Saturday, 6 June 2015

Pastoral Note by Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bishop of Frederico Westphalen (in Portuguese)



Prezados sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, fiéis cristãos leigos em geral e demais pessoas de boa vontade da nossa Diocese de Frederico Westphalen (RS), dirijo-lhes esta Nota Pastoral para expor um assunto da máxima importância nos nossos dias: a tentativa de implantação da perigosa, mas pouco conhecida, "ideologia de gênero" no Plano Municipal de Educação (PME) de nossos municípios.
                Desejo, portanto, caríssimos irmãos, expor, em três pontos, uma breve orientação a fim de que cada um em seus meios lembre-se de que não fomos chamados à indiferença ante os problemas que nos afligem, mas, sim, a ser sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-14), pois tudo o que, de algum modo, diz respeito ao homem de hoje, interessa à Igreja (cf. Gaudium et Spes, n. 1).

1. Ideologia de gênero: em síntese, que é?
                Para levar aos queridos diocesanos uma explanação segura sobre a ideologia de gênero, divido a exposição em dois breves tópicos, ou seja, o aspecto antropológico no qual se funda a doutrina do gender e o aspecto teológico, aquele que mostra o quanto essa ideologia é malévola e contrárias aos planos de Deus.

a) A face antropológica
                O termo gênero (ou gender), que começou a ser difundido nas décadas de 1960 e 1970, visa revolucionar a antropologia apregoando que o sexo masculino ou feminino dado pela Biologia não tem valor, pois o que vale é a construção da identidade sexual psicológica dada pelas culturas nas diversas fases da história.
                Assim, ser homem ou mulher não é característica inata, mas mero procedimento aprendido na família e na escola de cada nação, de modo que o homem poderia escolher ser mulher e vice-versa. Mais: decorre dessa ideologia tão denunciada por estudiosos de renome que "o mesmo indivíduo pode optar indiferentemente pelo heterossexualismo, pelo homossexualismo, pelo lesbianismo ou até pelo transexualismo. Não haveria, na origem de cada ser humano, um menino ou uma menina, mas um indivíduo" [1].
                Esse indivíduo escolheria – contra a Biologia – aquilo que deseja ser. No entanto, se a natureza biológica conhece somente o homem e a mulher, a ideologia de gênero apregoa que alguém pode ser homem, mulher ou neutro (nem um nem outro). Afinal, seria a sociedade com seus estereótipos que atribuiria a cada indivíduo suas funções, passando por cima das características fisiológicas de cada um.
                Em suma, ninguém nasceria masculino ou feminino, mas apenas indivíduos que podem tornar-se masculinos, femininos ou neutros de acordo com a cultura de seu tempo ou com a educação recebida na escola ou em casa.
                Aqui se entende a razão pela qual os ideólogos de gênero se interessam por se imporem nos planos de ensino, seja em nível nacional, estadual ou municipal: como sabem que as famílias, via de regra, abominam espontaneamente uma doutrina tão contrária à natureza, partem para a instrução artificial das crianças a fim de que elas, depois de bem doutrinadas pela ideologia de gênero, instruam seus pais e amigos... Seria o fim da família e do próprio ser humano reduzido à condição de mero peão em um sórdido jogo de xadrez [2].

b) O aspecto teológico
                No aspecto teológico, a ideologia de gênero é uma afronta ao projeto de Deus para a humanidade. É a criatura tentando tomar o lugar do Criador e recriar o ser humano com o sopro revolucionário mundano a fim de apagar nele, se possível fosse, o sopro divino insuflado na sua criação, conforme a linguagem bíblica de Gênesis 2,7.
                Em seu discurso de 21 de dezembro de 2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava, corroborando com o que dissemos acima, uma ampla advertência quanto ao uso do "termo 'gênero' como nova filosofia da sexualidade". Dizia ele que "o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: 'Ele os criou homem e mulher' (Gn 1, 27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza".
                O Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, quase um mês mais tarde, em 19 de janeiro de 2013, dizendo que "os Pastores da Igreja – a qual é 'coluna e sustentáculo da verdade' (1 Tm 3, 15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta". Isso é o que, na condição de Bispo desta Diocese de Frederico Westphalen, faço com esta Nota Pastoral no cumprimento de um grave dever de consciência, diante de Deus, da Igreja e da sociedade em geral.
                Também o Papa Francisco, na Audiência Geral de 15 de abril último, disse algo muito importante e pontual sobre o tema que estamos tratando. Falava ele: "Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Neste caso, corremos o risco de retroceder".
                "A eliminação da diferença, com efeito, é um problema, não uma solução. Para resolver seus problemas de relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e amando-se mais".
                Em suma, tentar distorcer os planos divinos nunca leva o ser humano à maior felicidade; ao contrário, o conduz a não poucos e nem pequenos desatinos, conforme os que vemos hoje em quaisquer noticiários, frutos amargos da rejeição de Deus em seus santos desígnios de amor para conosco.

2. O direito e o dever do católico se manifestar
                É certo que ao tomarem conhecimento desta Nota Pastoral, alguns poderão repetir um velho chavão muito usado quando lhes convém. É o seguinte: no Estado laico não há lugar para a fala da Igreja ou dos fiéis católicos. Ora, a esse pensamento seletista e excludente – que não é laico, mas laicista ou perseguidor da religião – o Compêndio da Doutrina Social da Igreja responde, em seu n. 572:
                 "O princípio da laicidade comporta o respeito de toda confissão religiosa por parte do Estado, 'que assegura o livre exercício das atividades cultuais, espirituais, culturais e caritativas das comunidades dos crentes. Numa sociedade pluralista, a laicidade é um lugar de comunicação entre as diferentes tradições espirituais e a nação' [3]".
                 "Infelizmente permanecem ainda, inclusive nas sociedades democráticas, expressões de laicismo intolerante, que hostilizam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando desqualificar o empenho social e político dos cristãos, porque se reconhecem nas verdades ensinadas pela Igreja e obedecem ao dever moral de ser coerentes com a própria consciência; chega-se também e mais radicalmente a negar a própria ética natural."
                "Esta negação, que prospecta uma condição de anarquia moral cuja consequência é a prepotência do mais forte sobre o mais fraco, não pode ser acolhida por nenhuma forma legítima de pluralismo, porque mina as próprias bases da convivência humana. À luz deste estado de coisas, 'a marginalização do Cristianismo não poderia ajudar ao projeto de uma sociedade futura e à concórdia entre os povos; seria, pelo contrário, uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização'" [4].
                Portanto, argumentar que o Estado sendo laico não pode acolher a opinião das pessoas de fé e de boa vontade, é defender o laicismo mais agressivo e intolerante para com milhões de cidadãos consideradas por esses argumentadores como pessoas de segunda classe: serviriam para eleger seus representantes, mas não poderiam cobrar deles uma educação capaz de levar em conta a lei natural moral em um tempo no qual nossas crianças e adolescentes mais precisam de retas e sadias orientações.

3. Conclamação aos fiéis católicos e pessoas de boa vontade
                Desejo, pois, com esta Nota Pastoral, conclamar a todos para, de modo respeitoso, mas firme, se oporem, à ideologia de gênero – tão contrária aos planos de Deus – a ameaçar as crianças e adolescentes de nossas escolas.
                A Igreja não está e nem se posiciona contra as pessoas, mas tem o dever grave de orientar a todos sobre os riscos e perigos que afetam o ser humano, como filhos e filhas de Deus.
                Cabe aos fiéis católicos, aos cristãos em geral e às pessoas de boa vontade alertar os parentes, amigos, vizinhos etc. a respeito dessa malévola doutrina exposta no item 1 desta Nota para que as muitas vozes contrárias à inserção da ideologia de gênero sejam ouvidas pelos ilustres representantes do povo e, consequentemente, excluída do PME (Plano Municipal de Educação) de nossos municípios.
                Abençoo a todos com suas famílias desejando que São José, defensor da Sagrada Família de Nazaré, interceda por todos nós hoje e sempre.

Frederico Westphalen, 01 de junho de 2015.
+Antônio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen

Referências
[1].  D. Estevão Bettencourt, OSB. Pergunte e Responderemos n. 519, setembro de 2005, p. 392.
[2]. Jorge Scala. Ideologia de gênero: o neototalitarismo e a morte da família, Katechesis/Artpress, 2011.
[3]. JOÃO PAULO II, Discurso ao Corpo Diplomático (12 de Janeiro de 2004), 3: L'Osservatore Romano, ed. em Português, 17 de Janeiro de 2004, p. 7.
[4]. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política (24 de Novembro de 2002), 6: Libreria Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano 2002, p. 15.

Friday, 5 June 2015

"The Dead Poet" by Lord Alfred Douglas (in English)

I dreamed of him last night, I saw his face
All radiant and unshadowed of distress,
And as of old, in music measureless,
I heard his golden voice and marked him trace
Under the common thing the hidden grace,
And conjure wonder out of emptiness,
Till mean things put on beauty like a dress
And all the world was an enchanted place.

And then methought outside a fast locked gate
I mourned the loss of unrecorded words,
Forgotten tales and mysteries half said,
Wonders that might have been articulate,
And voiceless thoughts like murdered singing birds.
And so I woke and knew that he was dead.

Thursday, 4 June 2015

"The Book of Exodus" - Chapter II (translated into English)



Chapter 2

1 Now a certain man of the house of Levi married a Levite woman, 2 who conceived and bore a son. Seeing that he was a goodly child, she hid him for three months. 3 When she could hide him no longer, she took a papyrus basket, daubed it with bitumen and pitch, and putting the child in it, placed it among the reeds on the river bank. 4 His sister stationed herself at a distance to find out what would happen to him.
                5 Pharaoh's daughter came down to the river to bathe, while her maids walked along the river bank. Noticing the basket among the reeds, she sent her handmaid to fetch it. 6 On opening it, she looked, and lo, there was a baby boy, crying! She was moved with pity for him and said, "It is one of the Hebrews' children." 7 Then his sister asked Pharaoh's daughter, "Shall I go and call one of the Hebrew women to nurse the child for you?" 8 "Yes, do so," she answered. So the maiden went and called the child's own mother. 9 Pharaoh's daughter said to her, "Take this child and nurse it for me, and I will repay you." The woman therefore took the child and nursed it. 10 When the child grew, she brought him to Pharaoh's daughter, who adopted him as her son and called him Moses; for she said, "I drew him out of the water."
                11 On one occasion, after Moses had grown up, when he visited his kinsmen and witnessed their forced labor, he saw an Egyptian striking a Hebrew, one of his own kinsmen. 12 Looking about and seeing no one, he slew the Egyptian and hid him in the sand. 13 The next day he went out again, and now two Hebrews were fighting! So he asked the culprit, "Why are you striking your fellow Hebrew?" 14 But he replied, "Who has appointed you ruler and judge over us? Are you thinking of killing me as you killed the Egyptian?" Then Moses became afraid and thought, "The affair must certainly be known." 15 Pharaoh, too, heard of the affair and sought to put him to death. But Moses fled from him and stayed in the land of Midian. As he was seated there by a well, 16 seven daughters of a priest of Midian came to draw water and fill the troughs to water their father's flock.
                17 But some shepherds came and drove them away. Then Moses got up and defended them and watered their flock. 18 When they returned to their father Reuel, he said to them, "How is it you have returned so soon today?" 19 They answered, "An Egyptian saved us from the interference of the shepherds. He even drew water for us and watered the flock!" 20 "Where is the man?" he asked his daughters. "Why did you leave him there? Invite him to have something to eat." 21 Moses agreed to live with him, and the man gave him his daughter Zipporah in marriage. 22 She bore him a son, whom he named Gershom; for he said, "I am a stranger in a foreign land."
23 A long time passed, during which the king of Egypt died. Still the Israelites groaned and cried out because of their slavery. As their cry for release went up to God, 24 he heard their groaning and was mindful of his covenant with Abraham, Isaac and Jacob. 25 He saw the Israelites and knew...

Wednesday, 3 June 2015

Message at the Angelus by Pope John Paul I (translated into English)



Sunday, 24 September 1978

                Yesterday afternoon I went to St. John Lateran. Thanks to the Romans, to the kindness of the Mayor and some authorities of the Italian Government, it was a joyful moment for me.
                On the contrary, it was not joyful but painful to learn from the newspapers a few days ago that a Roman student had been killed for a trivial reason, in cold blood. It is one of the many cases of violence which are continually afflicting this poor and restless society of ours.
                The case of Luca Locci, a seven-year-old boy kidnapped three months ago, has come up again in the last few days. People sometimes say: "we are in a society that is all rotten, all dishonest." That is not true. There are still so many good people, so many honest people. Rather, what can be done to improve society? I would say: let each of us try to be good and to infect others with a goodness imbued with the meekness and love taught by Christ. Christ's golden rule was: "do not do to others what you do not want done to yourself. Do to others what you want done to yourself." 'And he always gave. Put on the cross, not only did he forgive those who crucified him, but he excused them. He said: "Father, forgive them for they know not what they do." This is Christianity, these are sentiments which, if put into practice would help society so much.
                This year is the thirtieth anniversary of the death of Georges Bernanos, a great Catholic writer. One of his best-known works is "Dialogues of the Carmelites". It was published year after his death. He had prepared it working on a story of the German authoress, Gertrud von Le Fort. He had prepared it for the theatre.
                It went on the stage. It was set to music and then shown on the screens of the whole world. It became extremely well known. The fact, however, was a historical one. Pius X, in 1906, right here in Rome, had beatified the sixteen Carmelites of Compiègne, martyrs during the French revolution. During the trial they were condemned "to death for fanaticism". And one of them asked in her simplicity: "Your Honour, what does fanaticism mean?" And the judge: "It is your foolish membership of religion." "Oh, Sisters, she then said, did you hear, we are condemned for our attachment to faith. What happiness to die for Jesus Christ!"
                They were brought out of the prison of the Conciergerie, and made to climb into the fatal cart. On the way they sang hymns; when they reached the guillotine, one after the other knelt before the Prioress and renewed the vow of obedience. Then they struck up "Veni Creator"; the song, however, became weaker and weaker, as the heads of the poor Sisters fell, one by one, under the guillotine. The Prioress, Sister Theresa of St Augustine, was the last, and her last words were the following: "Love will always be victorious, love can do everything." That was the right word, not violence, but love, can do everything. Let us ask the Lord for the grace that a new wave of love for our neighbour may sweep over this poor world.

Tuesday, 2 June 2015

"Evangelho Segundo Jadar",Chapter XI by José Thiesen (in Portuguese)



                O povo foi escutar Jesus no dia seguinte e ele pregou dizendo assim: “Buscai primeiro e sempre as coisas do Reino de Deus e tudo o mais vos será dado com juros. É preciso e urgente que compreendais isso.
                “É preciso, pois que bem desta terra vos pode dar felicidade plena?
                “É urgente pois a morte vem como um ladrão, e se não buscastes as coisas de Deus nesta vida, como esperais encontra-las na outra por vir?
                “Louca é a noiva que não espera vigilante por seu noivo. Ele vem, não a encontra e segue adiante procurando outra.
                “Orai sempre e sempre, incessantemente, pedindo ao Pai que vos preserve do mal.
“Façai como aquela viúva pobre que clamava justiça a um juiz iníquo por todo o dia e toda a noite, até que o juiz disse para si mesmo: ‘vou atender esta mulher, não por eu ser bom, mas para que ela pare de importunar-me!’
“Ora, se vós que sois maus podeis fazer coisas boas e atender os pedidos de outrem, quanto mais pode fazer-vos Deus que é todo bem e santo?
“Quen de vós dará um escorpião ao filho que pediu um peixe? Julgais que Deus faça diferente? Em verdade vos digo que ao que pedir lhe será dado; quem buscar, encontrará; quem bater, terá a porta aberta.
“Em verdade, Deus vos ama desde o princípio e nem um só fio de cabelo cai de vossas cabeças sem que isso seja contado.”
Levantou-se então um homem que disse: “Mestre, ensina-nos a rezar!”
Respondeu-lhe Jesus: “Quando orardes, não façais como os fariseus e hipócritas que ostentam suas atitudes para serem admirados. Antes, recolhei-vos para o segredo de vossos quartos e o Pai, que tudo vê, estará convosco.
“Quando pedirdes, pedi em meu nome e o meu Pai não vos negará o pedido.
“Quando orardes, dizei assim:
‘Pai nosso que estás no céu,
Santificado seja o teu nome,
Da-nos o teu reino e que
Tua vontade seja feita na terra e no céu.
Da-nos o nosso pão de cada dia
E perdoa as nossas ofenças assim
Como nós perdoamos a quem nos ofende.
Não nos deixes ceder às tentações
Mas livra-nos de todo o mal,
Amém.’