Tuesday 16 September 2014

"O Sorriso do Tio Pavel Pleffel" (Chapter IX) by José Thiesen (in Portuguese)



            A nuvem estendia-se  para além da vista e sobre ela, uma infinidade de aves em torno de uma grande mesa repleta da melhor comida e bebida.
            Ao verem que o sr. Pavel chegara, as aves vieram em vôo ou corrida para ele e o rodearam, cumprimentando-o num coro uníssono cuja beleza jamais voltei a ouvir.
            - Heis que sempre viestes, exclamou uma ave esquisita.
            - Venerável Dodô! Eu jamais faltaria a um convite seu!
            - E este é o seu novo amigo?
            - Um dos filhos da Terra.
            - E o filho da Terra não fala?
            - Falo, sim, disse quase atrevido, para afastar de mim qualquer idéia de intimidação.
            - E como é o teu nominho?
            - Sérgio. E o teu?
            - Sou o Venerável Dodô.
            - Venerável?
           - Porque sou o último de minha espécie. Mas venham, Pavel e Sério! Desfrutem de nossa festa no céu!
            A festa no céu!
           O sr. Pavel logo deixou-me só, solicitado que era por todas as aves que, obviamente, lhe davam a mais alta importância.
           Acerquei-me da mesa, repleta de a comida mais extravagante que comida, colorida, perfumada e muito, muito gostosa.
            Eu sentia-me desajustado, ali, pois nunca estivera tão só, rodeado de seres estranhos a mim. Estava acostumado a espantar pardais e pombos na calçada, mas aqui, eram eles que me poderiam jogar para fora da nuvem. Mas este sentimento de desajustamento parecia ser somente meu, pois as aves aceitavam-me com a indiferença de eu ser um igual a elas.

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