Saturday, 12 April 2014

"A una Profesa" by St. Therese of Avila (in Spanish)



Santa Teresa de Ávila
¡Oh!, dichosa tal zagala
que hoy se ha dado a un tal Zagal
que reina y ha de reinar.

Venturosa fue su suerte
pues mereció tal Esposo:
ya yo, Gil, estoy medroso,
no la osaré más mirar,
pues ha tomado marido
que reina y ha de reinar.

Pregúntale qué le ha dado
para que lleve a su aldea.
El corazón le ha entregado
muy de buena voluntad.
Mi fe, poco le ha pagado
que es muy hermoso el Zagal,
que reina y ha de reinar.

Si más tuviera más diera.
¿Por qué le avisas, carillo?
Tomemos el cobanillo,
sírvanos, deja sacar,
pues ha tomado marido,
que reina y ha de reinar.

Pues vemos lo que dio ella,
¿qué le ha de dar el Zagal?
Con su sangre la ha comprado.
¡Oh qué precioso caudal,
y dichosa tal zagala,
que contentó a este Zagal!

Mucho le debía de amar,
pues le dio tan gran tesoro.
¿No ves que se lo da todo,
hasta el vestir y calzar?
Mira que es ya su marido,
que reina y ha de reinar.

Bien será que la tomemos,
para este nuestro rebaño,
y que la regocijemos
para ganar su amistad,
pues ha tomado marido,
que reina y ha de reinar.

Friday, 11 April 2014

"The Apes and the Two Travelers" by Aesop (in English)




     Two men, one who always spoke the truth and the other who told nothing but lies, were traveling together and by chance came to the land of Apes. One of the Apes, who had raised himself to be king, commanded them to be seized and brought before him, that he might know what was said of him among men. He ordered at the same time that all the Apes be arranged in a long row on his right hand and on his left, and that a throne be placed for him, as was the custom among men.  After these preparations he signified that the two men should be brought before him, and greeted them with this salutation: "What sort of a king do I seem to you to be, O strangers?'  The Lying Traveler replied, "You seem to me a most mighty king." "And what is your estimate of those you see around me?' "These," he made answer, "are worthy companions of yourself, fit at least to be ambassadors and leaders of armies." The Ape and all his court, gratified with the lie, commanded that a handsome present be given to the flatterer. On this the truthful Traveler thought to himself, "If so great a reward be given for a lie, with what gift may not I be rewarded, if, according to my custom, I tell the truth?' The Ape quickly turned to him. "And pray how do I and these my friends around me seem to you?' "Thou art," he said, "a most excellent Ape, and all these thy companions after thy example are excellent Apes too." The King of the Apes, enraged at hearing these truths, gave him over to the teeth and claws of his companions. 

Thursday, 10 April 2014

"Fetichismo" by Raimundo Correia (in Portguese)




Homem, da vida as sombras inclementes
Interrogas em vão: - Que céus habita Deus?
Onde essa região de luz bendita,
Paraíso dos justos e dos crentes?

Em vão tateiam tuas mãos trementes
As entranhas da noite erma, infinita,
Onde a dúvida atroz blasfema e grita,
E onde há só queixas e ranger de dentes...

A essa abóbada escura, em vão elevas
Os braços para o Deus sonhado, e lutas
Por abarcá-lo; é tudo em torno trevas...

Somente o vácuo estreitas em teus braços;
E apenas, pávido, um ruído escutas
Que é o ruído dos teus próprios passos!...

Wednesday, 9 April 2014

"Noções" by Cecília Meireles (in Portuguese)


Entre mim e mim, há vastidões bastantes
Para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
Só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
E este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é minha alma:
Qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
Como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

Tuesday, 8 April 2014

"Como Nuvens que Passam" (Canto V) by José Thiesen (in Portuguese)

Canto V

     - Pára e me ouve! Foi ótimo, foi maravilhoso. És importante pra mim, mas chega! Eu não suporto mais essa dor, a dor de não te alcançar! Teu jeito me fere, teu desleixo, tua obstinação, teu radicalismo! Ferem-me demais! A quanto tempo não conseguimos conversar? Somente nos ferimos com as palavras, com os olhares não trocados! Então te somes por todos esses dias e noites, dizendo que não podes conciliar a mim e tua vida, pra então vir chorando na chuva pedir o meu regaço? como se nada houvesse? Nada está mais ótimo e maravilhoso! Tudo caiu. Eu desmoronei. Fica com a minha toalha de festa.
     
     Fechei-lhe a porta e chorei eu.

   Tudo muito teatral, nós algumas noites antes. Estávamos numa praça escura e um chuvisqueiro miúdo antecipava a noite de hoje. Sentados num banco, silenciosos. Um pouco além, a avenida cheia de luz, ônibus passando, pessoas a correr.

   Eu havia escutado Luciano e suas razões tão certas, precisas, lógicas para terminarmos nossa relação e continuava em silêncio. As idéias, as palavras me passavam pela mente, mas a boca resignava-se á inutilidade de falar.

     Luciano, sempre incomodado com silêncios, perguntou-me em que pensava.

     - Estou lembrado as palavras de meu psicólogo. Ele me disse que quando uma relação vai mal, não a podemos terminar sem ter resolvido os erros nela cometidos, pois do contrário vamos repetir os mesmos erros na próxima.

      - Mas nossa relação não tem problemas; o problema são os outros que não nos aceitam.

      - Certo. O problema são os outros.

Saturday, 5 April 2014

"The Tempter" by Robert E. Howard (in English)



Something tapped me on the shoulder
Something whispered, "Come with me,
"Leave the world of men behind you,
"Come where care may never find you
"Come and follow, let me bind you
"Where, in that dark, silent sea,
"Tempest of the world ne'er rages;
"There to dream away the ages,
"Heedless of Time's turning pages,
"Only, come with me."
           

And my soul tugged at its moorings
And it whispered, "Set me free.
"I am weary of this battle,
"Of this world of human cattle,
"All this dreary noise and prattle.
"This you owe to me."
Long I sat and long I pondered,
On the life that I had squandered,
O'er the paths that I had wandered
Never free.

"Who are you?" I asked the phantom,
"I am rest from Hate and Pride.
"I am friend to king and beggar,
"I am Alpha and Omega,
"I was councilor to Hagar
"But men call me suicide."
I was weary of tide breasting,
Weary of the world's behesting,
And I lusted for the resting
As a lover for his bride.
           

In the shadow panorama
Passed life's struggles and its fray.
And my soul tugged with new vigor,
Huger grew the phantom's figure,
As I slowly tugged the trigger,
Saw the world fade swift away.
Through the fogs old Time came striding,
Radiant clouds were 'bout me riding,
As my soul went gliding, gliding,
From the shadow into day.