(no seu benefício)
Branco cisne, que
vogavas
Das harmonias no
mar,
Pomba errante de
outros climas,
Vieste aos cerros
pousar.
Inda bem. Sob os
palmares
Na voz do condor,
dos mares,
Das serranias,
dos céus...
Sente o homem —
que é poeta.
Sente o vate —
que é profeta
Sente o profeta —
que é Deus.
Há alguma cousa
de grande
Deste mundo na
amplidão,
Como que a face
do Eterno
Palpita na
criação...
E o homem que
olha o deserto,
Diz consigo:
"Deus 'stá perto
Que a grandeza é
o Criador".
E, sob as
paternas vistas,
Larga rédeas às
conquistas,
Pede as asas ao
condor.
Inda bem. A
glória é isto...
É ser tudo... é
ser qual Deus...
Agitar as selvas
d'alma
Ao sopro dos
lábios teus ...
Dizer ao peito —
suspira!
Dizer à mente —
delira!
A glória inda é
mais: É ver
Homens, que
tremem — se tremes!
Homens, que gemem
— se gemes!
Que morrem — se
vais morrer!
A glória é
ter,com o tridente
Refreada a
multidão,
— Oceano de
pensamentos
Que tu agitas
co'a mão!
— Montanha feita
de idéias,
Que sustenta as
epopéias
Que é do gênio
pedestal!
— Harpa imensa
feita de almas,
Que rompe em
hinos e palmas,
Ao teu toque
divinal.
Mas esqueceste...
Não basta
"Chegar,
olhar e vencer"
Do gênio a maior
grandeza
O ser divino é
sofrer.
Diz! ... Quando
ouves a torrente
Do entusiasmo na
enchente
Vir espumar-te
lauréis;
Nest'hora grande
não sentes
Longe os silvos
das serpentes,
Que tentam
morder-te os pés?
Inda é a glória —
rainha
Que jamais
caminha só.
Aí! Quem sobe ao
Capitólio
Vai precedido de
pó.
Porém tu zombas
da inveja...
Se à noite o raio
lampeja
Tu fazes dele um
clarão!
Pela tormenta
embalada
Ao som da
orquestra arroubada
Vais-te perder n'amplidão.
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