Thursday, 2 May 2024

Thursday's Serial: "Os Exercícios Espirituais" by Saint Ignatius of Loyola (translated into Portuguese) - the end

 

14 REGRAS PARA VÁRIOS DISCERNIMENTOS DAS MOÇÕES DA ALMA

313 Regras para de alguma maneira sentir e conhecer as várias moções que se causam na alma: as boas para as aceitar e as más para as rejeitar, e são mais próprias para a Primeira Semana.

314 1. Nas pessoas que vão de pecado mortal em pecado mortal, costuma ordinariamente o inimigo propor-lhes prazeres aparentes, fazendo-lhes imaginar deleites e prazeres sensuais, para mais as conservar e fazer crescer em seus vícios e pecados. Com estas pessoas o bom espírito usa um modo contrário: punge-lhes e remorde-lhes a consciência pelo instinto da razão.

315 2. Nas pessoas que se vão intensamente purificando de seus pecados, e subindo de bem em melhor no serviço de Deus nosso Senhor, o modo de agir é contrário ao da primeira regra. Porque então é próprio do mau espírito morder, entristecer e pôr impedimentos, inquietando com falsas razões, para que não se vá para frente. E é próprio do bom espírito dar ânimo e forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude, facilitando e tirando todos os impedimentos, para que ande para diante na prática do bem.

316 3. Consolação espiritual. Chamo consolação, quando na alma se produz alguma moção interior, com a qual vem a alma a inflamar-se no amor de seu Criador e Senhor; e quando, conseqüentemente, nenhuma coisa criada sobre a face da terra pode amar em si mesma, a não ser no Criador de todas elas. E também, quando derrama lágrimas que a movem ao amor do seu Senhor, quer seja pela dor se seus pecados ou da Paixão de Cristo nosso Senhor, quer por outras coisas diretamente ordenadas a seu serviço e louvor. Finalmente, chamo consolação todo o aumento de esperança, fé e caridade e toda a alegria interior que chama e atrai às coisas celestiais e à salvação de sua própria alma, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor.

317 4. Desolação espiritual. Chamo desolação a todo o contrário da terceira regra, como obscuridade da alma, perturbação, inclinação a coisas baixas e terrenas, inquietação proveniente de várias agitações e tentações que levam a falta de fé, de esperança e de amor; achando-se a alma toda preguiçosa, tíbia, triste, e como que separada de seu Criador e Senhor. Porque assim como a consolação é contrária à desolação, da mesma maneira os pensamentos que provêm da consolação são contrários aos pensamentos que provêm da desolação.

318 5. Em tempo de desolação, nunca fazer mudança, mas estar firme e constante nos propósitos e determinação em que estava, no dia anterior a essa desolação, ou na determinação em que estava na consolação antecedente. Porque, assim como, na consolação, nos guia e aconselha mais o bom espírito, assim, na desolação, nos guia e aconselha o mau, com cujos conselhos não podemos tomar caminho para acertar.

319 6. Uma vez que no tempo de desolação não devemos mudar as resoluções anteriores, aproveita muito reagir intensamente contra a mesma desolação, por exemplo insistindo mais na oração, na meditação, em examinar-se muito e em alargar-nos nalgum modo conveniente de fazer penitência.

320 7. O que está em desolação considere como o Senhor o deixou em prova, nas suas potências naturais, para que resista às várias agitações e tentações do inimigo; pois pode fazê-lo com o auxílio divino, que sempre lhe fica, ainda que o não sinta claramente; porque o Senhor lhe subtraiu o seu muito fervor, o grande amor e a graça intensa, ficando-lhe, contudo, graça suficiente para a salvação eterna.

321 8. O que está em desolação trabalhe por manter-se na paciência que é contrária às vexações que lhe advêm, e pense que será depressa consolado, se puser a diligência contra essa desolação, como se disse na Sexta regra.

322 9. Três são as causas principais por que nos achamos desolados: A primeira é por sermos tíbios, preguiçosos ou negligentes em nossos exercícios espirituais. E assim, por nossas faltas, se afasta de nós a consolação espiritual. A segunda, para nos mostrar de quanto somos capazes e até onde nos alargamos no seu serviço e louvor, sem tanto dispêndio de consolações e grandes graças. A terceira, para nos dar verdadeira informação e conhecimento, com que sintamos internamente que não depende de nós fazer vir ou conservar devoção grande, amor intenso, lágrimas nem nenhuma outra consolação espiritual, mas que tudo é dom e graça de Deus nosso Senhor. E para que não façamos ninho em propriedade alheia, elevando o nosso entendimento a alguma soberba ou vanglória, atribuindo a nós a devoção ou as outras formas de consolação espiritual.

323 10. O que está em consolação pense como se haverá na desolação que depois virá, e tome novas forças para então.

324 11. O que está consolado procure humilhar-se e abater-se quanto puder, pensando para quão pouco é, no tempo da desolação, sem essa graça ou consolação. Pelo contrário, o que está em desolação pense que pode muito com a graça suficiente para resistir a todos os seus inimigos, e tome forças no seu Criador e Senhor.

325 12. O inimigo porta-se como uma mulher: fraco ante a resistência, e forte, ante a condescendência. Porque assim como é próprio da mulher, quando briga com um homem, perder ânimo e pôr-se em fuga, quando o homem lhe mostra rosto firme; e, pelo contrário, se o homem começa a fugir e perde a coragem, a ira, a vingança e a ferocidade da mulher é muito grande e se torna desmedida. Da mesma maneira, é próprio do inimigo enfraquecer e perder ânimo, dando em fuga com suas tentações, quando a pessoa que se exercita nas coisas espirituais enfrenta, sem medo, as tentações do inimigo, fazendo o diametralmente oposto. E, pelo contrário, se a pessoa que se exercita começa a ter temor e a perder ânimo em sofrer as tentações, não há besta tão feroz sobre a face da terra, como o inimigo da natureza humana, no prosseguimento da sua perversa intenção, nem com uma tão grande malícia.

326 13. Porta-se também como um namorado frívolo, querendo ficar no segredo e não ser descoberto. Porque, assim como um homem frívolo, que, falando com má intenção, solicita a filha dum bom pai ou a mulher dum bom marido, quer que as suas palavras e insinuações fiquem secretas; e, muito lhe desagrada, pelo contrário, quando a filha descobre ao pai, ou a mulher ao marido, suas palavras frívolas e sua intenção depravada, porque facilmente deduz que não poderá realizar a empresa começada. Da mesma maneira, quando o inimigo da natureza humana vem com as suas astúcias e sugestões à alma justa, quer e deseja que sejam recebidas e tidas em segredo; mas pesa-lhe muito, quando a alma as descobre ao seu bom confessor ou a outra pessoa espiritual que conheça seus enganos e maldades, porque conclui que não poderá levar a cabo a maldade começada, ao serem descobertos seus evidentes enganos.

327 14. Comporta-se também como um chefe militar para vencer e roubar o que deseja. Porque, assim como um capitão e chefe dum exército, em campanha, depois de assentar arraiais e examinar as forças ou a disposição dum castelo, o combate pela parte mais fraca, da mesma maneira o inimigo da natureza humana, fazendo a sua ronda, examina todas as nossas virtudes teologais, cardeais e morais, e por onde nos acha mais fracos e mais necessitados para a nossa salvação eterna, por aí nos atacam e procuram tomar-nos.

 

8 REGRAS PARA UM MAIOR DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS

328 Regras para o mesmo efeito com maior discernimento de espíritos, e são mais convenientes para a Segunda Semana.

329 1. É próprio de Deus e dos seus anjos, em suas moções, dar verdadeira alegria e gozo espiritual, tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo suscita. Deste é próprio lutar contra a alegria e consolação espiritual, apresentando razões aparentes, subtilezas e contínuas falácias.

330 2. Só a Deus nosso Senhor pertence dar consolação à alma sem causa precedente. Porque é próprio do Criador entrar, sair, produzir moção na alma, trazendo-a toda ao amor de sua divina majestade. Digo: sem causa, isto é, sem nenhum prévio sentimento ou conhecimento de algum objeto pelo qual venha essa consolação, mediante seus atos de entendimento e vontade.

331 3. Com causa, pode consolar a alma, assim o anjo bom como o mau, para fins contrários: o bom anjo para proveito da alma, afim de que cresça e suba de bem em melhor; e o mau anjo para o contrário, e para ulteriormente trazê-la à sua perversa intenção e maldade.

332 4. É próprio do anjo mau, que se disfarça em anjo de luz, entrar com o que se acomoda à alma devota e sair com o que lhe convém a si, isto é, trazer pensamentos bons e santos, acomodados a essa alma justa, e, depois, pouco a pouco, procurar sair-se, trazendo a alma aos seus enganos encobertos e perversas intenções.

333 5. Devemos estar muito atentos ao decurso dos pensamentos. Se o princípio, meio e fim são inteiramente bons, inclinando a tudo bem, é sinal do bom anjo. Mas se no decurso dos pensamentos que traz, acaba nalguma coisa má, ou menos boa que aquela que a alma antes propusera fazer, ou a enfraquece, ou inquieta, ou perturba, tirando-lhe a sua paz, tranqüilidade e quietude que antes tinha, é claro sinal que procede do mau espírito, inimigo do nosso proveito e salvação eterna.

334 6. Quando o inimigo da natureza humana for sentido e conhecido pela sua cauda serpentina e pelo mau fim a que induz, aproveita à pessoa que por ele foi tentada, verificar logo o decurso dos pensamentos que ele lhe trouxe, e o princípio deles, e como, pouco a pouco, procurou fazê-la descer da suavidade e gozo espiritual em que estava, até trazê-la à sua intenção depravada. Para que, com tal experiência, conhecida e notada, se guarde, daí por diante, de seus habituais enganos.

335 7. Naqueles que progridem de bem em melhor, o bom anjo toca-lhes a alma doce, leve e suavemente, como gota de água que penetra numa esponja; e o mau anjo toca agudamente, com ruído e agitação, como quando a gota de água cai sobre a pedra; e aos que vão de mal em pior, os mesmos espíritos tocam-nos de modo oposto. A causa desta diversidade está na disposição da alma ser contrária ou semelhante à dos ditos anjos. Porque, quando é contrária, entram com ruído e comoção, de maneira perceptível; e quando é semelhante, entram silenciosamente, como em casa própria, de porta aberta.

336 8. Quando a consolação é sem causa, embora nela não haja engano, por provir só de Deus nosso Senhor, como dissemos [330]; contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá essa consolação, deve observar e distinguir, com muita vigilância e atenção, o tempo próprio dessa consolação do tempo que se lhe segue, em que a alma fica quente e favorecida com o favor e os restos da consolação passada. Porque, muitas vezes, neste segundo tempo, por seu próprio raciocínio feito de relações e deduções de conceitos e juízos, ou pelo bom espírito ou pelo mau, forma diversas resoluções e opiniões que não são dadas imediatamente por Deus nosso Senhor. E, portanto, é necessário examiná-las muito bem, antes de se lhes dar pleno crédito e de se porem em prática.

 

7 REGRAS PARA SE DISTRIBUIR ESMOLAS

337 No ministério de distribuir esmolas devem-se guardar as regras seguintes.

338 1. Se eu faço a distribuição a parentes ou amigos ou a pessoas a quem tenho afeição, deverei atender a quatro coisas das quais se falou, em parte, ao tratar da eleição [184-187]. A primeira é que o amor que me move e me faz dar a esmola, desça do alto, do amor de Deus nosso Senhor, de forma que eu sinta primeiro em mim que o amor maior ou menor que tenho a essas pessoas é por Deus, e que na causa por que as amo, transpareça Deus.

339 2. Quero imaginar um homem a quem nunca tenha visto nem conhecido; e, desejando-lhe eu toda a perfeição, no cargo e estado que tem, que procedimento desejaria eu que ele seguisse, na sua maneira de distribuir esmolas, para a maior glória de Deus nosso Senhor e maior perfeição de sua alma, e, procedendo eu assim, nem mais nem menos, guardarei a mesma regra e a medida que desejaria que ele seguisse e que julgo ser a melhor [185].

340 3. Quero considerar, como se estivesse em artigo de morte, a forma e medida que quereria então ter seguido, no cargo da minha administração; e regulando-me por ela, segui-la-ei nos atos da minha distribuição [186].

341 4. Considerando como me acharei no dia de Juízo, pensar bem como então quereria ter usado deste ofício e cargo de distribuir esmolas. A regra que então desejaria ter tido, tê-la agora [187].

342 5. Quando alguém se sente inclinado ou afeiçoado a algumas pessoas às quais quer distribuir esmolas, detenha-se e reflita bem sobre as quatro regras precedentes [184-187], examinando e verificando, à luz delas, a sua afeição. E, não dê a esmola, até que, conforme a essas regras, tenha totalmente tirado e afastado a sua afeição desordenada.

343 6. Ainda que não há culpa em tomar os bens de Deus nosso Senhor, para os distribuir, quando a pessoa é chamada por nosso Deus e Senhor, para este ministério; contudo no cálculo e quantidade do que há de tomar e aplicar a si mesmo do que tem para dar a outros, há lugar para dúvida de culpa e excesso. Por isso pode reformar-se no que se refere à sua vida e estado, pelas regras acima mencionadas.

344 7. Pelas razões já expostas e por muitas outras, é sempre melhor e mais seguro, no que se refere às despesas pessoais e domésticas, restringir e reduzir, o mais possível, e conformar-se quanto puder com o nosso Sumo Pontífice, modelo e regra nossa, que é Cristo nosso Senhor. Conforme a isto, o terceiro Concílio Cartaginês (no qual esteve S. Agostinho) determina e manda que a mobília do bispo seja comum e pobre. A mesma consideração se deve fazer, em todos os estados de vida, guardando as proporções e tendo em conta a condição, nível social e estado das pessoas. Assim, no estado matrimonial, temos o exemplo de S. Joaquim e S. Ana que dividiam os seus bens em três partes, a primeira davam aos pobres, a segunda ao ministério e serviço do templo, e tomavam a terceira para sustento de si mesmos e de sua família.

 

6 NOTAS PARA O DISCERNIMENTO DOS ESCRÚPULOS

345  As Notas seguintes ajudam a discernir e compreender os escrúpulos e as insinuações do nosso inimigo.

346 1. Chama-se vulgarmente escrúpulo o que provém do nosso próprio juízo e liberdade, a saber: quando eu livremente imagino que é pecado aquilo que não é pecado. Assim, por exemplo, acontece que alguém, depois de ter pisado casualmente uma cruz de palha, imagina, por seu próprio juízo, que pecou; isto é propriamente um juízo errôneo e não propriamente um escrúpulo.

347 2. Depois de ter pisado aquela cruz, ou depois de ter pensado ou dito ou feito qualquer outra coisa, vem-me de fora um pensamento de que pequei e, por outro lado, parece-me a mim que não pequei. Contudo sinto nisto perturbação, a saber, enquanto por um lado duvido e por outro não duvido. Isto é que é propriamente um escrúpulo e uma tentação que o inimigo me sugere. [32,351].

348 3. O primeiro escrúpulo, o da primeira nota, deve muito se aborrecer, porque é um verdadeiro erro; mas o segundo, o da segunda nota, durante algum tempo, não é de pouco proveito para a alma que se dá a exercícios espirituais. Pelo contrário, em grande maneira, purifica e limpa essa alma, separando-a muito de toda a aparência de pecado, conforme a palavra de S. Gregório: "É próprio das almas boas ver falta onde não há nenhuma".

349 4. O inimigo observa muito se a alma é grosseira ou delicada. Se é delicada, procura torná-la ainda mais delicada, até ao extremo, para mais a perturbar e arruinar; por exemplo, se vê que uma alma não consente em pecado mortal nem venial nem sequer em aparência de pecado deliberado, então o inimigo, quando vê que não a pode fazer cair em coisa que pareça pecado, procura fazê-la imaginar pecado onde não há pecado, como, por exemplo, numa palavra ou pensamento sem importância. Se a alma é grosseira, o inimigo procura engrossá-la mais, por exemplo: se antes não fazia caso dos pecados veniais, procurará que faça pouco dos mortais, e se algum caso fazia antes, procurará que muito menos ou nenhum faça agora.

350 5. A alma que deseja progredir na vida espiritual, deve sempre proceder de maneira contrária à do inimigo [319, 351], a saber: se o inimigo quer embotá-la, a alma deve procurar tornar-se mais delicada; e também se o inimigo procura afiná-la, para a levar ao excesso, a alma procure consolidar-se no meio termo, para totalmente se tranqüilizar.

351 6. Quando essa boa alma quiser dizer ou fazer alguma coisa, em conformidade com a Igreja, e com as tradições dos nossos maiores, que seja para glória de Deus nosso Senhor, e lhe vem de fora um pensamento ou tentação para não dizer nem fazer essa coisa, trazendo-lhe razões aparentes de vanglória ou de outra coisa, etc., então deve elevar o pensamento para o seu Criador e Senhor; e se vê que essa palavra ou ação é para seu devido serviço, ou ao menos não lhe é contrária, deve agir de maneira diametralmente oposta a essa tentação, e como S. Bernardo responder ao inimigo: "nem o comecei por ti, nem por ti o acabarei".

 

18 REGRAS PARA SE SENTIR COM A IGREJA

352 Para o verdadeiro sentido que devemos ter na igreja militante, guardem-se as regras seguintes:

353 1. Deposto todo o juízo próprio, devemos ter o espírito preparado e pronto para obedecer em tudo à verdadeira Esposa de Cristo, nosso Senhor, que é a nossa santa Mãe a Igreja hierárquica. [170].

354 2. Louvar a confissão ao sacerdote e a recepção do Santíssimo Sacramento, uma vez no ano, e muito mais, em cada mês, e muito melhor, de oito em oito dias, com as condições requeridas e devidas. [18].

355 3. Louvar a assistência freqüente à missa, e igualmente cantos, salmos e longas orações, na igreja e fora dela; e também a determinação de horas destinadas para todo o ofício divino e para toda a oração e todas as horas canônicas.

356 4. Louvar muito a vida religiosa, a virgindade e a continência, e não louvar tanto o matrimônio como nenhuma destas. [14,15].

357 5. Louvar os votos religiosos, de obediência, pobreza e castidade e de outras perfeições. É de notar que, como os votos se fazem sobre coisas que se aproximam mais da perfeição evangélica, não se devem fazer de coisas que nos apartam dessa perfeição, como de ser comerciante ou de casar-se, etc.

358 6. Louvar as relíquias dos Santos, venerando-as a elas e rezando-lhes a eles. Louvar estações, peregrinações, indulgências, jubileus, bulas da cruzada e velas acesas nas igrejas.

359 7. Louvar constituições sobre jejuns e abstinências, como as da quaresma, das quatro têmporas, vigílias, sexta e sábado; e também as penitências, não somente internas, mas também externas. [82].

360 8. Louvar os ornamentos e os edifícios das igrejas e também as imagens e venerá-las pelo que representam.

361 9. Louvar finalmente todos os preceitos da Igreja, tendo prontidão de espírito para buscar razões para os defender, e, de modo nenhum para os criticar.

362 10. Devemos ser mais prontos para aprovar e louvar tanto as diretrizes e recomendações como o comportamento dos nossos Superiores do que para os criticar. Porque, mesmo que a conduta de alguns não fosse tal como deveria ser, falar contra ela, ou em pregações públicas ou em conversas, na presença de simples fiéis, originaria mais críticas e escândalo do que proveito. E assim, o povo viria a irritar-se contra os seus superiores, quer temporais quer espirituais. De maneira que assim como é prejudicial falar mal dos Superiores, na sua ausência, diante do povo humilde, assim pode ser proveitoso falar da sua má conduta às pessoas que lhes podem dar remédio. [41].

363 11. Louvar a doutrina positiva e escolástica, porque assim como é mais próprio dos doutores positivos, tais como S. Jerónimo, S. Agostinho e S. Gregório, etc. mover os afetos, para em tudo amar e servir a Deus, nosso Senhor, assim é mais próprio dos escolásticos, tais como S. Tomás, S. Boaventura e o Mestre das Sentenças, etc., definir ou explicar para os nossos tempos [369], as coisas necessárias à salvação eterna, e refutar e explicar mais todos os erros e todos os sofismas. Porque os doutores escolásticos, como são mais modernos, não só se aproveitam da exata inteligência da Sagrada Escritura e dos Santos Doutores positivos, mas ainda iluminados e esclarecidos pela graça divina, ajudam-se também dos concílios, cânones e constituições da nossa Santa Mãe Igreja.

364 12. Devemos evitar fazer comparações entre os que estamos vivos e os bem aventurados de outrora. Porque não pouco nos enganamos neste ponto, quando dizemos, por exemplo: "Este sabe mais que Santo Agostinho é outro ou mais que São Francisco, é outro São Paulo, em bondade, em santidade, etc". [2].

365 13. Para em tudo acertar, devemos estar sempre dispostos a que o branco, que eu vejo, acreditar que é negro, se a Igreja hierárquica assim o determina. Porque creio que entre Cristo, nosso Senhor, esposo, e a Igreja, sua esposa, não há senão um mesmo Espírito que nos governa e dirige para a salvação das nossas almas. Porque é pelo mesmo Espírito e Senhor nosso, que nos deu os dez mandamentos que é dirigida e governada a nossa Santa Mãe Igreja.

366 14. Embora seja muita verdade que ninguém se pode salvar sem ser predestinado, e sem ter a fé e a graça, contudo deve-se ter muito cuidado no modo de falar e de se expressar sobre todas estas coisas.

367 15. Habitualmente não devemos falar muito de predestinação; mas se, de alguma maneira e algumas vezes, se falar, faça-se de maneira que o povo simples não venha a cair nalgum erro, como acontece, algumas vezes, ao dizer: "se tenho de me salvar ou condenar, já está determinado, e não é por eu fazer bem ou mal que pode acontecer outra coisa. E assim relaxam-se e descuidam as obras que conduzem à salvação e ao proveito espiritual de suas almas".

368 16. Da mesma forma, devemos acautelar-nos de que, ao falar muito da fé, e com muita insistência, sem alguma distinção e explicação, não demos ao povo ocasião de ser desleixado e preguiçoso nas obras, quer antes da fé ser informada pela caridade quer depois.

369 17. Também não devemos falar tão abundantemente nem com tanta insistência, da graça que se gere o veneno de suprimir a liberdade. De maneira que da fé e da graça pode falar-se, quanto seja possível, com ajuda da graça divina, para maior louvor de sua divina majestade, mas não de tal forma e com tais modos, sobretudo nos nossos tempos tão perigosos, que as obras e o livre arbítrio sofram algum prejuízo ou sejam tidos por coisa de nenhuma importância.

370 18. Embora devamos estimar, sobretudo o serviço intenso de Deus, nosso Senhor, por puro amor, devemos, contudo louvar muito o temor de sua divina Majestade [65]. Porque não somente o temor filial é coisa piedosa e santíssima, mas mesmo o temor servil, quando outra coisa melhor e mais útil não se pode conseguir, ajuda muito a sair do pecado mortal. E, uma vez que se sai dele, facilmente se chega ao temor filial que é totalmente aceite e agradável a Deus, nosso Senhor, por ser inseparável do amor divino.

 

 

FIM

Wednesday, 1 May 2024

Sermon on Spiritual Aging by St. Vincent Ferrer O.P. (translated into English)

 

“And be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23)

 

These words are read in the epistle of this Sunday.  Let us salute the Virgin Mary.

In these words the Apostle Paul suggests that mortal sin makes the soul senile and old, when he says, “And be renewed,” etc.  Tacitly he presupposes this.  I will base my sermon on this, and we have insights and advice [speculationes et moralitates].  We know that old age and aging are conditions and properties of corporeal, corruptible, and mortal creatures. It does not happen to spiritual creatures.  It is many thousand of years since Michael [the archangel] was created, and he is just as young today as on the first day of his creation.  It’s the same for Gabriel, Raphael and the others.  Old age and antiquity [senectus et antiquitus] do not have a place in them.  See St. Thomas [Summa theologiae]  I , q. 50, a. 5 [ult.] about the incorruptibility of angels.

The same is true for souls. So the soul of a man a hundred years old, or even a thousand,  is as young as the soul of a child one day old, because they are spiritual substances, and they do not grow old or age.  Authority.  “Your name is as oil poured out: therefore young maidens have loved you.” (Song 1:2).  Note “oil poured out,” namely, Christian faith everywhere preached and spread.  Here, the name of Christ is called “oil,” elsewhere “ointment,” because it is the medicine of the soul, for at the moment in which a child or adult is baptized, their soul is cured, and it is “poured out” in heaven, because by it the wound is cured, the case of bad angels, and [poured out] on earth, because the faith of Christ in every generation was preached by the holy apostles.  Therefore the “young maidens,” namely, spiritual creatures, on which old age does not settle, “loved you too much,” (v. 2) that is very much.

Senescence or aging only happens in corporeal creatures, but not in all, because the sun, moon, stars, planets and the heavens, although they are corporeal creatures, nevertheless they are not corruptible from the composition of contraries.  But old age happens and comes upon corruptible, mortal creatures.  A house is called old or new, a garden, a ship etc., and our bodies grow old, and also those of animals etc.  It is therefore evident that senescence and aging are properties or conditions of corporeal animal creatures. Authority.  “And that which decays and grows old, is near its end,” (Heb 8:13). If therefore we wish to speak properly about old age, our souls are not old, but the Apostle presupposes and suggests that our souls grow old and age from mortal sin, because every defect which old age gives to the body naturally, the same defects sin gives to the soul spiritually, or morally.  Therefore the theme says, “And be renewed in the spirit of your mind,” etc., (Eph 4:23).  The theme is clear.

I have sought out and found that there are six defects which old age brings naturally to the body.

 

First is the whitening of the hair [dealbatio capillorum],

Second, the dulling of the senses [obturatio sensuum],

Third, the wrinkling of the skin [corruptio cutis],

Fourth, the bowing of the head [incurvatio capitis],

Fifth, weakness in the limbs [debilitatio in membris],

Sixth, the approach of death [appropinquatio mortis].

 

Sin brings on these six defects to the soul spiritually or morally.  Therefore the theme says: “And be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23).

 

WHITENING OF THE HAIR

I say first that the first defect which old age gives to the body is the whitening of the hair.  Although indeed in youth a man had black hair, commonly in old age, it naturally turns white.  Reason.  Because the moisture and coolness of the head and scalp rots the roots of the hairs, and so the hair turns white.  Just like in autumn the leaves of the trees, once green, grow pale and fall, so it is with the hair.  And although this is clear and certain nevertheless there is this scriptural authority: “The Ancient of days sat… and the hair of his head [was] like clean wool,” (Dan 7:9).  Now we shall see if mortal sin does this to the soul.

The hairs of the soul are the various thoughts, innumerable, volatile, and voluble, like hair.  How many indeed are the thoughts of a man waking, sleeping, here and there etc, on the earth and at sea, to the extent that what David said of his thoughts, “They are multiplied,” namely, my thoughts, “above the hairs of my head,” here and there, “and my heart has forsaken me,” (Ps 39:13). For this reason Job said, “Various thoughts succeed one another in me, and my mind is hurried away to different things,” (Job 20:2).

I say that someone existing in grace has black hair, i.e. thoughts of humility, thinking of one’s own failures, because to the extent that a person is better, holier, and of a more perfect life, to that extent does he think more of his faults, saying within himself, “O you wretch [miser], these graces which God placed in me are so corrupted, like wine in a bad barrel, because I have not kept these graces and virtues pure and holy, etc.  This precious liquor of grace has turned bad from the defect of the container.”  Behold humility.  In this way the Blessed Virgin Mary was very humbled by thinking of the graces received from God, and out of humility considered herself to be almost nothing. Therefore the holy fathers ordered for a time, that when something is said in the choir, that they make a “venia” [monastic gesture for pardon for a ritual mistake in choir], as if seeking pardon, because it is impossible that something of ours be done without some defect, either in the deed, or in thought.  This is why scripture says of a devout person, “His locks [are] as branches of palm trees, black as a raven,” (Song 5:11).  “Locks,” i. e. thoughts, “like branches,” that is the leaves, “of the palm trees,” which are straight, which signifies that all good things which they do they attribute to God, saying: “Lord, if I have done anything good, it is by you, because on my part my thoughts and works are as black as a crow from their defects.”  The old age of mortal sin turns black hair white.

Certain ones, accustomed to sinning are quick to say, “So what if I have sinned?  David also sinned.  If I have fallen, a saint like him also fell.  I fast and give alms, I do such and such, and that other fellow does not.”  See the white thoughts, sins, of those who out of presumption do not acknowledge their own defects.  About this presumption, read Luke 23, about a certain man who was considered to be holy, who was saying, “O God, I give you thanks that I am not as the rest of men, extortionists, unjust, adulterers, as also is this publican.  I fast twice in a week…” (Lk 18:11-12).  This man had white hair.  He acted stupidly, and praised himself before God, and all was grey [canus] in him, not acknowledging any defect.  So it happens to you, when you go to confession. Some say: “Father, ask me, because I don’t remember any sin.”  First of all, they are lying.  But if the confessor would query, “What about your neighbor?” not only would they tell of mortal sins, but also venial.  You all are grey, not recognizing your defects.   It is a sign of an evil life to have such white thoughts, praising or commending oneself.  Therefore the Apostle, “And be renewed,” etc.

 

DULLING OF THE SENSES

The second defect is the stopping up [obturatio] of the senses, namely when the sight is clouded [ingrossatur, thickened], and one needs glasses. Also the hearing does not hear, nor does the smelling smell.  Same of taste and touch. Natural reason.  The heavy [grossi] humors indeed abound in old people and dull the senses.  Authority.  The soldier [Berzellai] said when he was invited by David, “I am this day eighty years old, are my senses quick to discern sweet and bitter? or can meat or drink delight thy servant? or can I hear any more the voice of singing men and singing women?” (2 Kg 19:35).

Now let us see if any sin induces this defect in the soul.  I say that people who live in sin have the senses of the soul so obstructed, that they perceive nothing of the evils of the soul, but of the evils of the body they well are aware of.  V.g. If a man walks on the road barefoot, he will immediately feel a thorn.  But when you go to soothsayers for your health, as if  they are able to give you health, and the devil pierces your soul with a lance, you do not feel it.  So the evils of the body you perceive immediately, but not of the soul.  If someone storms through the house in a rage you know it I at once, yet you put up with a notorious witch [divinum notorium] etc., and you do not recognize it.  This sin suffices, that the anger of God would descend on you .  Also if you should find a pebble between the teeth [lapillus inter dentes] in your table forks [scutellis], you would notice it immediately. But when you hold a big rock in your mouth, by swearing and blaspheming, or by defaming your neighbor, you don’t notice it. See how sin makes you lose your senses.

 

WRINKLING OF THE SKIN

Third, I say that the third defect which old age brings is the breakdown or wrinkling of the skin.  Youths have soft skin and smooth hands and faces.  The old man however is wrinkled all over.  Natural reason.  Because the youth is fleshy and it fills out the skin, but in old people the flesh shrinks.  Therefore the skin wrinkles.  So Job, when it is told him that he was young, pointing out the opposite he said, “My wrinkles bear witness against me,” (Job 16:19).  If when a person stands in a good life in grace, the soul is young and fleshy.  The smooth skin of the soul is external conduct, and just as the skin covers the flesh, blood and bones, so conduct.  A good, holy and virtuous person is the same internally as he is outside of himself; how he is in the home, so he is in town; how in private, the same in public.  So if someone says that he is humble, he is humble, if he shows himself to be poor on the outside, so he is in his heart.  Same of chastity, abstinence, penance, patience and diligence, all is smooth skin.

But sin makes the skin of conduct wrinkle.  When indeed a man falls into sin, he is ashamed to make it public, and he shows himself to be other than what he is internally.  On the outside he shows himself to be humble, he bows his head, but inwardly pride abounds, like Lucifer, the skin is wrinkled.  He shows himself to be a lover of poverty, chastity, sincerity [claritatis], abstinence, patience, diligence, but within he is totally the opposite, all is wrinkled.  Some show themselves to be friends on the outside, saying, “If you want anything, I am all yours.”  But behind his back if they are able they accuse and defame and when they cannot do anything, some go at night and cut his vines, etc. saying,” He can’t prove it, and we will deny it.”  Such people are bound to restore the damages, if they wish to be saved, otherwise neither confession, or anything else will benefit for salvation.  The same for a notary changing someone’s will, or clauses of the will out of ill will.  Same for false witness in accusing a neighbor, all is wrinkled.

Do you want to know what sin is?  Christ said through the mouth of John, about someone smoothing or wrinkling, “I know your works, that you are neither cold, nor hot. I would you were cold, or hot.  But because you are lukewarm, and neither cold, not hot, I will begin to vomit you out of my mouth,” (Rev 3:15-16).   Hot or cold is the one who reveals himself externally how he is internally.  He is cold who, evil within, shows himself so externally.  If inside he has ill will, hate and rancor, against another he shows it outside.  He is hot who, good inside, shows himself so outside.  If a friend on the inside, he also shows it outside.

But lukewarm is the one who externally shows himself a friend, but inwardly he is an enemy; he greets you externally and defames you behind your back.  If it is asked, “Is it not better to be lukewarm than cold?”  I say, “No!,” because a man can refrain from being cold,  not from being lukewarm.  If a religious, or clergyman or lay person is warm, no evil follows, because they are good.  If cold, it is not credited to them, therefore no evil follows.  But when he is lukewarm, then he causes harm, because they confide in him, and he deceives.  A good woman should not confess to a  bad religious, or clergyman, or lay man, but because she trusts the lukewarm, and she is defrauded.  Behold why he says, “I would you were cold, …But because you are lukewarm, and neither cold, not hot, I will begin to vomit you out of my mouth.”(v. 16), and this when Christ says in judgment, “Depart from me, you cursed,” (Mt 25:41), because the lukewarm corrupt the whole world.  Therefore “be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23)

 

BOWING OF THE HEAD

I say fourth, that the fourth defect which old age brings on is the bowing of the head.  A young man goes erect, an old man bowed over.  Natural reason.  Just as a fire emits flames upward, so the heart of a young man is so warm, that it makes him go about upright, but when the warmth of the heart diminishes from old age, the head bows over.  Sin works this defect in the soul.  Someone who is without sin has the “head” of the soul, namely, thoughts, erect, by thinking of God, paradise, heavenly things, and he ardently desires to be there, to the extent that if God would say to him, “You have to leave here for a year.”  He would say to him, “O Lord, must I be separated from you and journey for so long?”  The heat of devotion raises his head, but mortal sin makes the head bow down to the earth, like beasts, which because they have no business in heaven, look at the ground.  A sinner does not delight in looking to heaven, just as a thief neither [delights in] looking at a judge presiding from his chair above him.  An example from the gospel about a certain publican.  The “publican,” however, “standing afar off, would not so much as lift up his eyes towards heaven;” (Lk 18:13),  because sin draws thinking and desiring downward to earthly things, saying, “O if I can have this or that. ”   So they descend downward to hell.

Of this the miracle of the gospel tells of a certain young woman, beautiful, who used to go about upright, and suddenly was inflicted with a curvature, and could not elevate her head so as to look at others.   All were amazed at her, not knowing why, but Christ knowing the cause said, “Woman, you are delivered from thy infirmity. And he laid his hands upon her, and immediately she was made straight, and glorified God,” (Lk 13:12-13), and Christ said, “And ought not this daughter of Abraham, whom Satan hath bound, lo, these eighteen years, be loosed from this bond…?” (Lk 13:16).

Thus the woman stands for the human soul, rightly advancing, who lived well, joyfully looking forward to her inheritance spelled out by her father in his will.  The clause of the will said: “Fear not, little flock, for it hath pleased your Father to give you a kingdom.” (Lk 12:32).  But when he sinned, he lost the warmth of devotion and became bent over, but when Christ touched the heart with his hands, giving contrition, it straightened.  Therefore Christ, “look up, and lift up your heads, because your redemption is at hand.” (Lk 21:28).  “And be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23)

 

WEAKNESS OF THE LIMBS

I say that the fifth defect which old age brings is the weakness of the members.  A young man is strong and robust; an old man feeble, so he is propped up with a cane.  “From the sole of the foot unto the top of the head, there is no soundness therein” (Isa 1:6)  This sin works in the soul.  When a soul is in grace it is strong, inasmuch as it cannot be pressured to sin by all the demons, but after sinning it is so weak that it immediately falls.  Just as women, a virgin or otherwise, before she sins, is firm in resisting, but when shame is lost, when corruption happened, they are weak and afterward easily fall and are seduced.  Therefore, women, turn yourselves away, lest you drop the reins of modesty. “Jerusalem hath grievously sinned, therefore is she become unstable,” (Lam 1:8).  So when a person is in grace, he has knees, hands and all his members strong for praying, and is not too tired [attaediatur] to genuflect, to elevating the  hands, nor for fasting, the hair shirt, or the discipline.  But from the fact that he is in sin, he is immediately weakened [attaediatur].  “For she is become weak unto good that dwells in bitterness,” (Mic 1:12).   Bitterness stands for sin, which leads the soul to the bitterness of damnation. Therefore, “be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23).

 

APPROACHING DEATH

Sixth, I say that for the sixth defect which old age produces is the approach of death.  Although the young man dies as well like the old, nevertheless naturally the young man is more distant from death, because he ought to live twenty or even fifty more years.  An old man however, is already at the gates of death.  “And that which decays and grows old, is near its end,” (Heb 8:13).  Sin does this to the soul; it makes the soul to be near infernal death, nearer than shirt [camisa] is to the body, because immediately when it leaves the body, it doesn’t delay for a year, or for a month to descend to hell, but in an instant. “They spend their days in wealth, and in a moment they go down to hell,” (Job 21:13).  Therefore David in the person of a sinner said, “There is but one step (as I may say) between me and,” eternal, “death.” (1 Kg 20:3).

If, therefore, mortal sin works these six defects in the soul, which old age works in the body, therefore it can well be said, morally speaking, to be the old age of the soul. Therefore, “Be renewed.”  Man is renewed by contrition, confession, and taking on or accepting penance, and by making satisfaction, and forgiving injuries.  And to the extent the injury is greater, to that extent the merit of remission is greater.   “Be renewed in the spirit of your mind,” (Eph 4:23)