Tuesday, 14 April 2015

"Evangelho Segundo Jadar",Chapter IV by José Thiesen (in Portuguese)



            A fama de Jesus crescia por causa de sua sabedoria e autoridade sobre os demônios.
           Um dia, pregava numa casa e a casa estava cheia e a multidão se espalhava para fora da casa. Todos queriam ouvi-lo e houve um paralítico que desejou ser curado.
Aqueles que o ajudavam levaram-no até a casa, mas não podiam entrar por causa da multidão. Ora, como as casas dos judeus são construídas uma ao lado das outras e são abertas em cima por causa do calor, subiram por uma casa vizinha e o desceram pela abertura de cima.
Tendo Jesus contemplado o esforço daqueles homens, deu graças ao Senhor por sua presença ali e lhes disse: “Meu filho, teus pecados te são perdoados”.
O paralítico entristeceu e alguns levitas que ali estavam se escandalizaram dizendo: “Somente Deus pode perdoar os pecados de alguém!”
Respondeu-lhes Jesus: “Estais certos. E o que é mais fácil de se dizer a um paralítico: ‘teus pecados te são perdoados’ ou ‘levanta, toma tua rede e vai para casa’? Pois para que saibais que tenho o poder de perdoar os pecados de alguém, eu te digo: levanta, toma tua rede e vai para casa.”
Imediatamente o homem que não andava levantou-se e andou, a dar graças ao Altíssimo.
Mas insistiram os levitas: “Não vos deixeis impressionar pelo que este homem faz! Ele se quer fazer igual ao Altíssimo! É um blasfemo! Como poderia o Altíssimo operar milagres por meio dele? Antes, é pelo poder de Belzebú que ele cura!”
Respondeu-lhes Jesus: “Não dizeis vós que um homem fica paralítico por causa dum demônio que o impede de andar? Ora, porque o Diabo agiria contra si mesmo? Em verdade vos digo: eu somente falo do que ouvi de meu Pai que está nos céus. A palavra de Deus é vida e eu sou a Vida! Quem vem a mim jamais morrerá, pois o ressuscitarei no último dia. Este é o desejo do Senhor: que todos vivam e nenhum se perca!”
Então os levitas comprenderam que Jesus corrompia a religião e levaram sua preocupação aos sacerdotes, no Templo em Jerusalém. Estes enviaram alguns escribas para questionar a Jesus.
Após ouvirem sua pregação, os escribas pediram de Jesus um sinal do céu para que vissem claramente o poder pelo qual pregava, mas Jesus enfureceu-se com eles e lhes disse: “Ai de vós, desgraçados, que tentais impedir que o Reino de Deus se manifeste!
“Ai de vós, demônios, que tornais discípulos inocentes em outros demônios!
“Ai de vós, traidores, que corrompeis a religião para garantir vossas posições!
“Ai de vós, tolos, que limpais o exterior do corpo e por dentro sois uma cloaca!
“Serpentes! Como havereis de escapar da ira de meu Pai?
“A vós do Templo eu digo que não vos será dado nenhum sinal que não o do profeta Jonas!
"Antes vos digo: vinde a mim todos os que amam a verdade e a luz, pois meu fardo é leve e meu jugo suave. Se fordes perseguidos e mortos por causa de mim, morrereis felizes e sereis grandes na casa de meu Pai!
Os escribas voltaram ao Templo cheios de ódio por Jesus.

Saturday, 11 April 2015

Sonnet by Alphonsus de Guimaraens (in Portuguese)

Mãos que os lírios invejam, mãos eleitas
Para aliviar de Cristo os sofrimentos,
Cujas veias azuis parecem feitas
Da mesma essência astral dos olhos bentos;

Mãos de sonho e de crença, mãos afeitas
A guiar do moribundo os passos lentos,
E em séculos de fé, rosas desfeitas
Em hinos sobre as torres dos conventos.

Mãos a bordar o santo Escapulário,
Que revelastes, para quem padece,
O inefável consôlo do Rosário;

Mãos ungidas no sangue da Coroa,
Deixai tombar sobre minh'alma em prece
A benção que redime e que perdoa!

Friday, 10 April 2015

"Serenata" by Cecília Meireles (in Portuguese)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.

Permita que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo"

Thursday, 9 April 2015

"Canzonet" by Oscar Wilde (in English)

I have no store
Of gryphon-guarded gold;
Now, as before,
Bare is the shepherd's fold.
Rubies nor pearls
Have I to gem thy throat;
Yet woodland girls
Have loved the shepherd's note.

Then pluck a reed
And bid me sing to thee,
For I would feed
Thine ears with melody,
Who art more fair
Than fairest fleur-de-lys,
More sweet and rare
Than sweetest ambergris.

What dost thou fear?
Young Hyacinth is slain,
Pan is not here,
And will not come again.
No horned Faun
Treads down the yellow leas,
No God at dawn
Steals through the olive trees.

Hylas is dead,
Nor will he e'er divine
Those little red
Rose-petalled lips of thine.
On the high hill
No ivory dryads play,
Silver and still
Sinks the sad autumn day.

Wednesday, 8 April 2015

"Vae Victis!" by Lord Alfred Douglas (in English)

Here in this isle
The summer still lingers,
And Autumn's brown fingers
So busy the while
With the leaves in the north;
Are scarcely put forth
In this land where the sun still glows like an ember,.
In mid-November.

In England it's cold,
And the yellow and red
Of October have fled ;
And the sun is wet gold
Like an emperor weeping,
When Death goes a-reaping
All through his empire, merciless comer
The dead things of summer.

The sky has cried so
That the earth is all sodden,
With dead leaves in-trodden,
And the trees to and fro
Wave their arms in the air
In despair, in despair :
They are thinking of all the hot days that are over,
And the cows in the clover.

Here the roses are out,
And the sun at high noon
Makes the birds faint and swoon.
But the cricket's about
With his song, and the hum
Of the bees as they come
To feast at the honey-board laden and groaning,
Makes musical droning.

But vainly, alas !
Do I hide in the south,
Kiss close with my mouth
Red flowers, green grass,
For Autumn has found me
And thrown her arms around me.
She has breathed on my lips and I wander apart,
Dead leaves in my heart.

Tuesday, 7 April 2015

"Evangelho Segundo Jadar",Chapters II and III by José Thiesen (in Portuguese)

II
    Entrando numa sinagoga em sua cidade, Nazaré, num sábado, Jesus ergueu-se para ler e lhe deram o livro do profeta Isaias  que diz:

                “O Espírito do Senhor Javé está sobre mim,
                "Porque Javé me ungiu;
                "Ensinou-me a anunciar a boa-nova aos pobres,
                "A curar os quebrantados de coração
                "E proclamar a liberdade aos cativos;
                "A libertação aos que estão presos,
                "A proclamar um ano aceitável a Javé.”

    Jesus terminou de ler, enrolou o livro e o entregou ao servente.
    Todos tinham o olhar nele.
    Então Jesus disse: “Hoje, estas palavras se realizam.”
    Um clamor levantou-se da multidão contra ele e o tiraram da sinagoga com o intuito de o apedrejarem.
    Fora da sinagoga, havia um endemoniado que, ao ver Jesus, gritou-lhe a babujar: “Que queres aqui? Eu sei que és o Santo de Deus, aquele em quem Deus se compraz, mas não te fiz mal algum! Deixa-me em paz!”
    Respondeu-lhe Jesus: “Cala-te e deixa este homem!” e o demônio obedeceu-lhe.
    Vendo isso, a multidão assustou-se e deixou Jesus. Uns poucos aceitaram Jesus e ficaram com ele.
   Jesus, então, começou a pregar: “Vêde e alegrai-vos: o Reino de Deus já está entre vós!”

III
    Dias depois, Jesus deixou Nazaré e tendo chegado a Naim, pregava o Reino de Deus dizendo: “Como é o Reino de Deus? É como a sementinha de mostarda, a menor das sementes que cai na terra e sem que ninguém saiba como, sem que ninguém perceba, gera uma árvore enorme, onde as aves do céu encontram abrigo e alimento.
    “É como o tesouro enterrado que um homem pobre encontra. Ele vai e vende os seus bens todos para comprar aquela terra e ficar dono do tesouro.
    “É como a moeda valiosa que u’a mulher perde e, sem sossego, revira a casa toda até recuperar a moeda e, tendo-a na mão, corre à porta e grita a todos sua alegria por encontrar a valiosa que estava perdida!
    “Heis que a porta do Reino já está aberta, mas é estreita e dificil. Por isso se diz: o Reino de Deus pertence aos violentos: tomai, pois a decidida decisão de possuir este Reino.
    “Lutai por ele, fazei dele o vosso tesouro!”
    Perguntaram-lhe uns homens: “Rabi, que na língua dos judeus quer dizer ”mestre”, que devemos fazer para possuir o Reino?
    Respondeu-lhes ele: “Bem-aventurados os pobres de espírito,
                “Pois deles é o Reino de Deus; 
                “Bem-aventurados os aflitos,
                “Porque serão consolados;
                “Bem-aventurados os que promovem a justiça,              
                “Porque serão exaltados;
                “Bem-aventurados os misericordiosos,
                “Porque alcançarão misericórida;
                “Bem-aventurados os puros de coração,
                “Porque verão a Deus;
                “Bem-aventurados os que promovem a paz,
                “Porque serão chamados “filhos do Altíssimo”;
                “Bem-aventurados os que sofrem pelo Reino,
                “Porque o Reino é deles!
    “Em verdade vos digo, o Reino é de Deus, não deste mundo e nem pertence a seu Príncipe, o Demônio; assim, não podeis servir a dois senhores; ou odiais a um e servis o outro, ou odiais a outro e servis a um.
                “Assim, ai de vós que procurais as riquezas,
                “Pois não há lugar para vós no Reino;
                Ai de vós, acomodados em vosso pecado,
                “Porque já tendes vossa consolação;
                “Ai de vós, déspotas,
                “Porque caireis no abismo;
                “Ai de vós, os brutos,
                “Porque sereis brutalizados;
                “Ai de vós, lascivos,
                “Porque sereis afastados de Deus;
                “Ai de vós, semeadores de ódio,
                “Porque o Diabo vos roerá os ossos,
                “Ai de vós que desfrutais dos gozos desse mundo,
                “Porque nada tereis!”

    Uns escribas que estavam ali, lhe perguntaram: “Com que autoridade pregais tais coisas?”
    Mas Jesus desviou seus olhos para um cortejo fúnebre que se aproximava. Era o enterro do filho único duma viúva.
    Jesus tomou-se de compaixão pela sorte infausta daquela mulher e disse aos escribas: “Minha autoridade vem daquele que me enviou, aquele que vos amou primeiro.”
    Dirigindo-se á mulher, abraçou-a e disse: “Sossegue seu coração e que nada se faça se não for para a glória daquele que me enviou!”
    Livrando o cadáver do jovem dos panos que o cobriam, conforme o costume dos judeus, lhe disse: “Atende a tua mãe” e o jovem se levantou e mãe e filho se rencontraram.
    Uma grande comoção atingiu os presentes e todos diziam que um grande profeta habitava entre eles.
    Fugindo do alarido, Jesus retirou-se com os seus e depois lhes disse: "Ouvistes como chamaram a mim de "profeta"? De fato o sou, e acaso conheceis um que não tenha sido morto?"
    Porém os seus não o entenderam.