No dia seguinte, acordei com vozes no
meu quarto, coisa extraordin]aria, pois dormia pois sempre dormi só, por ser
filho único.
Abri os meus olhos, preguiçoso, e
levei um susto ao ver o sr. Pavel sentado na minha cadeia, conversando com um
boneco que ganhara quando bebé, um elefane de pano xadrez, branco e preto.
- Como o sr. entrou aqui? perguntei.
- Pela porta.
- O sr. falava com meu boneco?
- Eu? Falando com um boneco? Ainda
tens muito que aprender, menino!
- Mas eu...!
- Olhe: vim assim de surpresa por
causa da pressa.Hoje hoverá festa no céu e todas as aves foram convidadas,
inclusive eu. Como permitiram que levasse acompanhante, pensei em convidar-te.
- Uma festa no céu? Quer dizer, o céu,
lá em cima?
- Quantos outros há?
- Mas o senhor não é uma ave; porque
foi convidado?
- Porque sou quem sou. Mas afinal,
vamos ou não vamos? É para já!
- Mas e minha mãe, a escola?
- São muitos “mas”! De um lado, há um
mundo abrindo-se diante de ti; por outro, já deves ter percebido que eu jamais
te deixaria em maus lençóis. Não é de minha natureza prejudicar ninguém.
Olhou-me com sua habitual severidade e
perguntou:
- Vens comigo ou não?
E estendi-lhe minha mão!
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