Thursday, 27 November 2014

“Lua Adversa” by Cecília Meireles (in Portuguese)



Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Wednesday, 26 November 2014

"Ballad of Reading Gaol" - Version I, Part V by Oscar Wilde (in English)

V.

I know not whether Laws be right,
Or whether Laws be wrong;
All that we know who lie in goal
Is that the wall is strong;
And that each day is like a year,
A year whose days are long.

But this I know, that every Law
That men have made for Man,
Since first Man took his brother's life,
And the sad world began,
But straws the wheat and saves the chaff
With a most evil fan.

This too I know-and wise it were
If each could know the same-
That every prison that men build
Is built with bricks of shame,
And bound with bars lest Christ should see
How men their brothers maim.

With bars they blur the gracious moon,
And blind the goodly sun:
And they do well to hide their Hell,
For in it things are done
That Son of God nor son of Man
Ever should look upon!

The vilest deeds like poison weeds
Bloom well in prison-air:
It is only what is good in Man
That wastes and withers there:
Pale Anguish keeps the heavy gate,
And the Warder is Despair

For they starve the little frightened child
Till it weeps both night and day:
And they scourge the weak, and flog the fool,
And gibe the old and grey,
And some grow mad, and all grow bad,
And none a word may say.

Each narrow cell in which we dwell
Is foul and dark latrine,
And the fetid breath of living Death
Chokes up each grated screen,
And all, but Lust, is turned to dust
In Humanity's machine.

The brackish water that we drink
Creeps with a loathsome slime,
And the bitter bread they weigh in scales
Is full of chalk and lime,
And Sleep will not lie down, but walks
Wild-eyed and cries to Time.

But though lean Hunger and green Thirst
Like asp with adder fight,
We have little care of prison fare,
For what chills and kills outright
Is that every stone one lifts by day
Becomes one's heart by night.

With midnight always in one's heart,
And twilight in one's cell,
We turn the crank, or tear the rope,
Each in his separate Hell,
And the silence is more awful far
Than the sound of a brazen bell.

And never a human voice comes near
To speak a gentle word:
And the eye that watches through the door
Is pitiless and hard:
And by all forgot, we rot and rot,
With soul and body marred.

And thus we rust Life's iron chain
Degraded and alone:
And some men curse, and some men weep,
And some men make no moan:
But God's eternal Laws are kind
And break the heart of stone.

And every human heart that breaks,
In prison-cell or yard,
Is as that broken box that gave
Its treasure to the Lord,
And filled the unclean leper's house
With the scent of costliest nard.

Ah! happy day they whose hearts can break
And peace of pardon win!
How else may man make straight his plan
And cleanse his soul from Sin?
How else but through a broken heart
May Lord Christ enter in?

And he of the swollen purple throat.
And the stark and staring eyes,
Waits for the holy hands that took
The Thief to Paradise;
And a broken and a contrite heart
The Lord will not despise.

The man in red who reads the Law
Gave him three weeks of life,
Three little weeks in which to heal
His soul of his soul's strife,
And cleanse from every blot of blood
The hand that held the knife.

And with tears of blood he cleansed the hand,
The hand that held the steel:
For only blood can wipe out blood,
And only tears can heal:
And the crimson stain that was of Cain
Became Christ's snow-white seal.

Tuesday, 25 November 2014

“12 Angry Men” by Reginald Rose (in English)


Juror #2: It's hard to put into words. I just think he's guilty. I thought it was obvious from the word, 'Go'. Nobody proved otherwise.
Juror #8: Nobody has to prove otherwise. The burden of proof is on the prosecution. The defendant doesn't even have to open his mouth. That's in the Constitution.

Saturday, 22 November 2014

“Rejected” by Lord Alfred Douglas (in English)

Alas ! I have lost my God,
My beautiful God Apollo.
Wherever his footsteps trod
My feet were wont to follow.

But Oh ! it fell out one day
My soul was so heavy with weeping,
That I laid me down by the way ;
And he left me while I was sleeping.

And my soul awoke in the night,
And I bowed my ear for his fluting,
And I heard but the breath of the flight
Of wings and the night-birds hooting.

And night drank all her cup,
And I went to the shrine in the hollow,
And the voice of my cry went up :
' Apollo ! Apollo ! Apollo ! '

But he never came to the gate,
And the sun was hid in a mist,
And there came one walking late,
And I knew it was Christ,

He took my soul and bound it
With cords of iron wire,
Seven times round He wound it
With the cords of my desire.

The cords of my desire,
While my desire slept, ,
Were seven bands of wire
To bind my soul that wept.

And He hid my soul at last
In a place of stones and (ears,
Where the hours like days went past
And the days went by like years.

And after many days
That which had slept awoke,
And desire burnt in a blaze,
And my soul went up in the smoke.

And we crept away from the place
And would not look behind,
And the angel that hides his face
Was crouched on the neck of the wind.

And I went to the shrine in the hollow
Where the lutes and the flutes were playing,
And cried : ' I am come, Apollo,
Back to thy shrine, from my straying.'

But he would have none of my soul
That was stained with blood and with tears,
That had lain in the earth like a mole,
In the place of great stones and fears.

And now I am lost in the mist
Of the things that can never be,
For I will have none of Christ
And Apollo will none of me.

"Mense Maio" by Pope St. Paul VI (in Portuguese)




Carta Encíclica «Mense Maio» do Sumo Pontífice Paulo VI aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e a Todos os Ordinários do Lugar em Paz e Comunhão com a Sé Apostólica e a Todos os Homens De Boa Vontade



Por Ocasião do Mês de Maio

Veneráveis Irmãos
            Ao aproximar-se o mês de Maio, consagrado a Maria Santíssima pela piedade dos fiéis, o nosso espírito exulta ao pensar no espetáculo comovente de fé e de amor que, dentro em breve, será oferecido em todas as partes da terra em honra da Rainha do céu. Na verdade, é um mês em que, nos templos e entre as paredes domésticas, sobe dos corações dos cristãos até Maria a homenagem mais ardente e afetuosa da prece e da veneração. E é também o mês em que mais copiosos e mais abundantes descem até nós, do seu trono, os dons da misericórdia divina.

Maria, caminho que leva a Cristo

Muito nos-agrada e consola este piedoso exercício, tão honroso para a Virgem e tão rico de frutos espirituais para o povo cristão. Maria é sempre caminho que leva a Cristo. Nenhum encontro com ela pode deixar de ser encontro com o próprio Cristo. E que outra coisa significa o recurso contínuo, a Maria, senão procurar, entre os seus braços, nela, por ela e com ela, Cristo nosso Salvador, a quem os homens, no meio dos desvarios e dos perigos da terra, têm o dever e sentem constante necessidade de dirigir-se, como a porto de salvação e fonte transcendente de vida?

Apelo ao povo cristão

Exatamente porque o mês de Maio nos leva assim a orarmos com maior intensidade e confiança, e porque durante ele as nossas súplicas encontram mais fácil acesso até ao coração misericordioso da Virgem Maria, aprouve aos nossos predecessores escolher este mês consagrado a Maria para incitarem o povo cristão a orações públicas, todas as vezes que o requeriam as necessidades da Igreja ou algum perigo ameaçador que pairasse sobre o mundo. Também nós, Veneráveis Irmãos, sentimos este ano a necessidade de dirigir convite semelhante a todo o mundo católico. Se consideramos as necessidades presentes da Igreja e as condições em que se encontra a paz no mundo, temos sérios motivos de crer que a hora atual tem especial gravidade, e mais que nunca urge dirigir a todo o povo cristão um apelo para que se forme um coro de orações.

Primeiro motivo deste apelo: êxito do Concílio Ecumênico

O primeiro motivo deste apelo é-nos sugerido pelo momento histórico que a Igreja está atravessando, neste período do Concílio Ecumênico. Excepcional acontecimento, que põe à Igreja o enorme problema da sua conveniente atualização, e de cuja solução adequada dependerão, durante longo período, o futuro da Esposa de Cristo e a sorte de muitas almas. É a grande hora de Deus na vida da Igreja e na história do mundo. Se bem que boa parte do trabalho tenha sido já levado a bom termo, pesadas tarefas nos esperam ainda durante a próxima Sessão, que será a última. Virá depois a fase, não menos importante, da aplicação prática das decisões conciliares, a qual exigirá do mesmo modo os esforços conjugados do Clero e dos fiéis, para que as sementes lançadas durante o Concílio consigam deveras chegar a produzir benéficos frutos. A confiança de que se hão de obter as luzes e as bênçãos divinas sobre a gigantesca mole de trabalho que nos espera, colocamo-la nós naquela que, na Sessão passada, tivemos a alegria de proclamar Mãe da Igreja. Ela, que nos prodigalizou a sua amorosa assistência desde o princípio do Concílio, certamente não deixará de continuar a ajudar-nos até à fase conclusiva dos trabalhos.

Segundo motivo do apelo: a paz do mundo

O segundo motivo do nosso apelo é-nos sugerido pela situação internacional. Como sabeis, Veneráveis Irmãos, ela é sumamente obscura e incerta, sentindo-se novas ameaças que põem em perigo o bem supremo da paz do mundo. Como se nada tivessem ensinado as experiências trágicas dos dois conflitos que ensangüentaram a primeira metade do nosso século, assistimos hoje à temível exacerbação de antagonismos entre os povos em algumas partes do globo, e vemos a repetição do perigoso fenômeno do recurso à força das armas, e não às negociações, para se resolverem as questões que opõem entre si as partes contendentes. Isto faz que os habitantes de Nações inteiras estejam sujeitos a sofrimentos indizíveis causados por agitações, guerrilhas e ações bélicas, que se vão sempre estendendo e intensificando, e poderão constituir, de um momento para o outro, a centelha de novo conflito pavoroso.

Pedido aos responsáveis pela vida pública: salvaguardar a paz ameaçada

Perante estes graves perigos da vida internacional, Nós, conscientes de nossos deveres de Pastor supremo, julgamos necessário manifestar as nossas preocupações e, ao mesmo tempo, o temor de que os dissídios se venham a tornar tão agudos que degenerem num conflito sangrento. Pedimos, portanto, instantemente, aos responsáveis pela vida pública, que não se mantenham surdos à aspiração unânime da humanidade, que deseja a paz. Façam tudo quanto está em sua mão para salvar a paz ameaçada. Continuem a promover e favorecer colóquios e negociações, a todos os níveis e em todas as ocasiões, no intento de sustarem o recurso perigoso à força, com todas as suas tristíssimas conseqüências materiais, espirituais e morais. Procure-se reconhecer, dentro dos caminhos traçados pelo direito, toda e qualquer aspiração verdadeira e sincera de justiça e de paz, para lhe dar expressão e satisfação, e haja confiança em todos os atos leais de boa vontade, de maneira que prevaleça a causa positiva da ordem sobre a causa da desordem e da ruína.
            Infelizmente, nesta situação dolorosa, somos obrigados a reconhecer, com grande amargura, que se esquece muitas vezes o respeito devido ao caráter sagrado da vida humana, e se recorre a sistemas e atitudes que estão em clara oposição com o senso moral e os costumes de povos civilizados. E, a este propósito, não podemos deixar de elevar a nossa voz em defesa da dignidade humana e da civilização cristã, para deplorar os atos de guerrilha e de terrorismo, a tomada de reféns e as represálias contra populações indefesas. Delitos estes que, ao mesmo tempo que fazem retroceder o sentido do que é justo e é humano, exasperam cada vez mais os ânimos dos contendores e podem fechar os caminhos até agora abertos à negociações. Estas, quando francas e leais, deveriam levar a um acordo razoável.
            As nossas preocupações, como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, são inspiradas não por interesses pessoais, mas unicamente pelo desejo de proteger todos os que sofrem e de promover o bem de todos os povos. E fazemos votos por que a consciência das próprias responsabilidades, diante de Deus e diante da história, tenha força suficiente para levar os Governos a prosseguirem nos seus esforços generosos para salvaguardar a paz, e para afastar quanto possível os obstáculos reais ou psicológicos, que se opõem a um entendimento seguro e sincero.

Conseguir a paz pela oração

Mas a paz, Veneráveis Irmãos, não é pura conseqüência de esforços humanos, é também e sobretudo, dom de Deus. A paz desce do céu; e reinará de verdade entre os homens, quando chegarmos a merecer que ela nos seja concedida pelo Deus onipotente, que tem nas suas mãos tanto a felicidade e a sorte dos povos como os corações dos homens. Por isso nós, com a oração, continuaremos a procurar conseguir este bem insuperável; com a oração constante e vigilante, como sempre fez a Igreja desde os primeiros tempos; com a oração que recorrerá, de modo particular, à intercessão e proteção da Virgem Maria, Rainha da paz.

Acolha, Maria, os pedidos de paz

É para Maria, Veneráveis Irmãos, que se levantam neste mês mariano as nossas súplicas, implorando com maior fervor e confiança as suas graças e os seus favores. E se as graves culpas dos homens pesam na balança da justiça de Deus e provocam os seus justos castigos, sabemos por outro lado que o Senhor é "o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação" (2 Cor 1, 3), e que Maria Santíssima foi constituída administradora e dispensadora generosa dos tesouros da sua misericórdia. Ela, que experimentou as penas e as tribulações da terra, o cansaço do trabalho de cada dia, os incômodos e os apertos da pobreza, as dores do Calvário, venha em socorro das necessidades da Igreja e do mundo; acolha benigna os pedidos de paz que a ela sobem de todos os pontos da terra; ilumine os que dirigem a sorte dos povos; consiga que Deus, dominador de ventos e tempestades, acalme também as tempestades dos corações humanos em guerra e "nos dê a paz nos nossos dias", a paz verdadeira, que se funda nas bases sólidas e duradouras da justiça e do amor; justiça igual, tanto para o fraco como para o forte; amor que afaste os tresvarios do egoísmo, de maneira que a salvaguarda dos direitos de cada um não degenere em esquecimento ou negação do direito alheio.

Promover especiais preces Reza do Santo Rosário

E vós, Veneráveis Irmãos, do modo que julgardes mais oportuno, tornai conhecidos aos vossos féis estes nossos votos e a nossa exortação; e tomai as necessárias providências para que, em todas as dioceses e em todas as paróquias, se promovam, durante o próximo mês de Maria, especiais preces, e para que, em particular, a festividade consagrada a Maria Rainha seja dedicada a uma solene súplica em comum pelas intenções acima indicadas. Atribuímos especial valor às orações dos inocentes e dos que sofrem, porque são estas as vozes que penetram, melhor que todas as outras, no céu e desarmam a justiça divina. E, aproveitando a ocasião favorável, não deixeis de inculcar, com a maior insistência, a reza do Santo Rosário, oração tão agradável à Virgem Maria e tão recomendada pelos Sumos Pontífices. Por meio dela, podem os fiéis cumprir, da maneira mais suave e eficaz, a ordem do Divino Mestre: "Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto" (Mt 7,7).
            Com estes sentimentos, esperando que a nossa exortação encontrará prontidão e docilidade nos ânimos de todos, a vós, Veneráveis Irmãos, e a todos os vossos féis, concedemos com todo o afeto a bênção apostólica.

Roma, junto de São Pedro, 29 de abril de 1965, II ano do nosso pontificado


PAULUS PP. VI

Sonnet XVII by William Shakespeare (in English)



Who will believe my verse in time to come,
If it were filled with your most high deserts?
Though yet heaven knows it is but as a tomb
Which hides your life, and shows not half your parts.
If I could write the beauty of your eyes,
And in fresh numbers number all your graces,
The age to come would say 'This poet lies;
Such heavenly touches ne'er touched earthly faces.'
So should my papers, yellowed with their age,
Be scorned, like old men of less truth than tongue,
And your true rights be termed a poet's rage
And stretched metre of an antique song:
   But were some child of yours alive that time,
   You should live twice, in it, and in my rhyme.