Tuesday, 7 April 2015

"Evangelho Segundo Jadar",Chapters II and III by José Thiesen (in Portuguese)

II
    Entrando numa sinagoga em sua cidade, Nazaré, num sábado, Jesus ergueu-se para ler e lhe deram o livro do profeta Isaias  que diz:

                “O Espírito do Senhor Javé está sobre mim,
                "Porque Javé me ungiu;
                "Ensinou-me a anunciar a boa-nova aos pobres,
                "A curar os quebrantados de coração
                "E proclamar a liberdade aos cativos;
                "A libertação aos que estão presos,
                "A proclamar um ano aceitável a Javé.”

    Jesus terminou de ler, enrolou o livro e o entregou ao servente.
    Todos tinham o olhar nele.
    Então Jesus disse: “Hoje, estas palavras se realizam.”
    Um clamor levantou-se da multidão contra ele e o tiraram da sinagoga com o intuito de o apedrejarem.
    Fora da sinagoga, havia um endemoniado que, ao ver Jesus, gritou-lhe a babujar: “Que queres aqui? Eu sei que és o Santo de Deus, aquele em quem Deus se compraz, mas não te fiz mal algum! Deixa-me em paz!”
    Respondeu-lhe Jesus: “Cala-te e deixa este homem!” e o demônio obedeceu-lhe.
    Vendo isso, a multidão assustou-se e deixou Jesus. Uns poucos aceitaram Jesus e ficaram com ele.
   Jesus, então, começou a pregar: “Vêde e alegrai-vos: o Reino de Deus já está entre vós!”

III
    Dias depois, Jesus deixou Nazaré e tendo chegado a Naim, pregava o Reino de Deus dizendo: “Como é o Reino de Deus? É como a sementinha de mostarda, a menor das sementes que cai na terra e sem que ninguém saiba como, sem que ninguém perceba, gera uma árvore enorme, onde as aves do céu encontram abrigo e alimento.
    “É como o tesouro enterrado que um homem pobre encontra. Ele vai e vende os seus bens todos para comprar aquela terra e ficar dono do tesouro.
    “É como a moeda valiosa que u’a mulher perde e, sem sossego, revira a casa toda até recuperar a moeda e, tendo-a na mão, corre à porta e grita a todos sua alegria por encontrar a valiosa que estava perdida!
    “Heis que a porta do Reino já está aberta, mas é estreita e dificil. Por isso se diz: o Reino de Deus pertence aos violentos: tomai, pois a decidida decisão de possuir este Reino.
    “Lutai por ele, fazei dele o vosso tesouro!”
    Perguntaram-lhe uns homens: “Rabi, que na língua dos judeus quer dizer ”mestre”, que devemos fazer para possuir o Reino?
    Respondeu-lhes ele: “Bem-aventurados os pobres de espírito,
                “Pois deles é o Reino de Deus; 
                “Bem-aventurados os aflitos,
                “Porque serão consolados;
                “Bem-aventurados os que promovem a justiça,              
                “Porque serão exaltados;
                “Bem-aventurados os misericordiosos,
                “Porque alcançarão misericórida;
                “Bem-aventurados os puros de coração,
                “Porque verão a Deus;
                “Bem-aventurados os que promovem a paz,
                “Porque serão chamados “filhos do Altíssimo”;
                “Bem-aventurados os que sofrem pelo Reino,
                “Porque o Reino é deles!
    “Em verdade vos digo, o Reino é de Deus, não deste mundo e nem pertence a seu Príncipe, o Demônio; assim, não podeis servir a dois senhores; ou odiais a um e servis o outro, ou odiais a outro e servis a um.
                “Assim, ai de vós que procurais as riquezas,
                “Pois não há lugar para vós no Reino;
                Ai de vós, acomodados em vosso pecado,
                “Porque já tendes vossa consolação;
                “Ai de vós, déspotas,
                “Porque caireis no abismo;
                “Ai de vós, os brutos,
                “Porque sereis brutalizados;
                “Ai de vós, lascivos,
                “Porque sereis afastados de Deus;
                “Ai de vós, semeadores de ódio,
                “Porque o Diabo vos roerá os ossos,
                “Ai de vós que desfrutais dos gozos desse mundo,
                “Porque nada tereis!”

    Uns escribas que estavam ali, lhe perguntaram: “Com que autoridade pregais tais coisas?”
    Mas Jesus desviou seus olhos para um cortejo fúnebre que se aproximava. Era o enterro do filho único duma viúva.
    Jesus tomou-se de compaixão pela sorte infausta daquela mulher e disse aos escribas: “Minha autoridade vem daquele que me enviou, aquele que vos amou primeiro.”
    Dirigindo-se á mulher, abraçou-a e disse: “Sossegue seu coração e que nada se faça se não for para a glória daquele que me enviou!”
    Livrando o cadáver do jovem dos panos que o cobriam, conforme o costume dos judeus, lhe disse: “Atende a tua mãe” e o jovem se levantou e mãe e filho se rencontraram.
    Uma grande comoção atingiu os presentes e todos diziam que um grande profeta habitava entre eles.
    Fugindo do alarido, Jesus retirou-se com os seus e depois lhes disse: "Ouvistes como chamaram a mim de "profeta"? De fato o sou, e acaso conheceis um que não tenha sido morto?"
    Porém os seus não o entenderam.

Saturday, 4 April 2015

Easter 2015


"Improperia" by Unknow Writer (in Latin and translated into Portuguese)

Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi. Quia eduxi te de terra Aegypti: parasti Crucem Salvatori tuo.

Agios o Theos.
Sanctus Deus.
Agios ischyros.
Sanctus fortis.
Agios athanatos eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.

Quia eduxi te per desertum quadraginta annis: et manna cibavi te, et introduxi te in terram satis bonam: parasti crucem Salvatori tuo.

Quid ultra debui facere tibi, et non feci? Ego quidem plantavi te vineam meam speciosissimam: et tu facta es mihi nimis amara; aceto namque sitim meam potasti, et lancea perforasti latus Salvatori tuo.

Ego propter te flagellavi Aegyptum cum primogenitis suis; et tu me flagellatum tradidisti. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego eduxi te de Aegypto, demerso Pharaone in mare rubrum; et tu me tradidìsti principibus Sacerdotum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego ante te aperui mare, et tu aperuisti lancea latus meum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego ante te praeivi in columna nubis: et tu me duxisti ad praetorium Pilati. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te pavi manna per desertum; et tu me caecidisti alapis, et flagellis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te potavi aqua salutis de petra; et tu me potasti felle, et aceto. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego propter te Chananaeorum Reges percussi: et tu percussisti arundine caput meum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego dedi tibi sceptrum regale; et tu dedisti capiti med spineam coronam. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te exaltavi magna virtute; et tu me suspendisti in patibulo Crucis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

1. Povo meu, que te fiz eu?
Dize em que te contristei!
Que mais podia ter feito,
em que foi que eu te faltei?

Deus santo,
Deus forte,
Deus imortal,
Tende piedade de nós!

2. Eu te fiz sair do Egito,
Com maná te alimentei.
Preparei-te bela terra:
Tu, a cruz para o teu Rei!

3. Bela vinha eu te plantara,
Tu plantaste a lança em mim;
Aguas doces eu te dava,
Foste amargo até o fim!

4. Flagelei por ti o Egito,
Primogênitos matei;
Tu, porém, me flagelaste,
Entregaste o próprio Rei!

5. Eu te fiz sair do Egito,
afoguei o Faraó;
aos teus sumos sacerdotes
entregaste-me sem dó!

6. Eu te abri o mar Vermelho,
tu me abriste o coração;
a Pilatos me levaste,
eu levei-te pela mão.

7. Pus maná no teu deserto
teu ódio me flagelou;
fiz da pedra correr água,
o teu fel me saturou!

8. Cananeus por ti batera,
bateu-me uma cana à toa;
dei-te cetro e realeza,
tu, de espinhos a coroa!

9. Só na cruz tu me exaltaste,
quando em tudo te exaltei;
por que à morte me entregaste?
Em que foi que eu te faltei?




"Improperia" with music by Giovanni Pierluigi da Palestrina.

Friday, 3 April 2015

"Ubi Caritas" hymn by Unknow Lyricist and Composer (in Latin and translated into Portuguese)

Ubi caritas et amor, Deus ibi est.
Congregavit nos in unum Christi amor.
Exsultemus, et in ipso jucundemur.
Timeamus, et amemus Deum vivum.
Et ex corde diligamus nos sincero.

Ubi caritas et amor, Deus ibi est.
Simul ergo cum in unum congregamur:
Ne nos mente dividamur, caveamus.
Cessent iurgia maligna, cessent lites.
Et in medio nostri sit Christus Deus.

Ubi caritas et amor, Deus ibi est.
Simul quoque cum beatis videamus,
Glorianter vultum tuum, Christe Deus:
Gaudium quod est immensum, atque probum,
Saecula per infinita saeculorum. Amen.

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Congregou-nos num só corpo o amor de Cristo
Exultemos, pois, e nele jubilemos.
Ao Deus vivo nós temamos, mas amemos.
E, sinceros, uns aos outros, nos queiramos.

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Todos juntos, num só corpo congregados:
Pela mente não sejamos separados!
Cessem lutas, cessem rixas, dissensões,
Mas esteja em nosso meio Cristo Deus!

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Junto um dia, com os eleitos, nós vejamos
Tua face gloriosa, Cristo Deus:
Gáudio puro, que é imenso e que ainda vem,
Pelos séculos dos séculos. Amém.


Taizé Community.

Thursday, 2 April 2015

Sonnet XXII by William Shakespeare (in English)

My glass shall not persuade me I am old,
So long as youth and thou are of one date;
But when in thee time's furrows I behold,
Then look I death my days should expiate.
For all that beauty that doth cover thee,
Is but the seemly raiment of my heart,
Which in thy breast doth live, as thine in me:
How can I then be elder than thou art?
O! therefore, love, be of thyself so wary
As I, not for myself, but for thee will;
Bearing thy heart, which I will keep so chary
As tender nurse her babe from faring ill.
   Presume not on thy heart when mine is slain,
   Thou gav'st me thine not to give back again.

Wednesday, 1 April 2015

"As Duas Ilhas" by Castro Alves (in Portuguese)

Sobre uma página de poesia de V. Hugo
com o mesmo título



Quando à noite — às horas mortas —
O silêncio e a solidão
— Sob o dossel do infinito —
Dormem do mar n'amplidão,
Vê-se, por cima dos mares,
Rasgando o teto dos ares
Dois gigantescos perfis...
Olhando por sobre as vagas,
Atentos, longínquas plagas
Ao clarear dos fuzis.


Quem os vê, olha espantado
E a sós murmura: "0 que é?
Ai! que atalaias gigantes,
São essas além de pé?!..."
Adamastor de granito
Co'a testa roça o infinito
E a barba molha no mar;
É de pedra a cabeleira
Sacudind'a onda ligeira
Faz de medo recuar...


São — dous marcos miliários,
Que Deus nas ondas plantou.
Dous rochedos, onde o mundo
Dous Prometeus amarrou!...
— Acolá... (Não tenhas medo!)
É Santa Helena — o rochedo
Desse Titã, que foi rei!...
— Ali... (Não feches os olhos!...)
Ali... aqueles abrolhos
São a ilha de Jersey!...


São eles — os dous gigantes
No século de pigmeus.
São eles — que a majestade
Arrancam da mão de Deus.
— Este concentra na fronte
Mais astros — que o horizonte,
Mais luz — do que o sol lançou!...
— Aquele — na destra alçada
Traz segura sua espada
— Cometa, que ao céu roubou!...


E olham os velhos rochedos
O Sena, que dorme além...
E a França, que entre a caligem
Dorme em sudário também...
E o mar pergunta espantado.
"Foi deveras desterrado
Buonaparte — meu irmão?..."
Diz o céu astros chorando:
"E Hugo?..." E o mundo pasmando
Diz: "Hugo... Napoleão!..."


Como vasta reticência
Se estende o silêncio após...
És muito pequena, ó França,
P'ra conter estes heróis...
Sim! que estes vultos augustos
Para o leito de Procustos
Muito grandes Deus traçou...
Basta os reis tremam de medo
Se a sombra de algum rochedo
Sobre eles se projetou!...


Dizem que, quando, alta noite,
Dorme a terra — e vela Deus,
As duas ilhas conversam
Sem temor perante os céus.
— Jersey curva sobre os mares
À Santa Helena os pensares
Segreda do velho Hugo...
— E Santa Helena no entanto
No Salgueiro enxuga o pranto
E conta o que Ele falou...


E olhando o presente infame
Clamam: "Da turba vulgar
Nós — infinitos de pedra —
Nós havemo-los vingar!. . . "
E do mar sobre as escumas,
E do céu por sobre as brumas,
Um ao outro dando a mão...
Encaram a imensidade
Bradando: "A Posteridade!..."
Deus ri-se e diz: "Inda não!. . . "