Saturday 23 October 2021

Good Reading: "Existe Apenas uma Única Liturgia" by Mère Cécile Bruyère (translated into Portuguese)

 “Deus só pode criar para sua glória, e todo o dever das criaturas inteligentes deve, portanto, ser reduzido a este pensamento único de um culto não apenas interior, mas também visível e solene, prestado à majestade divina.

Aquele que está inscrito no topo do livro, Nosso Senhor Jesus Cristo, o primogenitus omnis creaturæ, é o primeiro que rende a Deus este culto supremo desejado eternamente pela vontade divina: Ecce venio, ut faciam, Deus, voluntatem tuam: “eis que venho fazer, ó Deus, a tua vontade[1].” Ele veio prestar ao seu Pai, como criatura, a homenagem mais completa que Deus pode receber, uma glória que é do tamanho de Deus, por assim dizer, visto que é oferecida pelo próprio Deus. A união hipostática dá à natureza humana do Verbo Encarnado uma dignidade e esplendor únicos: Ideo ingrediens mundum dicit: Hostiam et oblationem noluisti, corpus autem aptasti mihi: “É por isso que o Filho de Deus ao entrar no mundo disse: Vós não quisestes  sacrifício nem oblação, mas formastes um corpo para mim[2].” A resolução de Nosso Senhor era evidente: a sua Encarnação tinha por objetivo torná-lo capaz de ser sacerdote e vítima, a fim de oferecer à divindade o mais perfeito e o mais elevado culto que uma criatura inteligente pode oferecer.

A vinda do Filho de Deus à terra teve ainda uma outra consequência. Qualquer que seja a causa da Encarnação, ela alcançou imediatamente este resultado: associar à obra litúrgica das criaturas inteligentes, elevadas ao estado sobrenatural, e para as quais o Filho de Deus deveria condescender até ao ponto de se fazer não apenas um holocausto, mas uma vítima pelo pecado, apagando suas faltas, reparando todos os erros; de modo que essas criaturas doravante concorressem em seu próprio sacrifício, como membros do mesmo corpo do qual ele é a cabeça: In qua voluntate sanctificati sumus per oblationem corporis Jesu Christi semel: “Ora, é esta vontade que nos santificou pela oblação do corpo de Jesus Cristo, que aconteceu apenas uma vez[3].”

A missão do Verbo Encarnado é, portanto, uma missão de pontífice;  é nesta qualidade que o apóstolo São Paulo queria que ele fosse considerado pelos cristãos perfeitos: Unde, fratres sancti, vocationis cælestis participes, considerate apostolum et pontifiticem confessionis nostræ, Jesum, qui fidelis est ei qui fecit illum: “Vós portanto, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai Jesus, o apóstolo e pontífice da religião que professamos;  veja como ele é fiel àquele que o constituiu como tal[4].” Ora, este sacerdócio não foi recebido em Cristo de forma transitória e momentânea, mas de forma permanente: Hic autem eo quod maneat in æternum, sempiternum habet sacerdotium. Unde et salvare in perpetuum potest accedentes per semetipsum ad Deum: sempre vivens ad interpellandum pro nobis. “Mas visto que este permanece eternamente, ele tem um sacerdócio eterno. É por isso que ele pode sempre salvar aqueles que se aproximam de Deus por meio dele, estando sempre vivo para interceder por nós[5].” Assim, o sumo pontificado é eterno e seu exercício é para sempre: não só na pessoa adorável do Filho de Deus, mas também nesta tribo sacerdotal da qual ele é a cabeça, “genus electum, regale sacerdotium, “raça eleita, sacerdócio régio[6]”, onde todos são sacerdotes[7], embora em graus diversos, e todos chamados a concelebrar com o Sumo Pontífice. O sacrifício oferecido por ele é único, porque ele não poderia oferecer várias vezes um sacrifício que permanece e que esgota por uma única e permanente oblação todas as justas reivindicações da majestade divina. Non enim in manufacta sancta Jesus introivit, exemplaria verorum;  sed in ipsum cælum, ut appareat nunc vultui Dei pro nobis… Christus semel oblatus est ad multorum exhaurienda peccata: “De fato, Jesus não entrou neste santuário feito pela mão do homem que era apenas a figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para estar agora presente em nosso nome diante da face de Deus… O Cristo foi oferecido uma vez para lavar os pecados de muitos[8].”  

Não é de estranhar, portanto, que São João, olhando com olhos de águia para o que se passa na luz inacessível, nos mostrou Jesus, nosso pontífice, autor e consumidor de nossa fé, exercendo seu ministério no centro da criação redimida da qual é a pedra angular.  Ele celebra no meio do próprio trono, pois ele é Deus; e o aniquilamento da sua Encarnação, o opróbrio que a nossa redenção lhe trouxe, longe de o privar das honras que lhe são devidas, levou o seu Pai a exaltar o seu nome humano acima de todo nome: Et omnis lingua confiteatur quia Dominus Jesus Christus in gloria est Dei Patris: “E que toda língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai[9].”  É, portanto, no seio da glória do Pai, no centro do trono, que vemos o Cordeiro, em pé como um sacerdote e um triunfador, Agnum stantem tamquam occisum, habentem cornua septem[10]. Ele é sacrificado, pois é a vítima universal;  ele usa os sete chifres, símbolo do poder do Espírito septiforme que repousou sobre ele e o ungiu præ consortibus suis. Só ele tem o poder de levantar os sete selos do livro, pois é o hierarca supremo, o iniciador por excelência e o intérprete dos mistérios mais profundos; este direito foi obtido para ele por sua vitória, porém apenas o exerce, os quatro animais e os vinte quatro anciãos se prostram diante dele; cítaras de louvor divino irromperam por todos os lados, o incenso das orações dos santos fumega em taças de ouro e os redimidos fazem ressoar o hino de sua gratidão perpétua: Dignus es, Domine, accipere librum et aperire signacula ejus, quoniam occisus es, e redemisti nos Deo em sanguine tuo, ex omni tribu, et lingua, et populo et natione;  e fecisti nos Deo nostro regnum et sacerdotes[11]. 

E como o Cordeiro não é apenas o complemento de nossa hierarquia humana, mas o pontífice da hierarquia universal, os Anjos por sua vez o aclamam, pois assim que o Pai o apresentou ao mundo, ele ordenou que o adorassem; e eles executam esta ordem com entusiasmo, cantando seu próprio hino: Dignus est Agnus, qui occisus est, accipere virtutem, et divinitatem, et sapientiam, et fortitudinem, et honorem, et gloriam, et benedictionem[12].

A estes acordes poderosos que celebram a vitória do Cordeiro, se acrescenta o louvor daquele a quem o sacrifício do Cordeiro é oferecido, e o hino incomparável que os habitantes do céu cantam sem cessar nem de dia nem de noite: Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus omnipotens, qui erat, et qui est, et qui venturus est[13]. E para melhor confessar que aquele a quem eles adoram é o ser e o autor de todos os dons, eles lançam suas coroas diante do trono, testemunhando assim que sua vitória vem dele e que ele só coroa seus dons coroando seus méritos. É então que ouvimos este cântico: Dignus es, Domine Deus noster, accipere gloriam, et honorem, et virtutem, quia tu creasti omnia, et propter volantatem tuam erant, et creata sunt[14]. Ora, a luz que brilha nesta função litúrgica eterna não é uma luz emprestada, um sol criado, ou um astro qualquer, nam claritas Dei illuminavit eam, et lucerna ejus est Agnus[15].

Esta é a liturgia da Igreja triunfante, cujo desenvolvimento se realiza sob o sopro do Espírito Santo; pois é por meio dele que nosso Cordeiro se ofereceu, per Spiritum Sanctum semetipsum obtulit imaculatum Deo[16].  

Mas nosso Pontífice não quis abandonar sua Esposa durante os dias de sua peregrinação;  e por um modo maravilhoso e uma indústria divina, ele encontrou uma maneira de identificar o sacrifício terrestre com o celeste, visto que há apenas um sacerdócio, o de Jesus Cristo;  apenas um sacrifício da terra e do céu;  apenas uma vítima, que é o Cordeiro vitorioso e imolado. Já as sombras e figuras da Antiga Lei tiravam sua virtude da única oblação futura do Verbo Encarnado, de modo que esses ritos instituídos por Deus ofereciam desde então algum vestígio do verdadeiro e perpétuo sacrifício que se celebra no céu, assim como ele é celebrado na terra em virtude deste mandamento divino: Hoc facite in meam commemorationem [17].  Assim, a hierarquia da terra mostra aos olhos encantados dos habitantes do céu, por todas as maravilhas nela produzidas pelos sacramentos, uma reprodução fiel do que se passa ad interiora velaminis18. O Senhor Jesus, portanto, alcançou esta admirável união da Igreja triunfante e da Igreja militante, uma na visão, a outra na fé, sem que a diversidade dessas duas modalidades altere de forma alguma a unidade da obra litúrgica que é realizada nessas duas porções da herança do Cordeiro. É a mesma oblação que é oferecida no altar do céu e no altar da terra, com esta glória especial para a terra que o próprio céu é seu devedor; porque o sacrifício eterno foi realizado primeiro entre nós: fomos nós que então o emprestamos aos Anjos.  

O Espírito Santo, princípio de unidade e vínculo dos membros com sua cabeça, opera esta associação maravilhosa que é a comunhão dos santos. É ele quem faz a unidade do sacerdócio, a unidade do altar, a unidade da vítima, a unidade do sacrifício que ele consome no céu e na terra com o seu fogo devorador. Ele é o fogo que o Salvador veio trazer aqui embaixo e cujo acender era Seu desejo. O Senhor também disse: Ego rogabo Patrem, et alium Paraclitum dabit vobis, ut maneat vobiscum in æternum, Spiritum veritatis[18]; e como a sua oração é sempre ouvida pelo Pai e sempre atendida, o Espírito habita conosco até a segunda vinda, que será então o próprio fruto do clamor incessantemente proferido pelo Espírito e pela Esposa: Veni![19]. Ele é o Espírito que abraça todas as coisas: Quoniam Spiritus Domini replevit orbem terrarum, et hoc quod continet omni scientiam habet vocis[20]. 

Sim, a sua operação contínua provoca incessantemente um concerto admirável, e a sua indústria procura fazer com que o Verbum Christi abunde nas almas, afim de que elas acompanhem o único sacrifício de hinos espirituais semelhantes aos do céu, visto que não podem senão repetir o louvor do Deus três vezes santo e do Cordeiro vitorioso e imolado. 

A ação do Espírito não tem apenas eficácia externa; insinua-se nas almas, procura promover a regra e a disciplina que é o Filho;  ela não se desespera com o homem pesado e grosseiro, e só o rejeita longe do santuário se ele se recusar a entrar nele. Até então, o Espírito tem sido empregado sob todas as formas: Sanctus, unicus, multiplex, subtilis, disertus, mobilis, incoinquinatus, certus, suavis, amans bonum, acutus, quem nihil vetat, benefaciens, humanus, benignus, stabilis, certus, securus, omnem habens virtulem, omnia prospiciens et qui capiat omnes spiritus, intelligibilis, mundus, subtilis[21]. Esses divinos e íntimos recursos trabalham incansavelmente para formar e adaptar os homens ao sagrado cerimonial da única liturgia, enquanto durar para eles o estado de provação. 

E ainda, em sua energia infatigável, ele não é apenas o fogo do altar que consome e consuma o holocausto, mas é também a brasa que purifica os lábios destinados à cantar os divinos louvores, brasa tomada do altar do céu23, que consente em ser colocada no coração do homem como em um turíbulo, para levar ao trono as orações dos santos. 

O que o Espírito realiza em perfeita unidade no céu e na terra, ele reproduz da mesma forma em cada alma humana. Em cada um de nós, as obras de toda a vida espiritual apontam apenas para este fim: Ipse enim Spiritus testimonium reddit spiritui nostro, quod sumus filii Dei: “Este mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus[22].” O homem é verdadeiramente o lugar de uma oferta litúrgica, que encontra o seu exemplar no culto prestado a Deus pela Igreja, graças ao Espírito Santo que nele fixa a sua morada: Nescitis quia templum Dei estis, et Spiritus Dei habitat in vobis?… Templum enim Dei sanctum est, quod estis vos: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?… Porque o templo de Deus, este templo que sois vós, é santo[23]”, diz o apóstolo em sua primeira epístola aos Coríntios. Mais uma vez ele insiste nesta verdade: “Vos enim estis templum Dei vivi, sicut dicit Deus: Quoniam inhabitabo in illis, et inambulabo inter eos: “Com efeito, vós sois o templo do Deus vivo, como Deus disse: habitarei neles e anda rei entre eles.[24]

Esta ideia de alma humana, considerada como um templo, era tão familiar aos primeiros cristãos, que na epístola atribuída a São Barnabé nós podemos ver o autor desconhecido concluir o seu discurso por uma doutrina semelhante, consolando os judeus e os primeiros cristãos por causa da destruição do templo de Jerusalém: “O templo foi destruído”, diz ele;  “já não existe mais. Vejamos, porém, se não existe outro templo de Deus. Antes de abraçarmos a fé, nosso coração era verdadeiramente como os templos erguidos pelas mãos dos homens, era uma morada de corrupção e fraqueza.  Entregue à adoração de ídolos, era a morada de demônios.  Tudo ali era inimigo de Deus. Mas eis que o Senhor construiu para si um templo digno de sua magnificência.  Pela remissão dos pecados que recebemos, pela esperança que colocamos no nome do Senhor, nós nos tornamos homens novos, uma criação completamente nova. De sorte que Deus habita verdadeiramente em nós e no templo do nosso coração pela fé, pela vocação à promessa, pela sabedoria de seus mandamentos, pelos preceitos de sua doutrina.  É assim que ele profetiza em nós e que ali reside. Estávamos condenados à morte, e ele nos abriu as portas do templo interior, um templo incorruptível e imortal erguido em nossas almas pela penitência. Quem aspira à salvação, portanto, não deve se deter no homem exterior, mas deve considerar aquele que habita no homem e nele fala, concentrando todas as potências de sua alma na admiração de uma linguagem que nunca ouviu e que excede todos os seus desejos. Este é o templo espiritual que o Senhor ergueu.[25]  

Assim, nos tempos apostólicos, o programa de vida espiritual era dado da maneira mais elevada e completa. O Cristianismo nunca foi compreendido da forma tão vulgar e menosprezada que vemos hoje; todos sabiam pelo menos o que era um cristão, embora nem todos quisessem extrair as consequências práticas de sua dignidade.  

O batizado é, portanto, um templo que não foi erguido por mão humana.  Este templo tem profundidades onde ninguém pode penetrar, exceto aquele mesmo que o construiu e quem aí reside majestoso: Quis enim hominum scit quæ sunt hominis, nisi spiritus hominis, qui in ipso est? “Com efeito, qual dos homens conhece as coisas que são do homem, senão o espírito do homem, que está nele?.[26]” Aqui está um verdadeiro santuário onde nenhum profano pode ser admitido, no qual a divindade reservou a entrada, e no qual o homem carnal nem mesmo poderia descer: só o homem que se torna espiritual pela libertação dos sentidos pode ter acesso a ele. Todos os mestres da vida espiritual reconheceram essa profundidade da alma humana, bem como a dificuldade que encontra a maioria dos homens para penetrar no santuário de sua alma e encontrar a augusta majestade que ali reside. É necessário ter sido introduzido pela ação do Espírito Santo ao qual nossos esforços se unirão, não somente não lhe pondo nenhum obstáculo, mas também prestando ao Espírito uma cooperação generosa e constante que nos terá feito percorrer todos os graus de iniciação de que falamos neste tratado. 

Este santuário é, portanto, como um céu no qual todas as realidades do outro são encontradas. Santa Teresa, falando da sétima morada do Castelo Interior, disse: “Quando aprouver a Nosso Senhor ter compaixão do que sofreu e sofre uma alma pelo seu desejo ardente de possuí-lo, e que já resolveu tomá-la por esposa, ele a fez entrar na sétima morada que é a sua, antes de celebrar este matrimônio espiritual.  Porque o céu não é sua única morada: ele também tem um na alma, que pode se chamar de outro céu.[27] 

Não podemos estranhar, pois, que o homem, embora consagrado a Deus pelo batismo e confirmação, só possa obter acesso ao seu próprio santuário pelos exercícios da vida espiritual; pois é a própria palavra do Senhor: Si quis diligit me, sermonem meum servabit, et Pater meus diliget eum, et ad eum veniemus, et mansionem apud eum faciemus[28]. A condição expressa desta intimidade é, portanto, a guarda dos preceitos e da fidelidade exata, não a fidelidade servil, mas a do amor. Acrescentemos ainda que o Apóstolo esclareceu ainda mais esta questão, dizendo: Ita et quæ Dei sunt, nemo cognovit nisi Spiritus Dei[29]. Ora, como Deus reside no santuário de que falamos, somente o Espírito Santo pode dar à alma a experiência do que está acontecendo ali. 

O céu da alma, portanto, possui a augusta Trindade e, como no céu dos bem-aventurados, encontramos ali o que São João diz ter visto no santuário celestial: Ostendit mihi fluvium aquæ vitæ, splendidum tamquam crystallum, procedentem de sede Dei e Agni[30].  Este rio corre também na alma humana, é o nosso Salvador quem o afirma: Qui credit in me, sicut dicit Scriptura, flumina de ventre ejus fluent aquæ vivæ. Hoc autem dixit de Spiritu, quem accepluri erant credentes in eum[31].

A presença do Cordeiro vitorioso, stantem, e imolado, tamquam occisum, também é assegurada ali pelo augusto sacramento da Eucaristia, cuja graça persevera em nós, mesmo após o desaparecimento das espécies consagradas, segundo a palavra formal do Senhor Jesus: In me manet, et ego in illo; e a do apóstolo: Christum habitare per fidem in cordibus vestris[32].  

O santuário íntimo da alma também tem um altar que é o nosso coração. Neste altar são oferecidos e consumidos os holocaustos, a vítima pelo pecado; pois é lá que todos os atos da alma são realmente consumados, aqueles que a purificam e justificam, até chegar ao sacrifício perfeito que é a consumação em Deus. É neste altar que o homem se oferece, segundo o desejo de São Paulo: Ut exibeatis corpora vestra hostiam viventem, sanctam, Deo placentem, rationabile obsequium vestrum[33]; ou segundo o texto grego que se ajusta ainda melhor ao nosso pensamento: spirituale holocaustum vestrum. E esta vítima é ainda mais agradável à suma majestade, visto que toda a verdadeira oferta está incluída no próprio sacrifício do Cordeiro: Una enim oblatione, consummavit in sempiternum sanctificatos. É, portanto, sempre a união íntima com o sacrifício eterno que, ao mesmo tempo que se rejubila no céu, se renova constantemente na terra, realizando continuamente a santificação dos homens.  

A alma acompanha o seu sacrifício com o incenso da oração, podendo dizer: Sicut cinnamomum e balsamum aromatizans odorem dedi; quasi myrrha electa dedi suavitatem odoris[34].  Também aqui a alma humana não separa o seu incenso daquele que o Senhor Jesus queima na presença de seu Pai: Per ipsum ergo offeramus hostiam laudis semper Deo, id est, fructum labiorum confitentium nomini ejus[35].  E o perfume celestial da oração deve ser queimado tão abundantemente no santuário até que todos os acessos sejam perfumados;  pois é neste sentido que a Esposa diz no Sagrado Cântico: Manus meæ destillaverunt myrrham, et digiti mei pleni myrrha probatissima[36].  Até mesmo suas vestes estão tão impregnadas delas a tal ponto que, se retiradas das caixas de marfim em que estão trancadas, espalham esse perfume que não tem nenhuma semelhança com os odores profanos: myrra et gutta et casia a vestimentis tuis a domibus eburneis[37]. A Esposa está tão penetrada desse perfume que aqueles que a vêem gritam: quæ est ista quæ ascendit per desertum sicut virgula fumi ex aromatibus myrrhæ, et thuris et universi pulveris pigmentarii[38]? Assim, o espírito de oração penetra todas as virtudes da alma e constitui uma homenagem muito nobre, cujo suave odor sobe constantemente para o céu.

Um templo, um santuário, um altar, uma vítima, a própria presença do Deus vivo e verdadeiro não bastam para o culto litúrgico, é necessário ainda um pontífice. Ora, o homem é verdadeiramente sacerdote, verdadeiro pontífice na augusta função que se celebra no santuário da sua alma: Fecisti nos Deo nostro regnum et sacerdotes43.  Cada pessoa batizada é sacerdote e rei no templo secreto de sua alma, embora ele próprio seja apenas uma pedra viva do edifício construído pela mão divina, do qual o Senhor Jesus é a pedra angular. Esta é a doutrina ensinada pelo Príncipe dos Apóstolos na sua primeira Epístola: Ipsi tamquam lapides vivi superædificamini, domus spiritualis, sacerdotium sanctum, offerre spirituales hostias, acceptabiles Deo per Jesum Christum[39].

Mas para realizar toda a perfeição deste sacerdócio, o homem deve oferecer livre e voluntariamente o seu sacrifício, a exemplo do Pontífice Eterno, a quem nós ouvimos insistir sobre o carácter inteiramente livre da sua oblação: Nemo tollit animam meam a me, sed ego pono eam a meipso et potestatem habeo ponendi eam, et potestatem habeo iterum sumendi eam[40]. Esta liberdade que o mostra ser um verdadeiro sacerdote foi compreendida por Isaías, quando disse: Oblatus est quia ipse voluit46. Assim deve ser com o homem cuja vontade é chamada a servir de auxiliar da graça. Deus não quer receber nada dele por força e violência, mas espera uma oferta voluntária e alegre: Voluntarie sacrificabo tibi[41].  

As cítaras que São João ouviu no céu também ressoam neste novo templo; são os sentimentos tão diversos que irrompem incessantemente na alma humana e formam o mais belo concerto, a mais suave harmonia, quando só o sopro divino os põe em movimento. Essas cordas são justas e poderosas, quando nenhuma poeira as mancha, quando são esticadas com precisão, quando nenhum sopro estranho vem para contradizer o Spiritus Domini.  Que música viva e sublime, que verdadeiro eco da Palavra! 

Às harmonias das cítaras se acrescenta a exatidão do cerimonial, quando os movimentos da alma são bem regulados e obedecem sem resistência ao motor divino que é o Espírito Santo.  A fórmula deste celeste cerimonial está no próprio lema da Esposa: Ordinavit in me caritatem[42]; sua expressão externa é chamada de medida e discrição perfeitas, mater virtutum.  

Assim, a alma presta um culto verdadeiramente completo a Deus quando atinge a consumação da caridade. Até então algo ainda estava faltando para a função litúrgica celebrada em seu templo, seja que a alma não penetrava no santuário, ou que a vítima não tinha o valor exigido, ou que a vontade do sacerdote era imperfeita, o incenso muito raro ou de baixo preço, as cítaras mal afinadas e as cerimônias realizadas sem precisão ou sem compreensão. 

Concluamos, portanto, dizendo que é muito vantajoso para o homem dedicar-se ao Ofício Divino por sua condição, visto que Deus assim põe constantemente diante de seus olhos a fórmula de sua perfeição, tal como aparece na Sagrada Escritura. É por meio disso que o monge e a monja recebem um ensinamento profundo e contínuo, e que faz parte da sua própria existência. Enquanto eles se esforçam para não preferir nada ao Ofício Divino, e se apressam em empregar em sua celebração todo o cuidado e pesquisa que uma função tão augusta exige, a ciência de sua própria santificação lhes é comunicada, na forma que eles devem realizar profundamente dentro de si. E se acontecesse que, em uma função litúrgica, as almas chamadas a prestar sua assistência estivessem todas muito próximas da perfeição de seu culto litúrgico individual, isto é, o ápice da vida espiritual, seria preciso pouco para que os santos anjos não cressem estar no céu tal assembléia. Certamente, as divinas complacências seriam incomensuráveis, e o esplendor de tal foco surpreenderia o mundo inteiro.  

Na verdade, o homem nunca realiza em si o ideal do culto que acabamos de mostrar, sem que Deus conceda de imediato as graças de eleição, que revelam a presença do Espírito Criador e Santificador. Mas também que espetáculo doloroso dariam as almas devotadas à oração da Igreja, e que, sem nenhuma preocupação com seu avanço, deixam dentro de si o templo sem ornamentos, o santuário sem beleza, o altar sem vítimas e sem perfumes, falsas cítaras e sem harmonia! O que mais se poderia dizer se as genuflexões, prostrações ou outras cerimônias tivessem um ar desordenado que as tornariam quase um escárnio;  e se o pontífice deste santuário secreto, se tornando negligente, preguiçoso, desrespeitoso até para com o hóspede divino que ali fica, acreditasse já ter feito o suficiente por tê-lo garantido da profanação total? Tais, entretanto, seriam as almas que negligenciam o cuidado de sua própria perfeição.  Deus teria o direito de repreendê-las por quererem na Igreja o que não querem mais para si mesmas. Tal incoerência seria severamente punida, em razão mesma da graça oferecida à alma para a celebração da Sagrada Liturgia.

Mas se constatamos que mesmo aqueles a quem é confiada a oração da Igreja devem ter mais do que os outros um zelo ardente para reproduzir neles as realidades que eles celebram incessantemente, o que diremos daqueles que além disso receberam alguma posição na sagrada hierarquia, e assim se encontram associados ao sacerdócio eterno de Nosso Senhor Jesus Cristo, pontífice para sempre de acordo com a ordem de Melquisedeque?  A Santa Igreja, toda imbuída de sua nobreza, toda cheia de admiração por sua grandeza, disse-lhes: Agnoscite quod agitis; imitamini quod tractatis: quatenus mortis dominicæ mysterium celebrantes, mortificare membra vestra a vitiis et concupiscentiis procuretis: “Observa o que fazes;  imita o que carregas nas mãos, para que, celebrando o mistério da morte do Senhor, também possas mortificar o vício e a concupiscência nos teus membros[43].” Esta é a doutrina já exposta pelo apóstolo São Pedro: In hoc enim vocati estis: quia et Christus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum, ut sequamini vestigia ejus[44].

Com efeito, todos aqueles que a eleição divina chamou a participar nas funções do sagrado ministério, encontram nessas mesmas funções um princípio de santificação pessoal, desde que as cumpram com uma compreensão real do que estão fazendo. Então, por um retorno magnífico de sua ação, eles purificam e são purificados; eles santificam e são santificados. Eles somente purificam, iluminam e santificam em razão de seu caráter, enquanto eles só podem ser purificados, iluminados, santificados por seu ministério pessoal na medida em que sua vontade assimila o que é aplicável a eles nos ritos sagrados, em virtude de uma espécie de imitação voluntária que é a imitamini quod tractatis.

Que imensa consolação para quem é responsável pela obra de santificação alheia e pelo exercício de um formidável ministério, saber que se entregando com inteligência e fé a este ministério, avança tanto na obra de sua própria santificação! Ele tem em suas mãos a fórmula, o método de sua perfeição pessoal; e, ao se familiarizar com os ritos, as cerimônias, as palavras, o conteúdo e a forma da liturgia, ele recebe um ensino sempre prático da verdadeira vida espiritual e santidade.  

Desde o início, São Dionísio, o príncipe dos místicos, classificou os vários degraus da hierarquia sagrada, bem como as relações que cada um deles mantém com uma porção definida do povo cristão.  Estas são suas palavras: “A classe dos purificados é composta por aqueles que ainda não podem ser admitidos à vista e à participação de nenhum sacramento;  a classe dos iluminados é a do povo santo;  a classe dos aperfeiçoados é a dos monges piedosos[45]”. Ele considera a primeira como confiada aos diáconos; e de fato, antigamente, catecúmenos e penitentes se retiravam após o canto do Evangelho, que é o ministério do diácono, e não tinham participação no sacrifício. A segunda classe, a dos iluminados, tem uma relação estreita com os sacerdotes; enquanto que aqueles que abraçaram a vida perfeita parecem ter um vínculo de filiação com o episcopado.

Esses vários graus são determinados segundo a proximidade de onde se encontra a alma deste santuário, no centro do qual Deus reside. Aqueles que levam uma vida purgativa permanecem no pátio deste templo. Devem abandonar a vida dos sentidos e exercer as virtudes com perseverança, para que, tendo posto a veste nupcial do homem novo, possam ser admitidos a contemplar alguns dos mistérios, isto é, aproximar-se da via iluminativa, na qual o homem, não estando mais tão oprimido pelos sentidos, nem distraído pela tirania de suas paixões, pode finalmente alegrar-se à luz das coisas divinas e vislumbrar de longe e por clarões o santuário onde ele ainda não pode entrar. Finalmente, a via unitiva é uma entrada no santo dos santos, isto é, naquela intimidade íntima com Deus, que é verdadeiramente o fim para o qual o homem foi criado, e onde ele pode e deve oferecer ao Senhor o verdadeiro sacrifício, não sendo mais obrigado em certo sentido a oferecer vítimas pelos seus próprios pecados, visto que não há mais obstáculo entre ele e Deus.  

É muito verdade que essas distinções não existem mais externamente hoje, nem as relações que foram originalmente estabelecidas entre as várias porções do povo fiel e os graus correspondentes da hierarquia.  Mas as almas estão, no entanto, diante de Deus, do ponto de vista de seu progresso, em uma dessas três regiões da vida espiritual de que falamos.  

A essas relações da alma com Deus, corresponde exatamente a medida de sua ação sobre os homens. Se nossos olhos pudessem contemplar as coisas invisíveis, veriam que as almas têm uma influência proporcional a elas.  Quanto mais alto eles sobem, mais sua influência se estende longe; o poder delas está se derramando com uma energia que se deve à proximidade de Deus.  Sua natureza não muda, mas assim como um objeto se aquece ao se aproximar de um foco e se irradia mais amplamente, assim é com a alma em virtude de sua proximidade com o foco divino.  É neste sentido que lemos no Salmo 18: Et  occursus eius usque ad summum eius; nec est qui se abscondat a calore eius[46].

A alma exerce um ministério correspondente ao seu estado, e brilha de várias formas sobre as almas que lhe são próximas e que pertencem à via purgativa, iluminativa ou unitiva. A própria experiência demonstra que frequentemente as almas atravessam os degraus da vida espiritual mais facilmente e com menos perigos e provações, quando auxiliados por outra alma cuja condição é superior à sua própria condição. A história da santidade estudada sob este ponto de vista é muito eloquente; deste modo nós explicamos como os santos raramente são isolados. Verdadeiros pontífices, eles atraem a eles para unir a Deus; eles santificam curvando-se para aqueles que pertencem a uma região inferior.

Ditosas as almas que sabem explorar o tesouro contido na Sagrada Liturgia, não para lhe ter um amor estéril e puramente exterior, mas para atrair e reproduzir dentro de si os símbolos e as formas que contêm essas vivas realidades!  Deus não amou nada na antiga lei quanto o templo; mas ele puniu energicamente, pela boca do profeta Jeremias, aqueles que acreditavam ter permissão para fazerem qualquer coisa porque eram donos do templo: Bonas facite vias vestras et studia vestra: et habitabo vobiscum in loco isto. Nolite confidere in verbis mendacii dicentes: Templum Domini, templum Domini, templum Domini est[47]. Do contrário, continua o profeta, se não deixares de crescer a tua presunção, acreditando que o templo substitui a obediência aos meus preceitos, eis o teu castigo: Faciam domui huic, in qua invocatum est nomen meum, et in qua vos habetis fiduciam, et loco quem dedi vobis et patribus vestris, sicut feci Silo[48]. Certamente a nação que possui o templo é a nação privilegiada, mas o templo não pode dispensar a fidelidade; e, antes de ser honrado no templo, Deus exige que o adoremos e o sirvamos no santuário invisível que ele construiu em nós.

Devemos, portanto, repetir com o rei Salomão: Dixisti me ædificare templum in monte sancto tuo, et in civitate habitationis tuæ altare, similitudinem tabernaculi sancti tui, quod præparasti ab initio[49]. É nossa tarefa na terra; já tinha sido mostrado a Moisés: Inspice, et fac secundum exemplar quod tibi in monte monstratum est[50]. Santo Estêvão lembrou-o aos judeus no grande discurso que lhe valeu a palma do martírio. Construamos, pois, este tabernáculo segundo o exemplo e modelo, Nosso Senhor Jesus Cristo;  que todos entrem nesta unidade litúrgica que recebe do Espírito Santo seu movimento, sua beleza, sua consumação, e faz com que cada criatura no céu e na terra, e mesmo nas profundezas do oceano, diga: Sedenti in throno, et Agno, benedictio, et honor, et gloria, et potestas in sæcula sæculorum.  Amen[51].

 

[1] Heb. 10, 9.

[2] Heb. 10, 5.

[3] Heb. 10, 10.

[4] Ibid. 3, 1-2.

[5] Ibid. 7, 24-25.

[6] I Pd. 2, 9.

[7] “Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (cfr. Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um «reino sacerdotal para seu Deus e Pai» (Apor. 1,6; cfr. 5, 9-10). Na verdade, os batizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (cfr. 1 Pd. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cfr. Act., 2, 42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cfr. Roma 12,1), dêem. testemunho de Cristo em toda a parte e àqueles que lha pedirem dêem razão da esperança da vida eterna que neles habita (cfr. 1 Pd. 3,15). O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e acção de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa.” (LG. 10)

[8] Heb 9, 24-28.

[9] Fl. 2, 11.

[10] Ap. 5, 6. “Eu vi no meio do trono, dos quatro Animais e no meio dos Anciãos um Cordeiro de pé, como que imolado. Tinha ele sete chifres e sete olhos (que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra).”

[11] Ap. 5, 9-10. “Digno és de receber o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e resgataste para Deus, com o teu sangue, homens de toda a tribo, língua, povo e nação, e fizeste deles, para o nosso Deus, um reino e sacerdotes.”

[12] Ibid. 12. “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e a bênção.”

[13] Ap. 4, 8. “Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Onipotente, o que era, que é, e que vem.”

[14] Ibid. 11. “Tu és digno, ó Senhor, nosso Deus, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e pela tua vontade é que elas receberam a existência e foram criadas.”

[15] Ibid. 21, 23. “A cidade não tem necessidade do sol, nem da lua, que a iluminem, porque a glória de Deus a ilumina, e o seu luzeiro é o Cordeiro.”

[16] Hb. 9, 14. “…pelo Espírito Santo se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus”.

[17] I Cor. 11, 24. “Fazei isto em memória de mim.” 18 Cf. Hb 6, 19.

[18] Jo. 14, 16-17. “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco, o Espírito de verdade.”

[19] Ap. 22, 17.

[20] Sb. 1, 7. “Com efeito, o Espírito do Senhor enche o universo, e, como abrange tudo, tem conhecimento de tudo o que se diz.”

[21] Sb. 7, 22-23. “Efetivamente há nela um espírito inteligente, santo, único, multíplice, sútil, ágil, penetrante, imaculado, claro, impassível, amigo do bem, agudo, a quem nada pode impedir, benéfico, amigo dos homens, estável, seguro, tranquilo, que tudo pode, tudo vê, e que penetra todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis.” 23 Is. 6, 6-7.

[22] Rom. 8, 16.

[23] I Cor. 3, 16-17.

[24] II Cor. 6, 16.

[25] Epist. S. Bernabæ apost., cap. 16.

[26] I Cor. 2, 11.

[27] 7ª Morada. cap. 1.

[28] Jo. 14, 23. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele a nossa morada.”

[29] I Cor. 2, 11. “Assim, também, as coisas que são de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.”

[30] Ap. 22, 1. “Depois o anjomostrou-me um rio de água viva resplandecente como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro.”

[31] Jo. 7, 38-39. “O que crê em mim, como diz a Escritura do seu seio correrão rios de água viva. Ora ele dizia isto falando do Espírito que haviam de receber os que cressem nele.” 34 Ibid. 6, 57.

[32] Ef. 3, 17.

[33] I Rom. 12, 1. “Rogo-vos, pois, Irmãos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais os vossos corpos como uma hóstia viva, santa, agradável a Deus: tal é o culto que a razão exige de vós.” 37 Hb. 10, 14. “Com uma só oblação, tornou perfeitos para sempre os que foram santificados.”

[34] Eclo. 24, 20. “Difundi um perfume como o cinamomo e o bálsamo aromático, e como mirra escolhida exalei suave odor.”

[35] Hb. 13, 15. “Ofereçamos, pois, sempre a Deus, por meio dele, um sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.”

[36] Ct. 5, 5. “As minhas mãos destilaram mirra e os meus dedos a mirra mais preciosa.”

[37] Sl. 44, 9. “Perfume de mirra, de aloés e cássia exalam as tuas vestes.”

[38] Ct. 3, 6. “Quem é esta que sobe do deserto composta de aromas de mirra e de incenso, e de todos os perfumes dos mercadores?” 43 Ap. 5, 10.

[39] I Pd. 2, 5. “Vós também, como pedras vivas, prestai-vos a entrar na edificação de uma casa espiritual, para formar assim o sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a

Deus por Jesus Cristo.”

[40] Jo. 10, 18. “Ninguém ma tira, mas eu por mim mesmo a dou, e tenho poder de a dar, e tenho poder de a reassumir.” 46 Is. 53, 7.

[41] Sl. 53, 8. “Eu te oferecerei um sacrifício voluntário.”

[42] Ct. 2, 4.

[43] Pontif. Rom. De ord. presbyteri.

[44] I Pd. 2, 21. “Com efeito para isto é que vós fostes chamados, pois que Cristo também sofreu por vós deixando-vos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.”

[45] De eccl. Hier., cap. 6, n. 5.

[46] Sl. 18, 7. “Sai de um extremo do céu e no outro termina o seu curso; nada se furta ao seu calor.”

[47] Jer. 7, 3-4. “Eis o que diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Tornai bons os vossos caminhos e as vossas obras, e eu habitarei convosco neste lugar. Não ponhais a vossa confiança em palavras de mentira dosque dizem: É este o templo do Senhor, o templo do Senhor, o templo do Senhor!”

[48] Ibid. 14. “Farei a esta casa onde o meu nome é invocado e na qual pondes a vossa confiança, a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais,o mesmo que fiz a Silo.”

[49] Sb. 9, 8. “Mandaste-me edificar um templo sobre o teu santo monte, e um altar na cidade da tua habitação, conforme o modelo do teu santo tabernáculo que preparaste desde o princípio.”

[50] Ex. 25, 40. “Toma sentido, e faze conforme o modelo que te foi mostrado sobre o monte.”

[51] Ap. 5, 13. “O que está sentado sobre o trono e ao Cordeiro, benção, honra, glória e poder, pelos séculos dos séculos. Amém.”

Friday 22 October 2021

Friday's Sung Word: "Gosto, Mas Não é Muito" by Noel Rosa, Ismael Silva e Francisco Alves (in Portuguese)

Olha, escuta, meu bem
É com você que eu estou falando, neném
Esse negócio de amor não convém
Gosto de você, mas não é muito... muito!

Fica firme, não estrilha
Traz o retrato e a estampilha
Que eu vou ver
O que posso fazer por você

Seu amor é insensato
Me amofinou, mesmo, de fato
Não leve a mal
Eu prefiro a Lei Marcial.

 

You can listen "Gosto, Mas Não é Muito" sung by Francisco Alves here.


Thursday 21 October 2021

Thursday's Serial: “Sous le Soleil de Satan” by George Bernanos (in French) - I

HISTOIRE DE MOUCHETTE

Chapitre I

Voici l’heure du soir qu’aima P. J. Toulet. Voici l’horizon qui se défait — un grand nuage d’ivoire au couchant et, du zénith au sol, le ciel crépusculaire, la solitude immense, déjà glacée, — plein d’un silence liquide… Voici l’heure du poète qui distillait la vie dans son cœur, pour en extraire l’essence secrète, embaumée, empoisonnée.

Déjà la troupe humaine remue dans l’ombre, aux mille bras, aux mille bouches ; déjà le boulevard déferle et resplendit… Et lui, accoudé à la table de marbre, regardait monter la nuit, comme un lis.

Voici l’heure où commence l’histoire de Germaine Malorthy, du bourg de Terninques, en Artois. Son père était un de ces Malorthy du Boulonnais qui sont une dynastie de meuniers et de minotiers, tous gens de même farine, à faire d’un sac de blé bonne mesure, mais larges en affaires, et bien vivants. Malorthy le père vint le premier s’établir à Campagne, s’y maria et, laissant le blé pour l’orge, fit de la politique et de la bière, l’une et l’autre assez mauvaises. Les minotiers de Dœuvres et de Marquise le tinrent dès lors pour un fou dangereux, qui finirait sur la paille, après avoir déshonoré des commerçants qui n’avaient jamais rien demandé à personne qu’un honnête profit. « Nous sommes libéraux de père en fils », disaient-ils, voulant exprimer par là qu’ils restaient des négociants irréprochables… Car le doctrinaire en révolte, dont le temps s’amuse avec une profonde ironie, ne fait souche que de gens paisibles. La postérité spirituelle de Blanqui a peuplé l’enregistrement, et les sacristies sont encombrées de celle de Lamennais.

Le village de Campagne a deux seigneurs. L’officier de santé Gallet, nourri du bréviaire Raspail, député de l’arrondissement. Des hauteurs où son destin l’a placé, il contemple avec mélancolie le paradis perdu de la vie bourgeoise, sa petite ville obscure, et le salon familial de reps vert où son néant s’est enflé. Il croit honnêtement mettre en péril l’ordre social et la propriété, il le déplore et, se taisant ou s’abstenant toujours, il espère ainsi prolonger leur chère agonie.

« On ne me rend pas justice — s’est écrié un jour ce fantôme, avec une sincérité poignante — voyons ! j’ai une conscience ! »

 

Dans le même temps, M. le marquis de Cadignan menait au même lieu la vie d’un roi sans royaume. Tenu au courant des grandes affaires par les « Mondanités » du Gaulois et la Chronique politique de la Revue des Deux-Mondes, il nourrissait encore l’ambition de restaurer en France le sport oublié de la chasse au vol. Malheureusement, les problématiques faucons de Norvège, achetés à grands frais, de race illustre, ayant trompé son espoir et pillé ses garde-manger, il avait tordu le cou à tous ces chevaliers teutoniques, et dressait plus modestement des émouchets au vol de l’alouette et de la pie. Entre temps, il courait les filles ; on le disait au moins, la malignité publique devant se contenter de médisances et de menus propos, car le bonhomme braconnait pour son compte, muet sur la voie comme un loup.

 

Chapitre II

Malorthy le père eut de sa femme une fille, qu’il voulut d’abord appeler Lucrèce, par dévotion républicaine. Le maître d’école, tenant de bonne foi la vertueuse dame pour la mère des Gracches, fit là-dessus un petit discours, et rappela que Victor Hugo avait célébré avant lui cette grande mémoire. Les registres de l’état civil s’ornèrent donc pour une fois de ce nom glorieux. Malheureusement, le curé, pris de scrupules, parla d’attendre un avis de l’archevêque, et, bon gré mal gré, le fougueux brasseur dut souffrir que sa fille fût baptisée sous le nom de Germaine.

— Je n’aurais pas cédé pour un garçon, dit-il, mais une demoiselle…

La demoiselle atteignit seize ans.

Un soir, Germaine entra dans la salle, à l’heure du souper, portant un seau plein de lait frais… À deux pas du seuil, elle s’arrêta net, fléchit sur ses jambes et pâlit.

— Mon Dieu ! s’écria Malorthy, la petite tombe faible !

La pauvrette appuya ses deux mains sur son ventre, et fondit en larmes. Le regard aigu de la mère Malorthy rencontra celui de sa fille.

— Laisse-nous un moment, papa, dit-elle.

Comme il arrive, après mille soupçons confus, à peine avoués, l’évidence éclatait tout à coup, faisait explosion. Prières, menaces, et les coups même, ne purent tirer de la fille obstinée autre chose que des larmes d’enfant. La plus bornée manifeste en de telles crises un sang-froid lucide, qui n’est sans doute que le sublime de l’instinct. Où l’homme s’embarrasse, elle se tait. En surexcitant la curiosité, elle sait bien qu’elle désarme la colère.

Huit jours plus tard, cependant, Malorthy dit à sa femme, entre deux bouffées de sa bonne pipe :

— J’irai demain chez le marquis. J’ai mon idée. Je me doute de tout.

— Chez le marquis ! fit-elle… Antoine, l’orgueil te perdra, tu ne sais rien de sûr ; tu vas te faire moquer.

— On verra, répondit le bonhomme. Il est dix heures ; couche-toi.

Mais, quand il fut assis, le lendemain, au fond d’un grand fauteuil de cuir, et dans l’antichambre de son redoutable adversaire, il mesura d’un coup son imprudence. La colère tombée ; « J’irais trop loin… », se dit-il.

Car il s’était cru capable de traiter cette affaire, comme beaucoup d’autres, en paysan finaud, sans amour-propre. Pour la première fois, la passion parlait plus haut, et dans une langue inconnue.

Jacques de Cadignan avait alors atteint son neuvième lustre. De taille médiocre, et déjà épaissie par l’âge, il portait en toute saison un habit de velours brun qui l’alourdissait encore. Tel quel, il charmait cependant, par une espèce de bonne grâce et de politesse rustique dont il usait avec un sûr génie. Comme beaucoup de ceux qui vivent dans l’obsession du plaisir, et dans la présence réelle ou imaginaire du compagnon féminin, quelque soin qu’il prît de paraître brusque, volontaire et même un peu rude, il se trahissait en parlant ; sa voix était la plus riche et nuancée, avec des éclats d’enfant gâté, pressante et tendre, secrète. Et il avait aussi d’une mère irlandaise des yeux bleu pâle, d’une limpidité sans profondeur, pleins d’une lumière glacée.

— Bonsoir, Malorthy, dit-il, asseyez-vous.

Malorthy s’était levé en effet. Il avait préparé son petit discours et s’étonnait de n’en plus retrouver un mot. D’abord il parla comme en rêve, attendant que la colère le délivrât.

— Monsieur le marquis, fit-il, il s’agit de notre fille.

— Ah !… dit l’autre.

— Je viens vous parler d’homme à homme. Depuis cinq jours qu’on s’est aperçu de la chose, j’ai réfléchi, j’ai pesé le pour et le contre ; il n’est que de parler pour s’entendre, et j’aime mieux vous voir avant d’aller plus loin. On n’est pas des sauvages, après tout !

— Aller où ?… demanda le marquis.

Puis il ajouta tranquillement, du même ton :

— Je ne me moque pas de vous, Malorthy, mais, nom d’une pipe, vous me proposez une charade ! Nous sommes, vous et moi, trop grands garçons pour ruser et tourner autour du pot. Voulez-vous que je parle à votre place ? Hé bien ! la petite est enceinte, et vous cherchez au petit-fils un papa… Ai-je bien dit ?

— L’enfant est de vous ! s’écria le brasseur, sans plus tarder.

Le calme du gros homme lui faisait froid dans le dos. Des arguments qu’il avait repassés un par un, irréfutables, il n’en trouvait pas qu’il eût osé seulement proposer. Dans sa cervelle, l’évidence se dissipait comme une fumée.

— Ne plaisantons pas, reprit le marquis. Je ne vous ferai pas d’impolitesse avant d’avoir entendu vos raisons. Nous nous connaissons, Malorthy. Vous savez que je ne crache pas sur les filles ; j’ai eu mes petites aventures, comme tout le monde. Mais, foi d’honnête homme ! il ne se fait pas un enfant dans le pays sans que vos sacrées commères ne me cherchent des si et des mais, des il paraît et des peut-être… Nous ne sommes plus au temps des seigneurs : le bien que je prends, on me l’a librement laissé prendre. La République est pour tous, mille noms d’un chien !

« La République ! » pensait le brasseur stupéfait. Il prenait cette profession de foi pour une bravade, bien que le marquis parlât sans fard, et qu’en vrai paysan il se sentît porté vers un gouvernement qui préside aux concours agricoles et prime les animaux gras. Les idées du châtelain de Campagne sur la politique et l’histoire étant d’ailleurs, à peu de chose près, celles du dernier de ses métayers.

— Alors ?… fit Malorthy, attendant toujours un oui ou un non.

— Alors, je vous pardonne de vous être laissé, comme on dit, monter le coup. Vous, votre satané député, enfin tous les mauvais gars du pays m’ont fait une réputation de Barbe-bleue. Le marquis par-ci, le marquis, par-là, les droits féodaux — des bêtises. Tout marquis que je suis, j’ai droit à la justice, je pense ? Voulez-vous être juste, Malorthy, et loyal ? Dites-moi franchement quel est l’imbécile qui vous a conseillé de venir ici, chez moi, pour me raconter une histoire désagréable, et m’accuser par-dessus le marché ?… Il y a une femme là-dessous, hein ? Ah ! les garces !

Il riait maintenant d’un bon rire large, d’un rire de cabaret. Pour un peu, le brasseur eût ri à son tour, comme après un marché longtemps débattu, et dit : Tope là ! Monsieur le marquis, allons boire !… Car le Français naît cordial.

— Voyons, monsieur de Cadignan, soupira-t-il, quand je n’aurais pas d’autre preuve, tout le pays sait que vous faisiez la cour à la petite, et depuis longtemps. Tenez ! il y a un mois encore, passant le chemin de Wail, je vous ai vus tous les deux, au coin de la pâture Leclercq, là, assis au bord du fossé, côte à côte. Je me disais : c’est un peu de coquetterie, ça passera. Et puis elle s’était promise au gars Ravault ; elle a tant d’amour-propre ! Enfin le mal est fait. Un homme riche comme vous, un noble, ça ne badine pas sur la question de l’honneur… Bien entendu, je ne vous demande pas de l’épouser ; je ne suis pas si bête. Mais il ne faut pas non plus nous traiter comme des gens de rien, prendre votre plaisir, et nous planter là, pour faire rire de nous.

En prononçant ces derniers mots, il avait repris, sans y penser, le ton habituel au paysan qui transige, et parlait avec une insinuante bonhomie, un peu geignarde. « Il n’ose pas nier, se disait-il, il a une offre à faire… il la fera. » Mais son dangereux adversaire le laissait parler dans le vide.

Le silence se prolongea une minute ou deux, pendant lesquelles on n’entendit plus qu’un tintement d’enclume, au loin… C’était un bel après-midi d’août qui siffle et bourdonne.

— Hé bien ? dit enfin le marquis.

Pendant ce court répit, le brasseur avait rassemblé ses forces. Il répondit :

— À vous de proposer, monsieur.

Mais l’autre suivait son idée ; il demanda :

— Ce Ravault, l’a-t-elle revu depuis longtemps ?

— Est-ce que je sais !

— On peut trouver là un indice, répondit paisiblement le marquis, c’est un renseignement intéressant… Mais les papas sont si bêtes ! En deux heures, je vous aurais livré le coupable, moi, pieds et poings liés !

— Par exemple ! s’écria Malorthy, foudroyé.

Il ne connaissait pas grand’chose à cette forme supérieure de l’aplomb que les beaux esprits nomment cynisme.

— Mon cher Malorthy, continuait l’autre sur le même ton, je n’ai pas de conseil à vous donner ; d’ailleurs, dans un mauvais cas, un homme tel que vous n’en reçoit point. Je vous dis simplement ceci : revenez dans huit jours ; d’ici là, calmez-vous, réfléchissez, n’ébruitez rien, n’accusez personne ; vous pourriez trouver moins patient que moi. Vous n’êtes plus un enfant, que diable ! Vous n’avez ni témoins, ni lettres, rien. Huit jours, c’est assez pour entendre parler les gens et faire d’une petite chose un grand profit : on voit venir… M’avez-vous compris, Malorthy ? conclut-il d’un ton jovial.

— Peut-être bien, répondit le brasseur.

À ce moment, le tentateur hésita ; une seconde sa voix avait fléchi. « Il voudrait que je vide mon sac, pensa Malorthy, attention !… » Ce signe de faiblesse lui rendit courage. Et d’ailleurs, il s’enivrait à mesure de sentir monter sa colère.

— Renseignez-vous, dit encore Cadignan, et laissez la petite fille en paix. Au surplus, vous n’en tirerez rien. Ce joli gibier-là, voyez-vous, c’est comme un râle de genêt dans la luzerne, ça vous piète sous le nez du meilleur chien, ça rendrait fou un vieil épagneul.

— C’est ce que je voulais dire, justement, déclara Malorthy, en appuyant chaque mot d’un hochement de tête. J’ai fait ce que j’ai pu, moi ; j’attendrai bien huit jours, quinze jours, autant qu’on voudra… Malorthy ne doit rien à personne, et si la fille tourne mal, elle en aura tout le reproche. Elle est assez grande pour fauter, elle peut bien aussi se défendre…

— Allons ! Allons ! pas de paroles en l’air, s’écria le marquis.

Mais l’autre n’hésita plus ; il croyait faire peur.

— On ne se débarrasse pas d’une jolie fille aussi aisément que d’un vieux bonhomme, monsieur de Cadignan, tout le monde sait ça… Vous êtes bien connu, voyez-vous, et elle vous dira elle-même son fait, mille diables ! Les yeux dans les yeux, en public, car elle a du sang sous les ongles, la petite !… Au pis aller, nous aurons les rieurs pour nous…

— Je voudrais voir ça, ma foi, dit l’autre.

— Vous le verrez, jura Malorthy.

— Allez le lui demander, s’écria Cadignan, allez le lui demander vous-même, l’ami !

Le brasseur revit un instant le pâle petit visage résolu, indéchiffrable, et cette bouche si fière qui, depuis huit jours, refusait son secret… Alors il cria :

— Malin des malins !… Elle a tout dit à son père !

Et il recula de deux pas.

Le regard du marquis hésita une seconde, le toisa de la tête aux pieds, puis tout à coup se durcit. Le bleu pâle des prunelles verdit. À ce moment, Germaine eût pu y lire son destin. Il alla jusqu’à la fenêtre, la ferma, revint vers la table, toujours silencieux. Puis il secoua ses fortes épaules, s’approcha de son visiteur à le toucher, et dit seulement :

 

— Jure-le, Malorthy !

— C’est juré ! répondit le brasseur.

Ce mensonge lui parut sur-le-champ une ruse honnête. De plus, il eût été bien embarrassé de se dédire. Une idée seulement traversa toutefois sa cervelle, mais qu’il ne put fixer, et dont il ne sentit que l’angoisse. Entre deux routes offertes, il eut cette impression vague d’avoir choisi la mauvaise et de s’y être engagé à fond, irréparablement.

Il s’attendait à un éclat ; il l’eût souhaité. Cependant le marquis dit avec calme :

— Allez-vous-en, Malorthy. Mieux vaut s’en tenir là pour aujourd’hui. Vous dans un sens, moi dans l’autre, nous sommes dupes d’une petite gueuse qui mentait avant de savoir parler. Attention !… Les gens qui vous conseillent sont peut-être assez malins pour vous éviter deux ou trois bêtises, dont la plus grosse serait de vouloir m’intimider. Qu’on pense de moi ce qu’on voudra, je m’en fiche ! En somme, les tribunaux ne sont pas faits pour les chiens, si le cœur vous en dit… Bien le bonjour !

— Qui vivra verra ! répondit noblement le brasseur.

Et, comme il méditait une autre réponse, il se retrouva dehors, seul et quinaud.

— Ce diable d’homme, dit-il plus tard, il donnerait de la drêche pour de l’orge, qu’on lui dirait encore merci…

Il repassait en marchant tous les détails de la scène, se composant à mesure, comme il est d’usage, un rôle avantageux. Mais, quoi qu’il fît, son bon sens devait convenir d’un fait accablant pour son amour-propre : cette entrevue de puissance à puissance, dont il espérait tant, n’avait rien conclu. Les dernières paroles de Cadignan, toutes pleines d’un sens mystérieux, ne cessaient pas non plus de l’inquiéter pour l’avenir… « Vous dans un sens, moi dans l’autre, nous avons été gentiment dupés… » Il semblait que cette petite fille les eût renvoyés dos à dos.

Levant les yeux, il vit dans les arbres sa belle maison de briques rouges, les bégonias de la pelouse, la fumée de la brasserie verticale dans l’air du soir, et ne se sentit plus malheureux. « J’aurai ma revanche, murmurait-il, l’année sera bonne. » Depuis vingt ans, il avait fait ce rêve d’être un jour le rival du châtelain ; il l’était. Incapable d’une idée générale, mais doué d’un sens aigu des valeurs réelles, il ne doutait plus d’être le premier dans sa petite ville, d’appartenir à la race des maîtres, dont les lois et les usages de chaque siècle reflètent l’image et la ressemblance — demi-commerçant, demi-rentier, possesseur d’un moteur à gaz pauvre, symbole de la science et du progrès modernes — également supérieur au paysan titré et au médecin politique, qui n’est qu’un bourgeois déclassé. Il décida d’envoyer sa fille à Amiens, pour y faire ses couches. Faute de mieux, il était au moins sûr de la discrétion du marquis. Et, d’ailleurs, les notaires de Wadicourt et de Salins ne faisaient plus mystère de la vente prochaine du château. L’ambitieux brasseur escomptait cette revanche. Il ne rêvait pas mieux, n’ayant pas assez d’imagination pour souhaiter la mort d’un rival. Il était de ces bonnes gens qui savent porter la haine, mais que la haine ne porte pas.

 

…C’était un matin du mois de juin ; au mois de juin un matin si clair et sonore, un clair matin.

— Va voir comment nos bêtes ont passé la nuit ! avait commandé maman Malorthy (car les six belles vaches étaient au pré depuis la veille)… Toujours Germaine reverrait cette pointe de la forêt de Sauves, la colline bleue, et la grande plaine vers la mer, avec le soleil sur les dunes.

L’horizon qui déjà s’échauffe et fume, le chemin creux encore plein d’ombre, et les pâtures tout autour, aux pommiers bossus. La lumière aussi fraîche que la rosée. Toujours elle entendra les six belles vaches qui s’ébrouent et toussent dans le clair matin. Toujours elle respirera la brume à l’odeur de cannelle et de fumée, qui pique la gorge et force à chanter. Toujours elle reverra le chemin creux où l’eau des ornières s’allume au soleil levant… Et plus merveilleux encore, à la lisière du bois, entre ses deux chiens Roule-à-mort, et Rabat-Joie, son héros, fumant sa pipe de bruyère, dans son habit de velours et ses grosses bottes, comme un roi.

Ils s’étaient rencontrés trois mois plus tôt, sur la route de Desvres, un dimanche… Ils avaient marché côte à côte jusqu’à la première maison… Des paroles de son père lui revenaient à mesure en mémoire, et tant de fameux articles du Réveil de l’Artois, scandés de coups de poing sur la table, — le servage, les oubliettes — et encore l’histoire de France illustrée, Louis XI en bonnet pointu (derrière, un pendu se balance, on voit la grosse tour du Plessis)… Elle répondait sans pruderie, la tête bien droite, avec un gentil courage. Mais, au souvenir du brasseur républicain, elle frissonnait tout de même, d’un frisson à fleur de peau, un secret déjà, son secret !…

À seize ans, Germaine savait aimer (non point rêver d’amour, qui n’est qu’un jeu de société)… Germaine savait aimer, c’est-à-dire qu’elle nourrissait en elle, comme un beau fruit mûrissant, la curiosité du plaisir et du risque, la confiance intrépide de celles qui jouent toute leur chance en un coup, affrontent un monde inconnu, recommencent à chaque génération l’histoire du vieil univers. Cette petite bourgeoise au teint de lait, au regard dormant, aux mains si douces, tirait l’aiguille en silence, attendant le moment d’oser, et de vivre. Aussi hardie que possible pour imaginer ou désirer, mais organisant toutes choses, son choix fixé, avec un bon sens héroïque. Bel obstacle que l’ignorance, lorsqu’un sang généreux, à chaque battement du cœur, inspire de tout sacrifier à ce qu’on ne connaît pas ! La vieille Malorthy, née laide et riche, n’avait jamais espéré pour elle-même d’autre aventure qu’un mariage convenable, qui n’est affaire que de notaire, vertueuse par état, mais elle n’en gardait pas moins le sentiment très vif de l’équilibre instable de toute vie féminine, comme d’un édifice compliqué, que le moindre déplacement peut rompre.

— Papa, disait-elle au brasseur, il faut de la religion pour notre fille…

Elle eût été bien embarrassée d’en dire plus, sinon qu’elle le sentait bien. Mais Malorthy ne se laissait pas convaincre :

— Qu’a-t-elle besoin d’un curé, pour apprendre en confesse tout ce qu’elle ne doit pas savoir ? Les prêtres faussent la conscience des enfants, c’est connu.

Pour cette raison, il avait défendu qu’elle suivît le cours du catéchisme, et même « qu’elle fréquentât l’un quelconque de ces bondieusards qui mettent dans les meilleurs ménages, disait-il, la zizanie ». Il parlait aussi, en termes sibyllins, des vices secrets qui ruinent la santé des demoiselles, et dont elles apprennent au couvent la pratique et la théorie. « Les nonnes travaillent les filles en faveur du prêtre » était une de ses maximes. « Elles ruinent d’avance l’autorité du mari », concluait-il en frappant du poing sur la table. Car il n’entendait pas qu’on plaisantât sur le droit conjugal, le seul que certains libérateurs du genre humain veulent absolu.

Lorsque Mme Malorthy se plaignait encore que leur fille n’eût point d’amies, et ne quittât guère le petit jardin aux ifs taillés, funéraire :

 

 Laisse-la en paix, répondait-il. Les filles de ce sacré pays sont pleines de malice. Avec son patronage, ses enfants de Marie et le reste, le curé les tient une heure chaque dimanche. Gare là-dessous ! Si tu voulais lui apprendre la vie, tu devais m’obéir, et l’envoyer au lycée de Montreuil, elle aurait son brevet maintenant ! Mais à son âge, des amitiés de fillette, ça ne vaut rien… Je sais ce que je dis…

Ainsi parlait Malorthy, sur la foi du député Gallet, que ces délicats problèmes d’éducation féminine ne laissaient pas indifférent. Le pauvre petit homme, en effet, nommé jadis médecin du lycée de Montreuil, en savait long sur les demoiselles, et ne le célait pas.

— Du point de vue de la science…, disait-il parfois avec le sourire d’un homme revenu de beaucoup d’illusions, plein d’indulgence pour le plaisir d’autrui, et qui ne le recherche plus lui-même.

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Dans le jardin aux ifs taillés, sous la véranda, toute nue, qui sent le mastic grillé, c’est là qu’elle s’est lassée d’attendre on ne sait quoi, qui ne vient jamais, la petite fille ambitieuse… C’est de là qu’elle est partie, et elle est allée plus loin qu’aux Indes… Heureusement pour Christophe Colomb, la terre est ronde ; la caravelle légendaire, à peine eut-elle engagé son étrave, était déjà sur la route du retour… Mais une autre route peut être tentée, droite, inflexible, qui s’écarte toujours, et dont nul ne revient. Si Germaine, ou celles qui la suivront demain, pouvaient parler, elles diraient : « À quoi bon s’engager une fois dans votre bon chemin, qui ne mène nulle part ?… Que voulez-vous que je fasse d’un univers rond comme une pelote ? »

Tel semblait né pour une vie paisible, qu’un destin tragique attend. Fait surprenant, dit-on, imprévisible… Mais les faits ne sont rien : le tragique était dans son cœur.

 

Si son amour-propre eût été moins profondément blessé, Malorthy se fût décidé sans doute à rendre bon compte à sa femme de sa visite au château. Il pensa mieux faire en dissimulant quelque temps encore son inquiétude et son embarras, dans un silence altier, plein de menaces. D’ailleurs, il voulait sa revanche, et pensait l’obtenir aisément, par un coup de théâtre domestique, dont sa fille eût fait les frais. Pour beaucoup de niais vaniteux que la vie déçoit, la famille reste une institution nécessaire, puisqu’elle met à leur disposition, et comme à portée de la main, un petit nombre d’êtres faibles, que le plus lâche peut effrayer. Car l’impuissance aime réfléter son néant dans la souffrance d’autrui.

C’est pourquoi, sitôt le souper achevé, Malorthy, tout à coup, de sa voix de commandement :

— Fillette, dit-il, j’ai à te parler…

Germaine leva la tête, reposa lentement son tricot sur la table, et attendit.

— Tu m’as manqué, continua-t-il sur le même ton, gravement manqué… Une fille qui faute, dans la famille, c’est comme un failli…, tout le monde peut nous montrer demain au doigt, nous, des gens sans reproche, qui font honneur à leurs affaires, et ne doivent rien à personne. Hé bien ! au lieu de nous demander pardon, et d’aviser avec nous, comme ça se doit, qu’est-ce que tu fais ? Tu pleures à t’en faire mourir, tu fais des oh ! et des ah ! voilà pour les jérémiades. Mais pour renseigner ton père et ta mère, rien de fait. Silence et discrétion, bernique ! Ça ne durera pas un jour de plus, conclut-il en frappant du poing sur la table, ou tu sauras comment je m’appelle ! Assez pleuré ! Veux-tu parler, oui ou non ?

— Je ne demande pas mieux, répondit la pauvrette, pour gagner du temps.

La minute qu’elle attendait, en la redoutant, était venue, elle n’en doutait pas ; et voilà qu’à l’instant décisif les idées qu’elle avait mûries en silence, depuis une semaine, se présentaient toutes à la fois, dans une confusion terrible.

— J’ai vu ton amant tout à l’heure, poursuivit-il ; de mes yeux vu… Mademoiselle s’offre un marquis ; on rougit de la bière du papa… Pauvre innocente qui se croit déjà dame et châtelaine, avec des comtes et des barons, et un page pour lui porter la queue de sa robe !… Enfin nous avons eu un petit mot ensemble, lui et moi. Voyons si nous sommes d’accord ; tu vas me promettre de filer droit, et d’obéir les yeux fermés.

Elle pleurait à petits coups, sans bruit, le regard clair à travers ses larmes. L’humiliation qu’elle avait crainte par avance ne l’effrayait plus. « J’en mourrai de honte, bien sûr ! » se répétait-elle la veille encore, attendant d’heure en heure un éclat. Et maintenant elle cherchait cette honte, et ne la trouvait plus.

— M’obéiras-tu ? répétait Malorthy.

— Que voulez-vous que je fasse ? fit-elle.

Il réfléchit un moment :

— M. Gallet sera demain ici.

— Pas demain, interrompit-elle…, le jour du franc marché ; samedi.

Malorthy la contempla une seconde, bouche bée.

— Je n’y pensais plus, en effet, dit-il. Tu as raison, samedi.

Elle avait fait cette remarque d’une voix nette et posée que son père ne connaissait pas. Au coin du feu la vieille mère en reçut le choc, et gémit.

— Samedi… bon ! Je dis samedi, continua le brasseur, qui perdait le fil de son discours. Gallet, c’est un garçon qui connaît la vie. Il a des scrupules et du sentiment… Garde tes larmes pour lui, ma fille ! Nous irons le trouver ensemble.

— Oh ! non…, fit-elle.

Parce que les dés étaient jetés, en pleine bataille, elle se sentait si libre, si vivante ! Ce non, sur ses lèvres lui parut aussi doux et aussi amer qu’un premier baiser. C’était son premier défi.

— Par exemple ! tonna le bonhomme.

— Voyons, Antoine ! disait maman Malorthy, laisse-lui le temps de respirer ! Que veux-tu qu’elle dise à ton député, cette jeunesse ?

— La vérité, sacrebleu ! s’écria Malorthy. D’abord mon député est médecin, une ! Si l’enfant naît hors mariage, nous aurons un mot de lui pour une maison d’Amiens, deux ! D’ailleurs un médecin, c’est l’instruction, c’est la science…, ce n’est pas un homme. C’est le curé du républicain. Et puis vous me faites rire avec vos secrets ! Crois-tu que le marquis parlera le premier ? La petite n’avait pas l’âge, à l’époque, c’est peut-être un détournement, ça pourrait le mener loin ! On l’y traînera, en cour d’assises, tonnerre ! Ça garde des grands airs, ça vous prend pour un imbécile, ça nie l’évidence, ça ment comme ça respire, un marquis en sabots !… Malheureuse ! cria-t-il en se retournant vers sa fille, il a porté la main sur ton père !

Il n’avait pas prémédité ce dernier mensonge, qui n’était qu’un trait d’éloquence. Le trait, d’ailleurs, manqua son but. Le cœur de la petite révoltée battit plus fort, moins à la pensée de l’outrage fait à son seigneur maître, qu’à l’image entrevue du héros, dans sa magnifique colère… Sa main ! Cette terrible main !… Et d’un regard perfide, elle en cherchait la trace sur le visage paternel.

— Laisse-moi un moment, dit alors la vieille Malorthy, quitte-moi parler !…

Elle prit la tête de sa fille entre ses deux mains.

— Pauvre sotte, fit-elle, à qui veux-tu avouer la vérité, sinon à ton père et à ta mère ? Quand je me suis doutée de la chose, il était trop tard, mais depuis ! À présent, tu sais ce qu’elles valent, les promesses des hommes ? Tous des menteurs, Germaine ! La demoiselle Malorthy ?… fi donc ! Je ne la connais pas ! Et tu ne serais pas assez fière pour lui faire rentrer son mensonge dans la gorge ? Tu laisseras croire que tu t’es donnée à un gars de rien, à un valet, à un chemineau ? Allons, avoue-le ! Il t’a fait promettre de ne rien dire ?… Il ne t’épousera pas, ma fille ! Veux-tu que je te dise, moi ? Son notaire de Montreuil a déjà l’ordre de vente de la ferme des Charmettes, moulin et tout. Le château y passera comme le reste. Un de ces matins, bernique ! Plus personne ! Et pour toi, la risée d’un chacun ?… Mais réponds-moi donc, tête de bois ! s’écria-t-elle.

… « Plus personne… » Des mots entendus, elle ne retenait que ceux-là. Seule. Abandonnée, découronnée, retombée… Seule dans le troupeau commun… repentie !… Que craindre au monde, sinon la solitude et l’ennui ? Que craindre, sinon cette maison sans joie ? Alors, en croisant les mains sur son cœur, elle cherchait naïvement ses jeunes seins, la petite poitrine profonde, déjà blessée. Elle y comprima ses doigts sous l’étoffe légère, jusqu’à ce qu’une nouvelle certitude jaillît de sa douleur, avec un cri de l’instinct.

— Maman ! Maman ! J’aime mieux mourir !

— Assez, dit Malorthy ; tu choisiras entre lui ou nous. Aussi vrai que je m’appelle Antoine de mon nom, je te donne encore un jour…, entends-tu bien, mauvaise ! Pas une heure de plus !

Entre elle et son amant, elle voyait ce gros homme furieux, le scandale irréparable, l’affaire conclue, la seule porte refermée sur l’avenir et la joie… Certes, elle avait promis le silence, mais il était aussi sa sauvegarde… Ce gros homme, à présent, qu’elle détestait.

— Non ! Non ! dit-elle encore.

— Elle est folle. Seigneur Dieu ! gémissait maman Malorthy, en levant les bras au ciel, folle à lier !

— Je le deviendrai, bien sûr, reprit Germaine, pleurant plus fort. Pourquoi me faites-vous du mal, à la fin ! Décidez ce qui vous plaira, battez-moi, chassez-moi, je me tuerai… Mais je ne vous dirai rien, là, tout de même ! Et pour M. le marquis, c’est des mensonges ; il ne m’a seulement pas touchée.

— Garce ! murmurait le brasseur entre ses dents.

— À quoi bon m’interroger, si vous ne voulez pas me croire ? répétait-elle, d’une voix d’enfant.

Elle affrontait son père, elle le bravait à travers ses larmes ; elle se sentait plus forte de toute sa jeunesse, de toute sa cruelle jeunesse.

— Te croire ? fit-il. Te croire ? Il faut plus malicieuse que toi pour rouler papa lapin… Veux-tu que je dise ? Il a fini par avouer, ton galant ! Je lui ai poussé une botte, à ma façon : « Niez si vous voulez, ai-je dit, la petite a tout raconté. »

— Oh ! ma…man ! maman, bégaya-t-elle, il a… osé…, il a osé !

Ses beaux yeux bleus, tout à coup secs et brûlants, devinrent couleur de violette ; son front pâlit, et elle remuait en vain des mots dans sa bouche aride.

— Tais-toi, tu vas nous la tuer, répétait la mère Malorthy. Misère de nous !

Mais, à défaut de parole, les yeux bleus en avaient déjà trop dit. Le brasseur reçut ce regard chargé de mépris, furtif. Telle qui défend ses petits est moins terrible et moins prompte que celle-là qui se voit arracher la chair de sa chair, son amour, cet autre fruit.

— Sors d’ici, va-t’en ! bégayait le père outragé.

Elle attendit un moment, les yeux baissés, la lèvre tremblante, retenant l’aveu prêt à s’échapper comme une suprême injure. Puis elle ramassa son tricot, l’aiguille et sa pelote, et passa le seuil d’un pas fier, plus rouge qu’une lieuse de gerbes, un jour de moisson.

Mais, sitôt libre, elle franchit l’escalier en deux bonds de biche, et referma sa porte en coup de vent. Par la fenêtre entr’ouverte, elle pouvait voir au bout de l’allée, entre deux hortensias, la grille de fonte peinte en blanc, qui fermait son petit univers, à la limite d’un champ de poireaux… Par delà, d’autres maisonnettes de briques, à l’alignement, jusqu’au détour de la route, où fume un mauvais toit de chaume sur quatre murs de torchis tout crevés, séjour du bonhomme Lugas, dernier mendiant de la commune… Et ce chaume croulant, au milieu des belles tuiles vernies, c’est encore un autre mendiant, un autre homme libre.

Elle s’étendit sur son lit, la joue au creux de l’oreiller. Elle tâchait de rassembler ses idées, de les remettre au net, et n’entendait plus, dans sa cervelle confuse, que le bourdonnement de la colère… Ah ! pauvrette ! dont le destin se décide sur un lit d’enfant bien clair, qui sent l’encaustique et la toile fraîche !

Deux heures, Germaine remua dans sa tête assez de projets pour conquérir le monde, si le monde n’avait déjà son maître, dont les filles n’ont nul souci… Elle gémit, cria, pleura, sans pouvoir changer grand’chose à l’évidence inexorable. Son aventure connue, la faute avouée, quelle chance de revoir assez tôt son amant, de le revoir même ? S’y prêterait-il, seulement ? Il croit que j’ai trahi son secret, se disait-elle, il ne m’estimera plus. « Un de ces matins, bernique ! » s’était écriée tout à l’heure la mère Malorthy… Chose étrange ! pour la première fois, elle avait ressenti quelque angoisse, non pas à la pensée de l’abandon, mais de sa future solitude. La trahison ne lui faisait pas peur, elle n’y avait jamais rêvé. Cette petite vie bourgeoise, respectable, l’honnête maison de briques, la brasserie bien achalandée avec le moteur à gaz pauvre — la bonne conduite qui porte en elle sa récompense — les égards que se doit à soi-même une jeune personne, fille de commerçant notable, — oui, la perte de tous ces biens ensemble ne l’inquiétait pas une minute. Pour la voir en robe du dimanche, sagement peignée, pour entendre son rire vif et frais, le père Malorthy ne doutait point que sa demoiselle fût accomplie, « élevée comme une reine », disait-il parfois, non sans fierté. Il disait encore : « J’ai ma conscience, cela suffit. » Mais il ne confronta jamais que sa conscience et son grand livre.

Le vent fraîchit : au loin les fenêtres à petits carreaux flambèrent une à une ; l’allée sablée ne fut plus au dehors qu’une blancheur vague, et le ridicule petit jardin s’élargit et s’approfondit soudain sans mesure, à la dimension de la nuit… Germaine s’éveilla de sa colère, comme d’un rêve. Elle sauta du lit, vint écouter à la porte, n’entendit plus rien que l’habituel ronflement du brasseur et le solennel tic-tac de l’horloge, revint vers la fenêtre ouverte, fit dix fois le tour de sa cage étroite, sans bruit, souple et furtive, pareille à un jeune loup… Hé quoi ? Minuit déjà ?

Un profond silence, c’est déjà le péril et l’aventure, un beau risque ; les grandes âmes s’y déploient comme des ailes. Tout dort ; nul piège… « Libre ! » dit-elle tout à coup, de cette voix basse et rauque que son amant n’ignorait pas, avec un gémissement de plaisir… Elle était libre, en effet.

Libre ! Libre, répétait-elle, avec une certitude grandissante. Et, certes, elle n’aurait su dire qui la faisait libre, ni quelles chaînes étaient tombées. Elle s’épanouissait seulement dans le silence complice… Une fois de plus, un jeune animal féminin, au seuil d’une belle nuit, essaie timidement, puis avec ivresse, ses muscles adultes, ses dents et ses griffes.

Elle quittait tout le passé comme le gîte d’un jour.

Elle ouvrit sa porte à tâtons, descendit l’escalier marche à marche, fit grincer la clef dans la serrure, et reçut en plein visage l’air du dehors, qui jamais ne lui parut si léger. Le jardin glissa comme une ombre… ; la grille dépassée…, la route, et le premier détour de la route… Elle ne respira qu’au delà, laissant le village derrière elle, dans les arbres, compact, obscur… Alors elle s’assit sur le talus, toute frémissante encore du plaisir de la découverte… Le chemin qu’elle avait fait lui parut immense. La nuit devant elle s’ouvrait comme un asile et comme une proie… Elle ne formait aucun projet, elle sentait dans sa tête un vide délicieux… « Hors d’ici ! Va-t’en ! » disait tout à l’heure le père Malorthy. Quoi de plus simple ? Elle était partie.

Wednesday 20 October 2021

Excellent Readings: Sonnet LXXXIII by William Shakespeare (in English)

I never saw that you did painting need,
And therefore to your fair no painting set;
I found, or thought I found, you did exceed
The barren tender of a poet's debt:
And therefore have I slept in your report,
That you yourself, being extant, well might show
How far a modern quill doth come too short,
Speaking of worth, what worth in you doth grow.
This silence for my sin you did impute,
Which shall be most my glory being dumb;
For I impair not beauty being mute,
When others would give life, and bring a tomb.
   There lives more life in one of your fair eyes
   Than both your poets can in praise devise.