Bendito o que, na
terra, o fogo fez, ereto
E o que uniu a
charrua ao boi paciente e amigo;
E o que encontrou
a enxada e o que no chão abjeto,
Fez, aos beijos
do sol, o ouro brotar do trigo;
E o que o ferro
forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois
do berço e do lar, o jazigo;
E que os fios
urdiu; e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma
esmola ao primeiro mendigo.
E o que soltou ao
mar a quilha, e ao vento o pano;
E o que inventou
o canto; e o que criou a lira;
E o que domou o
raio; e o que alçou o aeroplano.
Mas, bendito
entre os mais, o que, no dó profundo,
Descobriu a
esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o
dom de suportar o mundo.
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