Tuesday 2 September 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter VII) by José Thiesen (in Portuguese)



No dia seguinte, acordei com vozes no meu quarto, coisa extraordin]aria, pois dormia pois sempre dormi só, por ser filho único.
Abri os meus olhos, preguiçoso, e levei um susto ao ver o sr. Pavel sentado na minha cadeia, conversando com um boneco que ganhara quando bebé, um elefane de pano xadrez, branco e preto.
- Como o sr. entrou aqui? perguntei.
- Pela porta.
- O sr. falava com meu boneco?
- Eu? Falando com um boneco? Ainda tens muito que aprender, menino!
- Mas eu...!
- Olhe: vim assim de surpresa por causa da pressa.Hoje hoverá festa no céu e todas as aves foram convidadas, inclusive eu. Como permitiram que levasse acompanhante, pensei em convidar-te.
- Uma festa no céu? Quer dizer, o céu, lá em cima?
- Quantos outros há?
- Mas o senhor não é uma ave; porque foi convidado?
- Porque sou quem sou. Mas afinal, vamos ou não vamos? É para já!
- Mas e minha mãe, a escola?
- São muitos “mas”! De um lado, há um mundo abrindo-se diante de ti; por outro, já deves ter percebido que eu jamais te deixaria em maus lençóis. Não é de minha natureza prejudicar ninguém.
Olhou-me com sua habitual severidade e perguntou: 
- Vens comigo ou não?
E estendi-lhe minha mão!

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