seriedade severa de costume.
           

           

Monday 18 August 2014

The Spirit by Will Eisner (in English)

from Police Comics #19 in 1943 reprint of newspaper Comic Book Section 12.12.1940. 
collor by Joe Kubert, lettering Sam Rosen.







Saturday 16 August 2014

“Último Porto” by Raimundo Correia (in Portuguese)



Este o país ideal que em sonhos douro;
Aqui o estro das aves me arrebata,
E em flores, cachos e festões, desata
A Natureza o virginal tesouro;

Aqui, perpétuo dia ardente e louro
Fulgura; e, na torrente e na cascata,
A água alardeia toda a sua prata,
E os laranjais e o sol todo o seu ouro...

Aqui, de rosas e de luz tecida,
Leve mortalha envolva estes destroços
Do extinto amor, que inda me pesam tanto;

E a terra, a mãe comum, no fim da vida,
Para a nudeza me cobrir dos ossos,
Rasgue alguns palmos do seu verde manto.

Friday 15 August 2014

“Canção” by Cecília Meireles (in Portuguese)

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Thursday 14 August 2014

“Visions” by Robert E. Howard (in English)



I cannot believe in a paradise
Glorious, undefiled,
For gates all scrolled and streets of gold
Are tales for a dreaming child.

I am too lost for shame
That it moves me unto mirth,
But I can vision a Hell of flame
For I have lived on earth.